Ghosts

Chapter 3 - Stories Of The Past


Chapter 3 – Stories of the Past

Um fato que vocês já devem ter percebido: Eu não sou normal. Afinal, pessoas normais não conseguem enxergar pessoas que já morreram. E pela lógica, se eu não sou normal, a minha vida não deveria ser normal. Muitas pessoas me diziam isso, mas eu me recusava a acreditar que era verdade. Talvez fosse por isso que eu resolvi me esforçar para conseguir ter uma vida pacata e normal.

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Mas espíritos amaldiçoados, cruéis assassinatos e homens idosos acordando-me às oito horas da manhã de um sábado eram fatores que faziam com que a minha vida parecesse um livro da Agatha Christie (ou do Stephen King).

Eu ainda estava em estado de choque. Enquanto preparava o café da manhã, lançava olhares na direção de Albus Dumbledore, que conversava com James Potter como se ele não estivesse morto. Peguei uma caneca e coloquei café nela, sem me preocupar com o leite e o açúcar.

Caminhei até a sala, tossindo alto para chamar a atenção dos dois.

— Então. – Tentei puxar assunto, sentando em uma poltrona – Eu quero saber que história é essa de maldição e profecia e onde eu entro nessa loucura.

— Não é loucura. – Rosnou James, aborrecido – É algo sério, ginger. Achei que fosse inteligente o bastante para conseguir perceber que não é uma brincadeira. Maldições não são como em filmes e series.

— Eu convivo com isso, Potter. – Resmunguei, o encarando – Sei que maldições são assuntos sérios. Mas isso… Não tenho a certeza de que posso considerar isso uma maldição. Está mais para um filme de terror muito ruim hollywoodiano.

— Parem de discutir. – Dumbledore disse ao perceber que James ia abrir a boca para retrucar – Temos um assunto extremamente importante e vocês dois estão zombando disso?

Abaixei a cabeça, envergonhada. James não pareceu diferente de mim. Dumbledore pareceu satisfeito com o silencio que fizemos no momento.

— Ótimo. – Ele disse – Eu preciso do silencio e da cooperação de vocês dois para conseguir prosseguir com esse processo. Entenderam?

Tanto eu quanto James assentimos. Dumbledore então fez um pergaminho aparecer na sua mão, como se fosse mágica. Ele o desdobrou e leu:

— Dia e noite esperando a escolhida de visão clareada chegar para que as relíquias possa encontrar, o fantasma o apartamento irá assombrar e terror espalhar, sendo fadado a ali ficar até conseguir se libertar.

Arqueei uma das sobrancelhas, observando Dumbledore dobrar o pergaminho.

— Isso é uma profecia? – Perguntei – Parece um poema.

— Profecias são poemas, Srta. Evans. – Respondeu Dumbledore, com um sorriso que não consegui identificar se era bondoso ou misterioso – Poemas proféticos, que nos revelam um futuro que pode ser bom ou, na maioria das vezes, ruim.

— Hum. – Resmunguei, ainda sem acreditar muito – Mas eu ainda não compreendo... Aonde eu entro nessa história? Quero dizer, atualmente, só eu posso ver fantasmas e espíritos? Não existe qualquer outra pessoa no Reino Unido que consiga ver gente morta?

— Sinto em lhe dizer, Srta. Evans, mas você é, atualmente, a única médium dotada de tal visão em Hogsmeade. – Dumbledore disse.

— Mas eu não pedi para nascer assim! – Exclamei, indignada.

— Não fale disso como se fosse algo totalmente ruim, Lily. – Dumbledore me repreendeu – Essa habilidade pode ser tanto um dom quanto uma maldição. Você ainda não sabe todos os segredos que lhe cercam, Lily Evans. Um futuro sombrio lhe aguarda se não aceitar isso como parte de você.

Os olhos azuis de Albus Dumbledore me encaravam como se soubessem de toda a minha vida, toda a minha história, como se tivessem o conhecimento de todas as minhas vidas passadas e de todos os meus atos. Engoli em seco.

