Layse

Vi uma foto no fim do arquivo e cliquei.

Não pude evitar sorrir.

— O que foi, Lay? – Calum surgiu na sala e me observou com um sorriso.

— Ah, achei uma foto da minha irmã, do Harry, da Mali e você juntos. – virei o notebook para ele.

Então o analisei. Ele usava uma bermuda surrada e estava sem camisa.

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— Você não ia no aniversário do Roy English? – questionei vendo ele se sentar ao meu lado e ri para a foto.

— Não. – fez uma careta – Deixa pra outro dia.

— Você não vai porque o doutor falou aquilo. Não é?

Meu marido mordeu os lábios e me encarou.

— Estou com medo. – ele assumiu.

Fechei o notebook e o coloquei no criado-mudo.

— Eu também. – assumi colocando as mãos ao redor da minha barriga – Muito.

Calum respirou profundamente.

Logo seu braço passou ao meu redor e ele me puxou contra si.

— Você acha que o George vai cuidar das crianças? – deitei em seu ombro.

Uma paciente da mesma clínica que eu, faleceu durante o parto e deixou dois bebês órfãos, agora elas só tem o pai.

— Ele vai. – afirmou para me deixar mais tranquila, notei.

— Você cuidaria? – sussurrei.

— Lay... – soluçou – Por favor, não...

— Temos que considerar, Cal. – murmurei – Já falei com a Naomi, ela vai te ajudar.

— O quê? Ela ouviu você falando isso e simplesmente concordou? – seu tom de voz saiu indignado.

— Preciso ficar tranquila, Calum... Preciso saber que meus filhos ficariam bem. Não quero que eles sintam falta de uma mãe ou um pai, então a Naomi e você podem fazer esses papéis.

Ele me soltou bruscamente e se levantou.

— Você está falando como se fosse morrer! Caramba, Lay! Caramba! Será que sou o único que tem certeza que você sobreviverá, que nos reconciliaremos completamente e criaremos os três bebês?

— Você não aceita. – expliquei – Só isso.

— NÃO! – ele se virou – NÃO! VOCÊ NÃO VAI MORRER!

A porta de um dos quartos é aberta e meu irmão sai assustado nos encarando.

— Que merda você está fazendo, Calum? – ele olhou para meu marido e cruzou os braços.

Ash está vestido elegantemente, provavelmente vai sair com o Roy.

— Ela acha que vai morrer, Ashton! – explicou apontando para mim começando a chorar.

Meu irmão se calou e me observou.

— É verdade? – perguntou.

— Só estou com medo das coisas darem errado... – dei de ombros.

Estamos no fim de maio de 2017, já estou com quatro meses de gravidez e minha barriga está imensa... O doutor disse que é provável que os bebês nasçam com sete meses, já que se eles ficarem mais tempo, é possível que entrem em sofrimento.

Quando me dei conta, meu irmão estava me abraçando – com certa dificuldade por causa da minha barriga enorme.

Apesar de estarmos na Austrália, na casa da família Hood, meu irmão dorme algumas vezes aqui quando Naomi sai com o namorado, pelo menos é isso que ela diz pra gente, apesar de eu desconfiar que minha amiga só quer uma "pausa" da vida e fica vagando sozinha por aí.

— Eu preciso que você acredite que vai dá tudo certo. – começou a falar contra minha pele – Preciso que se veja na formatura do ensino médio deles, que se veja indo no casamento de cada um e veja você mais velha segurando seus netos. Você consegue?

— Sim.

— Então se agarre nessa imagens, lute e vai viver cada uma delas. – falou se afastando.

Calum tinha as mãos na cabeça e nos encarava em um misto de medo e surpresa.

— Calum você cuidaria dos filhos de vocês se a Lay não conseguisse sobreviver? – Ash perguntou e percebi que ele tentava não colocar seus próprios sentimentos a tona.

— Ashton, eu...

— Responda. – meu irmão insistiu.

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Cal me encarou com muita dor, mas respondeu:

— Sim.

Suspirei aliviada.

— Tudo bem. Agora não quero vocês falando disso nunca mais. Entenderam? – Ashton cruzou os braços – Não quero nem que pensem nisso. Certo?

Cal e eu murmuramos algo como se concordássemos.

A porta da casa é aberta e o Sr. e a Sra. Hood entram com mais sacolas de lojas infantis.

Ultimamente eles não param de comprar coisas para os netos. Ainda mais depois que soubemos os sexos deles.

— Oi querida! – Joy sentou ao meu lado no sofá com uma sacola – Olha o que compramos para a Summer e para a Cayse.

Ela estendeu dois macacões, um rosa e outro roxo.

Ri.

Até que estou começando a gostar do nome Cayse. E Summer, é claramente em homenagem à 5sos.

