Finding a Dream

A Batalha


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A adrenalina percorria por suas veias de forma incontrolável. Suas mãos e cascos despejavam toda a raiva em gestos violentos na carne dos seus inimigos. Seus gritos perfuravam os tímpanos dos telmarinos. O gosto da vingança não era frio, senão quente, assim como o sangue do inimigo respingando em seus rostos.

O pai dos centauros foi o primeiro narniano a destroçar um dos malditos inimigos com um corte da espada que atravessou sua garganta e o outro voou para longe com o soco que o animal havia desferido. Os outros centauros repetiam os mesmos gestos do pai. O loiro aproximou-se de um e com toda a amarga raiva que consumia em si, deixou-a fugir e ela dominá-lo, capaz de matar dois soldados seguidamente com apenas um único ataque de sua espada. O minotauro aproveitava de suas armas naturais para lutar, além do machado. Perfurava os órgãos do inimigo com seus belos e perigosos chifres e dando ao menos o "prazer" dos soldados sentirem a textura e a grossura dos mesmos antes de morrerem. Os ratos, mesmo que invisíveis por conta de outros oponentes fortes demais, não deixavam de fazer sua parte. Subiam pelas pernas dos soldados e rapidamente cortavam sua garganta ou o liquidavam com uma profunda fincada no coração, mas também perdiam suas vidas como ratos naturais: chutados para longe e com a consciência perdida ao serem esmagados por pés ou armas sem piedade. O moreno não parecia sentir remorso de tirar a vida daqueles que teriam sido seus leais soldados de seu exército. Poderiam pensar que o arco e flecha não era uma boa arma em uma luta corpo a corpo, mas a rainha fazia parecer que sim. Com as flechas na própria mão, esquivava-se e as fincava nas partes descobertas dos soldados. Quase tivera a cabeça cortada por um, mas agachou-se e enfiou uma de suas flechas na virilha do inimigo. Com outra em mão, atirou com perfeição, atravessando a malha de ferro do inimigo e deixando que o sangue do coração saísse da circulação ideal. Os faunos tinham as pernas mais habilidosas, capazes de fazerem com que dessem piruetas e extensos saltos, chegando de surpresa pela retaguarda dos telmarinos e os derrotassem de forma rápida e simples. A lâmina de suas armas abria uma parte da carne dos seus inimigos e o deixavam jogados, prestes a se afogarem em suas próprias poças de sangue.

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Subia rapidamente.

O suor escorrendo pelo rosto, a transpiração grudando suas roupas em sua pele e os músculos esquentarem pela força proposta a eles. A escada subia em espiral e mesmo que tivessem várias tochas pregadas nas paredes, todas estavam apagadas. Subia os degraus de dois em dois, sem saber para onde ia ou o que iria fazer. Apenas ouvia sua intuição gritar-lhe em sua mente, "Continue! Não pare! Continue!". Mas quando viu uma luz refletir na parede. Apertou os lábios e continuou subindo, mas parou no mesmo instante quando bateu no peito de um soldado. O mesmo arregalou os olhos e retirou a espada. Ela girou as adagas e sorriu maliciosa, mesmo que seu coração estivesse dando pulinhos de nervosismo. Ele atacou por cima, mas ela se esquivou abaixando-se e logo cravou uma das adagas na virilha do homem. Este soltou a espada e deixou que um grito de dor escapasse por entre os dentes. Ela tentou escapar, passando por ele e voltando a subir, mas sentiu ser puxada pelos cabelos. Suas adagas caíram no chão quando ela abriu as mãos por conta do susto. Em seguida suas costas chocaram-se contra a parede e ao abrir os olhos o soldado tinha a fúria faiscando nos olhos e manejava uma pequena faca com a mão esquerda. Sua respiração acelerou-se.

–-Ora, ora, quem diria? Uma garota?- ele sussurrou, divertido e baixou a mão direita pela cintura da mesma.

Ela crispou os lábios em sinal de nojo. Ele encostou a ponta da lâmina na boca dela e desceu pelo canto direito pressionando-a levemente. Um rastro de sangue brotava e seguia o curso da faca. A loira tinha os olhos fechados. Antes que a o homem descesse para o pescoço, um grito distante soou e ele distraiu-se, deixando a oportunidade que a loira ansiava. Ela tombou a cabeça para frente com força e chocou-se com a do soldado a sua frente. O mesmo cambaleou para trás e pisou em falso em um degrau inexistente. Ao cair-se, ela chutou-lhe no rosto e o mesmo soltou um grunhido de dor. Ela levantou a saia até o joelho, deslizou a adaga maior pela perna e virou o homem para que pudesse olhar nos olhos negros e furiosos.

