Girassol

O Almoço


— 6 —

Acordo às oito, como biscoitos de avelã que trouxe da casa dos meus pais e deixo minha coruja encarregada de uma jornada até eles para dizer que terminei de organizar as coisas no dia anterior. Ginevra me escreve às nove, dizendo que já tem seu bolo de caldeirão confeitado e que Harry foi buscar as varinhas de alcaçuz de que Molly tanto gosta.

Tomo um banho, deixando o rádio ecoar pela casa e decido trançar meus cabelos ao me ver diante do espelho. “Você está sempre de coque”, minha mãe costumava dizer e eu sei que é a mais pura verdade. Às vezes esqueço de soltá-lo quando chego do trabalho ou simplesmente o prendo por conta do calor, porém, agora está frio e não preciso mais fazer isso. Ao invés de todo o destaque habitual que meu rosto tem sem os cachos ao redor, agora sinto que tenho uma bela moldura. Ficará ótimo com o gorro vermelho que ganhei de Fleur no ano passado.

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Leio um livro sobre feitiços caseiros que Molly me enviou como presente pelo novo lar e descubro que há um jeito muito mais fácil de evitar que a neve se aglomere na entrada do que usando uma pá. Ou enfeitiçando uma para que faça o trabalho duro. O tempo passa ao seu modo e não ligo para isso, pois estou bem com o momento. Não tenho o menor interesse de que a segunda-feira se aproxime, minha mesa no Ministério se tornou o meu novo bicho-papão, posso apostar.

Quando o relógio marca onze horas, atravesso a lareira até a sala aconchegante da Toca.

— Molly? — digo em alto tom, olhando para além do cômodo. — Gina?

Arthur me recebe com um abraço alegre e me conduz para a cozinha, onde sua esposa está ansiosa para o almoço. Ela também me abraça e eu logo começo a ajudá-la com os pratos, talheres e copos. O teto da cozinha é uma festa de coisas flutuantes que parecem dançar acima das nossas cabeças. Eu amo isso, pois me lembra das muitas férias que passei ali vendo a mesma coisa depois de anos de monotonia arrumando a mesa com minhas mãos. Entre os bruxos era tudo incrível.

— Olá minha querida família! — Ginevra grita da sala e logo seu rosto aparece para nós com Harry não muito atrás.

Ela coloca os doces direto na geladeira e Molly dá um suspiro ao ver suas varinhas de alcaçuz. Harry sabe como conquistar o carinho de uma sogra, definitivamente. Eles também se abraçam e Ron, provavelmente ouvindo a algazarra que se instaurou na cozinha, desce as escadas e se junta a nós. São muitas vozes, muitos abraços e muitos risos. Posso ver que o Sr. e a Sra. Weasley estão radiantes. Parabenizo Gina discretamente pela ideia e recebo o seu melhor sorriso em resposta.

Uma coruja surge pela janela e para diretamente ao lado da matriarca da família. Ela apanha o pergaminho, o lê e seu rosto fica carrancudo automaticamente.

— Filho desnaturado! — grita ela pela cozinha, tirando um dos pratos da mesa como que por pirraça. — Percy está dizendo que não pode vir, vejam só! Não pode se juntar aos pais e irmãos para almoçar no final de semana...

Arthur para próximo à ela e leva suas mãos aos ombros da esposa.

— Não se preocupe, querida — ele sorri e vejo mais uma vez como são um ótimo casal. — Ele deve ter levado trabalho para casa. Acontece o tempo todo, você sabe.

Molly adota uma expressão chorosa e Gina ri, já conhecendo perfeitamente cada uma das fases da mãe até a aceitação de que alguém não virá almoçar. É como um crime para ela.

— O tempo todo! — ela choraminga, retirando também os talheres e copos que seriam dele e de sua esposa. — E não pode nem mesmo fazer um agrado alguma vez!

Ron, completamente alheio ao drama daquela que o trouxe ao mundo, é quem muda o foco da conversa.

— Assim sobra mais comida.

