Gaara Chibi

Bátega Estarrecedora


PAÍS DOS RIOS, PROXIMIDADES DE TANIGAKURE, ÁREA DOS CHALÉS – DIA 7 – 08:32.

As janelas do chalé estavam embaçadas e o dia estava escuro lá fora. Uma chuva forte havia começado a pouco tempo, o som das gotas caindo era alto o suficiente para atrapalhar o início de uma conversa, som este que só era ofuscado quando alguns raios caiam ocasionalmente perto, permitindo sua luz ser vista pelas janelas e deixando seu estrondoso trovão para trás.

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Na sala encontrava-se Kankuro, sentado no sofá e encarando o chão; Tenten, que permanecia corada e estava ao lado dele segurando ainda os dois pergaminhos; Rock Lee, que olhava pela janela desanimado; e, olhando para os três, Shikamaru. Depois de muitos risos, todos esperavam pacientemente por algo que nem mesmo eles sabiam ao certo.

— B-Bem... O quimono não ficou tão feminino em você. — a voz de Tenten passava insegurança, mesmo assim, era melhor do que aquele silencio incomodo.

— Espero que tenha sido um elogio, jaan. — a fala de Kankuro era um pouco mais ranzinza do que a de costume, ele ainda encarava o chão. — Pelo menos é melhor do que a roupa verde...

— Ela é confortável e muito prática, também é... — Lee começou a longa explicação sobre a sua roupa ideal, fazendo com que todos ficassem mais entediados ainda.

Essa roupa problemática não fica bem em ninguém, nem mesmo em uma criança! Duvido que Temari consiga fazer ela ficar melhor...”, ele solta um suspiro pesado. “Quase não passamos tempo juntos e logo vai ser o casamento...”, estava com um ar de sorriso, “Não vai ser exatamente como eu pensava, mas com certeza ela vai ser uma mãe carinhosa... E rígida! Saco, vou mesmo repetir os mesmos passos do meu pai!?”. O moreno se controlava para não dar uma gargalhada. Agora ele olhava atentamente para a porta do quarto onde a noiva estava.

— A Temari está demorando... — a voz arrastada estava com certa pontada de preocupação. — Kankuro, não é você quem faz os reparos nas roupas do Gaara?

— Sou, mas se ela disse que iria dar um jeito, ela dá sozinha, jaan! — pelo visto ele estava ressentido com a irmã. — ... Ela... Ela não sabe costurar! — a fala agora era preocupada enquanto ele se levantava apressado e ia em direção ao quarto, já imaginando o irmão estar com várias agulhas perigosamente perto dele.

— Acho que não vou poder treinar hoje... — a fala desanimada era de Lee, que se quer havia dado atenção para Kankuro.

— E se der para treinarmos de um jeito diferente? — a Mitsashi sorri animada, parecia ter tido uma ideia.

— Achei que você iria querer ficar brincando com o Gaara... — a estranheza na voz de Shikamaru era acompanhada de uma sobrancelha arqueada.

— Todos nós vamos brincar com ele! — ela solta uma risada. — Tenho certeza que ele vai adorar a ideia! Todos vão se distrair!

— Não sendo nada problemático... — o moreno solta um suspiro, depois fica pensativo — Acham que o Gaara vai voltar ao normal logo?

— O Kankuro disse que sim, então acho que vai. — Lee sorri, mostrando o polegar em uma pose engraçada.

— Está preocupado com ele ficar assim para sempre? — agora a voz de Tenten não era tão animada, estava com certa preocupação.

— Não é isso, é só uma bobagem que eu pensei... — Shikamaru balança negativamente a cabeça, como se os movimentos afastassem seus pensamentos ruins.

“Desde que cheguei aqui, não consegui montar nenhuma sequência de fatos que tenha ficado clara o suficiente para planejar o que fazer, não vai ser agora que eu iria conseguir... Saco! De qualquer jeito, o Gaara precisa voltar ao normal antes do festival. Só espero que ele se recupere completamente...”. Os pensamentos carregados de preocupações exageradas são interrompidos quando Shikamaru é abraçado por trás, reconhecia aquele jeito e aquelas mãos quentes.

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— Em que bobagem você pensou? — a voz de Temari parecia um pouco séria,

— Nada demais, mas a Tenten pensou em algo... — ele tenta desconversar, enquanto puxava a noiva para sua frente, a abraçando também. — Certo, Tenten? — ele olha para a morena, que estava com um olhar bobo para os dois.

— S-Sim! — ela pisca algumas vezes, tentando se concentrar em algo além de achar o casal de amigos se comportarem assim algo extremamente fofo. — Mas antes vou falar com o Gaara... — ela sorri, tentando fazer mistério sobre o que seria.

