Brandon nem sempre fora o garoto problemático. Foi desde que sua mãe o abandonara, a seu irmão e a seu pai que ele acabou por se tornar a "ovelha negra" da familia McBurny. Sua mãe fugira com um rapaz mais novo que trabalhava na mesma escola que ela lecionava biologia. Brandon se odiava mais quando se olhava no espelho: ele era igualzinho á mãe. Cabelo preto e liso, olhos verdes e levemente puxados, não eram grandes. Sua pele era branca,e quando ficava nervoso, apareciam veias nela, da mesma forma que se lembrava que apareciam em sua mãe, quando ela pegava ele e seu irmão,Lucas,brigando.

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A aparência era a única semelhança entre eles. Mariah era compreensiva e amável, e além de cuidar de seus filhos e seu marido muito bem,tinha um coração muito bondoso: não era capaz de ver alguém sofrendo, que ja fazia tudo o que era possível para ajudar, sem contar no incontrolável amor por animais (esse sim, Bran herdou). Ja Brandon era o contrário: ficava sempre nervoso, não era quase nada altruísta, e gostava de fazer brincadeiras sem-graça com seus próprios amigos. Aliás, se não fossem seus amigos de infância, Bran hoje se encontraria sozinho, sem ninguém. Gostava de ficar sozinho, mas para ele, os amigos eram os únicos que realmente se importavam com ele, afinal, cresceram juntos e foi com eles que compartilhou seu sofrimento quando a mãe os abandonou.

– Que... Horas? - disse ao acordar, para o pai, o Sr. Carter McBurny

– Horas demais - respondeu, ríspido -, o suficiente para lhe desejar uma boa tarde. - Brandon se sentou e se serviu de um pouco de café. Brandin e o pai não se davam nada bem, e ele nada respondeu ao que mentalmente chamou de "primeira patada do ano". - Sinto muito, eu até tentei passar o ano novo em família, com os meus filhos, mas você preferiu ficar com aqueles seus amigos delinquentes. Só espero que não tenham ficado vagabundeando bêbados pela cidade, denegrindo a imagem de suas famílias.
Brandon continuava tomando o seu café, sem nada responder, talvez porque quisesse evitar brigas, mas a verdade era que ainda não estava totalmente acordado. Ele apenas encarava seu pai, e tentava pensar em algum motivo que fizesse seu pai odiá-lo tanto. O Sr. Carter não estava afim de evitar discussões nenhuma, e continuou:

– Infelizmente, Brandon, como eu já havia lhe dito, mas não acredito que tenha prestado muita atenção, eu devo estar em um avião daqui a algumas horas, e eu te imploro, não faça besteiras e nem se meta em encrencas, eu estou farto delas. E, por favor, cuide do Lucas. Não deixe ele fazer o papel de irmão mais velho de novo, pode ser? Não quero vocês me ligando o tempo todo.

– Olha só pai, se quer tanto assim ficar longe de mim, vai logo, a porta é logo ali. - apesar das palavras duras, Brandon não exaltou a voz e nem falou rápido. Ele disse aquilo como se dissesse "Me passe a manteiga, por favor". Totalmente indiferente. Por fora. A fúria nos olhos de seu pai era visível, ele se levantou lentamente e aproximou o rosto de Brandon, e apenas isso ja o fizera se arrepender do que tinha dito.

– O que você falou, moleque? - Brandon abaixou a cabeça para responder

– Boa viagem, pai.

– Foi só isso que disse, Brandon? Você tem certeza? - Bran afirmou com a cabeça. O Sr. Carter se afastou, indo em direção a porta com suas malas, mas antes de fechar a porta atrás de si, se deteve e olhou nos olhos de Bran.

– Só mais uma coisa, Bran. Vocês estão de castigo.

– E que tipo de castigo o "senhor" pretende impôr, estando tão longe? Heim? - Seu pai sorriu. Não um sorriso normal, mas um sorriso malicioso.

– Giselle?! - gritou da porta, e a empregada apareceu - Enquanto eu estiver fora, você está de férias. Um dia ou dois antes da minha volta, eu te mandou uma mensagem. - Brandon ficou boquiaberto. Nunca duvidou do dom que seu pai tinha de sempre escolher os piores castigos. Dispensar a empregada? Justo nas férias? Só podia ser brincadeira. Ele mandou um irônico beijo para Bran, e foi embora.

– Merda! - resmungou Bran. - Ahn... Giselle? Será que... antes de ir embora, você poderia me fazer umas... Panquecas inglesas?? - Giselle, que era uma senhora com o coração bom, e que havia cuidado dos garotos desde quando sua mãe ainda morava ali, ficou tentada a fazer, mas resistiu.

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– Oh, garoto, você sabe que se eu te der um copo d'água, o seu pai fica sabendo... e aí eu posso ir com minhas panquecas pro olho da rua, não sabe? - Brandon sabia. De uma forma ou de outra, o seu pai sempre sabia e descubria tudo. - Mas olha, na bancada do forno, ao lado da cafeteira, eu vou deixar meu caderno de receitas e meu telefone. Não tem segredo, garoto... Eu tenho que ir embora agora.