–-Sim. Sou uma garota.

Ergueu a arma no alto e desceu em direção ao peito do telmarino. Os olhos pareciam saltar e mesmo que estivesse com a boca aberta, nenhum som emitiu dali. Quando ele parou de tremer, seus olhos tornaram-se estáticos e a saliva escorria da boca, ela levantou-se, limpou o líquido no tecido da saia e guardou na bota novamente. Juntou as adagas do chão e voltou a subir as escadas sem chorar.

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–-Arqueiros! Escolham um alvo!

Acima do pátio, vários telmarinos posicionavam-se com suas bestas, à espera da ordem para atacar. Tão quieto quanto um gato escondido, o moreno estava acima de alguns arqueiros, escondido por um telhado. Ao ver que o arqueiro à sua frente pretendia atingir seu irmão, o moreno pulou e escorregou em direção ao telmarino. Com um chute em suas costas, este caiu pela borda tendo como uma última sensação, o grito ecoar pelo pátio junto a tantos outros e as costelas quebradas ao aterrissar no chão. O acontecido chamou a atenção do loiro e ao levantar os olhos, berrou.

–-Ed!- parecia nervoso.

Ao virar-se, o moreno engoliu em seco. Poderia ter salvado a vida do irmão, mas quem iria salvá-lo de um grupo de seis arqueiros guriosos com as flechas à postos? Deu meia-volta e atirou-se contra uma porta que levava para uma pequenina torre. Estava trancada.

–-Por Aslam! Abre porcaria!- disse, forçando a porta.

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Ouviu o som das bestas sendo preparadas. Os guardas não tinham pressa, afinal, a presa estava encurralada. O moreno fechou os olhos e apertou os punhos. Nada como morrer com uma meia dúzia de flechar penetrando na carne das costas. Então, um rangido mistou-se ao som das bestas, berros, espadas e o rei sentiu-se ser puxado para frente com brutalidade. Ao abrir os olhos, o viu era uma escada que descia iluminada pela precária luz da tocha pendurada na parede. Seu corpo foi jogado para o lado e sentiu bater-se com violência na parede. A porta foi fechada. Uma voz reverberou na escuridão e seus pelos da nuca arrepiaram. Porém, não era de medo.

–-Você está bem?

–-Irina?!- perguntou, surpreso.

Uma parte do rosto da loira estava iluminado pela pouca luz que a tocha proporcionava. A outra estava escondida na penumbra. Da sua boca, um filete de sangue seco traçava uma linha que descia pelo pescoço. Ela abaixou o olhar e empurrou a tranca Assim que ela deixou as mãos escorregarem da porta, a mente dele deu um estalo e ele a puxou para si, antes que as flechas atravessassem a madeira e atingissem o delicado rosto dela. Baques silenciosos seguiram-se repetidamente, enquanto Edmundo apertava a menina contra seu peito, juntando o seu calor com o dela. As flechas cessaram e o único som seguinte foram gritos e a continuação de sons metálicos. Ele respirava descompassadamente. Tombou a cabeça para trás, apoiando-a na parede e passou as mãos pela carne macia do rosto. Era surreal acreditar que segundos atrás estava a mercê da morte, mas estava acostumado com aquela sensação. Todavia, não podia prender a euforia e o alívio de estar vivo. Ela retirou a cabeça apoiada do ombro dele lentamente e quando ele deixou as mãos penderem ao lado do corpo, percebeu que os ombros dela tremiam ligeiramente. Seus olhos estavam perdidos no chão. Estava ansioso para deixar seu dedo levantar o queixo dela e fitá-la mais uma vez, mas para sua surpresa, ela subiu o olhar em dirção ao seu sozinha.

–-Iri...- ele disse, sorrindo, mas foi impedido de terminar a frase por conta do tapa desferido em sua bochecha.

–-Qual seu problema?! Queria morrer?!- ele virou-se e poderia ter rido da expressão de raiva no rosto dela, mas somente gemeu de dor.

–-Ai! Por que fez isso?

–-Para ver se a sua circulação de sangue aumenta e ajude os seus miolos a funcionar!- ela disse agitando os braços, guardou a adaga ensanguentada no cinto e voltou-se para a direita, descendo as escadas íngremes. Não vou deixar esta passar!, ele pensou e saiu atrás dela. Segurou-a pelo braço após descer os degraus às pressas e a puxou tão forte que a fez virar-se para si. Ela arfou quando suas mãos bateram no peito dele e suas bocas estavam a centímetros. Não havia luz onde estavam, apenas podia se ver um resquício da luz degraus acima. O rosto dele contra a luz fazia com que suas sardas escondessem no escuro e deixavam que o sorriso sobressaísse. Mesmo estando suja e suada, os olhos dela não terem o mesmo brilho de criança de antes, eles continuavam encantando-o. Ele levou uma mecha da loira para trás da orelha.