— Gaara ainda vai demorar um pouco para vir brincar, Kankuro vai tentar dar um jeito naquela roupa estranha para ele usar, se conseguir, vai poder sair do castigo... — a loira sorri, se sentindo bem com seu “senso de justiça”.

PAÍS DOS RIOS, PROXIMIDADES DE TANIGAKURE, ÁREA DOS CHALÉS – DIA 7 – 09:18.

Kankuro estava sorrindo de canto enquanto olhava com ar de superioridade para a irmã mais velha. Ele vestia suas roupas pretas comuns, com o rosto pintado e sua coleção de marionetes nos pergaminhos, pronto para uma batalha que ainda não sabia o que era, mas que dessa vez com certeza iria ganhar por estar devidamente preparado.

Temari, por sua vez, estava tão entretida com uma conversa baixa que ela e o noivo estavam tendo que se quer havia notado o olhar do irmão. Ambos falavam sobre a cerimônia de casamento e revisavam se estava tudo caminhando como deveria, sem deixar de um segurar a mão do outro, com os dedos entrelaçados.

Lee estava brincando com Gaara, ou melhor, estava fazendo flexões com a criança em suas costas. O ninja de cabelo tigelinha estava totalmente focado em seus exercícios enquanto a parceira de time estava próxima, para o caso da criança se desequilibrar.

O caçula estava feliz por não ter motivos para ficar tímido perto dos irmãos e dos amigos, agora ele trajava as calças verdes e não tão justas do collant, juntamente com um belo poncho branco com detalhes em verde, provavelmente o resto de tecido que sobrou do belíssimo vestido de Temari e, como detalhe final, uma tira branca na cintura, para fazer a divisão entre a “calça” e a “blusa”.

— Noventa e oito... Noventa e nove... — a voz de Lee tentava sair o mais baixa possível para não atrapalhar os outros, enquanto ele demarcava a quantidade de exercícios feitos.

— Cem! — a criança falou animada, pulando de cima de Lee — Agora podemos ir brincar lá fora?

— Não, está tudo molhado e com lama, pode ser perigoso. — a irmã disse séria, mas sem coragem para olhar a possível tristeza estampada no rosto de Gaara.

— A sua irmã tem razão, mas eu tive uma ideia divertida que podemos fazer aqui... — a voz da Mitsashi estava animada, enquanto ela levava o pequeno para um lugar mais afastado dos outros, ainda mantendo o “mistério” do que seria.

“Algo que se pode fazer aqui... Com certeza não será uma luta, jaan.”, Kankuro suspira, havia se preparado praticamente em vão para a sua revanche. “Mas... Se é para fazer aqui, todos juntos, seja o que for eu irei me sair melhor!”, agora ele olhava curioso para Tenten e o irmão.

— Sim!!! — o pequeno fala contente, enquanto os olhos verdes brilhavam.

— Sim? — Lee olhava-os curioso, nem mesmo ele fazia ideia do que a Mitsashi havia planejado.

— Uma competição de culinária! — a garota fala risonha, se aproximando dos outros novamente. — Todos fazem um prato para o almoço, Gaara irá escolher quem se saiu melhor. — ela sorri.

— Isso vai ser um sa... — antes de completar a frase, Shikamaru é interrompido.

— ÓTIMO! — Lee erguia os pulsos, animado como sempre — Mas... Tenten, você vai ser do meu time, não é?

— Claro que não, cada um por si! — Temari sorri de canto, também parecia animada com a ideia. — Seria injusto com quem ficasse com o Shikamaru... — ela fala implicante e solta uma risadinha depois.

— Diz isso porque não viu o Lee tentando cozinhar... — a morena diz e começa a rir, olhando para um Rock Lee desapontado.

— Definitivamente eu irei ganhar, jaan. — a fala calma de Kankuro era acompanhada de um sorriso presunçoso. — Certo, irmãozinho? — ele olha para Gaara, que dava risadas adoráveis com toda a situação.

— Só vou saber depois de comer... — ele fala corado, tentando parar de rir. — Precisam escolher o que vão fazer primeiro! — a voz adorável de Gaara nem de longe soava como uma ordem, ele apenas estava animado para que a competição começasse logo.

— Vou fazer o prato principal para o almoço. — Kankuro sorria, totalmente despreocupado.

— Acho que vou fazer alguns suna dangos para a sobremesa então. — a loira sorri de canto.

— Se você vai fazer eles, eu faço o chá verde... — a fala preguiçosa de Shikamaru mostrava todo o seu interesse em participar da tal competição: apenas o necessário para que a noiva não reclamasse em seus ouvidos depois.