Eu dou um tapa leve em sua cabeça, ouvindo o seu “ai!” de reclamação. Então os gêmeos chegam e a cozinha começa a parecer um pouco menor. Me sento em uma das cadeiras, seguida por Gina ao meu lado direito e Harry ao lado dela. Alguém que suponho ser George tira de suas costas, onde estivera a esconder as mãos até então, um buquê de girassóis.

— É meu e de Fred — ele diz, confirmando minha suspeita.

Molly o abraça também, um abraço que parece capaz de fazer com que suas costelas se partam. Ele não reclama, ainda assim, e algo curioso me passa pela cabeça. George dá girassóis para a mãe. Ginevra escolhe girassóis para o seu buquê de casamento. O que é que há entre essa família e essas grandes flores amarelas? Penso em perguntar, mas sou distraída pela aproximação de George que me cumprimenta. Fred surge em seguida e depois que todos os novos abraços são distribuídos, eles partem para o quintal da casa sob o olhar atento de Gina.

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— Agora que Fleur está perto de ter o bebê, não acho seguro que ela e Gui venham pela lareira — Molly comenta com Arthur, segurando um pano de enxugar pratos em sua mão.

— É perfeitamente seguro, Molly. Devem evitar apenas a aparatação.

Ela rebate, dizendo que sentia enjoos terríveis ao utilizar o pó de flu como meio de transporte, mas ele continua firme, dizendo que Fleur está ótima e não tem esse problema. Apenas quando os dois chegam é que tudo fica bem e Molly se contenta com o fato de que sua nora tem um relacionamento muito saudável com lareiras.

— Isso quer dizer que podemos comer agora?

Gui e a esposa apenas acenam para nós, não querendo prolongar a espera e logo a mesa está farta. Os gêmeos também se unem a nós e apenas consigo pensar que a mesa da Toca é gigantesca. Jamais caberia uma dessas na minha cozinha.

Entre uma colherada e outra, as conversas voltam a acontecer. São muitas simultaneamente, então me concentro em Gui que pergunta à Ron como estão as coisas. Eu sei exatamente o que isso quer dizer e meus ouvidos parecem focar apenas em sua resposta. Ele diz que está tudo ótimo, melhor do que poderia imaginar, e que o conselho de Gui caiu muito bem. Fleur parece completamente alheia, concentrada em mastigar frango com creme de milho, e me pergunto se ela sabe sobre o que os dois conversam.

Gina me atrai a atenção, batendo o cotovelo no meu braço.

— George estava contando para a mamãe que está namorando com Angelina, você ouviu? — ela me pergunta com o máximo da sua empolgação, como se o tivesse ouvido confessar que aprontou algo.

— Não — sussurro de volta. — Estava prestando atenção em Ron dizendo para Gui que o conselho dele foi bom e tudo deu certo.

Ela não parece entender, então eu rolo os olhos e a ouço dizer um “ah, sim!”.

— Sobre o que as senhoritas cochicham? — Fred, que está sentado ao meu lado, espicha o pescoço para nós.

— Só queria que Mione me passasse a abóbora — Gina diz com a maior das naturalidades.

— É para já.

Fred me olha como quem pergunta se realmente vou mentir para ele e movo meus lábios, sem fazer som, dizendo que falávamos sobre Ron. Felizmente, Ginevra sem percebe. Ele passa a observar o irmão mais novo e o mais velho conversando, mas não consegue ouvir nada que pareça despertar atenção.

— O que tem de tão interessante?

Aproveito que Gina e Harry falam algo com Arthur para me curvar na direção de Fred e sussurrar:

— Gui deu alguns conselhos para ele e o encontro que teve ontem foi bom.

Fred me olha enojado.

— Alguém realmente está saindo com o Ron?

Balanço a cabeça, concordando.

— Eu não acredito.

— Eu sei, também não acreditei quando ele me contou.

Molly atrai a atenção de todos nós com lágrimas nos olhos.

— Meus filhos, são tantas notícias maravilhosas — uma de suas mãos segura a de George enquanto a outra segura a de Fleur. — Estou tão feliz por vocês.

