Once Upon a time

Beca

Aquele dia já havia me rendido milhares de emoções, quando Tom cantou aquela música eu soube que ele amava a minha ruiva e que ele queria que ela fosse feliz, mesmo se não fosse com ele, tive que agradece-lo com o olhar e percebi que ele entendeu.

Nós duas dançamos como se ninguém mais existisse ali, e foi mágico. Depois de algumas horas Jenny se aproximou para se despedir, deixamos Chloe ir primeiro, e depois a loira oxigenada, que agora era minha amiga também se aproximou e me abraçou.

— Beca não cometa os mesmos erros novamente. Jenny me olhava com um semblante carinhoso. – Seja feliz com a sua ruiva, e não deixe nada e nem ninguém atrapalhar isso. Concordei e a abracei, eu devia muito a ela e essa dívida eu nunca teria como pagar.

Então ela e Alex foram embora, ficaríamos na casa delas por mais uma noite e depois voltaríamos. Estavamos muito cansadas então achamos melhor entrar na casa, os convidados já haviam ido embora, Cynthia sugeriu que jogássemos um jogo, o que eu não queria de modo algum, odiava aqueles jogos, mas todas toparam, inclusive a ruiva, então eu jogaria também. O jogo seria de contarmos algo que ninguém soubesse, todas contavam animadas alguma coisa, mas então chegou a vez da ruiva, e Stacie teve a coragem que ninguém mais havia tido.

— Chloe quando estávamos jogando aquele jogo em casa com Jenny, a pergunta para você foi qual era o momento mais marcante que você tinha tido com cada uma. Enquanto Stacie falava eu encarava Chloe e percebia ela tentar acompanhar o que Stacie queria saber. -Com Beca havia sido no chuveiro com vocês cantando Titanium. Chloe imediatamente olhou para mim e me deu um sorriso que eu logo retribui. - Mas com Jenny foi sobre o seu pai, e você nunca fala sobre ele, nem sabíamos que sua mãe já havia morrido, não sei se você quer falar sobre isso, mas é uma parte da sua vida que não fazemos ideia.

Todas olharam para Chloe que ficou um pouco pensativa, mas então ela abriu um sorriso antes de falar:

— Vocês tem razão, todas vocês são a minha família, e eu quero que saibam de toda a minha história. Peguei em sua mão enquanto falava, queria que soubesse que eu estava ali por ela. – Meu pai e minha mãe se conheceram na faculdade, ele era do time de futebol e ela era uma Bella, se consideravam de mundos diferentes mas se apaixonaram e começaram a namorar em seguida. E desde aquele dia não se desgrudavam, meu pai pediu ela em casamento com a ajuda das Bellas, e depois de 1 mês de casados ela ficou grávida, eles ficaram super animados, meu pai tinha certeza que era um menino, minha mãe dizia que era uma menina, e assim passaram os meses, decidiram que não iam descobrir o sexo do bebe até que nascesse, juntos pintaram o quarto, compraram roupas que ambos os sexos poderiam usar, até o dia que minha mãe sentiu uma dor muito forte, e meu pai levou-a correndo para o hospital. Chloe parou de contar e engoliu em seco, ninguém disse nada, ela continuaria quando se sentisse pronta.

—Meus pais sabiam que ainda era muito cedo para que eu nascesse então havia algo de errado, depois que medicaram minha mãe disseram que tinham que fazer a cirurgia, que a gravidez era de risco e que se fizessem a cirurgia naquele momento minha mãe não correria risco de vida, ela perguntou sobre mim e eles disseram que eu não resistiria, ainda faltavam 4 meses, ela então perguntou se adiasse a cirurgia se eu teria chance de sobreviver e eles disseram que sim, mas que também tinha chances dela não resistir. Chloe ia falando e meu coração ia se apertando, pensar em um mundo sem a ruiva era algo que não entrava na minha cabeça e principalmente no meu coração.

— Meu pai na hora disse que eles fariam a cirurgia, mas minha mãe se negou, eles brigaram muito, mas ela dizia que eu era o fruto mais lindo do amor deles, e que eles tinham que lutar por mim, depois de muita discussão meu pai aceitou, ele não queria deixa-la nervosa e piorar as coisas, os meses foram passando meu pai ficava mais aflito e minha mãe a mais tranquila possível. Faltava apenas 1 mês, meu pai saiu de casa aquela manhã e disse que minha mãe estava feliz, lhe desejou um bom trabalho e deu um beijo carinhoso nele. Naquele mesmo dia a tarde ele recebeu uma ligação que ela estava no hospital em trabalho de parto, depois de algumas horas o médico veio e disse que ela não havia resistido, mas que tinha dado a luz a uma menina, ele então me levou pra casa. Conforme eu fui crescendo eu percebia meu pai sempre muito distante de mim, quando perguntava coisas sobre minha mãe ele desconversava, eu descobri mais quando achei uma caixa com fitas de vídeo dela e dos dois juntos, naquele momento eu soube que queria ser como ela. Um dia eu e Jen estávamos em casa, nos conhecíamos desde pequenas, assistíamos um vídeo da minha mãe cantando, meu pai chegou em casa e mandou que eu tirasse aquele vídeo, tentei argumentar que só estava mostrando o que eu queria fazer quando entrasse na universidade, e ele me disse que não que eu nunca seria uma Bella, que ele não permitiria.

