Finding hope

10: Montanha-russa de emoções


10: Montanha-russa de emoções

Durante a espera do lado de fora do centro cirúrgico, os diferentes cenários se mantinham. A maior parte dos que estavam ali encontravam-se cheios de ansiedade e confusão.

Em um local mais reservado, Jiraiya estava disposto a conversar com Iruka, Kakashi e Minato. Sua vontade era fazer como a esposa, Tsunade, e encher-lhes de cascudos. Ela inclusive ficou conversando com os jovens, pois estava tão irritada com eles que era capaz de partir para a agressão. Mas esse não era o jeito de Jiraiya. Ele gostava mais de arrasar nas palavras.

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— Seus pirralhos! Podem me explicar que história é essa?! Dar uma de morto, Minato? A gente sofreu pra caralho! E vocês dois, Kakashi e Iruka, sabiam disso e nunca nos disseram nada! Que decepção com todos vocês! — Jiraiya esbravejou. Sua voz grossa inundava os ouvidos de todos ali.

Era um tanto difícil levar a sério um homem com o cabelo todo bagunçado e a camiseta virada do avesso. Entretanto, sabiam que uma risada ali poderia colocar a vida deles em risco. Jiraiya não era agressivo, mas ninguém desejava estar por perto quando ele acabava perdendo as estribeiras e levando a um nível físico.

— É complicado, Jiraiya.. O acidente realmente aconteceu. Não foi uma farsa. — Minato se pronunciou. Ele coçava a cabeça. Alguns hábitos de fato eram difíceis de ser deixados para trás. — Mas depois dele, eu passei algum tempo em coma. Kushina também estava muito machucada. E inclusive, enfrentando um caso de depressão pós parto ao mesmo tempo.

Todos ali ouviam atentos. Kakashi e Iruka já conheciam a história. O calmo loiro deu continuidade:

— Eu e ela fomos expulsos de casa pelos nossos pais. Eu não trampava, ela também não. Era impossível imaginar o nosso querido Naruto crescendo feliz em um cenário desses. Pobreza extrema, a depressão da mãe, o nosso acidente que nos fez refletir sobre quem poderia criar o nosso filho em caso da nossa morte. Foi aí que a gente pensou no Iruka e no Kakashi.. — Ele relatava e olhou rapidamente para o casal — E eles já tavam com a vida mais encaminhada. Um pouco mais velhos, um apartamento legal, planos pro futuro. Fez muito sentido. E como cês puderam ver, realmente o nosso menino foi criado com muito amor, educação.. Ele se tornou um cara foda! A gente acompanhava pelas redes sociais. O Iruka tava sempre nos mandando fotos e contando histórias dele.. A gente não podia ter feito nada melhor por ele.

Iruka e Kakashi se emocionaram com as palavras e naquele momento acharam melhor não dizer nada ainda.

Jiraiya respirou fundo. Ele conseguia compreender os motivos. De fato, Kushina e Minato tinham apenas entre dezesseis e dezessete anos quando o menino nasceu. Jiraiya e Tsunade ainda não estavam casados, apenas namoravam na época. Ainda assim, se lhes tivessem procurado, dariam um suporte.

— Por que não nos procuraram? — Indagou o grisalho, referindo-se a ele e sua esposa.

— Cês já tinham os problemas de vocês. A diferença de classes, as lutas pela igualdade.. A gente não queria ser um peso.

— E o que levou vocês a aparecerem só agora?

— O acordo era que o filho seria somente do Iruka e do Kakashi, que a gente não poderia intervir. Daí ficamos sabendo desse episódio do coma do Naruto. E aí eu e Kushina percebemos que não íamos conseguir nos perdoar caso o nosso filho morresse sem falar com a gente, sem ter nenhuma lembrança nossa.. Desculpa, Kakashi. Desculpa, Iruka. Sei que isso vai contra o que combinamos.. Mas não quer dizer que não serão mais pais dele. Só queremos que ele possa ter os quatro por perto, sabe?

— Admito que nos pegaram de surpresa.. Eu não sabia nem que o Iruka tinha avisado vocês. — Confessou Kakashi. Por mais que tivesse com Minato e Kushina um bom relacionamento, lhe perturbava a ideia de que Naruto pudesse não compreendê-los. Recusar não só os pais biológicos quanto eles, os pais de coração. Era notável que o homem estava um tanto atormentado.

