Félix & Niko - Dias Inesquecíveis

O Pequeno Príncipe Carneirinho - parte 1


– Papai! – Chamou o pequeno Fabrício entrando no escritório onde Félix trabalhava em frente ao computador.

– O que foi Fabrício? – Perguntou Félix sem tirar os olhos da tela.

– Vem jogar bola comigo! – Pediu puxando de leve a roupa do pai.

Félix pegou na mãozinha dele e, ainda olhando para a tela, respondeu:

– Agora não Fabrício, o papai tá ocupado, por que não vai brincar com seu irmão?!

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– Tá! – O menino aceitou a sugestão e foi ao quarto de Jayme.

Alguns minutos depois, Félix ouviu a discussão entre os filhos.

Adriana estava de férias durante alguns dias, pois tinha acabado de se casar, e os patrões deram uma viagem de presente para ela e o marido. Félix ficava boa parte do dia com os filhos enquanto Niko estava no restaurante. Niko deixava o almoço pronto e voltava à tarde quando o movimento do restaurante diminuía.

Félix teve que parar o que estava fazendo e ir resolver a briguinha de irmãos. E isso não era algo incomum de acontecer.

– Mas será que eu servi petiscos nas tábuas sagradas para vocês dois já estarem brigando a essa hora?! Jayme, você é mais velho, devia dar exemplo, não brigar com seu irmão!

– Pai Félix, eu disse pra ele que não queria brincar agora por que tô fazendo essa maquete pra o trabalho da escola, e ele começou a jogar a bola aqui dentro e derrubou tudo! – Reclamou Jayme.

– Fabrício, querido, você não pode atrapalhar seu irmão quando ele estiver fazendo um trabalho da escola, é importante!

– Mas, papai Félix, o Jayme nunca quer brincar comigo! – Retrucou Fabrício.

– Oh Jayme, você podia parar um pouquinho para ficar com seu irmão né?!

– Mas pai, eu tenho que fazer esse projeto para a feira de ciências, senão não passo! – Rebateu Jayme.

– Ai ai... Oh Fabrício, acho melhor você não atrapalhar seu irmão agora!

– Papai... Eu não tenho nada pra fazer!

– Ai ai ai... – Félix bateu com a palma das mãos na cabeça. – Vocês vão me deixar maluco desse jeito! – Ele pegou na mão de Fabrício e o levou. – É... Jayme continua o que você está fazendo e Fabrício vem comigo vem, você vai ficar no escritório comigo!

Já no escritório, Fabrício começou uma sessão de perguntas.

– Papai, porque que eu não tenho trabalho da escola?

– Ah, porque você ainda é muito novinho e o Jayme já é mais velho e tem mais responsabilidades!

– E o que é ter responsabilidades?

– Ah Fabrício é... É ter o que fazer, como eu tenho agora!

– O quê que você tá fazendo papai? – O menino já estava quase subindo no colo de Félix para ver o que ele fazia no computador.

Félix vendo que Fabrício não sairia dali nem tão cedo e nem o deixaria terminar o que estava fazendo, o pegou no colo para que ele visse a tela.

– Eu estou fazendo meu trabalho também, Fabrício! Tá vendo?! - Fabrício ficou em seu colo olhando para a tela como se estivesse entendendo o que estava ali.

– E o que é isso, papai Félix? – Perguntou apontando para um ponto na tela.

– Isso são as contas dos restaurantes do seu papai Niko!

– Por que tá fazendo isso, papai Félix?

– Por que é isso que eu faço... Contas!

– Por quê?

– Por que... Eu administro os restaurantes do seu papai Niko... E, é isso que um administrador faz!

– Por quê?

– Por que esse é meu trabalho, Fabrício!

– Por que o papai Niko sai pra trabalhar e você trabalha em casa?

– Por que... Por que é assim que nós trabalhamos, Fabrício! Eu aqui e ele lá no restaurante...

– Por que o papai Niko não trabalha aqui em casa também?

– Ah meu filho, eu não já expliquei outro dia o que seu pai faz?! Ele é chef e, portanto, o trabalho dele é preparar pratos no restaurante, entendeu?!

– Sim... – Pareceu que o menino ficou satisfeito, mas, chamou de novo. – Papai Félix...

