Fix Me

Tentativa de Fuga


O dia da fuga chegou, e eu mal conseguia dormir pensando em cada detalhe que poderia faltar. Mas estava tudo perfeito, eu podia salvar todos, certo?
Eu sabia a habilidade que cada um poderia ter, mesmo não sendo todos que saibam suas origens, como eu, eles não deixaria de saber o básico para se defender, certo? Os pais não deixaria eles sem saber ao menos se defenderem, não é?
Eu tentava me consolar com essas informações, mas na verdade eu estava com medo. Medo de nada dar certo e ver meus amigos sofrerem mais, assim como... Thomas.
Não posso deixar ninguém para trás, nem que eu fique. Não quero que ninguém sofra por causa da minha iniciativa de fugir desse inferno.
Os guardas abriram minha porta e esperaram-me sair.
Eu estava sentada na cama enquanto encarava o chão e pensava em tudo isso. Suspirei e levantei, saindo e indo direto ao cubo. Ao entrar, procurei por David, Evan e Nicolas. Os três fazem parte da primeira etapa do plano.
Encontrei Evan no mesmo lugar que da última vez que o vi e David de costa para ele.
— Alice! Você está bem?
Gritou Evan enquanto corria para me abraçar.
Eu estava bem melhor e não sentia nenhuma dor, então respondi ao seu ato.
— Melhor agora. E vocês.
— Bom... - Eva virou para David que não se mexeu.
— O que houve?
— David foi visitar Thomas. Dragon disse que ele era uma inspiração para aqueles que desobedecem.
Aquilo fez arrepiar minha espinha. Me aproximei dele e o encontrei inerte, parecendo uma estátua. Parece que ele nem percebeu minha presença ao seu lado. Parei na sua frente e agachei enquanto olhava seus olhos vazios. Ele finalmente piscou e voltou a vida.
— A- Alice?
Ele falou num sussurro. Sorri.
— Oi, David. Você está bem?
Seus olhos se encheram de lágrimas e ele abaixou o rosto, para que ninguém visse isso.
O abracei e tentei confortá-lo.
— Você está mesmo aqui? Isso não é uma ilusão? Ele não te matou?
— Calma. Estou mesmo aqui. Eles não fizeram nada comigo que você possa se preocupar. Estou bem.
Ele soluçava.
— Ele... ele fez aquilo com meu irmão. Como pôde? Ele é um monstro! E - eu perdi meu irmão, Alice.
Ele me abraçou de volta de um jeito forte, como se fosse morrer se eu não aparecesse a tempo.
— Eu tenho um plano. Preciso da sua ajuda. Vamos sair daqui.
Ele parou por um minuto e se afastou. Seu rosto estava inchado e vermelho.
— O-o que?
Ele falou quase sem voz por causa do choro. Coloquei minhas mãos em seu rosto limpando-o e o encarei sério.
— Eles não podem nos segurar mais. Precisamos sair. Eu tenho um plano.
Chamei Evan com um sinal de mão e contei para eles o plano. Depois deixei-os e fui até Nicolas Sarkozy que estava junto com um grupo de pessoas bem brancas. Eles era como Nick. Alemão com estilo e semblante forte. Me aproximei e ele percebeu minha presença.
— Gatinha! Achei que tinha morrido! Que bom que esta bem!
Ele veio e logo me abraçou forte.
— Não me chame de gatinha!
— Porque? Só estou falando a verdade!
Falou mordendo o lábio inferior e piscando para mim. Balancei a cabeça em sinal de negação enquanto faço uma cara de dó para ele.
— Nicolas, preciso de sua ajuda.
— Fala, pequena. Sou todos ouvidos, mas não prometo nada!
— Não se esqueça de que você está me devendo.
— Devendo o que?
— Favores. Por trair meu amigo com a namorada dele, me sequestrar e pior, ficar ao lado daquela quenga da Cameron!
Ele levantou as mãos em sinal de rendição.
— Esta bem, esta bem. O que você quer de mim.
— Que você brigue com David e comece uma rebelião.
— O QUE?!
Logo coloquei minha mão na boca dele.
— Shiu! Tente ser discreto ao menos uma vez na vida!
Ele se afastou e ficou um pouco desconfiado.
— O que você está pensando, garota?!
— Contei para ele e seus amigos sobre o plano e fui para a mesa com Evan novamente.
O plano vai começar.
Respirei fundo e dei o sinal para David que estava um pouco inseguro.
Ele respirou fundo e levantou indo para o corredor. Nicolas já estava em sua posição e os dois se esbarraram.
