Gnome Days

A história de Yukio


Kenta e Brownnie tomam o café da manhã que Nanao fez para eles: cogumelos fritos no molho shoyu.

- Ai como esses cogumelos são bons! - Kenta termina de comer e coloca a barriga para fora, dando um tapinha nela, satisfeito.

- Tenha modos, Ken-kun. Seu chefe está na mesa! - Adverte Nanao, que havia entrado na cozinha para lavar a louça

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- Graças à Deus hoje é sexta! - Kenta ignora a mãe e comemora. - E temos aula com o Yukio-san!

- Que dia lindo. - Brownnie comenta sarcásticamente.

Minutos depois, Kenta se despede da mãe e parte com Brownnie pelas ruas da cidade de Kugoya.

- Céus, você não vai aparecer na escola denovo, né? - Kenta pergunta, despreocupado.

- Vou. - Brownnie ignora a recepção negativa de Kenta.

- Não quero causar o pânico novamente... - É tudo que Kenta comenta. - Ei, percebi que as palhetas que o Shiro me emprestou estão acabando. Tinham várias e agora eu fui ver e só tinham oito. Você tem algo haver com isso? - Kenta pergunta, com um olhar de censura.

- A Tribo Verde está desprovida de palhetas, pois nossos caçadores estão de folga. Então, eu roubei algumas.

- Caçadores? Então é por isso que Shiro sempre pedia pra eu comprar palhetas: vocês roubam as palhetas dos humanos! - Kenta parece indignado.

- Sim.

- Você fala como se fosse tão comum! Elas são caras!

Pouco depois, eles chegam na frente da escola (Todos abrem caminho por causa de Brownnie) e localizam Shiro, sentado em uma árvore com o violão nas costas.

- Olá, Shiro-chan! - Kenta o cumprimenta.

- E aí, baixinhos! - Shiro sorri de volta.

- Isso soou... como a Xuxa cara... - Alguém fala nas costas costas de Kenta.

Ele toma um susto e se vira, dando de cara com Yori. Kenta ergue as mãos como se fosse se defender.

- Eu não tenho cogumelos hoje, Hideki Yori! - Ele grita, desesperado.

- Calma... hoje eu consegui uma brisa... - Yori pisca para Brownnie. - ... Um amigo me emprestou...

- Emprestou o quê? - Shiro pergunta, desconfiado, enquanto Kenta se senta ao lado dele na árvore, despreocupado.

Yori se senta com os três.

- Uns negócios né mano... - Yori contempla o céu, despreocupado. A expressão de tranquilidade dele parece deixar todos mais tranquilos.

- Temos que ir indo, Shiro. Temos aula hoje com o Yukio-san! - Kenta se levanta.

- Ah, é verdade. Até logo, baixinho e Hideki Yori. - Shiro também se levanta.

- Fica na paz aí... - Yori parece não ligar para o sinal da escola, pois deita em cima da mochila e fecha os olhos.

Dentro da escola, Kenta e Shiro andam despreocupados, até que...

- Ah não, Shiro... - Kenta aponta para duas meninas mais longe.

Elas estão na área dos alunos do ensino fundamental, longe do lugar onde tinham aula. Uma delas tem mechas roxas e a outra tem mechas rosas. A com mechas rosas carrega algo peludo no colo.

- São aquelas vadias... - Kenta comenta, se aproximando. As duas o olham. - E aí Roxuda, e aí Rosada!

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As duas se viram para ele.

- Satoru Kenta. - Midori, carregando um gatinho branco com pelugem azulada, vira a cara para ele.

- Oi Ryo-kun! - Naomi cumprimenta Shiro.

- Olá... Noemi, né? - Pergunta ele, sorrindo.

- É Naomi, querido. - Ela responde com meiguice.

Aika e Kenta olham para os dois, que sorriem um pro outro.

- Sua amiguinha tá afim do meu amigo. - Kenta comenta, em voz baixa.