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– O que é?! – Félix já sabia que as perguntas ainda não haviam acabado, então tratou logo de acabar. – Ai, criaturinha, como você fala hein?! Fala mais que seu pai... – Félix o colocou no chão, já estava ficando incomodado. – Vai brincar pra lá que depois eu vou, vai!

Fabrício sempre entrava no escritório e interrompia seu trabalho, chamando-o para brincar e cobrindo-o de perguntas. O menino estava na fase dos “porquês”. Félix até gostava de bancar o inteligente – o que realmente era – e responder todas as questões do pequeno, mas, às vezes, ele não tinha tanta paciência. Porém, Fabrício puxou o olhar encantador de Niko, e Félix acabava não resistindo aos pedidos do, como ele mesmo chamava, mini-carneirinho.

O menino se distraiu por uns instantes mexendo no celular de Félix, que ele logo tratou de pegar quando percebeu, dizendo que não era brinquedo. Então, Fabrício pediu outra vez:

– Papai... Você não vem jogar bola comigo?!

– Meu filho, eu já disse que estou ocupado!

O pequeno puxou de novo a roupa do pai e fez biquinho. – Papai Félix, eu gosto de brincar com você!

Félix suspirou... Fabrício o havia vencido outra vez! Ele olhou para o rostinho do menino e não resistiu. Deixou o que estava fazendo e levantou o menino levando-o para o jardim.

– Ah... Mas, será que eu fiz polo aquático no dilúvio para ter um carneirinho-pai e carneirinho-filho tão convincentes?!

Fabrício sempre ria das coisas engraçadas que Félix falava, apesar de não entender muito bem.

No jardim, os dois corriam, se jogavam na grama e se divertiam, quando Félix ouviu o telefone da cozinha tocar. Era o contador que lhe disse que havia um erro nas últimas contas que haviam sido mandadas e Félix devia conferir. Félix precisava ver isso o mais rápido possível, pois dessas faturas dependiam o estoque do restaurante de São Paulo.

– Fabrício, eu não vou poder continuar brincando com você agora, tá, meu filho!

– Por que não, papai?

– Por que não, Fabrício, vem para dentro, traz sua bola... Mais tarde, se der tempo, a gente joga de novo! – Félix o pegou levando-o ao escritório com ele. Deixou o menino sentado na poltrona enquanto ele voltou para o computador.

Ele conferiu os erros e exclamou consigo: – Ah, não é muita coisa! Faço isso rapidíssimo... Aquele contador é muito exagerado! – Não passou cinco minutos Félix ligou para o contador, pois já havia acabado. – Olha, eu já corrigi aqueles erros, não era nada demais...

Enquanto Félix falava Fabrício já estava entediado. Já havia esperado demais pelo pai...

– Papai, já acabou?

– Espera aí... – Tapou o telefone e virou para o filho. – Fabrício, eu estou falando no telefone!

Fabrício esperou dois segundos e perguntou de novo.

– Papai, já acabou?

Félix continuou falando ao telefone sem dar atenção ao pequeno: – Ok! Então tudo certo, pode mandar comprar! Tchau! – Desligou e virou de novo para o computador. – Fabrício, depois eu brinco com você, tá! Ainda tenho umas coisas para ver...

O pequeno não quis esperar para depois. Levantou-se e exclamou antes de sair correndo: - Então eu vou jogar sozinho lá no jardim!

– Não, Fabrício... Não vai correndo, garoto!

Félix levantou para ir atrás dele. Fabrício já ia sair pela porta da cozinha quando esbarrou com Niko.

– Ei... Fabrício, meu filho, posso saber para onde você ia correndo assim, hein?! – Perguntou Niko abaixando para ficar na altura dele.

Fabrício entregou: - O papai Félix não quer jogar bola comigo, aí eu ia jogar sozinho lá fora!

Niko olhou para Félix que já estava lá.

– Félix! – Falou em tom de reprovação. – Brinca um pouco com ele, o que custa?!

– Custa tempo, carneirinho! E tempo é dinheiro!

– Félix! – O tom reprovador foi bem enfatizado.