Arthur, que está na outra ponta da mesa ao lado de Harry, parece não entender muito bem.

— O que houve, querida?

Todos os demais parecem agradecer pela pergunta, voltando a atenção para a ruiva em busca de explicações.

— George agora está seguindo o rumo dos seus irmãos e firmou um compromisso com Angelina — ela diz muito orgulhosa, ainda que já a tenha visto fazer algumas caretas para a garota durante o casamento. — E Fleur terá o bebê na próxima terça-feira.

Todos comemoramos, erguendo nossos copos de suco de abóbora enquanto pode-se ouvir vozes fazendo perguntas e comentários pela mesa. Antes que brindemos, Ron acena para todos.

— Eu também tenho algo a dizer — ao ouvi-lo, Molly leva sua mão ao peito. Espero que ela não enfarte. — Encontrei uma pessoa muito especial e quero que as coisas deem certo entre nós, então... acho que preciso seguir minha vida como meus irmãos — não há sequer uma respiração na cozinha, eu posso sentir. — Eu estou procurando um lugar para mim.

Ao mesmo tempo em que Gina grita um “o que?!” surpreso, Molly parece que vai se desfazer em lágrimas.

— Oh meu filho, isso é ótimo — ela começa, enxugando o rosto com o avental. — Mas você sabe que pode continuar morando aqui o tempo que quiser. Nós gostamos da sua companhia e não sei como ficarei com a casa tão vazia.

Isso parte o meu coração. Para ser sincera, eu esperava que Ron continuasse com os pais até os setenta anos. Nunca me passara pela cabeça, até então, que a casa cheia dos Weasley um dia fosse ter apenas Molly e Arthur.

— Eu preciso mostrar que sou adulto, mãe — Ron conclui. — Que sou responsável.

Ela o entende, abrindo um sorriso entre as lágrimas. Erguemos nossos copos outra vez e finalmente brindamos em comemoração. Quando a mesa se torna mais silenciosa, Gui ri alto.

— Isso faz de você — ele aponta seu garfo para Fred. — O único solteiro da família.

Eu tento não rir, assim como os demais, mas é inevitável. Ainda que não pareça ligar para a situação, ter ouvido isso do seu irmão enquanto ele caçoa de si parece deixá-lo tão ofendido que poderia testar todos os produtos da sua loja em Gui.

— Até os caçulas passaram você — Gui continua, recebendo uma cotovelada de Fleur.

Fred se recompõe rápido e balança os ombros com desdém.

— Fico feliz em ser o único nessa mesa que pode ir onde quiser e voltar a hora que quiser sem preocupações, obrigado — responde ele.

Os rapazes resmungam, as mulheres resmungam com eles e eu apenas dou risada.

— Você não é o único — Ginevra mostra a língua para ele.

— Oh, não venha me dizer que Harry se enquadra nessa. Vocês não desgrudam nem para ir ao banheiro, eu aposto.

— Eu estava me referindo à Hermione — ela o responde, mostrando a língua outra vez.

Já não me sinto mais tão risonha assim. Antes que qualquer um possa fazer um comentário ligando os fatos, me adianto:

— Na verdade, estou preocupada demais com o meu trabalho para ir a qualquer lugar no momento.

Isso acalma os ânimos, felizmente. Não quero uma conversa com todos na mesa dizendo que eu e Fred faríamos um bom par. O tom da conversa logo muda, com Arthur me perguntando sobre como está sendo a promoção. Penso em mentir, mas Ron entrega de bandeja tudo o que aconteceu ao longo da semana. Então a mesa muda de solteiros e comprometidos para o terrível destino de Hermione Granger. Eu poderia escrever um livro com isso. A conversa, na verdade, parece não precisar de mim. Ron, Harry e Gina dizem todos os detalhes sobre minha nova atividade no Ministério e os comentários ficam por conta de Fred, George e Gui. Fleur me olha com solidariedade e eu a agradeço mentalmente.