Chloe falava aquilo chorando, olhei para as meninas que também estavam imóveis sem saber o que fazer.

—Não precisa continuar meu amor. Mas ela fez sinal que não, entendi que ela precisava concluir aquilo que a tanto tempo estava guardado consigo.

—Perguntei o por que ele estava fazendo aquilo, por que me tratava tão mal, toda vez que eu tentava ficar perto dele havia algo que o fizesse se afastar, ele me olhou triste antes de falar que era minha culpa, ele não podia me perdoar pois eu havia matado a pessoa que ele mais amava no mundo, e que toda vez que ele estava perto de mim era um motivo para lembrar que por causa disso ele nunca mais a veria, ela não havia dado escolha para ele, eu tinha sido escolhida ao invés da sua felicidade, e ele não conseguia perdoa-la e nem me perdoar por isso. Olhei para Jen que nessa hora estava boquiaberta e pedi para dormir na sua casa, meu pai me encarou, mas nada disse, no outro dia liguei para os meus avós maternos e pedi para que eles me buscassem, fiquei morando com eles até entrar na universidade, meu pai me mandava dinheiro todo mês como sempre fez, mas desde aquele dia nós nunca mais nos falamos e essa é a história que vocês não sabiam.

Quando Chloe terminou nenhuma de nós esboçávamos reação, eu respirei fundo antes de falar:

— Chlo não é sua culpa. Ainda segurava em suas mãos, ela me olhou e sorriu fraco.

— Eu sei, mas ele não pensa assim. Ela falou sem entusiasmo.

— Ela teria muito orgulho de ver a mulher que você se tornou. Stacie falou chorando.

— Muito obrigada meninas eu amo vocês. A ruiva falou e todas a abraçamos.

Apesar de ficar triste em escutar aquela história de sua vida, uma parte de mim ficou feliz em saber que agora eu sabia tudo sobre ela, e que eu seria a pessoa a suprir tudo de negativo que Chloe cultivou ao longo dos anos por causa daquilo, queria poder falar para o pai dela a pessoa extraordinária que ela era, e que ele tinha sido um idiota, mas sabia que a ruiva tinha deixado esse assunto para trás e eu não tinha o direito de mexer.

— Meninas acho que deveríamos dormir né? Amy perguntou já indo para o quarto, todas concordamos e fomos nos deitar, amanhã seria um dia longo de viagem.

Chloe

Contar para as meninas aquela história havia tirado um peso das minhas costas ao mesmo tempo que me fez reviver momentos que foram muito difíceis, eu amava meu pai, mas não podia continuar convivendo com ele se isso lhe fazia mal, nunca mais ter falado com ele também era algo que me machucava, mas eu não podia fazer nada a respeito disso. Subimos para o quarto a pequena me abraçou forte, aquele abraço que me transmitia todo amor e força de que eu precisava e assim eu senti meus olhos pesando e adormeci.

Acordamos atrasadas e foi uma correria descomunal para arrumar tudo e sair dali para o aeroporto, Tom nos levou até lá, nosso vôo já estava no quadro sendo anunciado, fomos nos despedir.

— Vou sentir sua falta ruiva. Ele me falou com um sorriso no rosto, eu o abracei.

—Também sentirei a sua, não esqueça do que eu te disse. Falei para ele que sorriu.

—Nunca. Tom falou decidido.

Depois as meninas se despediram dele, Beca e ele apertaram as mãos e eu sorri, havia uma trégua em seus olhares. Entramos no avião, conseguimos um voo direto então chegaríamos em casa a tarde, me sentei ao lado da pequena, e a olhei ela parecia aflita.

— Chloe mandei mensagem para o Jesse avisando o horário que vamos chegar, hoje eu termino tudo com ele. Olhei para ela que apesar de aflita seu olhar era decidido, peguei em sua mão e sorri.

—Tudo bem Becs, fico feliz em escutar isso, não ia querer dividir você. Ela retribuiu o sorriso. – Mas você ta preocupada com ele né? Ela me olhou com cara de culpada, então era esse o problema. – Eu entendo o que você está sentindo, mas ele vai entender, seja sincera com o que você sente, Jesse merece isso.

— Você sabia que é perfeita dona Chloe? Me perguntou me dando vários beijos no rosto.

— Não fazia ideia confesso. Falei sorrindo para ela.

— Então saiba você é, a mais perfeita desse mundo, mas é minha só minha. Concordei fazendo sinal de promessa e continuamos a viagem conversando daquele jeito tranquilo que eu só me sentia ao seu lado.

Chegamos no aeroporto e Benji já estava a postos para nos encontrar, ele nos cumprimentou e fomos na sua vã para casa, ele nos contou que Ashley precisou ir numa reunião de família, mas havia deixado a chave na casa deles. Descemos do carro e fomos em direção a nossa casa, eu e Beca estávamos de mãos dadas, percebi que havia esquecido algo no carro e pedi pra irem na frente e eu já as encontrava , Beca me lançou um beijo e foi na frente, corri até o carro peguei a minha bolsa de mão que tinha esquecido e quando entro em casa me deparo com os pais da Beca de um lado, os pais de Jesse do outro, pétalas de rosa no chão, uma trilha sonora de filme tocando e um Jesse de joelhos na frente de Beca que olhou para mim sem reação.

— Então Beca quer casar comigo? Jesse falou com a voz trêmula e eu senti o meu coração parar naquele momento.