– Calma, carneirinho! Ora... Esse mocinho não pode nem dizer que eu não brinco com ele! Todo dia ele vai ao escritório me chamar para brincar e eu sempre paro o que estiver fazendo para ficar com ele! É ou não é, Fabrício?

Fabrício balançou a cabeça confirmando. Félix continuou:

– Viu carneirinho? Nós até já jogamos hoje, olha como minha camisa está suja! – Ele puxou a camisa para mostrar. – Fora que eu fico horas respondendo todas as perguntinhas desse pequeno curioso! Você tinha que ouvir quando ele começa com “por que”, “o que”, “por que”... É o apocalipse!

Niko riu. – Ah Félix, é assim mesmo nessa idade... É uma fase em que tudo é um aprendizado e ele quer saber mesmo...

– É! Mas, só porque eu sou o mais inteligente daqui, eu que tenho que descascar o abacaxi? Ah, e por falar nisso, por que você voltou mais cedo hoje, hein?

– Félix! Que comparação é essa? – Niko já perguntou contrariado.

Félix riu. – Ai ai carneirinho... Será que eu salguei a santa ceia para você levar tudo a sério?! É brincadeira, que coisa... Me diz, tem pouco movimento no restaurante é?!

– Ah, essa época é de baixa temporada para os negócios, né Félix! Estava quase vazio, então, eu decidi vir mais cedo e deixar o outro sushiman no meu lugar!

Fabrício olhava para eles e ouvia tudo atento, já com vontade de fazer mais perguntas.

– Papai Niko... O que é um sushiman?

– Sushiman, meu filho, é o que eu sou!

– Mas, o papai Félix disse que você era chef!

Niko e Félix riram com a inocência do filho.

– É, meu amor... – Niko o pegou no colo, explicando: - Eu sou chef, por que sou dono de restaurante, cozinho, faço vários pratos, mas também sou sushiman, por que sou especialista em sushi, entendeu?!

– Hum... Entendi!

– Esse é meu filhote, super inteligente! – Disse dando vários beijinhos e fazendo cócegas no filho. Félix logo entrou na conversa:

– Ah carneirinho, com quem você acha que ele está aprendendo a ser tão inteligente?! – Félix apontou para si mesmo.

– Metido... – Respondeu Niko. – O Fabrício puxou a mim, portanto, tem a minha inteligência, tá!

– Ah, isso é que não... Esse menino é praticamente seu clone em tudo, menos na inteligência!

– O que é clone, papai Niko? – Interrompeu Fabrício.

– É... Nada não, Fabrício! Seu pai Félix que de vez em quando fala umas besteiras!

– Não falo não... Mas, enfim, carneirinho... Hoje você não volta para o restaurante, não é?!

Niko notou a malícia na voz de Félix ao lhe fazer essa pergunta.

– Não... Vou passar o dia inteiro em casa... Mas, eu vou brincar com meus filhos, não com você! Dá licença... – Niko passou direto por Félix. Ele adorava provocá-lo assim.

Niko subiu para ver Jayme, trocou de roupa e desceu com Fabrício para jogarem bola no jardim. Félix estava novamente no escritório. Assim que desceram, Fabrício correu para lá.

– Papai Félix, eu e o papai Niko vamos brincar de futebol no jardim, vem também!

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Niko interveio: - Meu filho, deixa seu pai aí... Vem, vamos brincar nós dois!

– É que eu gosto mais quando o papai Félix vai brincar!

Aquilo bateu em Niko como um balde de água fria. Ele até sentiu uma pontinha de ciúme da relação dos dois. Sentiu que Fabrício gostava mais de Félix do que dele.

Ele pegou a bola e jogou em Félix, dizendo, emburrado:

– Vem logo, Félix! Não tá vendo que nosso filho tá te chamando?!

– Ai... Tá, carneirinho, já vou... Já acabei mesmo tudo que tinha para fazer! – Félix pegou Fabrício e o levantou. – Agora eu já posso brincar com meu mini-carneirinho! – O menino dava gargalhadas enquanto o pai ia andando com ele brincando de jogá-lo para o alto.

Félix notou a cara de Niko e pôs Fabrício no chão.

– Aconteceu alguma coisa, Niko? Você tá com uma cara...

– Não, não... – Niko deu com os ombros.

