No outro dia, acordei com uma dor de cabeça terrível. A única coisa que eu lembrava era do beijo que Selena dera. Ah, o beijo doce e intenso dela... Nem tinha visto se Mary, Miley e Taylor haviam chegado ou se continuavam perdidas em algum lugar de Las Vegas.

Eu não queria abrir os olhos. O cheiro, o gosto e o beijo de Selena ainda estavam frescos em minha memória. Procurei a mão de Selena até onde alcançava no colchão. Quando a encontrei, apertei-a, só para provar que eu sempre estaria lá.

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— Bom dia, Little Demi — Selena falou em meu ouvido.

— Selly — eu disse com a voz enrolada. Minha cabeça pareceu um gongo ecoando a voz de Selena.

— Vocês conseguiram! — gritou Mary, fazendo meu cérebro quase explodir.

Abri os olhos. Mary estava sentada no canto da cama, quase caindo, com um sorriso enorme no rosto. Tive a impressão de que o sorriso não era apenas para nós duas.

— Você ganhou dinheiro? — perguntei, a luz fraca do quarto se tornando um tormento aos meus olhos de ressaca.

— Três mil dólares. — Ela sorriu outra vez.

— Isso dá para ir para Nova York, não só em Chicago! — exclamei.

— Mas a Rota 66 é só até Chicago — interrompeu Selena.

— Vamos avançar mais um pouco, mas é para Nova York. É para onde você vai, Selena, não fique triste.

Selena deu de ombros. Ela não gostava de falar em universidade. Nenhuma de nós gostava, mas Selena tinha um “nojo especial”, como ela mesma dizia. Sua mãe a infernizou desde que tinha cinco anos de idade para passar na Universidade de Nova York. Depois de muita discussão, ela só aceitou ir para conhecer a cidade.

— Onde estão Taylor e Miley? — indaguei.

— Dormindo na cama ao lado — respondeu Mary, lançando um olhar às garotas. Seu tom era carrancudo, como se tivesse acontecido algo. Resolvi por ignorar, afinal picuinhas eram normais em nossa relação.

— Cara, quando elas chegaram?

— Vamos dizer que, se você dormiu duas horas, dormiu mais que ela — disse Selena, dando uma risadinha.

— É por isso que eu não bebo — afirmou Mary feliz.

— Para ganhar dinheiro em cassinos e nos ajudar a completar a viagem — completei, sorrindo para ela.

— Isso também. — Ela deu de ombros. — Não vamos embora hoje, vamos? Posso jogar mais?

— Talvez você perca esse dinheiro e todo, e aí, o que vamos fazer?

— Voltar ao nosso plano de sermos as garotas da Rota 66. — Selena sorriu.

— Eu consigo fazer os três mil virarem seis — apostou Mary. Ela levantou, pegou alguma coisa em sua carteira e abriu a porta. — Volto mais tarde.

— Queria ter a coragem dela — comentei.

Selena me puxou para perto dela sem nenhuma razão aparente.

— O que foi?

— Você disse que ficaria aqui para sempre, então eu estou exercendo meu direito de ter você aqui comigo.

Ela me abraçou forte e beijou meu pescoço.

— Mary vai para cassinos, as outras estão dormindo... Quer fazer algo?

— Tipo um encontro?

— Se com isso você quer dizer pizza e refrigerante no meio da estrada, eu acho que é sim.

Virei meu rosto para fitá-la.

— Então é um encontro.

Selena me beijou. A dor de cabeça melhorou no instante em que os lábios dela tocaram os meus.