O ruivo começou a discutir com David o chamando de cego e outras coisas. E como eu imaginei, todos se aproximaram e fizeram uma roda esperando a briga começar. Os guardas mais simples e fracos era o de maior número, de acordo com Lucas. muitos deles entraram e tentaram acalmar a situação, mas não deu certo. Muitos foram atacados e ficaram inconscientes. E então chegou os ghosts, como planejado. Lucas mandaria todos eles para controlar-nos, mas, como pedido para Nicolas. Os mais experientes em lutas de todos os lugares do mundo se juntaram e lutaram contra eles, por suas liberdades. Aproveitei a oportunidade da porta aberta e sai de lá para resgatar Lauren e Alex. Peguei um uniforme dos ghosts que estava em uma das portas que abri e tirei aquela roupa horrorosa que pinicava e então voltei ao caminho de origem. Ao virar para o corredor delas, bati de frente com um bruta montes com o mesmo uniforme que os ghosts.
— Merd. ..
Ele tapou minha boca.
— É feio falar palavrões, sabia?
O homem gigante tirou a máscara e deu um sorriso para mim. Ele era alto com cabelos negros e pele branca. Me lembrou muito o....
— Dany?!
— Oi, formiga.
— MA. .. mas você estava morto!
— Falou certo. Estava. Era o único jeito de eu me infiltrar aqui e tentar resgatar meu amigo.
Olhei para baixo.
— Tarde demais. O Thomas. ..
— Eu sei. Mas não vou desistir agora! Não depois de tudo que passei para vir aqui.
— Venha conosco. Estamos tentando fugir. Eu criei um plano e já está ocorrendo.
— Eu vou. Tem um carro aqui que os soldados usam.
— Eu consegui um avião!
— No Alasca? Está doida?
Comecei a correr procurando o quarto das meninas enquanto conversava com Dany, o antigo guarda costa de Thomas.
— É um avião especial, o único feito até agora para suportar frios fortes e voar para qualquer lugar do mundo.
— Como você conseguiu?!
— Um colega roubou de Dragon. Mas não temos muito tempo.
Assim que eu abro a porta certa, encontrei as duas conversando sentadas nas cadeiras no canto do quarto. Ambas olharam para mim preocupadas. Tentei controlar minha respiração e falei alto e nítido.
— Peguem tudo que é de importante e venham comigo agora!
Elas logo se levantaram e correram pegando algumas bolsas de mão e me seguindo.
Deparei com Lucas no meio do caminho. Ele estava sério e com a respiração alterada.
— Pequena, precisamos ir agora. Acabei de saber que ele está vindo para cá.
Isso me fez ficar em desespero. Mas percebi que ele estava pior ao ver Alex.
— Lucas?
Alex se aproximou dele com lágrimas nos olhos.
— Alex?!
— Minha nossa. Eu fiquei tão preocupada. - Ela o abraçou. E ele inerte. - Você está bem? Eles te machucaram?
Ele deu um sorriso falso que somente eu percebi.
— Estou bem. E você? Esta... grávida?
Se fingiu surpreso. Acho que depois de viver com ele durante tanto tempo, consigo entender suas expressões.
— Eu te explico depois. Apenas precisamos ir.
— Eu sei. O chefe deles estão vindo. E se ele chegar conosco ainda aqui. Ele mata todos nós.
— Vão na frente e pegue todos no cubo.
Falei puxando Dany para perto de mim.
— Mas e você, Alice?
Perguntou Lauren com os olhos marejados. Sorri para ela e fiz um pequeno carinho em seu rosto.
— Vou resgatar um amigo de infância. Encontro vocês no avião.
Beijei seu rosto e corri para o outro lado com Dany.
— Você sabe onde ele está?
Perguntei encarando-o.
Ele fechou a cara e assentiu. O segui para um canto onde havia uma porta de madeira. A única que eu reparei aqui nesse pesadelo de lugar. Dany abriu e ela rangeu de tão velha que era. Ela apresentou uma escada imensa que não tinha fim por causa de escuridão.
O bruta montes pegou uma lanterna de seu cinto e ligou, me guiando para dentro daquele lugar tenebroso que arrepiava minha pele.
Após descermos as escadas ouço um barulho de correntes ecoando pelo local.
Ouvi uma respiração, ela estava rápida como se a pessoa tivesse corrido muito. Encontrei alguém no fundo do local, mas estava muito escuro e a lanterna estava para baixo.
— Dany, tem alguém ali.
— Eu sei. Vou procurar o interruptor.
Falou com uma voz falha, parecia que estava triste.
Me aproximei com cautela e percebi que a pessoa estava presa.
— Oi? Você está bem?