- Mas ele não é gay? E ele não é seu namorado? - Midori pergunta maliciosamente.

- ROSADA VADIA! EU TE MATO! - Kenta se irrita, mas Shiro logo volta sua atenção para ele e Midori.

- Ei, isso é um gato? - Shiro aponta para o gatinho azulado no colo de Midori.

- É sim, você não consegue ver? Tá cego? - Midori faz uma cara de emburrada.

- Por que você trouxe UM GATO PRA ESCOLA? - Kenta pergunta, arregalando os olhos.

- Eu pensei comigo mesma: “O Ryogaku Shiro pode trazer um mascote pra escola, então eu também posso!”. Então, eu trouxe o Jow-Jow comigo, né Jow-Jow lindo? - O gatinho mia, quando ela acaricia a cabeça dele.

- Que mascote que eu trago? - Pergunta Shiro.

- O Satoru Kenta, ou fadinha. - Naomi ri.

- ROXUDA VADIA! EU TE MATO! - Kenta se irrita, lançando um olhar furioso pra Naomi, que mostra a língua.

- Mas o que vocês fazem aqui? Não deviam estar na aula? - Shiro pergunta.

- Se bem que também não estamos... - Kenta comenta, com um olhar brilhante ao estar matando aula.

- Não estamos afim de ir lá, Naomi quer ver os pequeninos. - Midori responde, acariciando a cabeça de Jow-Jow.

- Ver... pequeninos? - Kenta arregala os olhos para a de mechas roxas.

- É, os pequeninos que um dia irão ser os nossos grandões que comandarão o país! - Naomi fala cada sílaba com amor na voz.

- Estranha demais... - Kenta faz um olhar de espanto ao ver os olhos de Naomi brilharem. Midori ainda acaricia o gato.

- Mas vem cá... vocês não vão ganhar uma suspensão por matarem aula? - Shiro pegunta, coçando a cabeça.

- Nós também, Shiro! - Kenta faz uma cara de preocupação.

- Fala sério. Uma escola em que deixam um professor bêbado dar aula não pode ser séria. - Midori comenta, alfinetando Yukio.

- Vem cá, por que você tem tanta raiva do Yukio-san? - Kenta pergunta, peitando ela. Ou peitando o joelho dela.

- Não é da sua conta! - Midori responde, mostrando a língua.

- Ah, vai. Conta! - Shiro pede, alegre.

- Midori já foi tarada pelo professor, quando ele estava bêbado. - Naomi comenta. - Ops! - Ela coloca as duas mãos na boca, como se as palavras tivessem escapado.

- Obrigada, Naomi-chan. - Midori a encara com um olhar maligno.

- Desculpe, é que o Shiro perguntou e escapuliu... - Ela faz um olhar de choro.

- Shiro perguntou... - Kenta estreita os olhos, a olhando com desconfiança.

- Kekeke. Tenho visitas na minha área. - Diz uma voz próxima.

- Essa não... - Kenta comenta.

Os quatro se viram (Incluindo o gatinho, que vira a cara para olhar). Kirashi Toshiko vem andando calmamente, como se matar aula fosse normal para quem matava tantas outras coisas.

- Esse não é o famoso Kirashi Toshiko, torturador de animais? - Naomi pergunta, observando ele andar até eles.

- É-é! E ele ama cortar gnomos e animais! - Kenta comenta, lançando um olhar de espanto para Toshiko, que chega perto deles.

- Ai que lindinho ele! - Midori comenta, com os olhinhos brilhando.

- Keke, posso cortar seu gatinho antes de matar o Gnomo-san? - Toshiko pergunta, jogando os cabelos para trás do rosto e revelando um olhar malicioso.

Midori coloca Jow-Jow no colo de Naomi.

- Segura ele. - É tudo que ela fala, antes de...

- MIDORI! - Kenta grita, preocupado ao ver o que ela fez.