– Claro, Gi. Pode ir. - disse ele, que por mais que fosse um garoto rude, respeitava e até gosta de Giselle, que era a figura mais perto de uma mãe que possuía. - Mas, antes, pode me dizer onde está Lucas?

– Saiu logo cedo. Para variar, brigou com o seu pai... já deve saber onde ele está né garoto... - Giselle saiu. Sim, Brandon sabia exatamente onde o irmão estava.

Depois que Giselle saiu, Brandon tomou um banho e foi se encontrar com a galera na praça. Era um lugar lindo nas férias, sempre ficava cheio de gente, diferente das outras ocasiões, em que se tornava um lugar meio macabro, com árvores, bancos e estátuas que não eram nada menos que assustadoras, de anjos e homens, nenhum com uma expressão feliz.

Ao chegar, Bran avistou Robbie. Os outros estavam atrasados.

– Oi Robbie, como vai? - disse ele, tentando ser gentil, mas Robbie apenas o encarou e nem ao menos tirou seus fones para comprimentá-lo. - Uau. Ta legal. - Bran pensava que iria ficar tudo bem, porém os outros demoraram a chegar e ele estava inquieto, então tirou um dos fones de Robbie e colocou em seu próprio ouvido.

– Hey! - protestou ela.

– Nossa, pera aí, é comigo que está gritando? Sério? Pensei que ia me dar gelo eternamente. - disse, debochando.

– OI! Pronto, agora me devolve.

– Quer saber? Não vou devolver não. Olha só, adoro essa música! - ele disse, recolocando o fone. Robbie o olhou como se duvidasse. -O que foi? Acha que eu não tenho bom gosto musical? Ta bem, vou provar então..... My days end best when this sunset gets itself behind, That little lady sitting on the passenger side,It's much less picturesque without her catching the light.... Uhuu - Robbie caiu na gargalhada ao ouvir Bran cantando, e riu mais ainda quando uma senhora jogou dez dólares na direção deles.

– Ta, ta legal, chega.

– Ué, mas meu show acabou de começar....

– Sério, chega, Bran. E qual é o motivo do bom-humor? Isso não é comum em você.

– Acontece, Rob, que meu pai viajou. Então as férias serão uma maravilha e... ALELUIA! Eu e a Rob estamos aqui há duas horas! - disse ao ver Zoey e Kyle chegando.

– E pelo visto se divertiram bastante... - disse Zoey, olhando de Robbie para Brandon, e dele para Robbie.

– Pois é, o Bran acabou de dar um show aqui na praça. Só esqueceu de colocar o chapéuzinho no chão. Só conseguimos dez dólares.

– Talvez se tivesse colocado o chapéu, teria conseguido só cinco. As pessoas precisam pensar que eu nem ao menos tenho um chapéu!

Brandon e Robbie estavam radiantes. Eles ficavam muito bem juntos, não é a toa que ela era a única pessoa para quem ele contava os segredos mais íntimos.

– Bem, onde estão os outros? - perguntou Robbie.

– Ahn... na verdade pensamos que estavam com vocês... Mas devem estar chegando. - respondeu Kyle. - Vou estacionar... Você fica aqui, Zoey?

– Kyle, coloca crédito no meu celular? - perguntou Robbie enquando Zoey descia do carro.

– Ah, sério? Entra aí, eu te levo na banca, enquanto estaciono você coloca, pode ser?

– Demorou!! - disse ela entrando no carro. Brandon e Zoey ficaram ali sentados, enquanto os amigos não voltavam. Pairava sobre eles um silêncio constrangedor, e Zoey, na verdade, preferia assim, pelo menos Bran não estava tirando sarro dela naquele momento... Mas não durou muito. Logo Brandon puxou assunto:

– Sabe, meu pai foi viajar... Me deixou tomando conta do meu irmão, pra variar... O punico problema é que ele esta na casa do Maurício, de novo... Zoey, eu não sei mais o que fazer com ele...

– Dá um tempo pra ele, Brandon. Você descobriu sozinho o quanto o Maurício não prestava, e nós ja tentamos de todas as formas falar com o Lucas, ele não nos ouve... Vamos deixá-lo em paz um pouco, ele vai perceber a merda que esta fazendo. - respondeu Zoey.

– Ele... Gosta tanto de você, eu sei que se você tentar falar com ele, ele vai te ouvir... Zoey... - ele disse, puxando o queixo dela, que estava olhando para frente, e fazendo-a olha-lo nos olhos - Você precisa me ajudar com ele...

Zoey não resistia. Sabia o quanto era difícil dizer 'não' para Brandon, ainda mais se tratando de seu irmão mais novo. Mas, antes dela concordar em ajudá-lo, Kyle e Robbie chegaram, e Brandon se afastou rapidamente dela.

– E então, o que vai ser?