Já se passaram dois meses com tratamento, exercícios e muito repouso. Isso era pior que as torturas de Dragon no Cubo!
Levantei da cama depois do café da manhã e andei no corredor indo até a última porta deste. Entrei sem bater, pois não havia ninguém além do meu irmão, dormindo sem se mexer, magro e fraco. Sentei e voltei a ler "The letter war", o livro que eu comecei a ler na primeira vez que estive aqui. No tempo em que encontrei Alice e ela havia me conquistado de novo. Todos os dias desde que acordei eu venho aqui, depois eu faço fisioterapia e depois minha mãe me visita ou me manda mensagem me atualizando sobre as buscas pela Alice.
Sim. Isso era pior que as torturas. De noite, após outra mensagem de Amélia falando que não houve nenhuma informação nova do caso, desliguei meu celular enquanto segurava minha raiva e deitei na cama. De noite acordei com algo se quebrando e logo pulei da cama e abri a porta com cuidado. As enfermeiras do turno da noite estavam correndo para o quarto do meu irmão e logo ouvi um grito.
Corri preocupado e ao parar na frente do quarto, encontrei David em pé, vermelho e com um bisturi apontado para as enfermeiras, até ele me ver.
— Tho..
Sua voz saiu fraca por causa da falta de nutrientes.
— David, se acalme e abaixe isso.
Ele abaixou e soltou deixando cair e tentando vir ao meu encontro, porém quase caiu, se eu não tivesse segurado. Ele estava magro e muito leve. Isso me ajudou a levá-lo de volta para a cama.
— O que..
Ele sussurrava sem força.
— Cala a boca que você estava em coma e acabou de acordar depois de dois meses!
— O q. ..?!?!
— Você é teimoso, hein! Enfermeiras, tragam algo para ele comer, rápido!
As meninas logo saíram enquanto eu sentava na cadeira ao lado e suspirava.
— Tom... a Alice...
— Ela está desaparecida.
— Não... ela... bem.
David tentava falar mas sua Voz falhava.
— Espera, o que você sabe sobre a Alice? Ela está bem? Você sabe onde ela está?!
— Não sei..
Ele começou a tossir e eu percebi que estava exagerando.
— Desculpe. Descanse e depois conversamos.
Ele assente e dormiu rápido. Voltei para meu quarto e disquei o celular para minha mãe, no segundo toque ela atende.
— Pronto?
— Mãe?
— Oi amor. Não está tarde?
— David acordou e parece ele sabe de algo da Alice.
— Que bom. Já estou indo aí.
— Não precisa. Ele vai comer algo e depois vai descansar. Venha de manhã.
— Você está bem?
Ela percebeu minha voz de incomodo.
— Ele sabe sobre a Alice. Espero que ela esteja bem. Eu não me perdoaria se...
— Thomas, se acalme. Ela está bem. Ela é forte, você sabe disso.
— Está bem. Estou indo. Boa noite.
— Boa noite, meu amor.
Desliguei e deitei na cama sem sono. Passei a noite encarando o teto, já que minha mãe proibiu qualquer tecnologia com Internet perto de mim.
Após dar seis horas da manhã, eu já estava de pé com banho tomado e indo ver meu irmão. Bati na porta e entrei na mesma que já estava aberta apresentando minha mãe e David.
— Fala, velho.
— Oi, David. Está bem?
— Melhor agora com toda aquela atenção das enfermeiras.
Ele riu um pouco e depois respirou fundo e me encarou sério.
— Você sabe o que eu preciso saber o que houve, não é?
— Sei, e não vou enrolar. Bom, assim que eu acordei, encontrei você deitado no chão inconsciente e sendo espancado pelos caras da Áustria enquanto Charlie levava Alice para fora do apartamento.
— Áustria? CHARLIE?!
Minha mãe logo se levantou e me segurou e tentou me acalmar me mandando sentar.
— Calma, Thomas. Ainda não sabe de tudo. Assim que eles pararam de te bater para irem embora, eu ataquei um deles, acho que era o Pietro, e depois ataquei Charlie perto da escada de incêndio, peguei Alice e corri escada abaixo até o sétimo andar. Lá, coloquei um micro dispositivo de localização que a mamãe colocou no dente canino de cada um de nós.
— Um dispositivo no meu dente?!
Olhei para minha mãe que sorriu orgulhosa.
— Eu sempre soube onde vocês estavam, e quero que continue assim. Eu iria fazer um para Alice também, mas demora a fabricação.
Fiquei espantado, mas logo voltei minha atenção a David.
— Mas então vocês sabem onde ela está?
— Bom, não sei se deu certo minha ideia, pois Charlie apareceu logo em seguida com uma arma apontada sobre minha cabeça. Ele pegou Alice de meus braços e me empurrou pela escada. Depois disso eu apaguei e apareci aqui. O estranho é que a última coisa que vi é Charlie balbuciando algo como "desculpe", ou algo assim.
Fiquei de boca aberta.
— Sabia que ficaria assim.
Ele riu.
— Isso não tem graça, David. Nossos amigos nos traíram.
— Eu só queria saber como e porque Dragon descobriu onde estávamos e pegou Alice.
Congelei.
— Porque seu querido irmão, além de ter matado a Cameron, roubou um pen drive que irá incriminar Dragon e onde mostra sua verdadeira identidade.

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Falou mamãe irônica.
— Uau! Mas... porque a Alice? Será que ele sabe que ela está grávida?

David ficou surpreso.
— Disso eu não sei, mas com certeza está usando ela contra Thomas. Em troca do pen drive.
— Se ele tocar um dedo nela, eu juro que farei ele implorar a morte!
Falei bravo.
— Assim que você ganhar alta daqui, iremos buscá-la.

Amélia falou neutra.
— Como é? Vamos agora!
Levantei e falei bravo.
— Não levante a voz para mim, mocinho! Você ainda está se recuperando e seu irmão acabou de acordar. Vocês ficarão aqui enquanto eu verifico se temos a localização, e faremos um plano para resgate minha nora. Estamos combinados?
— Hum.
Olhei para o chão revoltado.
— Estamos combinados, Thomas?!
Ela cruzou os braços e levantou a cabeça para me encarar, por causa de nossa diferença de altura.
— Sim, mãe.
— Ótimo. Falarei com o pai de vocês e com a família de Alice. Mamãe volta logo. Beijos, meninos.
Assim que ela saiu, fechou a porta e saiu cantarolando.
— Cara, as vezes a mamãe me assusta.
David falou passando a mão na cabeça.
— Concordo. Da Até dó de quem mexer com ela.