— Quem é você? – Murmurei, arregalando os olhos – Você não é humano, não é um médium, não é um fantasma, não é um demônio e não é um monstro.

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— Eu sou um mago, Srta. Evans. – Ele disse, sorrindo levemente – Estou nessa Terra há mais tempo do que você pode imaginar. Eu vi lendas nascerem, guerras acontecerem e a história sendo formada pouco a pouco.

Tudo aquilo era demais para mim. Podia muito bem ser uma brincadeira estúpida para promover algum filme de terror. Mas algo no olhar de Dumbledore e no desespero de James Potter me dizia que aquilo não era uma brincadeira, que aquilo era real e perigoso ao extremo.

Olhei na direção de James, esperando que ele zombasse de mim ou algo do tipo. Mas ele parecia sério ao extremo, me encarando.

— Você acredita agora, Evans? – Ele perguntou, sem zombar ou debochar.

Assenti lentamente, ainda em choque com tudo o que estava acontecendo.

— Sim… Sim, acho que sim. – Respondi – Eu odeio ter que admitir isso, mas irei te ajudar. Deveria ter feito isso desde o começo. Quero dizer, aqueles sonhos… Foi a sua morte, certo?

— Claro que não, foi a morte de Tony Stark na Guerra Civil em um dos multiversos da Marvel. – Ele disse sarcasticamente – Você não leu as HQ’s?

— E o antigo James Potter retornou! – Debochei, revirando os olhos e virando-me para encarar Dumbledore – Como eu irei quebrar a maldição?

Ele tirou uma varinha do bolso e fez alguns movimentos. A poeira do chão ergueu-se, e começou a forma algumas imagens na minha frente.

— Vocês dois terão que buscar as quatro relíquias de quatro poderosos médiuns. – Ele disse, e a imagem de quatro pessoas foi formada – Rowena Ravenclaw, Helga Hufflepuff, Salazar Slytherin e Godric Gryffindor.

— E onde eles estão? – Perguntei – Em algum asilo ou em um lugar desse estilo.

— Ah, eles morreram há muito tempo. – Dumbledore respondeu tranquilamente – Eles viveram na Idade Média. Mas você sabe, Lily, houve uma grande caça às bruxas. Os quatro foram enterrados vivos, e as suas relíquias foram perdidas e espalhadas pelo mundo.

A poeira formou a imagem de um medalhão.

— Esse é o Medalhão de Slytherin. – Explicou Dumbledore – Salazar era um médium rico, muito rico. Pediu que fizessem um medalhão feito do mais puro ouro que existe na Terra. E assim fizeram. Esse medalhão tem o poder de fazer qualquer ser vivo ou morto te obedecer. Ele te dá o poder de persuasão.

A imagem mudou novamente. Reconheci o objeto sendo um diadema extremamente sofisticado.

— Esse é o Diadema de Ravenclaw. – Dumbledore disse – Rowena pediu a Salazar que ele lhe fizesse um diadema de prata, enfeitado com joias. Quando ela recebeu o diadema, Rowena fez questão de acrescentar magia no diadema. Qualquer um que coloque a joia na cabeça possui, temporariamente, a habilidade controlar qualquer elemento terrestre. Fogo, água, terra e ar.

A poeira mudou mais uma vez. Dessa vez, era uma taça. De todas as que foram apresentadas até o momento, era a menos chamativa. Parecia uma taça comum, sem chamativos ou coisas desse estilo.

— Essa é a Taça de Hufflepuff. De todas as relíquias, é a menos chamativa e é considerada por alguns ignorantes a menos importante. Helga era uma pessoa humilde e trabalhadora. Derreteu as moedas de ouro que possuía e, com essas moedas, começou a moldar uma taça feita de ouro. Mergulhou a taça em um rio durante uma lua cheia, e o espírito de uma garotinha que vivia no rio achou que ela era humilde e digna de poder. Por isso, a taça, assim como a própria Helga, foi abençoada. Se uma pessoa digna e boa esfregar a taça, poderá ter três desejos realizados.