Ela não me respondeu. Apenas recuou um pouco, isso fez com que as correntes se batessem e fizessem barulho novamente.
— Não precisa ter medo. Não vou te machucar.
Falei colocando as mãos na minha frente mostrando que não estou segurando nada.
A pessoa rosnou para mim, o que achei estranho. Me aproximei mais um pouco e Dany acendeu a luz. No exato momento que houve uma claridade maior, vi de relance Thomas, com uma calça, marcas de tortura pelo seu corpo e olhos vermelhos como se não se importasse matar alguém. Ele veio para cima de mim, fechei os olhos e dei um passo falso para trás fazendo-me cair.
"Sorte a minha que aquelas correntes estavam o segurando."
No que estou pensando?! Ele é meu amigo! Porque eu pensaria uma coisa dessa? Pior! Porque ele tentou me atacar?!
— Thomas, se acalme. Sou eu!
Ele lutava para tentar sair das correntes enquanto me olhava com fogo e ódio nos olhos. Aquilo acabou comigo.
— O que fizeram com você?!
Thomas não estava apenas presos nas corrente, mas também dentro de uma caixa de ferro com grades, como uma pequena prisão para somente uma pessoa.
Dany, com seus enormes braços, tentou quebrar algumas barras e conseguiu com um pouco de esforço. Pegou uma seringa e pegou Thomas pelo pescoço com força.
— Não!
Ele olhou para mim sério.
— N-não machuque ele.
Dany injetou um líquido em Thomas e ele logo se acalmou e dormiu.
— Não vou machucar meu amigo, vou salvar ele.
Assenti enquanto encarava Thomas caído no chão. As lágrimas foram mais forte.
— O que fizeram com ele?
Dany o pegou no colo e se aproximou de mim suspirando.
— Quando tudo se acalmar eu te explico.
Assenti novamente enquanto limpava os olhos.
— Vamos. Nosso tempo está acabando.
Corremos de volta para o cubo e encontramos todos correndo de lá e indo para o outro lado, onde havia escadas que levavam a nossa saída, nossa liberdade.
Seguimos o fluxo e saímos de lá encarando a paisagem branca, vazia e gelada do Alasca. Ao nosso lado havia um avião enorme preto com detalhes cinzas. Entramos e encontramos todos sentados. Pedi para Dany ir para os fundos, onde havia um pequeno quarto secreto, de acordo com Lucas. Fui para frente procurar o piloto e me deparei com Nicolas sentado e, ao seu lado, Alex séria. Os dois estavam discutindo.
— Já chega! - Gritei e os dois me olharam - o que está acontecendo aqui?! Cadê o piloto?!
— Serve?
Nicolas levantou a mão e depois apontou para ele mesmo. Meu queixo caiu.
— Você sabe pilotar um avião?!
— Não tem nada nesse mundo que eu não saiba dirigir. - Falou sorrindo. - Mas não estou a fim de ter uma grávida como copiloto!
— Alex, você sabe pilotar um avião?
— Eu fiz curso de pilotagem quando era pequena. Meu avô me ensinou pois ele era das forças aéreas.
— Esta bem. Confio em você para nos levar para casa. Boa sorte.
— Obrigada.
Alex sorriu.
— Mas e eu?! Não estou a fim de desmaiar se ela der a luz!
Nicolas choramingou.
— Boa sorte. Nos leve para casa ou te mato.
— Valeu.
Falou irônico.
Sai de lá e fui para a entrada do avião, encontrei os últimos herdeiros entrando e Lucas de longe parado olhando para o lado com uma cara de assustado.
— Lucas, vamos.
Gritei. Ele olhou para mim assustado.
— Alice, não saia!
Ouvi um tiro vindo de fora e ao mesmo tempo os motores ligaram.
— Lucas!
Meu irmão foi atingido e eu não conseguia me mexer. Minhas pernas ficaram tremendo e não me obedeciam.
— Feche logo a porta!
Ele gritou enquanto apertava o braço que sangrava.
Outro tiro.
Lucas caiu no chão ao ser atingido na perna. Levantou o rosto vermelho de raiva e olhou para o lado novamente.
Ouvi um barulho estranho que se repetia. Era saltos. E logo a figura que eu mais desprezava apareceu ficando atrás de Lucas e apontando a arma em sua cabeça.
— Que pena, maninho. Achei que você seria mais útil.
— Cameron.
Sussurrei. O avião começou a se mover e a última coisa que vi era Lucas olhando para mim com lágrimas nos olhos e mexendo seus lábios dando suas últimas palavras: "Eu te amo".
E então a porta se fechou e mais um tiro foi dado.

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