Com um só soco, ela derrubou Toshiko, que caiu de costas no chão, com um olhar de espanto antes do cabelo cobrir o rosto. Ele se levanta e olha para Midori.

- Midori! Não bata nele, ele vai te matar! - Kenta fica desesperado ao olhar para Toshiko e se lembrar das facas de prata dele.

- CALA A BOCA, SATORU KENTA! - Midori grita, com o rosto desfigurado e com uma expressão do mais profundo ódio. - OLHA AQUI, MANÍACO DA FACA! - Ela se vira para Toshiko, que se assusta ao ver a cara dela. Ela poe o dedo no rosto dele. - VOCÊ PODE SER LINDINHO, MAS NÃO OUSE FALAR ASSIM DO MEU JOW-JOW, TÁ ME OUVINDO!?

Toshiko parece completamente perplexo.

- E-eu... e-eu só... - Uma lágrima escorre pelo rosto dele. - Só queria um amiguinho! - Toshiko começa a chorar, com os braços pelos joelhos e sentado no chão. Midori se agacha.

- Não precisa chorar, Toshi-kun! É só não fazer maldades com meu gatinho! - Ela sorri.

- T-tudo b-bem... - Toshiko limpa as lágrimas no rosto. - Mas posso cortar o gnomo, keke? - A expressão dele volta a ser sádica e perversa.

- Claro que pode! Bom menino! - Midori sorri e arrepia os cabelos dele com a mão.

- Sua rosada maldita! - Kenta corre, levando Shiro.

Horas depois, Kenta e Shiro estão na sala para o último período. Kenta ainda parece assustado com o encontro de mais cedo com Toshiko.

- Agora é o seu amado “Yukio-san”, Satoru Kenta. - Midori entra na sala com Naomi, comentando em voz alta. Todos riem.

- Calem a boca ou eu chamo aquele outro baixinho da luva! - Kenta grita, fazendo todos se calarem.

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A porta se abre e um forte cheiro de vinho entra na sala. Todos prendem a respiração, pois o professor Nomukyoshi Yukio entra na sala com um terno branco manchado de vinho e uma garrafa vazia na mão, fedendo a álcool.

- Bom dia, tchurma! - Ele sauda todos, derrubando a garrafa no chão.

- Céus, parece que ele exagerou dessa vez. - Kenta coloca as mãos na boca e faz um olhar de preocupação. Todos riem do professor bêbado, que tropeça e bate de cara na própria mesa. - Yukio-san! - Kenta se levanta e vai ajudá-lo, enquanto todos riem.

- É a fadinha dos desejos!

- Beija ele pra ele ressuscitar, Satoru Kenta! - Midori comenta maldosamente.

- Miau! - Jow-Jow parece satisfeito no colo dela.

Kenta tenta fazer o professor acordar.

- Professor! Yukio-san! - Ele dá uns tapinhas na cara dele, mas o professor dorme à sono solto. - Shiro, me ajuda a levar ele pra fora! Ele precisa de um ar! - Kenta grita, pedindo ajuda para Shiro.

- Desculpe, Kenta! Estou transcrevendo uma melodia! - Todos riem ainda mais de Shiro, que não tira os olhos das notas musicais que escreve.

- O que eu faço!? - Kenta começa a se desesperar ao ver todos rirem e o professor desmaiado.

- Eu te ajudarei, ex-humano. - Brownnie aparece na porta. Imediatamente todos páram de rir.

- É ele!

- Aquele que socou o Hibari-san!

Kenta olha para Brownnie.

- Obrigado, Gnomo-san!

Lá fora, no estacionamento dos professores, Kenta faz Yukio se sentar em um banquinho, com a ajuda de Brownnie. Os dois sentam do lado dele e se encaram.

- Qual o problema dele, ex-humano? - Brownnie pergunta, olhando para Yukio.

- O Yukio-san tem um probleminha... - Kenta dá uma risadinha que não engana ninguém.

- Conte tudo. Estou curioso pra saber a sua relação com ele. Vejo que trata ele com respeito e o defende. - Brownnie pede, o encarando.