Félix pediu, então, para Fabrício: - Meu filho, espera a gente lá fora que a gente já vai, tá! – O menino foi. – Agora, carneirinho, quer me dizer o que você tem?!

– Ah Félix, é que... Você passa muito mais tempo com o Fabrício do que eu...

– Ah, isso é lógico, eu trabalho em casa...

– Eu sei, mas... Ele acabou se acostumando mais com você, com suas brincadeiras... Ele é tão apegado a você... Ah! Ele gosta mais de você do que de mim! – Niko falou isso, cruzando os braços, quase como uma criança fazendo birra.

– Carneirinho...

– Eu sei, eu sei, ele é nosso... É nosso filho, e você é um grande pai... Aliás, se não fosse por você, eu não o teria comigo... Mas... Eu não posso evitar sentir ciúme da relação de vocês, Félix!

– Carneirinho... Nunca ouvi tanta bobagem! Você está com ciúme de mim com o Fabrício?!

– É, Félix, ora, ciúme de pai! Você não ia ter ciúme se, de repente, o Jonathan quisesse ficar mais tempo comigo que com você?!

– Não! Embora eu fosse achar estranho...

– Por que, estranho?

– Ora carneirinho, o Fabrício é um menininho, o Jonathan já é um homem! Se ele quisesse mais tempo com você, óbvio que eu ia estranhar... No mínimo, acharia que ele puxou a mim! – Félix terminou com um sorriso cínico.

– Ai, Félix, você tem que fazer de tudo uma piada?!

– Eh carneirinho, eu devo ter dado uma pedra-pomes para o rei Davi para você ficar fazendo a séria...

Eles pararam de falar quando perceberam que Fabrício estava parado na frente deles assistindo tudo.

– É... Então... Vamos Félix, vamos brincar lá fora com nosso filho, antes que fique tarde!

– Claro! Eu vou! Afinal, ele prefere brincar comigo, não é Fabrício?! – Félix pegou na mãozinha de Fabrício e foi na frente com ele.

Niko continuou chateado com a provocação de Félix, mas os três acabaram se divertindo. Depois de algum tempo, até Jayme desceu para ver a brincadeira. Niko foi até ele.

– Quer jogar com a gente, meu filho? – Perguntou Niko.

– Acho que não... É meio chato jogar com o Fabrício!

– Por quê?!

– Ah pai, ele não sabe jogar direito, não entende nada do que a gente diz e se a bola bate nele ele sai chorando e desiste de brincar...

– Ah Jayme, você tem que entender que o Fabrício ainda é muito novinho e ele não quer nem saber de jogar direito ou entender as regras, ele só quer se divertir, meu filho! Não vê?! Ele só faz chutar a bola pra lá e pra cá e se a gente faz como se não conseguisse pegar, ele morre de rir! – Niko explicava ao mesmo tempo em que observava Félix e Fabrício brincando e podia perceber que eles tinham mesmo muita sintonia. Niko ainda se sentia um pouco enciumado, mas, orgulhoso por Félix ser um ótimo pai para seus filhos.

Mais tarde, eles entraram, pois começou a chover. A chuva foi rápida, mas deixou algumas poças pelo jardim. Depois de um lanche, Fabrício queria continuar brincando. Os pais, porém, estavam exaustos.

– Vem papai Félix, eu tenho certeza que eu vou ganhar de novo! – Pedia o pequeno, sentado numa cadeira à mesa e balançando os pezinhos.

– Ah Fabrício, meu filho, eu acho que não... Papai tá cansado!

– Vai papai, só mais um jogo!

– Não Fabrício... – Virou para Niko – Você ainda quer ir jogar com ele, carneirinho?!

– Hum... Não, eu também estou cansado, Fabrício!

Fabrício deu um pulo da cadeira, dizendo:

– Então eu vou jogar sozinho, tá!

Ele saiu correndo para fora.

– Tá vendo carneirinho, ele puxou a você essa parte de ser genioso!

– Não começa, Félix! Vem, vamos atrás dele!

Os pais levantaram, mas, antes que pudessem alcançar o menino, ouviram o barulho da água da piscina. Correram. Desesperaram-se quando viram que o pequeno Fabrício estava se debatendo dentro da piscina. Ele ainda não sabia nadar.

