Final Fantasy X-3 - Os Hinos

Capítulo 14 - A Verdade


Com o cão de fogo, Ifrid, à sua frente, uma mão a segurar o bastão e a outra, a tremer, na de Tidus, Yuna parecia um pouco descontrolada, e Rikku e Paine viam isso. Ela estava desesperada e, não devia ser bom estar descontrolada em frente a uma Invocação poderosa como aquela.

Sua Lenne estivesse ali, diria-lhe que aquela tinha sido uma ideia horrível porque, ao invocar Ifrid, tinha confirmado que as fés estavam de volta, tal como as Invocações, que ela conseguia controlá-las e, por conseguinte, devia ter alguma coisa a ver com isso.

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A Nova Ordem estava agora um passo mais perto de descobrir que Tidus era um “não-enviado”, tal como o próprio sonho. Mas Lenne não estava ali. O único que estava ali era a pequena fé, escondida atrás de uma pedra, e ela recusava-se e intervir naquela situação.

Com uma Invocação em seu poder, Isaaru decidiu que também era melhor afastar-se um bocado. Os guardas que tinham ido com Balarai também estavam a pensar na mesma coisa, mas não podiam fugir enquanto as armas de Rikku e Paine estavam-lhes apontadas.

Tidus estava severamente confuso com aquela situação. Mas, ao sentir a mão de Yuna a tremer, também estava preocupada com ela. Wakka também estava confuso mas parcialmente chateado por Yuna não lhe ter contado o que raio se estava a passar. E, por ter sido practicamente ele a criá-la, Wakka era o único que estava sem um pingo de medo. Foi por isso que se aproximou de Yuna sem hesitar, apesar de Ifrid olhar para ele de lado quando ele o fez.

Yuna estava com os olhos dilatados, fixos em Baralai, pronta para atacar, caso ele fizesse algum movimento. Por isso assustou-se quando Wakka lhe tocou no braço que sugarava o bastão e quase saltou, fazendo Ifrid rosnar a Wakka.

Ela olhou para Wakka, ainda com os olhos dilatados e desfocados.

– Está tudo bem, Yuna. – garantiu Wakka, antes de fazer alguma pergunta, já que ela era uma bomba prestes a explodir – Eles não te vão fazer nada. Nem a nenhum de nós. Porque é que não deixas o Ifrid ir? Vamos voltar para Besaid. – ele olhou para Baralai – Certo?

Já que tinha que tinha medo de anuir com a cabeça, Baralai respondeu “Certo”. Mas Yuna não parecia convencida. Agora eles já sabiam que aquilo tinha alguma coisa a ver com Tidus. Tidus já sabia que aquilo tinha alguma coisa a ver com ele e a fé tinha dito claramente que, se ele começasse a lembrar-se da sua vida em Zanarkand, ia começar a esquecer-se da sua vida com ela.

O que é que podia fazer?

– Eu sei que não queres atacar ninguém. – continuou Wakka – Baixa o bastão.

– Vamos, Yuna. – reforçou Tidus – O Brother está aqui. Podemos voltar para Besaid na nave dele.

Paine e Rikku não disseram nada, uma vez que tinham prometido a Yuna que iam ficar do lado dela. Limitavam-se a apontar as armas aos guardas.

– Eu sou a única que pode Invocar as fés. – murmurou Yuna – Por isso, nem tentem ir aos Templos. E não venham atrás de nós.

Dito isso, Yuna baixou o bastão e Ifrid desapareceu.

– Como Invocadora Suprema, esta é a única ordem que alguma farei. – disse Yuna – Não nos incomodem. Vocês devem-me isso. Toda a gente de Spira me deve isso.

Dito isso, Yuna virou as costas, de mãos dadas com Tidus e saiu de Zanarkand em direcção à nave de Brother, fazendo de maneira a Wakka nem Tidus vissem os pyreflies a entrarem para dentro de Tidus. Yuna já tinha contado o que acontecia, por isso elas não ficaram surpreendidas mas, Baralai ficou de boca aberta.

– Afinal quem é que é o responsável? – murmurou Baralai, para si mesmo – A Invocadora ou o jogador?

...

Lenne suspirou.

Depois de deixar os amigos em Besaid e de pedir a Paine e à prima para cuidarem do Tidus e o manterem longe do Templo, Yuna pedira a Brother para levá-la às Farplanes e era lá que estava agora, agachada, em frente a Lenne, que também se encontrava agachada, com a pureflies a voarem à sua volta.

– Tudo o que fizeste foi errado. – disse Lenne, depois de ouvir o que tinha acontecido – Sabes disso, não sabes?

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Com os olhos virados para o chão, Yuna anuiu com a cabeça.