— Então eu vou fazer bao... — antes de terminar, Tenten já havia sido interrompida.

— Arroz com Curry!!! — podia-se ver as “chamas da juventude” emanando de Lee neste momento.

— Nem pensar! Nada de comidas picantes!!! — a fala irritada da Mitsashi é seguida por uma cotovelada nos cabelos tigelinhas.

— Mas Tenten! — ele choramingou, passando a mão no cabelo.

— Você faz o arroz! Só o arroz! — ela falava emburrada.

“Pelo visto o ‘grilo gigante’ já perdeu... Temari é boa com doces, mas não acho que o Gaara vá gostar muito, Shikamaru está praticamente desclassificado por preparar um chá...”, ele analisava cada um dos adversários, até que seu olhar cai em cima de Tenten. “Você é a única que eu não sei o potencial, mas com certeza não vai ser páreo para a minha arma secreta, jaan. ”, ele sorri de canto.

A primeira a ir para a cozinha foi, justamente, a Mitsashi. Ela fez apenas uma massa e deixou coberta em um canto, não demorou mais do que quinze minutos e voltou para sala, contradizendo os pensamentos de Kankuro e Shikamaru, ambos achavam que o prato dela seria o mais demorado.

Temari e Shikamaru foram os segundos que começaram a preparar seus pratos, enquanto a loira se desdobrava fazendo vários dangos com uma cobertura engraçada que lembrava a areia do deserto. Shikamaru fazia o preparo do chá parecer algo imensamente mais demorado do que deveria, apenas para ficar perto da noiva (que fofo).

Assim que os dois saíram, Lee entrou na cozinha praticamente dando piruetas. Ele estava realmente animado, pesar de não preparar seu prato preferido que, segundo ele, seria como provar algo preparado por deuses. Antes que ele terminasse o preparo do arroz, Tenten voltou para a cozinha.

“Ela vai mesmo ajudar ele? É injusto! Mas não tem problema, nem com todos contra mim eu iria perder dessa vez, jaan...”, ele sorri um pouco mais. Enquanto a irmã e o cunhado estavam novamente de cochichos no sofá, ele estava brincando com Gaara, usando suas linhas de chacra para controlar os ursinhos do irmão mais novo.

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Pouco tempo depois, dava-se para sentir um cheiro bom de carne temperada vindo da cozinha, nesse momento Kankuro olhou um tanto surpreso, tentando descobrir o que Tenten estaria fazendo. “Não pode ser o mesmo que eu, não demora tanto assim... Droga, ela ia falar o nome, era bao... Bai...”.

— Terminado! — a voz de Rock Lee era animada enquanto o mesmo chegava na porta da cozinha.

— Sua vez então, irmão... — Gaara falou um tanto triste, segurando as pelúcias.

— Sim... — Kankuro bagunça os cabelos vermelhos, se levantando e deixando o irmão na sala.

— Quer me ajudar com o treinamento de novo, Gaara? — o rapaz vestido de verde se aproxima da criança, plantando bananeira e fazendo-a rir.

—Sim! Até o cem? — a criança estava risonha novamente.

Finalmente ele descobre o que sua “rival” estava fazendo: pãezinhos chineses recheados! Ela estava ocupando praticamente toda a bancada abrindo a massa, mas Kankuro não se importou muito e começou a pegar os ingredientes calmamente, sem trocar nenhuma palavra com Tenten, para não tirar o foco dela.

PAÍS DOS RIOS, PROXIMIDADES DE TANIGAKURE, ÁREA DOS CHALÉS – DIA 7 – 13:03.

Sobre a mesa, havia somente alguns vestígios do banquete que Kankuro havia preparado. Para o seu irmãozinho algo que ele adorava: moela e língua salgada (Só ele mesmo...), para os outros havia também um ensopado como opção, assim como alguns acompanhamentos discretos para não tirar a atenção dos pratos principais. Todos já haviam comido as “sobremesas”, embora quase metade delas houvessem sobrado para o lanche da tarde. Todos conversavam quando Temari chama a atenção de todos:

— E então, quem ganhou? — ela pergunta, um tanto ansiosa.

— Acho que é bem óbvio, Temari... — Shikamaru falou, comendo mais uma das “bolinhas” de dango.

— Kan-ku-ro! — o pequeno sorri, corando levemente. Apesar de pequeno, ele só não havia comido mais que o irmão mais velho, realmente adorou o cardápio.

— E quem ficou em segundo lugar? — a voz de Tenten estava repleta de curiosidade.

— Você e a minha irmã! — a voz de Gaara estava contente, ao ver dele, as duas eram ótimas cozinheiras de sobremesas.

