(...)

No dia seguinte, Justin veio aqui depois do almoço, ele dissera que só o avisaram que eu havia acordado ontem à noite. O menino me encheu de perguntas, como “Você está bem?” “Está sentindo alguma coisa?” e coisas desse tipo. Eu sempre respondia com uma paciência que eu perdi depois da vigésima vez que ele perguntou isso. Anna também veio, mas ela era sempre mais controlada que qualquer pessoa que eu já conheci e só me confortava ou algo do tipo. Tudo estava correndo bem conforme o tempo, eu estava apenas me recuperando de tudo que acontecera nos últimos dias, não só fisicamente como também emocionalmente.

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Um mês depois...

Depois de tanto tempo fazendo fisioterapia, eu finalmente iria sair daquele hospital pela primeira vez em quase quatro meses, espero não voltar tão cedo novamente. Já fiquei internada duas vezes em um ano! Uma vez durante três meses e a outra durante quatro, ambas em recuperação. Obviamente não foram experiências agradáveis, mas infelizmente tenho que me conformar que isso é o normal da vida, todas têm seus altos e baixos.

Estava usando um vestido branco simples e uma sandália qualquer, não queria nada muito arrumado, já que não é bem o meu estilo. Prendi meu cabelo em um coque desarrumado e fui até a recepção, onde minha mãe estava assinando um papel para que eu pudesse sair do hospital.

Elena fez sinal para que eu pudesse acompanhá-la e assim eu o fiz. Andamos até a entrada do hospital e logo vieram vários flashes em nossa direção, parecia que um era mais forte do que o outro! Abaixei meu olhar para proteger minha visão e dei um sorriso fraco, passando pelo espaço que um segurança abria no meio de tantas pessoas. Eu ouvia várias perguntas, mas não conseguia distinguir nenhuma, pois todo o som abafava as palavras.

Quando passamos por toda aquela multidão de pessoas entramos em um carro grande com cor e vidros pretos, onde havia um motorista na frente no volante. Ele não me era estranho, acho que já tinha o visto algumas vezes, mas não lembrava seu nome.

Fomos o caminho inteiro em silêncio, enquanto eu observava o passar das ruas. Sentia-me do mesmo jeito quando saí da clínica de reabilitação, ou seja, como se visse tudo pela primeira vez, pois o longo tempo que eu passei trancafiada e desacordada em um hospital não me permitiu ver o que era para todos algo normal, as ruas, árvores, casas e outras construções.

Depois de alguns minutos com meus pensamentos, finalmente chegamos a minha casa, a casa da minha mãe. Estava tudo em seus conformes lugares desde a última vez em que a vi, afinal, foram só alguns meses.

Um carro, que eu reconhecia muito bem, e que era de Justin, estava parado no jardim desajeitadamente, obviamente ele (o carro) não era nenhum pouco humilde.

Saí do automóvel delicadamente - junto a minha mãe - e caminhamos em direção à porta. Quando a abri, encontrei Justin e Alfredo jogados – literalmente – no sofá.

– Alfredo! – Quase gritei, andando a passos apressados em direção a ele e o abraçando.

– Demi! Quanto tempo! – Ele disse gentilmente.

Meu Deus, como eu senti falta de Alfredo! Acho que nós perdemos o contato um pouco depois de tudo que aconteceu, pois fazia meses que eu não o via, mesmo antes de tudo acontecer, inclusiva a clínica. E pensar que ele também me ajudou me internar lá...

– Ei! Eu sou seu namorado, não ele! – Justin disse cruzando os braços e me fazendo rir, indo ao encontro dele. Demos um abraço apertado e um beijo rápido.

Depois de alguns minutos que ficamos conversando enquanto fingíamos assistir televisão Anna também veio e se juntou a nós, entrando na conversa logo também, esta que durou até o anoitecer.

(...)

– Oi, Michelle. – Falei cumprimentando-a quando entrei em sua sala, que era baseada em móveis sofisticados e uma enorme cortina.

– Oi, Demetria. Como está?

– Eu estou ótima, graças a Deus. – Dei um sorriso. – Meu Deus, parece que sempre que a turnê está para começar, acontece alguma coisa. Antes foi a clínica, agora esse acidente. – Falei para descontrair.

