Garoto Rude

Me Acha Interessante?


Cocei meus olhos com as costas das mãos, tentando ver melhor quem estava falando comigo. Fui levantando minha cabeça e quase levo um susto. Eu não conseguia acreditar que ele estava se importando comigo.

– Daniel?

– Sim. Você está bem?

– Acho que sim. – disse me levantando – O que faz aqui?

– O mesmo que você, passeando. Mas pelo jeito o seu passeio não deu muito certo.

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– É, não mesmo...

– Bem, se quiser eu te ajudo a voltar para sua casa. Você deve estar quebrada!

– Ah... Eu não estou tão quebrada assim, mas se você me ajudasse a voltar eu ficaria muito agradecida.

– Claro. Vem. – Ele foi até a minha bicicleta e a pegou

Fui até ele, tentando andar normalmente, mas para o meu azar eu não conseguia andar sem mancar. Ele percebeu e começou a rir discretamente, se segurando, mas eu logo percebi.

– Pode rir a vontade.

– Desculpe, mas é que você não consegue imaginar esta cena.

– Eu sei que sou esquisita, não precisa explicar.

– Você não é... Esquisita. Eu diria... Diferente!

– Nossa, valeu! Ajudou muito.

Ele ficou quieto, apenas observando seus passos. Parecia querer dizer alguma coisa, mas acabava desistindo. Estava incomodado com aquilo. A sua vontade deveria ser de sair correndo e nunca mais falar comigo.

– Por que me ajudou?

– Eu não sei. Você parece legal. Não deveria ficar bancando a esquisita. No fundo você não é.

Virei meu rosto para ele, o encarando. Tentando digerir as palavras que ele havia dito. Ele achava mesmo que eu sou fingida?

– Bancando a esquisita? – Ele não respondeu, apenas olhou para o chão – Quem me dera que eu estivesse fingindo. Eu apenas não sou aceita na sociedade. Você já me viu andando com alguma amiga? Fazendo compras em um shopping? Indo ao cinema? – ele negou com a cabeça, ainda abaixada – Para muitos eu não passo da nerd estranha anti-social. Então se você só estiver me ajudando por pena, pode deixar que eu volto sozinha.

– Não, eu sei que você tem problemas para se socializar. Mas não quer dizer que eu te ajudei por pena. Pare de distorcer minhas palavras, por favor. – desta vez quem ficou quieta e com a cabeça abaixada foi eu – É difícil encontrar garotas como você. Principalmente nesta cidade. Você só consegue encontrar patricinhas, garotas emo, roqueiras, mas nunca uma de caráter como o seu. Eu até admiro isso. Você é a única do colégio que não é... Sabe, atirada em mim. E isso é uma coisa muito boa que te diferencia. Além disso, não fique para baixo, tem gente que te acha bem interessante.

Arregalei os olhos, tentando acreditar naquela mentira. Ou não era mentira? Claro que era. Ele só está tentando ser compreensivo e levantar minha auto-estima. Mas eu resolvi perguntar, afinal é a obrigação de uma curiosa como eu.

– Quem?

– Isso eu não posso falar. – Ele riu baixinho, o riso mais gostoso de todos.

– Então eu não acredito.

– Essa é a sua casa, não é? – Mudou de assunto apontando para a minha casa, do outro lado da rua

– Ela mesma.

– É... Amanhã à noite eu irei com alguns amigos sair, dar uma volta por aí. Talvez iremos a algum restaurante. Se quiser ir, é só estar pronta esperando aqui na sua porta que iremos lhe buscar.

– Eu vou pensar.

– Pense bem então.

– Então tchau!

– Até... – Ele se virou e foi andando

Peguei a bicicleta e entrei na garagem, a deixando lá. Fechei os portões e entrei em casa. Sarah ainda estava no sofá, mas desta vez, estava cochilando. Perguntei-me o porquê é que ela pode e eu não. Tirei o all star e andei sem ele até o meu quarto, o colocando do lado de minha sapateira. Joguei-me na cama, tanto que fez um barulho nada agradável, mas aquela cama já estava acabada.

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Por que ele se importou comigo? Quem estaria “me achando interessante”? Será que é Daniel?

Pare de viajar, Amanda. Primeiro: Ele só quis ser gentil. Segundo: Só falou aquilo para me consolar. Terceiro: As chances desta pergunta ser realista, só vão abaixando cada vez mais.

Vou parar de ser preguiçosa, esta vida de só ficar dormindo está horrível. Fui até a escrivaninha e liguei o meu computador. Então pensei em ousar fazer algo que eu nunca fiz.

Seria bom, eu nunca tentei. Mas tem que ser do meu jeito. Não quero ser confundida com a Melissa. E talvez a pessoa que “me acha interessante” goste. Ou o Daniel. Será?