#18 – Tufão

Fazia quanto tempo que não tinha uma transa? Kanon não poupava toques para ouvir Inuzawa gemer de prazer, enquanto movia-se ritmado. Talvez o único porém fosse usar proteção, que devido ao ambiente em que vivera antes de renascer como adolescente no século XXI lhe era desconhecido. Mesmo no ápice, mesmo se deliciando, sentia-se incomodado com algo.

Deitou-se ao lado da japonesa. Por fora mostrava-se satisfeito com seu sorriso jocoso e cheio de malícia, mas por dentro era o mar revoltoso da confusão.

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Ele não confiava naquele cosmo que Maise mostrava ter e fingia não ter. Mas não negava que a garota era linda e tinha um corpo violão. Um corpo atraente e um olhar sensual e selvagem. Ela não parecia temer nada e nem ninguém, o enfrentando.

—Vai se atrasar pro ensaio. – disse ele para a garota.

—Direto ao ponto. Gosto disso. – respondeu a japonesa com um sorriso pervertido. – Adorei a transa.

—Você que é gostosa.

Kanon via a garota se arrumar, mas ele próprio não fazia questão de se vestir. Quando se viu sozinho, externou uma expressão séria e distante. Por que por alguns segundos imaginava Maise debaixo de si, gemendo para ele? Imaginando como seria o balançar dos seios...

—Isso é só fogo de palha. Se for uma maldita inimiga vou poder me divertir no cárcere dela. – sorriu maligno. – Assim ela some da minha cabeça.

Prefiriu passar o resto do tempo ali mesmo, ouvindo de forma abafada o som do ensaio que prosseguira pela tarde.

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Uma das vantagens de um aprendiz na arte do cosmo é que, justamente por não ter um controle eficiente, é difícil de se esconder de seu mestre. E foi assim que, dias após a pequena discussão, Shaka descobriu onde a ruiva de gênio difícil vivia. Escolhera voltar no dia seguinte da descoberta, o dia dos ensaios.

Porém a ruiva não estava.

—Estava procurando pela menina de cabelos vermelhos?

Shaka se virou encontrando uma senhorinha com um carrinho de compras.

—Sim. Eu meio que a ofendi de algum modo, creio eu.

A idosa deu um sorriso terno e então o convidou para que ele entrasse em sua casa, uma residência que parecia remontar dos tempos da Segunda Guerra, toda em madeira. A idosa serviu chá verde. Shaka contou um resumo da situação, excluindo que estavam em treinamento de cosmo.

—Não a culpe. Essa menina tem permissão do governo para viver sozinha graças ao estudo na escola.

—Ela não tem nenhum parente?

—Não. Todos morreram de forma misteriosa. Talvez fosse algum tipo de justiceiro, pois parece que ela era maltratada. Haviam cortes pelos corpos.

Os maus tratos talvez fossem a explicação da ruiva ter aquele jeito arredio.

—Acho que... posso entender. Eu agradeço, senhora. – o indiano se curvou em agradecimento, saindo algum tempo depois da residência da idosa e dando de cara com a ruiva, que trazia uma sacola e encarava com certo desdém o loiro.

Os dois se encaravam, sob as vistas da senhorinha.

—Kay. – disse o loiro, quebrando o momento congelado, andando até a ruiva. – me desculpe se lhe fiz mal.

Kay ficou surpresa em ver o sempre arrogante e altivo cavaleiro se curvar de forma respeitosa. Mesmo duro, Shaka sempre lhe respeitava, mesmo distante, seu gesto tinha mais carinho do que tivera em toda sua vida.

Carinho que não conhecia daqueles que lhe deram vida. Daqueles que ela, num acesso de raiva tirara a vida com seu cosmo convertido em arma. Aqueles que ainda sim, ela se sentia culpada por tirar a vida.

—Por que? Por que se preocupar, Shaka? – ela sorriu de canto de forma arrogante. – Melhor deixar quieto essa história.