— É difícil eu tomar uma atitude importante sem te consultar antes, mas tava com a cabeça tão cheia, tão perdido com toda essa situação.. Pensei que mereciam saber. Se fosse eu no lugar, iria querer que me contassem..— Iruka disse em um tom de quem buscava se justificar. Direcionou os olhos negros aos do marido, conseguindo notar a perturbação dele.

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Kakashi ficou em silêncio por alguns instantes. Jiraiya e Minato somente observavam também. Era uma situação delicada. Todos ali estavam ponderando o que iriam fazer ou dizer.

— Tudo bem. Fez a coisa certa. — Por fim, Kakashi concluiu e Iruka respirou aliviado.

— Beleza. Mas mesmo que todos vocês se perdoem e acabem concordando pacificamente em manter a relação de pais e filho com o Naruto. Por melhor que o moleque seja, não sei se ele vai ficar tão na boa assim.. — Jiraiya constatou. Cruzou os braços contra o peito e encarou-os com seriedade.

— Esse é o meu medo. — Os três disseram essas palavras ao mesmo tempo. Se entreolharam e riram fracamente. Seria cômico se não fosse trágico.

— O que resta é encarar. Mesmo que ele fique bravo, Naruto não é do tipo que guarda rancor por muito tempo. — Observou Kakashi. Iruka concordou.

— Assim espero. — Minato comentou receoso. — Mas nesse momento é difícil pra mim pensar em qualquer coisa. Minha esposa e o meu filho tão no meio de um procedimento delicado que pode salvar a vida dele.. Não consigo pensar em nada muito além disso agora.

— Pelo que eu saiba, uma transfusão demora mais ou menos cinco horas contando os testes pré transfusionais e o procedimento em si. Acho que é bom a gente tentar comer algo, botar um pouco do papo em dia.. Ficar cinco horas na sala de espera vai nos deixar loucos. — Propôs Jiraiya.

— Como cê sabe de tudo isso?! — Indagou Minato, com um esboço de sorriso no rosto. A lembrança que tinha de Jiraiya era de um homem bastante simples. Muito bondoso, porém não tinha tantos conhecimentos.

— Um escritor precisa se informar. — Ele respondeu e deu de ombros. Começou a caminhar rumo a saída do hospital em busca da lanchonete mais próxima, acompanhado somente de Minato e de Kakashi.

Após alguns passos, Jiraiya olhou para trás e viu Iruka parado no mesmo local acenando para eles.

— Vou ficar aqui. Não vou ficar sossegado enquanto não souber que tudo correu bem. — Iruka justificou-se e todos eles compreenderam. Apenas assentiram e voltaram a caminhar na direção da saída.

Após Minato, Jiraiya, Kakashi e Iruka se retirarem, um burburinho se fez entre os jovens. Fizeram um monte de perguntas para Tsunade e Hirochi, que admitiram estar tão surpresas quanto eles. Hirochi até tinha algumas informações a respeito, mas preferiu calar-se e manter os segredos dos amigos.

Ao ver que realmente não teriam uma resposta para suas dúvidas naquele instante, acabaram deixando de lado e voltaram o foco novamente para a cirurgia de Naruto.

Nenhum deles aguentava mais a tensão, a ansiedade, a angústia.

Os quatro que se ausentaram para conversar já estavam de volta.

Fazia mais de seis horas que estavam nos processos da transfusão. Seis horas que pareciam seis dias ou mais para cada um dos que estavam ali.

Eis que finalmente a médica Shizune apareceu diante dos olhos deles. Sua expressão era impassível. Não esboçava nenhum tipo de emoção.

— Tudo correu bem na cirurgia. Naruto já está até consciente. — Ela anunciou e variados urros de comemoração se fizeram no local. Entretanto, a continuidade da frase fez com que contivessem a felicidade — Entretanto, ele vai passar por um período sem conseguir andar. Pela região em que levou a facada, acabou prejudicando os movimentos das pernas. Mas se fizer corretamente a fisioterapia, seguir todas as recomendações médicas.. Há uma grande possibilidade de voltar a andar normalmente.

Por um lado, todos sentiam-se muito felizes e aliviados por saberem que o hiperativo loiro estava vivo e consciente. Entretanto, imaginavam o quanto seria penoso para um rapaz ativo como ele se ver incapacitado de andar.