–-Está linda.- sussurrou.

–-Ah, majestade, por favor!- antes que ela escapasse, ele a segurou firme.

–-Por que gritou?

–-Porque você é um imbecil.- disse e cruzou os braços sobre o busto, embravecida.

–-O que eu fiz?!

–-Para começar, sua majestade, não me permitir vir a batalha. Não tinha o direito! E o que tens na cabeça para ter ficado ao lado do inimigo sem saída e sem arma?! Está com os miolos derretidos?!- começou, balançando a cabeça e os ombros nervosamente, de vez em quando revirando os olhos.

Ele poderia ter berrado uma resposta plausível e até mesmo irônica, mas apenas sorriu mais uma vez.

–-Agradeço pela preocupação.

–-Não fiquei preocupada!- disse ruborizada.- O senhor não é meu rei.- ela continuou, voltando ao primeiro ponto.

–-Verdade.- ele disse, olhando para o teto.

–-O senhor não é meu irmão.

–-Exato.- balançou a cabeça.

–-Nem meu pai.

–-Concordo.

–-Nem meu dono.

–-Talvez.- e sorriu divertido e ela corou.

–-Não é nada meu!- disse, dando ênfase a frase.

Ele levantou um dedo indicador, pedindo silêncio de cabeça abaixada e olhos fechados. Ela arqueou uma sobrancelha, estranhada. Ele deu um passo para frente e sem ela perceber, ele já estava com os narizes se roçando. Ela prendeu a respiração, descruzou os braços com a surpresa e espalmou as mãos para trás, encontrando a parede. Ele baixou o dedo e abriu os olhos. Brilhavam de carinho, ansiedade e um leve resquício de malícia.

–-Ainda não.

Tão rápido quanto a flecha cruza o ar durante uma guerra, ele colou os lábios rosados nos finos dela. Ela arregalou os olhos com o susto, mas não impediu que as mãos dele contornassem sua cintura e a puxasse mais para perto do seu corpo. Logo, os dedos dela bagunçavam e infiltravam-se nos fios negros dele. Suas línguas dançavam em perfeita sincronia. Ele subiu uma das mãos pelas costas dela até achar sua nuca e prensá-la contra a parede. Ela suspirou em meio ao beijo e deliciava-se com o cheiro dele entrando pelas suas narinas. O desejo dele era que pudesse sempre embriagasse das delicadas palmas dela acariciando seu rosto e do peso das mesmas apertando seus ombros. O calor dominava seus corpos. Ele sentiu o gosto de sangue em sua língua, mas não poderia separar-se dela mais uma vez. Ele a empurrou mais uma vez contra a parede e ela deixou um suspiro de gratidão escapar. Ela arranhou a nuca dele. Ele atreveu-se a subir uma das mãos pela barriga dela, mas ela o deteve cravando as unhas em sua mão. Ele mordeu o lábio dela. Ela sorriu e desconjuntou os lábios.

–-Que modos, majestade.- sussurrou.

–-Por que não?- ele perguntou, ainda em transe.

–-Eu não disse que não.- disse, próximo a orelha dele.- Mas agora não terá como.- e arriscou, beijando o pescoço.

–-E por que não?- disse e abriu os olhos. Ela o encarava fixamente.

–-Estamos em uma guerra.- sorriu, sarcástica.- Não é o momento.- o empurrou e voltou a descer.

Ele correu para alcançá-la, desejando mais uma vez ter o calor e a boca dela. Ao saírem para um corredor, puderam ouvir gritos, lâminas chocando-se e o vento acariciar seus rostos. Ele virou-se para ela e antes que pudesse dizer algo, ela o empurrou para um lado e ele viu, estirado no chão, ela cruzar as adagas em um x e uma espada forçando passagem. Ela levantou o joelho entre as pernas do homem que deslizou a espada para o chão e a outra mão em direção a dor. Ela segurou a cabeça do telmarino, puxou para trás e enfiou a outra adaga na garganta do mesmo. Soltou-o e deixou que o corpo caísse no chão frio e limpo.

–-Golpe baixo.- ele disse, sorrindo.

–-Em uma guerra- ela estendeu uma mão para ele-, o que importa é a vitória.- e o puxou para si.

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–-Voltaremos a nos ver?- ela sorriu e tascou-lhe um rápido encostar de lábios.

–-Por que não?- virou-se e correu para fora, em direção ao pátio, com os cabelos esvoaçando ao vento e a esperança renascendo na alma.

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