Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada. Com as minhas fics, eu não ganho nada além de diversão e novos amigos.

FLORES E MONTANHAS

Chiisana Hana

CAPÍTULO V

11 de outubro

Já faz tantos meses que não escrevo... A minha vida mudou muito nesse tempo e eu realmente não consegui parar para escrever... ou talvez não tenha sentido necessidade mesmo...

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Bom, vamos começar. Há cinco meses, eu estava trabalhando quando ligaram para minha sala avisando que havia um sujeito baleado no pronto-socorro querendo me ver. Ninguém entendeu nada, afinal, eu sou oncologista pediátrica, mas obviamente eu soube de imediato que era o Shiryu. Desci pro PS quando já o estavam levando para a sala de cirurgia. Lá eu soube que a bala tinha atravessado o pulmão esquerdo. Acompanhei a cirurgia, que foi um sucesso, bem como os dias que ele passou aqui no hospital, em coma induzido.

Quando retiramos a sedação, eu estava com ele e esperei até que acordasse. A primeira coisa que ele disse foi meu nome, bem baixinho, sussurrando de um jeito doce e bonito. Depois, ele sorriu.

– Dormiu bem, meu policial? – brinquei. Ele demorou um pouco para responder. Acho que estava procurando lembrar.

– Quando vi que tinha sido baleado – ele começou –, pedi pra me trazerem pra cá. Achei que ia morrer, então quis ver você antes de partir...

– Você não vai partir tão cedo, meu bem.

– Há quanto tempo estou aqui?

– Quinze dias... – respondi. – O tiro atingiu seu pulmão e passou bem perto da coluna.

– Meu Deus... e a minha mãe?

– Ela está bem. Estou cuidando de tudo. Minu arrumou uma pessoa para ficar com ela à noite, e nas folgas da moça, eu fiquei.

– Muito obrigado, Shunrei – ele agradeceu, com lágrimas nos olhos.

– De nada, meu querido.

– E quando é que eu vou pra casa?

– Ainda vai demorar um pouquinho – eu disse, acariciando o cabelo dele.

Ah, o cabelo... Sabe, não é muito prático cuidar de um paciente sedado com um cabelo tão grande, então eu fiz uma trança. Se estivesse com a parte da frente raspada, ele ia ficar igualzinho aos chineses antigos.

– E quanto é esse ‘pouquinho’?

– Quanto for preciso para você ficar bem.

Ele resmungou.

– O Seiya esteve aqui quase todos os dias – eu disse. Seiya é o melhor amigo dele, quase um irmão e eu sabia que ele ficaria feliz se soubesse. – Ele me contou o que houve. Você é um herói.

– Eu só fiz o que tinha de fazer – ele respondeu.

Seiya também é policial e o que ele me contou foi o que estava em todos os jornais na manhã seguinte ao incidente. Os dois saíram para uma ocorrência, um atirador descontrolado ameaçava matar crianças numa escola. Enquanto aguardavam reforços, Shiryu entrou lá e abateu o homem. Infelizmente, também foi atingido por ele.

Dias depois, quando Shiryu teve alta, eu praticamente me mudei para a casa dele. Minu e a moça nova revezavam-se para cuidar dele e de dona Mitsuko, e eu ficava com os dois à noite. Não foi nada fácil. Muitas vezes a mãe dele estranhava minha presença, não entendia quem eu era ou o que fazia lá. Depois de um tempo, ela passou a pensar que eu era a enfermeira que cuidava do “moço bonzinho” que era como ela chamava Shiryu na maior parte do tempo.

Então foi isso... Eu estava na casa dele... e fui ficando, ficando...

– Eu acho que a gente devia casar... – ele disse certo dia. Já estava bem melhor, mas ainda não tinha voltado ao trabalho. Estávamos juntos, nos amávamos, mas eu ainda não pensava em me casar. Então ele não acreditou quando eu disse que não sabia se queria.