— Como um gênio da lâmpada? – Perguntei, arqueando uma das sobrancelhas.

— Exato. – Respondeu James, que estava calado há um bom tempo.

— Mas e se uma pessoa de mau coração esfregar a taça? – Franzi a testa – O que acontece?

— Ninguém sabe. – Disse Dumbledore – Todas aquelas pessoas gananciosas que foram atrás da taça nunca mais voltaram.

Estremeci, mas fiquei calada. Não havia uma resposta certa para aquilo.

A poeira mudou. Mas dessa vez, não havia uma imagem.

— E por último, a Espada de Gryffindor. Godric era o capitão da guarda real do Reino de Hogsmeade. Por seus atos de bravura, foi recompensado com grande riqueza. Com o ouro e a prata que recebeu, começou a trabalhar na sua própria espada. Ele nunca confiaria em outra pessoa para fazer uma espada tão importante quanto aquela. Feita com ouro e prata, tendo sal grosso dissolvido na hora da produção e sendo banhada em água benta, a Espada de Gryffindor é, definitivamente, o objeto mais procurado de todos os que eu citei. Ela pode matar qualquer coisa, sem exceção, e tem o poder de apagar seres mortos da existência. Monstros, fantasmas, espíritos, demônios, humanos… Como eu disse antes, qualquer coisa.

Ótimo. De O Iluminado, eu fui para Supernatural. O que vem agora? O Exorcismo De Emily Rose? Anabelle? American Horror History? Carrie, A Estranha? Estou vendo a hora de objetos começarem a se mover sozinhos.

— Qual é a aparência? – Perguntei.

— Ninguém sabe. Não existem registros, nem fotos e ilustrações. Ela foi perdida há muito tempo, antes mesmo de Godric ser enterrado vivo junto com seus colegas. Foram poucas as pessoas que viram a espada. A maioria delas acabou por ser morta, e o resto prometeu nunca dizer a sua aparência. Alguns historiadores dizem que a espada é uma lenda.

— Muitas coisas foram consideradas lendas por algum tempo, mas logo depois, aderidas como verdades. – Murmurei – A Guerra de Troia, por exemplo. Creio que em breve possa ser Atlântida e o Monstro do Lago Ness.

— Sábias palavras, Srta. Evans, sábias palavras.

— Deixe-me ver se entendi. – Eu disse, franzindo a testa – Eu tenho que recuperar essas quatro relíquias perdidas que ninguém em todo o universo sabe onde exatamente está, certo?

— Sim.

— E, provavelmente, terei que enfrentar fantasmas e espíritos que guardam os locais e os objetos, além de outras diversas dificuldades que estarão no caminho, certo?

— Sim.

Suspirei, cansada, passando a mão pelo meu cabelo ruivo. Eram em horas como aquelas que eu queria ter nascido normal.

— Escute, eu já disse isso uma vez e digo novamente. – Resmunguei da forma mais tranquila e simpática que consegui – Eu vejo fantasmas, mas não sou uma especialista no assunto. Não sei quebrar maldições. E aliás, o que eu ganharia com isso? Posso muito bem me mudar e seguir a minha vida normalmente, fingindo que James Potter nunca… Hã… Morreu.

O sorriso de Dumbledore se alargou.

— Eu não te contei sobre uma pequena parte do processo, Srta. Evans. – Ele disse – Você tem grandes chances de perder esse dom se ajudar o Sr. Potter.

Aquilo verdadeiramente atraiu a minha atenção. A esperança de ter uma vida sem fantasmas me perturbando passou pela minha cabeça. Imaginei-me casando, tendo filhos, trabalhando, me aposentando… Era uma vida boa (e comum) demais para ser verdade.