— E quando é que a gente vai poder vê-lo? — Sakura estava preocupada. Queria vê-lo. tocá-lo. Saber como ele se sentia, o que havia acontecido.

— Bom, na verdade.. Já está liberado para visitas. Antes de vir falar com vocês, deixei-o por lá se recuperando por algum tempo. A Kushina está repousando em um outro quarto, mas está bem também! — Informou Shizune. — O número do quarto que Naruto está é 301 e Kushina está em outra ala, no 401. Caso forem vê-los, peço para entrar no quarto de uma a três pessoas, no máximo quatro.

Todos assentiram e puseram-se a caminhar apressadamente rumo ao quarto de Naruto. Se organizaram com relação a ordem das visitas.

Então o primeiro grupo adentrou o quarto. Era a família dele: Iruka, Kakashi e Konohamaru.

E sem perguntar nada, sem dizer uma palavra, Iruka pôs-se a abraçar Naruto com um pouco mais de força do que ele podia aguentar naquele momento. Lágrimas corriam por sua face; lágrimas de alívio como as de uma criança ao reencontrar os pais após ter se perdido deles. Mas o rapaz — ainda que resmungando de dor — recebeu aquele abraço com um sorriso no rosto.

Podia imaginar o sofrimento de Iruka, tão afetuoso e preocupado. E também a dor do Kakashi e do Konohamaru. Deduziu que seria parecida com a dele mesmo se algum dos três se encontrasse em estado de coma.

Konohamaru juntou-se ao abraço e chorou da mesma maneira que Iruka e movido por um sentimento parecido.

Naruto ainda sorria, um pouco sem jeito com todo aquele carinho, mas principalmente feliz e grato pela vida. E também por ter quem se importasse tanto com a vida dele.

— Calma lá, gente. Cês não devem chorar, não. Cês devem é sorrir que tô aqui, pô. Inteiro.. ou quase. — Comentou na tentativa de amenizar o clima.

— Seu idiota! Já não sei se te abraço ou se te dou um soco! — Respondeu Konohamaru, limpando as lágrimas, afastando-se um tanto e fechando a mão para ameaçar agredir o irmão, que aumentou o sorriso com a resposta do caçula.

— Eu sabia que você ia ficar bem. — Kakashi aproximou-se um tanto de sua família, especialmente de Naruto. Ele sorria com os olhos quase fechados acompanhando o movimento dos lábios. Excepcionalmente, não usava nenhum cachecol ou faixa cobrindo parte do rosto naquele dia.

Naruto pôde notar o alívio no tom de voz e na expressão de Kakashi. Sabia o significado das palavras dele e o mundo de afeto que havia por trás delas. E retribuiu o sorriso na mesma proporção de carinho daquele que recebeu.

Após um longo e apertado abraço, Iruka acabou por soltá-lo.

O loiro estava um pouco mais quieto do que o habitual. Estava realmente contente por despertar. Era como nascer de novo. Entretanto, a notícia de que não conseguiria movimentar suas pernas — por sabe-se lá quanto tempo — lhe atormentou.

Ele olhava para baixo. Analisava o próprio corpo. Tentava levantar-se e não conseguia de maneira alguma. Sentia um leve formigar nas pernas, e só. Aquilo o angustiou imensamente.

Os outros perceberam a luta silenciosa de Naruto. E impulsivamente, Iruka questionou:

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— O que aconteceu, meu filho? Quem te deixou nesse estado?

E então, Naruto passou a relatar passo a passo da noite anterior.

É que ele fora realizar um ensaio num bairro perigoso, o bairro Ame. Quando acabou de fazer as fotos já era tarde e seu celular encontrava-se desligado. Nem se preocupou em tentar contato com alguém para dar notícias, pois já estaria a caminho de casa, mesmo.

Entretanto, quando o rapaz se preparava para partir, abordaram-no pedindo sua câmera e sua moto. Seu instrumento de trabalho e o seu meio de transporte. E ele relutou, culminando numa briga. O homem que o abordou não tinha arma de fogo. Entretanto, estava com uma faca e não hesitou em enfiá-la nas costas de Naruto, abandonando-o agonizando e sangrando.

Isso era tudo o que se lembrava. Foi doloroso para o jovem reviver aquele momento e doloroso para a família dele ouvir aquela história.