Após o almoço, comemos bolo e começamos a nos dispersar. Molly e Arthur ficam com Gui e Fleur na sala, conversando animados sobre a maternidade. Só consigo imaginar o quão exausta Fleur deve estar por ouvir sobre isso o tempo todo, como se ela tivesse deixado de ser humana e mulher, e se tornado apenas mãe. Ron sobe para o quarto e já sabemos que vai dormir um pouco. Então somos apenas eu, Fred, George, Harry e Gina, que vamos para o quintal respirar um pouco depois de tanta comida.

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— Quando trará Angelina para um almoço? — questiona a caçula com risos debochados.

George parece não se importar com isso.

— Qualquer dia desses, depois que Ron for embora — ele pisca para ela.

Sua expressão galanteadora é acertada em cheio por uma bola de neve e a risada de Fred distante de nós deixa claro o culpado. A guerra se inicia. Me escondo atrás de uma árvore e procuro ser rápida, acertando Ginevra no ombro ao mesmo tempo que Harry me acerta no joelho. Maldito casal sincronizado. Gina grita, querendo que a bagunça pare, pois seu espírito juvenil parece não estar presente nesse momento e George aproveita-se disso para acertá-la em cheio no rosto.

Não demora muito para que os demais deixem a Toca e nos encontrem. Fleur, obviamente considerada fora de alvo, senta-se no balanço preso ao galho mais firme da árvore onde eu me escondo, me tornando imune automaticamente. Enquanto Gui se une aos irmãos e cunhado em uma guerra caótica de bolas de neve, aproveito minha pausa para sentar em uma das raízes mais altas, a qual forma quase um banco. Fleur balança devagar, assistindo a disputa e rindo.

— Antes eu os via assim, juntos, e sentia um desejo enorme de ser parte da família — diz ela, mudando o foco para mim. — São tão felizes juntos. Te fazem querer ser parte disso.

Eu entendo perfeitamente esse sentimento.

— Senti isso nas primeiras férias que passei aqui — confesso, vendo seu sorriso brilhante. É difícil não se deixar encantar pela aura dela. — Às vezes acho que já sou parte da família, pois cresci aqui com Harry e Ron. Estivemos sempre juntos.

— Você com certeza é.

Fico feliz em ouvir isso, é sempre bom sentir-se querido. A vejo passar uma das mãos pela barriga e lembro de uma porção de coisas que já pensei, mas nunca tive oportunidade de dizer a ela.

— Você não se sente cansada de ouvir as pessoas falando o tempo todo sobre o bebê?

Ela nunca ouviu essa pergunta. Posso afirmar isso pela forma como me olha, rindo. Parece se sentir livre para dizer o que pensa pela primeira vez.

— Sim, um bocado — seus olhos claros rolam e me fazem rir também. — Mas não posso culpá-los, é a primeira coisa que veem, essa enorme barriga. E não é de todo ruim, certamente. Não conte a ninguém, mas estou aproveitando para comer tudo o que gosto e tenho vontade.

Isso me faz rir ainda mais.

— Ontem encontrei Ginevra e Harry, e os disse que não sei como vocês conseguem resistir à tentação de descobrir logo o sexo do bebê — faço uma careta ao dizer. — Eu ficaria ansiosa demais.

Ela olha ao nosso redor, garantindo que não há ninguém mais que possa nos ouvir.

— Eu também fiquei — sussurra para mim com um sorriso de cumplicidade. — É uma menina. Se chamará Victoire.

Levo minhas mãos até a boca, incrédula.

— Você está falando sério?

Ela faz um gesto com a mão para que eu seja menos óbvia.

— Sim, mas ninguém mais sabe disso. Nem mesmo Gui.

Entendo sua deixa.

— Não se preocupe, seu segredo está a salvo comigo.

Ela parece tomar um leve susto. Pega minha mão e a coloca na parte inferior da sua barriga, onde posso sentir um chute. É uma das coisas mais incríveis que já senti na vida.

— Olá Vic — sussurro para ela, tendo os olhos carinhos de Fleur sobre mim.