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Encarei Dumbledore, estreitando os olhos.

— Argh, não acredito que irei fazer isso. – Murmurei, chateada – Tudo bem, eu aceito fazer parte dessa loucura.

James sorriu. Não foi um sorriso debochado ou sarcástico, mas um sorriso sincero, de pura felicidade.

— Isso é sério? – Ele perguntou, surpreso.

— Sem dúvidas, gasparzinho. – Respondi, sorrindo levemente – Mas nós temos um problema. Até que eu saiba, o Potter está preso nesse apartamento. Para procurar esses objetos, ele teria que ir comigo, não?

— Uma maldição foi imposta sobre James, Srta. Evans. – Dumbledore disse tranquilamente – Eu não posso quebrá-la, mas posso amenizá-lo. Posso prender o seu espírito em outro objeto, objeto esse que você consiga levar com você com facilidade e que seja difícil de se perder. Não se preocupe com essa parte. Por que não vai dormir um pouco? Afinal, seria melhor para vocês dois partir amanhã de manhã.

Assenti, e fui para o meu quarto. Deitei-me na cama e encarei o teto, ainda afogada em toda aquela história de maldição e profecia. Eu me pergunto o por que de terem me escolhido, considerando o fato de que eu sou apenas mais uma pessoa nesse enorme mundo.

Existem mais de um bilhão de pessoas. De todas essas, eu tive que entrar nessa tamanha confusão.

Entre pensamentos como esse, eu adormeci. E como eu esperava, mais um sonho veio em minha mente.

***

Nesse sonho, as coisas pareciam mais tranquilas do que os sombrios sonhos anteriores.

Estava em um parque. Para ser mais exata, eu conhecia aquele parque. Foi naquele parque onde eu vi o meu primeiro espírito. Era um dia de verão, onde o vento aliviava o calor, mas não era o bastante para impedir que os presentes suassem.

Reconheci o balanço onde estava o garoto de anos atrás. E dessa vez, no sonho, um garoto estava lá. Ele era idêntico ao que eu havia visto. Ele ria enquanto sua mãe o balançava para frente e para trás, se divertindo como uma criança deveria se divertir em tenra idade.

Fiquei o encarando, e não deixei de sorrir. Minha infância não foi ruim, e o modo como ele ria lembrava de mim nessa mesma idade, correndo pela casa enquanto minha irmã me seguia, correndo e rindo.

Bons e velhos tempos em que nós éramos amigas.

Seu momento de diversão (e o meu momento de distração) foi interrompido pela voz de, provavelmente, seu pai, que gritou:

— Querida, chame o James e vamos!

O garoto fez uma expressão triste.

— Precisamos mesmo ir? – Ele choramingou, descendo do balanço.

— Sinto muito, querido, mas não podemos ficar no parque para sempre. – Sua mãe respondeu, sorrindo levemente – Mas eu prometo que iremos voltar amanhã, tudo bem? Afinal, você merece uma boa recompensa por ter tirado notas tão altas nas provas.

Ele sorriu, orgulhoso de si mesmo, e segurou a mão de sua mãe, caminhando junto com ela até um homem que lembrava muito o James fantasma e atual. Ele beijou ela e carregou o filho, rindo junto com ele, e logo após isso, ambos caminharam até um carro.

Era uma família extremamente feliz, e isso era impossível de perceber. Eram tão felizes que eu não sinto vergonha em dizer que cheguei a invejar a família.

Mas quando eu percebi quem era o garotinho e que destino ele teria, assim como a sua família, meu mundo desabou. Observei aquele garoto entrar no carro enquanto as lágrimas desciam por meu rosto, não acreditando como um ser humano poderia fazer algo de tão ruim a uma criança inocente como aquela.

Eu me senti triste por que eu sabia quem era aquela criança, e sabia que já encontrei com ela antes mesmo de vir para o apartamento amaldiçoado.

Ele era James Potter.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.