—Por que decidi que quero te ajudar. Aquela senhora me contou sobre sua família...

—Ela não sabe de nada. Aliás, como me achou?

—Você não ia a escola desde aquele dia.

—E de que adianta a escola? Tão logo me forme vão me chutar pra fora desse país. Eu não conheço outra coisa.

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Shaka lhe estendeu a mão e com os olhos cor do céu olhou nos olhos avelã.

—Então me acompanhe. Podemos resolver isso. Por favor, confie em mim, Kay.

Ela aceitou, tocando a mão dele. E estando ambos de guarda baixa, com seus cosmos em ressonância, Shaka acabara por ver as memórias dolorosas de Kay.

—Me deixa te ajudar a não deixar a história se repetir.

Os olhos da meninas se arregalaram, mas logo procurou esconder, pois sentia que as lágrimas queriam vir. Antes das peles deixarem de ser tocar, Shaka ainda acabou vendo mais uma coisa, desfocada. Era como se fosse ele visse uma cena de batalha ao céu aberto, e a sombra de um homem de armadura e longos cabelos negros, preparado para entrar na mesma, segurando uma espada muito semelhante ao que Kay invocava com seu cosmo moldado.

Mas o indiano não teve muito tempo para pensar, pois sentira a garota lhe abraçar e, mesmo sem o soluço, ele sabia que ela silenciosamente chorava, escondida em seu braço.

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Maise tinha raros momentos de paz no dojo onde vivia. Sabendo que logo a festa de encerramento das aulas antes das férias de verão estavam vindo e seria a fantasia, a garota já começava a confeccionar a sua própria peça.

Alheia ao que ocorria do lado de fora, seu tutor estava analisando a situação. Diversas vezes cogitara atrapalhar os planos de Viúva para que seu trabalho não fosse perdido. Tivera muitos problemas e faltava pouco para que Maise estivesse pronta para ser usada. Só que ele não sabia quem era a real escolhida da deusa da vingança para ser seu receptáculo.

E ele sabia que o prazo estava acabando, ainda mais com tantos cavaleiros rodando pela cidade. Mas eles também tinham seus agentes igualmente soltos e agindo em silêncio. Um deles, por sinal, tinha bastante motivos para estar sendo professor no Colégio Graad, bem debaixo do nariz da deusa da sabedoria.

Shingen deu um sorriso de canto. Teria seu desejo de vingança feito ao ver o Santuário cair.

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O telefone foi colocado na base novamente. Leona suspirou desanimada, se jogando no sofá, olhando para o próprio teto. Mais uma vez o telefone de sua mãe estava dando caixa postal. Meses de espera, aquilo já estava ficando estranho demais.

Sabia que Milo, sendo um dos adotados recentes da Fundação Graad, facilmente poderia pedir que localizassem. Não queria fazer um alerta oficial a polícia e correr o risco de colocar seus estudos a perder aos 45 do segundo tempo.

Mas também se sentia sem graça em pedir a ajuda de Milo quanto a isso. Se levantou e foi observar a paisagem, agora noturna, vendo passar a amiga de Milo com seu baixo encapado no case, sendo acompanhada por um rapaz alto e loiro, mas de cabelos curtos e tão cacheadinhos quando o escorpiniano, dando um ar angelical.

Era Aiolos que, aos trancos e barrancos de sua timidez, se oferecera para acompanhar a morena em casa, já que Milo estava com um trabalho de escola atrasado. Algumas quadras depois, e a casa dos Takagi – Smith estava ali.

—O... Obrigada por me trazer. Não precisava, devo ter te dado trabalho. – gaguejou Morgana.

—Não, não tem problema algum e nenhum trabalho. Desculpa qualquer coisa.

Morgana se despediu do loiro, entrando para dentro da residência. Aiolos disfarçara, mas notou alguém lhe observando, só não imaginava que fosse um ciumento e protetor pai caucasiano e de tapa-olho.

“Acho que... não somos os únicos com segredos nessa cidade” – pensou consigo, se retirando.