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– Sua saúde vem em primeiro lugar, obviamente. – Ela me lançou um sorriso gentil, este que eu retribuí.

– Mas ainda está tudo de pé, sim? Quer dizer, antes já havíamos ensaiado tanto, estava quase pronto, e acho que eu não esqueci nada. – Rimos. – Só precisamos de mais alguns dias de ensaio, se não for adiada novamente.

– Claro, ainda está de pé. Eu vou entender se você quiser alguns dias para descansar para depois voltarmos ao trabalho. – ela entrelaçou suas mãos uma na outra, olhando diretamente para mim.

– É claro que não, acho que já descansei demais. No hospital eu não podia fazer absolutamente nada a não ser repousar! – Fiz uma careta que quase chegou a ser cômica.

– Como quiser, amanhã de manhã está bom para você?

– Claro! – Falei ainda sorrindo.

– Combinado, amanhã as 10:00 no galpão, não se esqueça.

– Não vou esquecer, até lá. – Disse a abraçando, logo em seguida saindo daquela sala. Estava aliviada por começar tudo de novo (pela terceira vez), tinha em mente de que isso não poderia se repetir outra vez, senão seria mais uma vez que adiaria a turnê, e não acho que posso me dar ao luxo de fazer isso novamente, ou eu posso perder tudo que conquistei até agora.

Saí daquele prédio e entrei no meu carro, dirigindo até a casa de Justin, ele disse que iríamos jantar juntos. Não demorou nem 30 minutos e já estava lá, batendo a campainha. Justin atendeu e assim que me viu colocou um sorriso lindo no rosto, me beijando.

– Vamos? – Ele perguntou.

– Não é aqui na sua casa? – Arqueei a sobrancelha.

– É claro que não, eu não sei cozinhar, lembra? E acho que você também não. – Justin deu uma piscada pra mim, abrindo um sorriso sexy. Ri com isso, mesmo ele tendo me falado que eu não consigo cozinhar, é.

Justin pegou minha mão e conduziu-nos até seu carro, abrindo a porta para mim.

– Obrigada. – Falei enquanto me sentava. Ele apenas assentiu.

Ele dirigiu para um lugar que eu não reconhecia enquanto conversávamos durante algum tempo, e em poucos minutos já estava estacionando em uma rua, em frente a um restaurante.

Saí do carro e entrelacei minhas mãos nas do garoto, entrando em seguida.

O restaurante era um lugar sofisticado, o que me fez ficar desconfortável pelo fato de eu estar com uma calça e uma blusa qualquer, como de costume.

Sentamos em uma mesa mais reservada e fizemos nosso pedido.

Nós começamos a conversar animada e aleatoriamente, fazendo brincadeiras e etc. Era incrível como o assunto surgia quando eu estava com ele, sentia que eu era apenas... Eu mesma, sem escrúpulos, e nem precisava forçar uma conversa para não ficarmos em silêncio, as coisas apenas aconteciam espontaneamente, e isso era uma das coisas que me fazia amá-lo mais ainda.

Quando finalmente terminamos de comer e nos sentimos satisfeitos fomos em direção ao carro, cada um entrando em seus devidos lugares. Estávamos agindo iguais bobos naquela noite, literalmente.

Olhei para a janela da minha porta, parando de sorrir momentaneamente, vindo um desejo em minha cabeça.

– Jus, posso te pedir um favor? – falei quase por impulso, ficando um pouco tímida. Ele sorriu sem tirar os olhos da estrada, assentindo.

(...)

– É aqui. – Justin falou assim que parou o carro em frente aquele grande portão. De repente veio um frio em minha barriga, ainda insegura se devia ou não entrar. O garoto ao meu lado me lançou um sorriso reconfortante, levando sua mão sob a minha. Eu queria fazer isso, mas não sabia se tinha forças o suficiente.

Suspirei pesadamente, enfim abrindo a porta do carro.

Segurei os braços de Justin fortemente, como se ele fosse tirar toda a insegurança que rondava sobre mim, o que, obviamente, não seria possível. Mas pelo menos era capaz de diminuir minha tensão.