“Aqui é sua tia Mione”, penso em acrescentar, mas guardo esse pequeno sabor de felicidade para mim. Por mais que eu não seja sua tia de verdade, sinto como se fosse e isso já é o suficiente para mim.

Quando a guerra de bolas de neve finalmente acaba, os demais se aproximam e conversamos todos juntos. Eu nunca conversei muito com Fleur, visto que ela e Gui se casaram há um bom tempo, e se mudaram logo em seguida. Porém, nesse momento, posso ver que Gui não se casou com ela apenas por conta da beleza, ainda que ela seja mesmo algo que não se pode ignorar.

— Fiquei sabendo sobre a casa nova e a promoção, parabéns Mione — Gui me diz e em seguida Fleur o acompanha em suas parabenizações.

Os agradeço, dizendo que espero receber outra promoção em alguns meses, talvez um ano, para assim finalmente poder escolher um dos departamentos do Ministério.

— Já tem algum em mente? — questiona George, curioso. Ele acha o trabalho no Ministério extremamente chato, mas ainda assim não se incomoda em saber mais sobre.

Não preciso nem pensar para responder.

— Departamento de Mistérios.

Um sonoro "uhhh" é dito pela maioria do grupo e dou risada disso. Desde adolescente eu já sabia que o DDM era o que eu queria. Ninguém sabia muito sobre ele, visto que era sigiloso, mas era de longe o maior departamento do Ministério e também o mais antigo deles. Nem mesmo o ministro da magia podia interferir nas suas atividades. Fora todas essas coisas, ter entrado no Hall das Profecias quando mais nova me deixara embasbacada e, desde então, eu sabia que queria trabalhar lá. Para alguém que quer saber sobre tudo o que existe, parecia o lugar ideal.

— Parece algo interessante. Sempre me questionei o que fazem lá — disse Gina.

— Infelizmente, sinto que se descobrir não poderei te contar.

Ela ri, certamente já sabendo disso.

— Você é a bruxa mais inteligente que conheço, sei que vai conseguir.

— Eu espero que sim, tenho me preparado para isso há tempos.

A conversa segue novos rumos, mas continuo ali pensando sobre o Ministério. Nos últimos dias confesso que considerei pedir para Harry me recomendar diretamente ao departamento, visto que ele tem um alto cargo entre os aurores e, bem, é Harry Potter, o menino que sobreviveu. Sua recomendação seria muito bem vista, mas eu não me sentiria feliz sem conseguir por minhas próprias mãos.

As coisas não eram as melhores no meu setor, mas pelo menos haviam pessoas agradáveis e o meu novo salário era mais do que suficiente para arcar com as despesas da casa. Paciência não era uma das minhas qualidades, mas talvez essa fosse a forma da vida me ensinar a tê-la e eu não podia reclamar disso. Faria o que fosse necessário.

Além disso, estava começando a pesquisar as opções de estudo avançado. Bruxos não possuíam universidades iguais às dos trouxas, mas haviam instituições semelhantes que se dedicavam aos níveis especiais de ensino em poções, transfiguração, feitiços e outras coisas. E tendo esses níveis, era possível exercer funções melhores. Eu sabia que Gui, por exemplo, tinha um nível especial em feitiços e graças a isso conseguira um cargo tão bom dentro do Gringotts. Carlinhos também possuía um nível especial em trato de criaturas mágicas, por isso trabalhava com dragões. Porém, eu não sabia ainda qual a melhor opção para mim. Talvez tentasse um nível especial em feitiços também, ainda que fosse o mais comum. Ou em poções, quem sabe.

Ninguém nunca me preparara para a vida adulta na sociedade bruxa, já que meus pais também não sabiam como ela funcionava. Eles até haviam me sugerido um emprego trouxa onde pudesse discretamente utilizar a magia para facilitar minha vida, mas não parecia uma ideia muito agradável. Eu queria fazer parte do mundo bruxo e conhecê-lo melhor ao invés de viver uma vida tendo que esconder quem sou.

O tempo me ajudaria a encontrar a melhor forma de levar a vida.