— Empate?! — as duas falam juntas, rindo e achando aquela decisão adorável da parte de Gaara.

— E por último? — Lee perguntou, um tanto desanimado.

— Shikamaru... — a fala de Gaara foi quase um sussurro, como se fosse um segredo que o perdedor havia sido o “irmão mais velho emprestado”.

— Tudo bem, tudo bem... — o moreno soltou uma risada, deixando a criança ainda mais corada.

— Parece que vai chover de noite... — o comentário de Temari era praticamente para si mesma, mas havia sido alto o bastante para todos ouvirem.

— Posso ir brincar lá fora antes de chover? — os olhos verdes encaravam a irmã mais velha — Por favor... Eu nem chego perto das poças de lama... — aquele olhar cheio de brilho era completamente irresistível.

— Pode... — a irmã fala, vencida facilmente.

— Podemos ir até a queda de água perto da floresta, gosta de juntar pedrinhas, certo? — Tenten já estava de pé, pegando Gaara no colo.

— Sim! — agora o pequeno estava mais feliz ainda, principalmente por poder colocar seus dedos entre os fios de cabelo marrom, tentando entender como eram feitas as “orelhas de urso”.

— Eu vou poder treinar por lá! — os olhos de Lee brilhavam, ele já se dirigia para a porta.

— Eu vou com vocês, o perdedor lava a louça, jaan. — Kankuro sorri de canto, com um olhar malicioso sobre a irmã e o cunhado.

— Não voltem muito cedo... — a loira fala um tanto atrevida, olhando do mesmo jeito para o irmão, não iriam fazer nada de mais lá, mas jamais deixaria Kankuro ficar a importunando.

— Até! — o irmão do meio solta uma risada, totalmente sem graça, enquanto saia com a morena e o irmão mais novo.

— T-Temari! — finalmente, recuperado da crise repentina de timidez, o Nara se pronuncia.

— O que? — ela responde, com a cara mais lavada do mundo enquanto comia mais um de seus dangos.

PAÍS DOS RIOS, PROXIMIDADES DE TANIGAKURE, ÁREA DOS CHALÉS – DIA 7 – 18:47.

Já havia escurecido, mas as estrelas não eram vistas devido às nuvens acinzentadas que tampavam todo o céu. Alguns pingos finos chamaram a atenção de Gaara, o fazendo parar de juntar duas adoradas pedrinhas para olhar o efeito que as gotas faziam ao tocar as águas calmas das poças.

Em poucos segundos já caiam pingos pesados e gelados, uma chuva forte havia começado e molhava tudo abaixo de si, incluindo Lee, Tenten, Kankuro e Gaara. Os três corriam apressadamente para os chalés, sendo a criança levada no colo do irmão.

A ventania, a chuva, os trovões, tudo foi maneira repentina e brusca, o que levou o pequeno começar a ficar choroso e assustado quanto ao que estava acontecendo. Mesmo agora, na varanda do chalé enquanto sua irmã tentava tirar o excesso de água que ensopava a criança, Gaara permanecia com os olhos marejados.

— Ei, irmãozinho... Está tudo bem... — para tentar reconfortá-lo, Kankuro afagava os cabelos vermelhos.

— Ele está assustado demais. — a voz de Temari era de preocupação, enquanto a mesma enrolava o irmão na toalha e o pegava no colo.

Gaara apenas esconde o rosto nela, se abraçando a irmã e finalmente deixando as lagrimas caírem. Ele era uma criança, afinal de contas! Como se uma chuva tão forte como aquela não fosse o suficiente para assustar uma pessoa, Gaara não estava habituado com chuvas, jamais achou que elas eram fortes o bastante para movimentar as árvores e deixar a visão de tudo tão assustadora como agora.

— Espero que ele não fique gripado... — Shikamaru olhava para eles, encostado na porta. — Melhor ele tomar um banho antes que as roupas sequem nele.

— Sim... Daí brincamos com você, o que acha? — Temari tentava esconder a preocupação para parecer animada.

— O Ya-ashamaru também está na chu-uva? — a voz baixa era ouvida entre os soluços do choro.

— Não, ele está protegido da chuva e nada de mal vai acontecer com ele... E nem com você, vai ficar tudo bem... — Kankuro também estava tentando não parecer preocupado, mas ver o irmão assim conseguiu acabar com toda a animação que ele tinha.

O dia divertido teve seu final nem um pouco alegre. Gaara passou o resto da noite com os olhos marejados, a todo momento perguntando sobre o tio ou se aquela chuva chegaria até Sunagakure. Apesar dos esforços por parte de todos, o pequeno só se acalmou quando pegou no sono.