Andamos por aquele longo cemitério com gramas um pouco verde, procurando pelo o único nome que me fizera ir ali.

– Demi, acho que eu achei. – Justin falou quase em um sussurro apontando para uma lápide. Virei-me para onde ele olhava e encontrei ali o nome que estávamos procurando.

Johnatan Charles Lovato.

Meu pai.

Impulsivamente algumas lágrimas brotaram no meu olho, fazendo minha visão ficar embaçada.

– Eu... Eu acho que vou te deixar um pouco sozinha, já volto. – Justin falou desconcertado. Assenti, me sentando na grama um pouco molhada.

Fiquei alguns segundos apenas observando aquela lápide, onde havia gravado o nome dele, derrubando algumas – ou muitas – lágrimas que se formavam.

– Er, oi pai. Não sei se você está me ouvindo, posso estar parecendo boba, mas eu queria te dizer algumas coisas. – Disse com uma voz controlada, olhando diretamente para seu nome, como se de alguma maneira ele estivesse ali.

E estava.

– Eu sei que eu nunca realmente fui a filha que você queria que eu fosse, ou que te desse o orgulho que esperava, e sinto muito por isso, você sabe que eu sempre fui cabeça dura. – Dei um riso nervoso, tentando descontrair a mim mesma. – Eu me lembro de tantas coisas, principalmente de quando eu era pequena, essa foi uma das melhores fases da minha vida, e são as lembranças de que quero pensar quando me lembrar de você; eu quero me lembrar das coisas boas que passamos juntos, quando a maior decisão que eu teria que tomar era qual sabor de sorvete tomar. E que não tínhamos que nos preocupar com nada, que sempre que eu me machucava você estava ali por mim, mesmo fazendo planos para o futuro que eu nunca segui, você realmente estava ali, mesmo que seja me dando uma bronca. Eu não sei quando as coisas começaram a piorar, mas eu só sei que piorou. Eu não era mais aquela garotinha feliz com seu pai, eu comecei a me iludir, pensando que eu te odiava, mas sabe, eu nunca te odiei, acho que bem no fundo nos dois sabemos disso, eu posso não ter gostado das suas escolhas, assim como você não deve ter gostado das minhas, mas eu nunca te odiei, tá legal? – Suspirei pesadamente de novo, pressionando meus olhos com força. - Eu sempre realmente te amei, porque acho que amor de filha nunca morre, e o meu não foi diferente. Sinto em dizer que só percebi isso quando você estava ‘incapacitado’, agora eu estou começando a aprender que a gente só dá valor nas coisas quando perde mesmo, assim como muitos dizem, pois isso aconteceu comigo quando perdi você. Eu sinto sal falta, mesmo que nos últimos tempos nós estivemos tão distantes... – Derrubei outra lágrima, como de costume nesses últimos segundos. - Mas eu realmente queria que você estivesse aqui, e me dói pensar nos momentos que você não estará aqui quando eu precisar de você para simples coisas, e até mesmo me dói saber que eu nunca poderei retribuir tudo o que você fez por mim, eu realmente queria ser feliz tendo você como meu pai. Mas, infelizmente, as coisas não são como queremos, e infelizmente você partiu, porém, sei que você sempre estará junto a mim, no meu coração, e que parte de você nunca vai se for, pois o meu amor de filha permanecerá intacto. Muito obrigada por ter me dado todos os momentos felizes que passei ao seu lado, e, mesmo que não seja algo bom de se pensar, obrigada por ter me feito aprender com meus próprios erros. Eu te amo, pai. – Finalizei, passando as mãos levemente na lapide, enquanto mantinha minha outra mão em frente ao coração.

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Depois que finalmente me recuperei do meu pequeno transe levantei da grama, procurando por Justin. Ele estava encostado numa árvore ali perto, com as mãos no bolso. Andei até ele e o abracei por trás, passando minhas mãos pelo rosto para tirar o excesso de lágrimas. O menino me virou, me abraçando forte também.

– Vamos? – Perguntei, dando um sorriso fraco. Justin assentiu.

(...)