— Mas não esquecemos do nosso netinho, também! – o Sr. Hood me entregou outra sacola com roupinhas masculinas – Vocês tem que decidir o nome dele logo!

— Bom, eu vou indo. – Ashton disse – Avisem a Naomi que é minha vez de passar a noite fora.

Ash e Nam revesam nos fins de semana quem vai dormir aqui. Eu já falei que é suficiente ter Calum e seus pais comigo, mas eles insistem em acompanhar cada segundo da minha vida, ou melhor, das nossas vidas.

Calum bateu no ombro do amigo, falou algo e o levou até a porta.

— Sabe, mãe... Eu não tenho ideia para o nome dele. – meu marido disse com um sorriso, nem parecia que tínhamos tido uma conversa tão pesada há alguns meninos.

Não pude evitar lembrar quando Calum – com um bigode falso ridículo – me acompanhou em um ultrassom e começou a chorar ao ouvir os corações dos nosso pequenos. Confesso que apenas lagrimei, mas só porque já tinha os ouvido no dia que descobri sobre eles.

— Vocês tem que pensar bem... Ele vai ser o novo homem da casa e se for igual a você, Cal, vai querer mandar nas irmãs. – meu sogro alertou.

— Mas não vai conseguir. Não é meninas? – olhei para a minha barriga.

Então, senti um chute.

Arregalei os olhos e encarei a Sra. Hood.

— Ai meu Deus! – ela falou e colocou a mão em cima da minha barriga – Vocês estão ouvindo, meus amores?

Outro chute.

Só notei as lágrimas quando elas começaram a cair na minha camisa.

— O que foi? – Cal parecia em alerta.

— Eles estão chutando, filho. – minha sogra respondeu e olhou para o seu marido – Os bebês do meu bebê estão chutando!

Comecei a ri quando meu marido se ajoelhou na minha frente.

— Ei, eu sou pai de vocês. Meu nome é Calum Thomas Hood e bom, vocês estão fazendo a mamãe chorar. Sabia? – ele levantou minha camisa e acariciou minha barriga – Eu tenho 21 anos e vou ser pai. Um conselho filhão, tome cuidado para não ser pai antes da hora.

Os pais de Calum se abraçam e me olham temerosos.

Sinto meu coração desmanchar... Quer dizer, sei que essas crianças foram uma surpresa, mas achava que Cal estava feliz.

— Mas, se você amar uma pessoa com todas as suas forças e casar com ela, não faça a besteira de a deixar por não merecê-la, garoto. Não faça isso. E se por acaso ela engravidar e você achar que não está pronto para isso, apenas tenha em mente que ninguém nunca está e sorria muito porque montar uma família é a coisa mais incrível que pode acontecer. – ele beijou minha barriga enquanto os bebês chutavam – Isso serve para vocês também, as menininhas do papai.

Ri e esfreguei meu olho.

Calum olhou para mim e vi aquele mesmo brilho de quando éramos adolescentes e nosso maior problema era minha síndrome do pânico.

— Eu te amo. – soltei o que estava guardado há alguns dias.

Cal sorriu aliviado e se esticou para segurar meu rosto.

— Eu também te amo. – falou – Me perdoe.

Meus dedos brincam com seu cabelo enorme com uma mão e com a outra o puxo para mim sem pena.

Nossos lábios se encontram e por uns segundos ficam apenas sentindo um ao outro, até eu tomar a iniciativa e aprofundar o beijo o tornando algo lento, prazeroso e cheio de saudades.

***

— Então vocês finalmente se acertaram? – Lydia pergunta pela videochamada.

— Sim, faz uns cinco dias. – respondo sorrindo.

— Eu ouvi uma conversa dos meninos...

Lydia também está aqui na cidade, hospedada em uma das casas dos pais dela.

— Sim, eu vi alguns vídeos no Instagram. – falei – O Mike até na língua do Cal pegou, fiquei com ciúmes.

— Ele me falou sobre um dos assuntos... – continuou ela e percebi que queria me dizer algo – E daqui a pouco vamos para sua casa, mas sinto que tenho que te falar agora.

Assenti a incentivando

— Calum contou que vocês ainda não... Ahn... Como falar isso? – ela mexeu no próprio cabelo – Sabe... Ele disse que está muito feliz que tenham se acertado, mas sente falta do seu corpo.

Arregalei os olhos.

— Ele falou isso para os meus melhores amigos e pro meu irmão? – corei.

— Foi.

— Meu Deus! – bati na minha própria testa – Por que homens falam besteira toda hora?

— Não sei, amiga. – ela respondeu – Eu até pensei em falar para a Naomi, mas agora que ela entrou nesse negócio de viver meditando, não tenho mais como falar com ela.

— Sinceramente, estou vendo a hora dela pedir demissão e virar hippie.