Então para tentar desanuviar um tanto aquele clima pesado, Kakashi começou a falar sobre os tratamentos que conhecia. Os tipos de fisioterapia, as adaptações que poderiam fazer em casa. E por mais que ainda fosse um tanto difícil para Naruto de lidar, era bom saber que existia uma perspectiva. Que a vida dele seria diferente de muitos que não conseguiam andar e não tinham nenhuma possibilidade de fazer um bom tratamento e as demais facilidades que ele teria.

E por mais que Kakashi, Iruka e Konohamaru quisessem passar o resto do dia e de todo o tempo de Naruto no hospital no quarto com ele, sabiam que precisavam dividir o tempo com as tantas outras pessoas que se importavam com o rapaz. Apesar disso, queriam adiar o momento em que Minato e Kushina entrariam lá. Até mesmo o Konohamaru após a chegada deles mudou um tanto, precisava de explicações. Temiam ainda mais a reação de Naruto.

Após a saída da família, adentrou no cômodo a dona dos cabelos róseos e olhos verdes, aquela cuja existência lhe aquecia o coração. No exato segundo em que ela passou pela porta, um incontrolável sorriso bobo se desenhou na face de Naruto e suas maçãs do rosto se tingiram de um rubor intenso.

Sakura estava acabada. Ainda com as roupas da noite anterior. O cabelo desgrenhado, olheiras profundas. Olhos inchados e vermelhos após muito chorar. Mas a única coisa que ele enxergou naquele momento foi uma garota que sofreu muito por pensar em perdê-lo e que esteve o tempo todo lá torcendo pela vida dele. Não precisava que ninguém lhe contasse para saber disso. Simplesmente sabia.

— Nunca mais nessa vida me dá um susto desses, seu idiota! — Ela aproximou-se de Naruto e lhe um cascudo na cabeça que foi seguido pelo som dos gemidos de dor dele. Em seguida encaixou seus braços ao redor do pescoço do amado loiro, sufocando-o um pouco. A dor ainda latejava em todo o corpo do rapaz, mas parecia tão insignificante diante do calor que sentiu dentro daquele abraço.

— Sabe como é, mulher.. Não podia morrer ainda. Tenho uns sonhos pra realizar. Tipo ver a ONG crescer, fazer a diferença na vida dos menó. E também lutar pela queda dos portões e classes que dividem Konoha. Progredir na fotografia. Casar e ter filhos com a mulher que eu amo.. — Na última frase, o tom dele foi carregado de insinuação e Sakura notou. Os grandes olhos azuis de Naruto analisavam a reação da rosada.

— Posso saber quem é essa mulher? — Ela soltou-se do abraço. Colocou as mãos na cintura e os lábios se converteram em um bico. Tentava fingir estar brava.

— Ela é linda! Tem um cabelo cor-de-rosa que eu nunca vi igual. E os olhos verdes? Parecem aquela jóia lá.. Qual que é o nome mesmo? Ah, acho que é esmeralda! Isso, esmeralda. Além de terem a mesma cor dessa jóia, são tão preciosos quanto. Na verdade, pra mim até mais preciosos. E não é só a aparência dela que me deixa doido, não. Mesmo sendo assim toda bravona, tem um coração grandão, que cabe bastante bondade. Bastante preocupação comigo e com quem tá do lado dela. E até com quem não tá! É minha melhor amiga, minha parceira. A gente se viu crescer, amadurecer. Crescemos juntos em vários sentidos, na real. E eu podia passar o dia, a vida fazendo elogios e falando coisas boas sobre ela e ainda num seria o suficiente.. — O tom de Naruto ao proferir cada uma dessas palavras foi carregado de muita paixão e de muito carinho também.

— Como cê pode falar coisas tão bonitas logo depois de sair de um coma, Naruto?! — Sakura questionou surpresa, em tom brincalhão e cheia de amor no coração após ouvir aquela declaração.

— Cê me inspira! — Naruto sorriu e retribuiu o tom brincalhão. Mas ambos sabiam que havia muita verdade no que ele disse.

Mesmo em meio ao clima leve e feliz, algumas lágrimas começaram a escorrer dos grandes olhos de Sakura. Ela pensou em muitas formas de responder, mas não era tão boa com as palavras quanto Naruto. Era melhor com gestos. E foi um gesto que representou o que sentiu ao ouvir aquelas palavras.