– Tu “ordenaste” que eles te deixassem em paz. – Lenne abanou a cabeça – Tu sabes que isso nunca vai acontecer. Mesmo que já tenhas salvado Spira duas vezes, eles podem deixar-te em paz, mas não sabem que foi praticamente o rapaz que trouxe a Calma Eterna, por isso não o vão deixar em paz. Principalmente depois do que viram. O rapaz também vai começar a fazer perguntas.

– Eu sei! – exclamou Yuna, levantando-se – Mas o que é que eu posso fazer!

Lenne levantou-se lentamente.

– Esta seria uma boa altura para o “enviares”. – disse Lenne, suspirando outra vez quando viu o olhar de Yuna – Que Invocações é que tens mais?

– Para além do Ifrid? – perguntou Yuna, vendo Lenne anuir com a cabeça – Tenho o Ixion.

– Muito bem. Eu não sei o que fazer. – confessou Lenne – Mas acho que vi a Yunalesca lá em baixo. Vou tentar falar com ela e ver se ela nos pode ajudar. Passa por aqui aqui amanhã.

– Achas mesmo que a Yunalesca nos vais ajudar? – perguntou Yuna, um bocado surpreendida por Lenne ter visto Yunalesca – Eu matei-a.

– Não te preocupes. – pediu Lenne, sorrindo – O mínimo que posso fazer como a tua outra metade é tentar, certo? E também sei o que é querer ficar para sempre ao lado daquele que amamos.

Yuna anuiu com a cabeça e esperou que Lenne desaparecesse para voltar para a nave. A viagem foi silênciosa. Yuna sabia que Lenne era uma Invocadora com bons príncipios e, por isso, provávelmente, devia sentir-se desconfortável ao ajudá-la a manter um “não-enviado” no mundo dos vivos.

Talvez estivesse a ser egoísta mas, sempre que via Tidus, não se importava que as pessoas achassem que ela estava a comportar-se como uma criança.

Ainda assim, sentia-se mal e aquele vái-e-vem de emoções cansava-a e confundia-a. Se o pai estivesse no lugar dela, provávelmente “enviaria” a mãe. Não, tinha a certeza que era isso que ele faria e a mãe iria confortá-lo e dizer-lhe que era o correcto a fazer. Sim, era isso que eles fariam.

Não os tinha conhecido, por assim dizer. Mas, pelas histórias que tinha ouvido deles, sabia que seria aquilo que eles fariam. Sem dúvida.

Comparada com os seus pais, ela era um falhanço.

...

Tidus estava a olhar para Yuna há mais de trinta minutos, mas ela continuava em silêncio. Passaram-se mais quinze minutos até ela dizer alguma coisa.

– Amanhã vou ter de sair. – murmurou Yuna, fazendo Tidus cruzar os braços.

– Não vou perguntar onde vais. – disse Tidus – Mas porque é que puseste a Rikku e a Paine a cuidarem de mim onde foste onde quer que foste?

Yuna não respondeu.

– Está a acontecer outra vez. – disse Tidus, levantando-se – Estás a manter segredos e, pelos vistos, eu não sou de confiança.

Yuna abriu a boca quando ele virou costas, mas ele tinha saído, antes de ela ter tempo de dizer alguma coisa ou inventar alguma desculpa.

...

Na manhã seguinte, Yuna não conseguiu encontrá-lo em lado nenhum. Até foi ver ao Templo, mas ele parecia ter deixado Besaid.

Em vez de perguntar às pessoas se o tinham visto, decidiu pedir a Brother para tentar localizá-lo mas a resposta dele foi “Eu não consigo localizar “não-enviados””

Um bocado chateada com a resposta, pediu então para a levar outra vez às Farplanes, o que ele fez de bom-agrado.

Quando Lenne apareceu à sua frente, inclinou a cabeça.

– Ele desapareceu, não foi? – perguntou Lenne, sem esperar pela resposta – Porque tu recusaste a responder às perguntas dele.

– Mas eu não posso responder-lhe. – justificou-se Yuna – Se eu lhe contar ele vai ficar confuso e...

– Ele vai para Bevelle. – interrompeu Lenne, chocando Yuna – Ainda não deve ter chegado lá, já que não tem nave, mas vai para lá.

– Como é que sabes? – perguntou Yuna.

– Porque seria o que o Shuyin faria. – respondeu Lenne – Se ele pensasse que eu me estava a sacrificar por ele e não respondesse ao que ele queria saber, o Shuyin iria definitivamente procurar respostas noutro lugar. Bevelle reponderá às perguntas do rapaz, mais cedo ou mais tarde, ele sabe disso.

– O...O que é que a Yunalesca disse? – perguntou Yuna, com o coração aos saltos. Tidus não tinha nave. Demoraria bastante até chegar a Bevelle.