– Fabrício, meu bebê! – Gritou Niko, enquanto Félix pulava dentro da piscina para tirá-lo.

Assim que saíram, Niko o pegou no colo. O menino tossia muito e estava muito assustado. Jayme estava ao seu lado, também assustado, tentando consolar o irmãozinho. Félix ficou perto, olhando, ofegante e preocupado, com a mão no coração. Niko tentava acalmar o pequeno, dava-lhe palmadinhas nas costas para ajudar o menino a expulsar a água que havia engolido. Quando se acalmaram mais, ele pôde perguntar:

– Ah meu filho, meu bebê, que susto que você nos deu! Como que isso aconteceu?!

Fabrício choramingava e ainda não conseguia responder. Eles permaneciam abraçados.

– Ele... Ele deve ter escorregado numa poça d’água e caiu, não foi Fabrício?! – Perguntou Félix.

O garoto balançou a cabeça afirmando. Continuava triste e assustado.

– Pronto, pronto... – Niko fazia um cafuné no filho, acalmando-o. – Isso é o que dá sair correndo... Mas, isso é o de menos agora, o importante é que nosso bebê está bem! Vamos trocar essa roupinha molhada, meu filho?! Vem com o papai, vem!

Niko ia subindo as escadas quando parou e chamou Félix.

– Meu amor, vem trocar essa sua roupa molhada também!

Félix ainda estava parado ainda com a mão no peito, tentando se recuperar do susto.

– Eu... Eu já vou, carneirinho!

Niko subiu com Fabrício e Jayme também foi. Félix voltou para a varanda e ficou olhando para a piscina. Alguns minutos depois, Niko desceu sozinho.

– Félix, meu amor, porque você não foi trocar de roupa, vai ficar resfriado assim...

– Como... Como o Fabrício está, carneirinho?!

– Se acalmou mais! Eu dei um banho rapidinho nele e vesti uma roupa quentinha... O Jayme ficou lendo uma historinha para ele no quarto para distraí-lo!

– Q-que bom...

Niko notou como Félix estava com o pensamento longe.– O que você tem?!

Félix suspirou. – Ah Niko, eu... Eu fiquei aqui pensando e... – Félix encheu os olhos de lágrimas. – P-por um descuido de um minuto, uma bobagem... A gente... A gente podia ter perdido nosso bebê!

– Ah Félix, não fala assim... Não fala assim, por favor! – Niko o abraçou forte.

– Niko... Eu já perdi meu irmão assim! Embora eu nem me lembre do Cristiano, e-eu sei como foi e... Ai, carneirinho, eu tenho medo demais quando vejo uma criança caindo numa piscina... Eu fico apreensivo... Amedrontado...

– Shh... Não fala mais nisso, Félix, por favor! Eu também tenho medo... E-eu fiquei atordoado ao ver o Fabrício se debatendo na água... Mas, que saber Félix... – Ele segurou no rosto do marido. – Você o salvou! Você não deixa seus medos te paralisarem, pelo contrário, você, mesmo com medo, se jogou na piscina o mais rápido possível e o tirou de lá! Lembra que você fez o mesmo quando aquele amiguinho do Jayme caiu na piscina no aniversário dele?! Você o salvou também! Você é um herói, meu amor!

Félix sorriu para ele. As palavras e o olhar de Niko tinham o poder de acalmá-lo sempre, a qualquer momento.

– Obrigado, carneirinho!

Eles deram um beijo delicado e Niko o abraçou de novo, dizendo: - O Fabrício tem toda razão de gostar tanto de você! Você já o salvou mais de uma vez! É um herói, Félix... Nosso herói!

–--

Horas mais tarde...

– Pronto, carneirinho, já acabaram o serviço! Acho que agora com grades em volta piscina não tem mais perigo...

– Ai tomara Félix! Tomara que essas grades sejam suficientes! A gente já devia ter tomado essas providências antes! Eu fiquei muito assustado com o que aconteceu hoje!

– E eu, carneirinho?! Eu não posso deixar de imaginar que... Não! Nem... Nem imaginar que podia... Não, não com nosso filho! – Félix o abraçou, ainda com resquícios do nervosismo de mais cedo.