- É verdade... - Kenta olha para o céu. - Irei contar então.

“Quando ele começou a trabalhar nessa escola, eu estava na 6ª série. Tinha apenas 12 aninhos, quando uns valentões começaram a me bater todos os dias. Eu sofria bullying todos os dias, pois eles eram mais velhos e eu não podia me defender. Eu não tinha muitos amigos, sabe, então aparentava fraqueza. Mas um dia, tudo mudou.

“O professor Yukio estava chegando para mais um dia na escola, quando viu os valentões me cercando na entrada. Eles eram em cinco e eu apenas um. Mas Yukio-san não aguentou me ver apanhar e foi atrás deles. Ele bateu nos cinco, causando um imenso rolo para ele e quase sendo despedido. Ninguém nunca mais mexeu comigo. É por isso que sou grato a ele.

“Entretanto, os problemas do Yukio-san começaram. A esposa dele faleceu em um acidente de carro, pois dirigia bêbada. Ele se culpou, pois tinha comprado a garrafa de vinho que causou a morte dela para um jantar. Mas após um briga, ele saiu de casa e ela bebeu tudo, ficando muito bêbada. Desde então, ele sempre está com problemas de bebidas. Ele nunca mais foi o mesmo.”

Após Kenta contar tudo, Brownnie o encara.

- Entendi. - É tudo que ele diz, antes de puxar a luva de ferro do bolso e colocá-la na mão direita.

- O que você vai...?

Brownnie pula e dá um soco em Yukio, deixando uma marca vermelha na bochecha dele. O professor acorda súbitamente, completamente assustado.

- Deixaram o meu cavalo cair! - Ele grita, completamente abobalhado.

- Escute aqui, perdedor! - Brownnie grita, dando outro soco nele. Yukio encara o gnomo.

- Sim, Fada-kun?

- Kenta me contou a sua história. A sua esposa morreu pela bebida, não é? - Brownnie o encara friamente. Yukio se assusta com as palavras dele.

- A Izumi? Ela morreu pra bebida mesmo, uma perdedora... - Yukio fecha os olhos, como se tivesse voltado à lucidez. Uma lágrima escorre pelo rosto dele.

Mas Brownnie não se abateu.

- Perdedor é você! - Ele dá outro soco na cara de Yukio, deixando a bochecha dele ainda mais vermelha. Yukio coloca a mão direita no local aonde levou o soco.

- Como assim...? - Ele pergunta, fazendo cara de espanto.

- Então a sua esposa que bebeu e morreu era perdedora? E você é o quê? Não conseguiu superar até hoje e desconta tudo na bebida! Você que é um perdedor! Beber vinho uma vez ou outra não tem problema, mas ficar bêbado todo dia é sinônimo de fracasso! - Brownnie grita, dando uma lição de moral em Yukio.

- Fada-kun... - Yukio abraça Brownnie inesperadamente, chorando nas costas dele. - Você foi a primeira pessoa que falou tudo na minha cara! Obrigado!

- Me solta, humano! - Brownnie se desvencilha, guardando a luva. Ele pula para o chão, assim como Kenta. Yukio se levanta.

- Sabe, Fada-kun... Você está certo. Tenho que maneirar na bebida. - Yukio olha para o céu como se agradecesse por estar vivo.

- Até que enfim tomou juízo, Yukio-san! - Kenta comenta. O professor se abaixa e arrepia os cabelos dele com a mão. Ele olha para Kenta.

- Obrigado, Kenta.

Kenta sorri de volta, ainda mais ao reparar que a bochecha do professor estava muito vermelha.

- Bem, vou indo. Tenho que dar aula na outra escola. - Yukio tira uma chave do bolso e abre um carro próximo. Ela se vira para os dois gnomos. - Até segunda, Kenta!

E o professor Nomukyoshi Yukio se livrou da bebida, dirigindo o carro rumo à uma nova vida.