A dona dos cabelos róseos foi chegando cada vez mais perto de Naruto. O rapaz não compreendia o objetivo dela. Entretanto, aquela proximidade toda estava deixando suas bochechas coradas. E a garota tinha um sorriso na face ao constatar isso.

Por fim, Sakura segurou o rosto dele entre suas mãos e colou os lábios nos de Naruto, adentrando com a língua na boca dele. Mesmo um tanto surpreso e confuso, o rapaz correspondeu e suas línguas se entrelaçaram, movimentando-se em sincronia. A boca machucada do loiro doía, mas o carinho na alma que os lábios macios de sua amada proporcionavam fazia a dor valer a pena.

O beijo só teve um fim quando lhes faltou fôlego. E ao se separarem, ambos encontravam-se com as maçãs do rosto tingidas de vermelho intenso.

Antes mesmo de falarem qualquer coisa, a porta foi aberta acompanhada pelo som de batidas e de uma voz bastante conhecida pelos dois soando no ar:

— "Toc toc". — Era a garota loira e animada que eles amavam, mas que naquele momento se fez bastante inconveniente. Ela observou a expressão de constrangimento deles e deu continuidade com um sorriso malicioso no rosto — Tô atrapalhando alguma coisa?

Nem esperou uma resposta e adentrou o cômodo com flores na mão e acompanhada de Shikamaru, Neji e Sasuke. Shikamaru, também bastante astuto, comentou:

— A gente até queria dar tempo pra vocês trocarem ideia, sabe.. — Ele não olhava diretamente para os amigos e sentia-se constrangido também. Coçava a cabeça sem jeito ao prosseguir em sua fala: — Mas é que não tem muito mais tempo do horário de visita disponível e a gente num queria ficar sem te ver, mané.

Ao ouvir as palavras de Shikamaru, Naruto riu. Em partes sem graça, em partes contente pela consideração dos amigos. E antes de respondê-lo, olhou para Sasuke e suas sobrancelhas se arquearam:

— Ué, o que esse cara tá fazendo aqui?! — Questionou, apontando para ele.

Sasuke fez um bico e desviou os olhos. Ino riu e respondeu sem embaraço:

— A gente ia ter um encontro hoje.

Sasuke corou levemente. Não esperava que a garota expusesse o fato na frente de todos.

— Cê num tem juízo mesmo, Ino! —Naruto disse com um tom de repreensão e em seguida suspirou.

— Nunca te fiz nada, Naruto. Cê nem me conhece. — O rapaz alto e magro de cabelos escuros encarou Naruto com seus puxados olhos negros. Também cruzou os braços e abandonou um tanto a postura contida que estava mantendo até então.

— Todo convencido e esnobe nos eventos de skate que fotografei! Isso sem falar no que dizem, né.. — Naruto provocou e desafiou-o também.

O rapaz pálido e olhos perolados se manifestou:

— Ei, ei. Também não vou muito com a cara dele. — Confessou Neji — Mas ele veio aqui e ficou o tempo todo com a gente esperando, tá ligado? Poderia ter ramelado, ido embora.. Mas ficou. Então sei lá, ao menos nosso respeito ele merece.

Shikamaru assentiu, concordando com o amigo. Naruto revirou os olhos e fez um bico. Entretanto, o argumento de Neji fazia sentido. Além disso, aquele era um momento para comemorar e não para arranjar brigas.

Então Naruto novamente contou tudo sobre a noite anterior. Contou também sobre a perda temporária do movimento das pernas. Repetir tudo foi doloroso, mas sabia que era necessário, que era um dos passos para conseguir lidar e encarar a situação.

Alguns minutos depois, os amigos e a amada tiveram de se despedir e deixar o quarto. Naruto passaria a semana em observação e recebendo variados tratamentos. Sakura comprometeu-se a visitá-lo dia após dia. Shikamaru, Ino e Neji, atolados com seus trabalhos e estudos, prometeram ir ao menos duas vezes naquela semana. Sasuke não disse nada a respeito.

Naruto ficou aguardando. Sabia que logo Tsunade e Jiraiya entrariam ali.