– Calma, calma, meu amor... Não foi nada grave, isso é o importante... E mais, você salvou nosso filho! Eu já disse Félix, você é um herói!

Félix se soltou dele e sorriu. – Ai Niko, você já me chamou tanto de herói hoje que eu já estou me achando o próprio Clark Kent!

– Só faltam os óculos, Félix! – Ambos riram. – Mas é verdade, querido! Afinal, você já salvou nosso filho da piscina, já o salvou das garras daquela bruxa...

– Quem foi que o papai Félix já salvou de uma bruxa?! – Niko foi interrompido por Fabrício que vinha com Jayme.

– Ah... Foi... Foi um menininho muito lindo, meu filho! Que parecia muito com você! – Niko respondeu olhando apaixonadamente para Félix.

– Como foi? Me conta, papai Niko! – Pediu, já curioso e entusiasmado.

Niko o pegou nos braços, mas ainda não sabia como contar para o menino ainda tão pequeno aquela história tão real. – Bem... Outro dia eu conto, tá! Agora, nós vamos jantar que você e seu irmão tem que acordarem cedo para ir para a escola amanhã! Mas, que tal se todos nós formos para o shopping amanhã à noite?! Eu soube que está tendo um evento de uma loja infantil e trouxeram vários brinquedos interativos para as crianças experimentarem!

Tanto Fabrício quanto Jayme se animaram. Félix entendeu a ideia de Niko e concordou. Tudo que Niko queria era animar seus amores depois do susto que tiveram.

–--

No dia seguinte, Niko levou Fabrício e Jayme para a escola entes de ir ao restaurante. Félix ficava encarregado de ir buscá-los.

Na escola, na parte do maternal, Fabrício fazia desenhos com os coleguinhas. A professora pedia:

– Todos devem fazer um desenho bem bonito que represente a família de vocês!

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Quando todos terminavam, a professora foi pedindo para cada um mostrar seu desenho e explicar apontando cada membro de sua família. Uma das crianças começou:

– Esse é meu papai, essa é minha mamãe, esses são meus irmãos e esse sou eu!

– Muito bem! Que desenho lindo... Mas, alguém acabou?

Outra criança entregou o seu.

– Aqui é minha mãe e meu pai, essa é minha vó que cuida de mim, essa é minha irmãzinha e aqui, eu!

– Muito bem! Tá lindo...

Fabrício levantou e entregou o seu desenho, explicando-o como os outros fizeram.

– Esse aqui é meu pai Niko, esse mais alto é meu pai Félix, esse é meu irmão e esse sou eu!

– Ah, muito bem, Fabrício! Lindo desenho!

A professora já conhecia tanto Niko quanto Félix e não tinha preconceito algum, até já havia dito que poucas vezes conheceu pais tão dedicados e tão amorosos com seus filhos. Para as crianças, porém, era, no mínimo, motivo de curiosidade.

– Por que você tem dois pais e não tem mãe, Fabrício? – Perguntou-lhe um de seus coleguinhas assim que ele sentou.

Fabrício pensou, mas o pequeno não sabia o que responder. A professora tentou evitar que aquelas perguntas se estendessem e causassem algum tipo de constrangimento e pediu:

– Crianças, sem conversas... Eu quero que todos expliquem seus desenhos, vamos...

A aula continuou... E a pergunta ficou na cabecinha de Fabrício.

Mais tarde, já em casa, Fabrício entrou no escritório do pai. Félix assim que notou já sabia que o menino vinha cheio de perguntas.

– Pronto, vou logo parar por aqui o que estou fazendo por que já sei que o senhor mini-carneirinho não vai me deixar fazer mais nada! – Félix pôs Fabrício em seu colo e foi logo perguntando: - Quer brincar de quê hoje com o papai, hein?!

Fabrício pensou um pouco e respondeu: - De nada!

Félix obviamente estranhou. O filho sempre queria brincar com ele.

– Por que não quer brincar, filho?!

Fabrício pensou mais um pouco, olhou para Félix e...

– Papai Félix...

– O quê? Pode perguntar que eu respondo!

– Por que os outros têm pai e mãe e eu tenho dois pais?

...