– Demi, rápido, você tem quinze minutos para terminar de se arrumar e entrar naquele palco. – Michelle me apressou mais ainda. Sentia meu coração quase sair pela boca por causa do meu nervosismo imenso, enquanto cada fibra do meu corpo parecia em choque. Estava um pouco insegura também, não sabendo o que esperar, mesmo depois de dias de preparações, pois havia milhares de pessoas lá fora esperando para que o show começasse, todos os shows anunciados já estavam completamente esgotados!

– Já estou indo! – Respondi, fechando os olhos para que uma maquiadora pudesse retocar a minha sombra. Balançava freneticamente meus pés em uma falha tentativa de me acalmar.

– Tudo certo, Demi! – a maquiadora falou, enquanto eu sorria rapidamente para ela e me dirigia a uma pequena sala atrás do palco. Lá encontrei minha mãe, Justin, Alfredo, algumas pessoas de toda a equipe e até mesmo alguns famosos que vieram me parabenizar pelo inicio da turnê, entre elas Miley e seu namorado, Katy Perry e Taylor Swift.

– Todos prontos? – Michelle perguntou para toda a banda. Assentimos, enquanto eu dava outro de meus sorrisos nervosos. – Acho que o primeiro show da sua turnê mundial merece uma oração. – a mulher piscou para mim, fazendo uma expressão divertida. Fizemos uma pequena roda com os mais próximos.

– Eu vou começar a oração? – Falei sapeca com um sorriso de orelha a orelha. Todos assentiram. – Tudo bem. – Fechei os olhos e entrelacei minhas mãos nas de Justin e nas de minha mãe, enquanto todos da ‘rodinha’ faziam o mesmo. – Deus, muito obrigada por ter nos dado essa oportunidade maravilhosa de mostrar o que temos a oferecer nesta noite incrível, eu realmente sou grata pelo senhor ter realizado nossos sonhos e nos fazer forte todo dia, para que possamos continuar a fazer o que gostamos e espalhar o amor por todo o mundo. Abençoe todas as pessoas que entrarão naquele palco e faça com que esse show seja inesquecível a todos que vieram aqui esta noite. E de novo, muito obrigada mesmo por ter nos dado esta chance, pois nós nunca seríamos nada sem a sua benção. – Finalizei, abrindo meus olhos lentamente.

Todos bateram palmas, enquanto Justin e minha mãe me abraçavam. Eu estava quase pulando de tanta alegria e excitação, devo admitir.

– 5 minutos, vocês já podem se posicionar. – Um homem falou, o qual eu não reconheci sua voz. Abracei fortemente Justin de novo, sentindo todo meu nervosismo se evaporar por um segundo.

– Tenho certeza de que você vai se sair maravilhosamente bem. – Ele falou enquanto me apertava em seus braços. – Eu te amo, Demetria. – Desta vez ele sussurrou para que só eu pudesse ouvir.

– Eu também te amo, muito. – Demos um beijo lento, enquanto eu entrelaçava minhas mãos em seu pescoço e a sua vinha de encontro a minha cintura.

– 3 minutos! – O mesmo homem gritou. Larguei Justin e lancei um último sorriso para ele, me distanciando dele.

Posicionei-me naquele pequeno elevador do qual me levaria para o palco, ouvindo todos os gritos das pessoas presentes ali. O ritmo da música soou, anunciando que essa era minha deixa, enquanto o elevador subia, me dando uma visão da multidão que gritava mais alto ainda assim que eu aparecia.

Naquele momento, senti que toda a minha insegurança e nervosismo se fora. Eu não sabia mais o que temer, me senti completamente amada por todas as pessoas a minha volta. Era como se pressentisse que a partir dali, tudo realmente se sairia bem na medida do possível, e desta vez, eu não estaria fingindo um sorriso, agora era real, eu realmente estava me sentindo feliz, e sabia que nada poderia me desmoronar, pois com o tempo eu aprendi a ser forte, e aprendi também que existem coisas das quais realmente vale a pena lutar, as pessoas a sua volta, por exemplo, estas sim nunca te abandonarão se for verdadeiro. E, mesmo se houver alguém querendo te derrubar, saiba que você pode se levantar como um pequeno arranha-céu.


Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.