Enquanto aguardava, refletia sobre tudo o que havia acontecido dentro das últimas vinte e quatro horas. Estava vivendo uma intensa oscilação entre momentos bons e momentos ruins. E o rapaz nem mesmo imaginava o que ainda estava por vir.

Quanto ao grupo que saiu do quarto em que o amigo encontrava-se instalado, estavam mais leves. Por mais que Naruto tivesse algumas limitações que seriam difíceis de lidar por algum tempo e isso os preocupasse em algum nível, é fato que a alegria por ele permanecer vivo era bem maior.

— E então? O que vão fazer agora? — Perguntou Ino. O dia foi sofrido e ela desejava fazer algo para relaxar um pouco.

— Tenho que ir pra casa. Meus pais me matam se eu passar mais um minuto longe das minhas obrigações.. — Sakura reclamou. Não queria voltar para casa e enfrentar a situação tensa que estava vivendo com os pais, mas não tinha outra alternativa, afinal.

Shikamaru suspirou, estalou os dedos e espreguiçou-se antes de responder:

— Preciso estudar. Preparar umas atividades pra ONG e pro meu estágio, também. Complicado. Preferia só sentar num pico qualquer e ficar observando o céu.

— Preguiçoso! — Ino e Sakura responderam em uníssono. Neji e Sasuke riram fracamente.

Shikamaru pensou em resmungar por causa do comentário delas, mas refletiu por mais um instante e se deu conta de que tinham razão, por esse motivo acabou por dar de ombros.

— Tem algo que eu preciso fazer.. — Neji respondeu sem entrar em detalhes sobre o que faria. Passou o dia todo criando coragem para propor que o encontro entre ele, Hanabi e Hinata acontecesse naquele fim de tarde de domingo.

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Ino bufou, um tanto quanto emburrada pelo fato dos amigos não estarem dispostos a acompanhá-la naquele momento.

— Ahh, a minha mãe vai ficar aqui pra visitar o Naruto e dar um suporte pro Iruka. Daí agora eu tô meio que sem ter o que fazer. Não queria ir pra casa. Queria me distrair um pouco.

Sasuke aproximou-se dela e disse baixinho, em uma tentativa falha de que os outros não ouvissem:

— Eu tô livre, Ino.

A loira corou e sorriu. Os outros riram discretamente. Sabiam que Sasuke era orgulhoso e também respondão, por isso decidiram deixar para lá e não fazer piadinhas a respeito.

— Vamos fazer algo, então. — Ela respondeu e entrelaçou os dedos aos do moreno, que se surpreendeu, mas não protestou.

Ao chegar na saída do hospital, todos se despediram e cada um seguiu o seu caminho.

— Moleque, cê é durão mesmo, hein?! Não tem meu sangue, mas realmente puxou a mim! — Jiraiya comentou, contente por ver o seu afilhado bem.

— É, meu velho.. Sou praticamente uma versão melhorada de você. — Naruto provocou, rindo. Tsunade e Hirochi o acompanharam no riso e Jiraiya revirou os olhos e fechou a cara.

— Estou feliz que esteja bem, Naruto! — Hirochi disse com toda docilidade e sinceridade. O jovem agradeceu.

Tsunade não queria quebrar o clima amistoso, mas o seu senso de responsabilidade era forte e não poderia deixar de falar a respeito da ONG.

— Naruto, quanto às suas responsabilidades com a ONG.. Pode ficar despreocupado, viu? Podemos adiar o curso de fotografia e vou tentar supervisionar os outros do seu departamento.

— Não, vovó Tsunade. Eu tô vivão, pô! Só não posso andar, mas tô vivo. Posso seguir fazendo tudo o que eu fazia.. Só com umas limitações. — Rebateu Naruto, estremecendo um tanto na última frase. Analisando a face e o tom de voz era possível constatar a determinação costumeira do loiro.

— Algo me dizia que essa seria a sua resposta.. — A bela senhora sorriu com carinho para o rapaz. E deu risada ao prosseguir com sua fala, olhando para o marido cheia de provocação: — Realmente, uma versão melhorada do Jiraiya.

Conversaram por mais algum tempo, entre brincadeiras e assuntos mais sérios. Por fim, havia chegado o momento de se retirarem. Antes de saírem do quarto, Jiraiya alertou:

— Tem mais uma visita para você, Naruto.

E ao final de sua frase, Minato apareceu na porta.