— Eu admiro os hippies, mas nós sabemos o motivo da Nam está fazendo isso. – Lyd falou.

— E como... O pior é que o Michael sabe que se ele deixar a Crystal, a Naomi fica com ele em um piscar de olhos.

— Talvez seja esse o problema... – minha amiga comentou – Se bem que os dois já tentaram de todos os modos e não conseguem ficar juntos. Uma hora um quer e outro não, dá raiva.

A porta do quarto se abre e Cal entra.

— Pelo menos os relacionamentos de nós duas têm dado certo... – falei.

— Oi, Lydia! – ele senta do meu lado e me abraça – Que relacionamento é esse entre vocês duas? Está furando meu olho, Lyd?

Reviro os olhos.

— Na verdade, Cal, estávamos pensando em como dizer para você e para o Ashton sobre nosso relacionamento. Não é, Lay?

— Com certeza. – resolvi brincar.

— Uh, que interessante. Porque o Ashton e eu também estávamos pensando a mesma coisa. – meu marido falou.

— Como foi? – perguntei virando o rosto para ele.

Cal e os meninos estavam reunidos para terem a "conversa de macho". Ainda bem que eles não fazem ideia que a Lyd os ouviu.

— Foi legal. – murmurou se deitando ao meu lado – Os meninos estão na casa dos pais, mais tarde vamos fazer a "noite dos amigos". Ok?

— Esses nomes são ridículos, mas ok. – falei me referindo a "conversa de macho" e "noite dos amigos".

— É melhor você cuidar do seu marido, Lay... – minha amiga falou – O Ashton vai sair do banho agora.

— Desfrute do meu irmão. – disse maliciosa.

Nos despedimos e desliguei o computador.

Virei para Calum e ele tinha os olhos fechados.

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Não me contive e depositei um selinho nele. Meu marido sorriu e me fez deitar em seu ombro.

— Cal... – chamei.

— O quê foi? – perguntou sem se mexer.

— Você sabe que não tem como nós dormirmos juntos agora. Não é?

— Tenho percebido. – riu triste – Mas não tem problema, Lay... O Luke me explicou que não tem como porque apesar de está com quatro meses, sua barriga está enorme e isso te machucaria.

— Então você contou para os meninos? – cheguei onde queria.

— Foi. – ele abriu os olhos e me encarou – Sabe, eu precisava desabafar. Tem algum problema?

— É estranho você falar da nossa vida sexual para nossos amigos.

— É muito difícil olhar para você, Lay... Você ganhou curvas, seus seios estão maiores e CARAMBA! Eu desejo você.

— Cal? Eu estou com uma barriga enorme e ainda assim você... – tentei formular, mas ele interrompeu me beijando brevemente.

— Você está linda, Lay. Muito linda. Mas assim como a Naomi está nessa história de esperar o Mike, eu vou ficar aqui contendo meus desejos carnais e esperarei quando você estiver pronta, ou melhor, quando já tiver tido nossos filhos. Até porque seria egoísta eu me preocupar apenas com o meu prazer e não com o seu.

Coloquei as mãos na boca completamente surpresa.

— Quando você amadureceu assim? – sussurrei.

— Quando você disse "São trigêmeos". – respondeu prontamente.

Ambos rimos e Cal me encaixou melhor contra seu corpo.

— Talvez esperar seja um mal da família Hood. – comentei pensando na Naomi.

— Nem pense que vou começar a meditar ou algo do tipo. Não tenho paciência. – ele retrucou – Talvez escreva uma nova música para você, ou para nossos filhos e coloque no novo albúm.

— Isso é tão fofo, Calum. – sorri e beijei seu rosto.

— Não, Layse. – negou – Isso é amor, simplesmente amor.

Meu coração acelerou.

— Foi bom termos nos separado durante aquele tempo. – comentei.

— Por quê? – Cal franziu o cenho.

— Porque foi naquela última noite, acho, que concebemos nossos bebês... E agora, somos uma família.

— Igual a que sempre quis ter? – Calum me perguntou com um sorriso e mais uma vez meu coração se aqueceu por perceber como meu marido me conhece tão bem.

— Muito melhor. – respondi – Ah, e claro, isso te fez amadurecer e me falar todas essas coisas hoje.

Ele não respondeu, apenas me abraçou, como pode, fortemente.

Acabei fechando meu olhos e senti o sono vindo, mesmo estando no meio da manhã.

— Mas se a Sra. Hood pensa que nossa primeira noite depois que os bebês nascerem vai ser tranquila, está totalmente enganada. É melhor se preparar para algo um pouco agressivo e muito, muito gostoso. – Calum sussurrou em um voz rouca próximo ao meu ouvido.

Inevitavelmente eu acabei perdendo o sono e ofegando mais que o normal.

Pelo menos tenho algum tempo para me preparar.

[...]