– Ela estava mesmo chateada por teres recusado ser como os outros Invocadores e teres matado o Sin de uma vez por todas, já que ela acha que o Sin é um elemento essencial para a existência de Spira. – respondeu Lenne – Foi dificil falar com ela sobre o assunto.

– Então ela não disse nada? – perguntou Yuna, desiludida.

– Oh, ela disse. – respondeu Lenne – Ela disse que há uma maneira de o rapaz deixar de ser um “não-enviado” e um sonho.

– A sério? – Yuna sorriu, extremamente contente – Qual é? O que é que eu tenho de fazer?

– Ela não disse. – disse Lenne simplesmente, quebrando as esperanças de Yuna – Ela está mesmo chateada contigo e deve achar que isto é um tipo de vingança.

– Provávelmente deve estar a mentir só para me dar esperanças. – disse Yuna, arrependendo-se imediatamente quando viu a cara de Lenne.

– A Lady Yunalesca nunca mentiria sobre uma coisa destas. – disse Lenne – Como é que podes dizer isso da primeira Invocadora que derrotou o Sin. Ela também teve de sacrificar alguém que amava.

– Ela mentiu-nos e tentou matar-nos quando nos recusamos a fazer o que ela queria. – defendeu-se Yuna.

– Estás certa. A Yunalesca pode ter sido corrompida por todos os anos que esteve ali, sozinha, enquanto dizia o que fazer aos Invocadores que chegavam lá e não faziam perguntas como tu fizeste. – admitiu Lenna – Mas ela era como tu. Uma Invocadora que só queria trazer alguma calma e paz a Spira e que a única solução que encontrou foi sacrificar quem mais amava. Tu arranjaste outra solução mas, se o sonho não estivesse contigo, farias exactamente a mesma coisa que ela fez sem pensar duas vezes. Porque é que achas que o teu pai te chamou de Yuna?

Yuna levou a mão ao colar e olhou para Lenne sem dizer nada.

– Porque tinha esperança que fosses tão bondosa quanto ela. – disse Lenne, respondendo à própria pergunta – A Lady Yunalesca há-de lembrar-se do tempo em que foi como tu és agora, entretanto, tenta manter o “não-enviado” longe de Bevelle.

Quando Lenne desapareceu, Yuna saiu e sentou-se nas escadas. Nem ficou surpreendida quando a pequena fé apareceu ao lado dela.

– Como é que as coisas estão a correr? – perguntou a fé.

– Tu sabes. – foi a resposta de Yuna.

– Sabes, a tua outra metade tem razão. – começou a fé, vendo Yuna fechar os olhos – A Yunalesca era igual a ti. Mas foi tão corrompida pelos anos e pelas mentiras que a Ordem de Yu Yevon dizia aos Invocadores.

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Quando detectou tristeza na voz da fé, Yuna abriu os olhos e virou-se para a fé.

– Eu ia com cada Invocador a Zanarkand e via-os a sacrificar os seus amados. – disse a fé – Das primeiras vezes, os olhos dela enchiam-se de lágrimas sempre que via aquilo mas, ao longo dos anos, começou a habituar-se e é como se não soubesse de mais nada.

– Agora que penso nisso, a Yunalesca foi uma Invocadora. – disse Yuna – O que quer dizer que foste uma das fés dela. Estavas com ela quando ela sacrificou o seu amado, morreu ao lutar contra o Sin e decidiu ficar para trás, em vez de ir para as Farplanes, para ajudar os Invocadores futuros.

A fé olhou para ela durante alguns segundos e depois desapareceu subitamente, como Lenne tinha feito depois de ela ter dito que Yunalesca era má.

Yuna levantou-se, entrou de novo nas Farplanes. Fechou os olhos, pensou em Yunalesca e quando os abriu, lá estava ela. Era óbvio que não era a verdadeira Yunalesca. Aquela era só uma imagem que os pyreflies tinham criado. A verdadeira alma da primeira Invocadora a derrotar o Sin devia estar algures lá em baixo.

Yuna olhou para ela e imaginou a dor que ela tinha sentido quando o seu amado se oferecera para ser o aeon que a ajudaria a matar o Sin.

– Eras má? – perguntou Yuna, à imagem à sua frente.

...

Ao ver Yuna a percorrer a praia à sua procura, Tidus mergulhara no mar até a ver partir na nave de Brother.

Depois de voltar à praia, pegou numa esfera e contactou a Ordem de Yu Yevon.

– Podem dizer ao Baralai que o Tidus quer falar com ele? – pediu ele ao guarda que atendeu – Eu estou na praia de Besaid. Fico à vossa espera.

Depois de acabar a chamada, deitou a esfera fora e olhou para o céu, à espera da nave da Nova Ordem.