Girl Nerd

Capítulo 6


Narração Kathe

Eu olhava pra ele tentando entender tudo aquilo.

—Quem é você e o que fez com o Alessandro metido e arrogante que eu conheço? – perguntei

Ele baixou um pouco a vista e ameaçou um pequeno sorriso sem graça.

Afastei-me dele dando alguns passos para trás e ainda olhando em sua expressão lembrei-me da nossa conversa na biblioteca.

—Não consigo ler você. É como se o Alessandro diante de mim não fosse o real. É como se esse fosse apenas uma fachada para esconder o verdadeiro Alessandro.

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Então é isso.

Deixei uma gargalhada alta ecoar pela sala e Alessandro levantou os olhos me olhando com uma cara confusa como se perguntasse que piada ele havia perdido.

Se isso fosse um anime com certeza haveria uma gota escorrendo de sua cabeça. Eu sei , parecia uma maluca rindo do nada e sozinha no meio da sala da casa do meu amigo contrastando com o clima tenso e silencioso que pairava no ar. Mais ao contatar a realidade da situação não pode me conter em não rir da ironia de tudo isso.

— Então é isso. – falei sessando o riso. Ele ainda me olhava confuso. – O Playboy mais popular da Universidade na verdade é um nerd embutido? Tsc. – suspirei.

Ele permanecia em silencio e imóvel.

Eu o analisava em silencio, mas ele não olhava em meus olhos. Então resolvi falar tudo que vinha se passando pela minha cabeça desde o momento em que minha filha havia caído e contatado a realidade da situação.

—Não é irônico? Você é rico, popular, pegador, inteligente e ... lindo – disse meio envergonhada da ultima palavras. Ele me olhou meio surpreso com minhas palavras. Recuperei minha pose acusatória e continuei.- É arrogante, faz bullying com os que não são populares, rejeitas as garotas que não são tão ... - parei no meio da frase tentando encontrar um adjetivo que coubesse a frase e gesticulei com as duas mãos como se coloca-se entre aspas a palavra que viria.- “Perfeitas” .

Odiava essa palavra. Afinal ninguém é perfeito então aquelas garotas que não se encaixavam no padrão de beleza dessa sociedade tendenciosa eram excluídas e tachadas como imperfeitas? Afinal que critério de perfeição eles usavam? Áh é, eles usam o critério do excesso.

Excesso de seios, de bunda, de plásticas, de maquiagem, de dinheiro...

Para mim o único excesso que caracteriza a perfeição é o Intelectual.

—Você zoa os não populares, os gordinhos, os góticos, dorks e ... os nerds – continuei enfatizando a ultima classe.

Ele parecia incomodado e envergonhado diante das minhas palavras, mas não disse nada. Continuei.

—Sabe, você ser zoado por ser nerd por alguém que não sabe diferenciar o Gandalf do Dumbledore até que é compreensivo. - ele esboçou um sorriso de canto com minha comparação. – Mas você ser zoado por alguém que não só sabe a diferença entre os dois personagens mas talvez até arrisque umas palavras élficas e conjure alguns feitiços não é nada compreensivo. – finalizei com um tom de voz bastante serio.

O sorrisinho que antes adornava seus lábios sumiu. Ele tinha a cabeça baixa e continuava em silencio, não retrucou, não justificou nada.

Aquele silencio dele me irritava profundamente.

—Olha pra mim Alessandro - chamei-o quase gritando. - Fala alguma coisa.

Silencio

—É vergonha? É isso? Você tem vergonha de ser quem realmente é, por isso se esconde atrás dessa fachada de garoto super popular? – tava irritada, mais ele continuava na mesma posição sem se abalar por nenhuma das minhas acusações.

Seus amiguinhos populares sabem desse seu lado? – falei apontando para o tv que ainda mostrava o jogo em pausa.

Silencio

—Claro que não sabe não é mesmo? – suspirei, tava cheia desse silencio dele e de toda essa maluquice. Definitivamente eu havia entrado em algum universo paralelo onde as pessoas são o contrario do que deveriam.

Aquele Alessandro a minha frente não poderia ser o Alessandro que eu conheço a dois anos.

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Passivo, calmo, envergonhado e ... nerd, não , não poderia ser ele. O Alessandro que eu conheço já teria me xingado, me chamado por aquele apelido ridículo de pequena nerd e me irritado horrores.

Não aguentava mais fica ali, precisava sair, precisava descarregar minha indignação em alguma coisa ou então eu descarregaria em alguém ... ou no Alessandro.

Não seria uma má ideia – pensei comigo mesma

Suspirei

Dei alguns passo em direção a porta e parei, olhei pra ele de canto de olho e ele neim se mexia, soltei outro suspiro.

— Não contarei a ninguém sobre seu segredinho, pode ficar tranquilo. Não faço o tipo x9. Mas não pense que to fazendo isso por você. – enfatizei - Só não gosto de me meter nos assuntos dos outros e muito menos gosto de me meter com gente que fingi ser quem não é.

Ele olhou em minha direção e por um instante pensei ter visto arrependimento em seu olhar, mas ele baixou novamente o rosto deixando seus fios loiros cobrirem seus olhos azuis.

—“Só um ser humano maduro não tem medo de si mesmo.” – falei citando Augusto Cury e sai batendo a porta.

Ao chegar do lado de fora da casa do Vitor olhei pra o céu que já estava escurecendo, suspirei exausta, aquele dia tava sendo maluco de mais pr meu gosto. Dei mais alguns passos rumando para minha casa. Foi então que me dei conta de algo muito importante e estanquei.

—Aaaahh, droga. Esqueci meu Ocarina of Time – suspirei bagunçando meu cabelo com as duas mãos inconformada. - Não posso voltar la dentro.- cruzei os braços olhando em direção a porta da casa que estava a uns 5 metros a frente. – Vai estragar minha saída traumática. - completei formando um bico inconformado em meus lábios. – Vou ter que pedi ao Vitor que leve pra aula manhã. – decidi voltando a andar e indo pra minha casa.