– Mas não é isso que as mulheres desejam? – ele perguntou, rindo.

– Não eu – respondi, e expliquei que, quando escolhi minha carreira, abri mão disso. Ele riu mais uma vez.

– Mas você pode ter as duas coisas, Shunrei. Eu quero ser seu marido, não seu dono.

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Bom, e foi com essas palavras que ele me convenceu e eu acabei não voltando mais para casa. Entreguei o apartamento e trouxe todas as minhas tralhas pra cá, até mesmo o meu adorável sofá de cerejeiras.

Shiryu não gosta muito dele, acha que não combina com a casa, mas entramos num consenso e colocamos meu querido sofá no quartinho dos fundos, que transformei em salinha de leitura. Ficou uma gracinha! Essa salinha, aliás, tornou-se o canto favorito de dona Mitsuko.

Nós não nos casamos. Como se diz por aí, nós apenas “juntamos os trapinhos”. Não ter um vínculo documental faz com que eu me sinta ainda dona de mim mesma, sabe? É uma bobagem minha, eu sei. Mas também sei que eu e ele não precisamos de um papel que nos diga quem somos um para o outro.

Felizmente, Shiryu não é nada parecido com típico marido chinês e, vamos combinar, nem mesmo com um japonês. É, meu pesadelo não se tornou realidade. Nós somos parceiros em tudo e eu não sou a cozinheira, lavadeira e arrumadeira dele. De fato, nem faço essas coisas regularmente porque continuo trabalhando o dia inteiro. Apenas nos finais de semana preparo alguma comidinha especial e ele adora.

O que eu mais temia era um marido que tentasse me proibir de trabalhar, certo? Pois ele é justamente o contrário. Admira meu amor pela medicina, quer me ver progredir, me estimula a continuar estudando, me atualizando.

A mãe dele ainda tem seus momentos de estranhar minha presença, mas felizmente são passageiros. Estou tratando-a com alguns remédios que ajudam a melhorar sua qualidade de vida. Não podem curá-la, mas diminuem seu sofrimento. Minu continua cuidando dela e acabamos ficando amigas. Shiryu e eu concordamos que ela precisa investir em formação profissional, então no ano que vem vamos ajudá-la a fazer um curso técnico de enfermagem.

Por falar em amiga, Saori tem nos visitado regularmente e uma dessas visitas coincidiu com a do Seiya. Bom, devo dizer que rolou um clima mais do que óbvio entre eles. Tanto que, dias depois, ela me ligou contando que tinha terminado o namoro com o milionário. E então, no meio da conversa, ela pediu o número de telefone do Seiya. Preciso confessar que amei ver minha amiga se livrando daquele noivo. Isso foi há uns dois meses e acho que ela e Seiya definitivamente se completam. Ele é um cara gente boa, bem humorado, que só tem feito a Saori feliz. Namorar um cara como ele ajudou-a a lidar com o peso de ser quem ela é. Estou torcendo muito por eles.

Eu não falei sobre a casa do Shiryu, não é? Agora é a nossa casa... Ainda não me acostumei a falar assim! É espaçosa e fica num bairro tranquilo, afastado do movimento do centro. É um pouco longe do hospital, mas aqui tenho espaço para o meu jardim e para uma horta onde plantei minhas ervas aromáticas e medicinais, além de algumas verduras.

Ah, e eu fiz minha tatuagem! Não é grande, é uma única flor de cerejeira na nuca. Parece que perdi mesmo o medo do ‘para sempre’... E eu não tenho mais medo porque existe esse homem que me ama e a quem eu amo serenamente. É um amor doce e tranquilo, que me completou e preencheu meus vazios. Shiryu me trouxe uma felicidade com a qual eu nem sonhava porque sequer imaginava que podia existir. E eu não acho que esse amor será efêmero como as flores de cerejeira. Eu sei que ele é como as montanhas da minha terra.

FIM

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.