Capítulo 7 - Criaturas bizarras

Tudo estava calmo, até certo ponto. Por um segundo, não pude assimilar o que estava acontecendo. No momento em que fechei a porta, um estrondo se manifestou atrás de mim. A maga foi jogada contra a parede e caiu no chão, inconsciente.O homem, que antes poderia ser consideravelmente bonito, tinha se tornado magro ao extremo. Sua pele se tornou cinza, com buracos de infecções surgiram, seus dentes afiaram, seus cabelos tinham despencado de sua cabeça e seus ossos começaram a estalar até que ganhasse dois metros de altura.

— Wendigo! — ofeguei, com a mão no coração, tentei ao máximo ficar longe da criatura

Como eu não senti sua presença?

Procurei meu colar no pescoço, mas me lembrei que o deixei em cima da pia.

Ele virou para mim e rosnou. Numa velocidade muito alta, ele avançou em mim e, no mesmo momento, uma aura laranja me envolveu, como uma barreira. Seu ataque foi falho, pois, ao chegar perto da barreira, seu corpo se chocou e caiu no chão, contorcendo.

A aura emitia um calor. E wendigos são frágeis ao calor. Tão quente, que uma planta que estava na porta começou a pegar fogo.

O wendigo se afastou de mim, ainda rosnando. Todo meu poder focalizou em minha mão direita, meu corpo começou a formigar e resquícios de chama se formaram na palma de minha mão. Ele sabia que eu iria atacar. Correu rápido e feroz, o suficiente para arranhar o chão. Mirei em sua cara e o ataquei com várias bolas de fogo incessavelmente, até que seu corpo se despedaçar. Ele se contorcia, gritava e esperneava, fazia menção de se levantar, mas uma vez que seu corpo não aguentou a dor, ele sucumbiu.

Algo estava errado. Eu estava errada.

A aquela aura laranja permaneceu em mim, de alguma forma, me dava mais poder, força e raiva. Meu corpo formigava e arrepiava, como seu estivesse fazendo um feitiço, mas eu apenas estava parada olhando a aura alaranjada sair de minhas mãos.

— Oh... Akemi, espere um segundo. — ainda com o olhar cansado, os olhos de Naomi seus olhos brilharam e seu cabelo preto arrepiou.

O poder e sabedoria exalava dela, o suficiente para me irritar, por algum motivo. Sem controle, eu a ataquei.

— Spiritus Somnium! — gritou, com uma chama roxa saindo de suas mãos e me atingindo em cheio.

Tudo que senti foi de raiva ao alívio. Estava pronta para sentir o impacto do chão, mas a maga me carregou, me deitou na cama e se juntou a mim, tão cansada quanto eu. Olhando fixamente para o teto, ela fechou os olhos, respirando ofegante. Eu estava muito lenta para perguntar qualquer coisa, eu apenas encostei em sua mão e apertei. Ela respondeu apertando também.

— Nós temos que sair… — disse em voz baixa — Ele não será o único atrás de você agora.

Levantei-me da cama, com o corpo reclamando de dor.

Meu estômago latejava e roncava, mas alguns minutos e eu poderia desmaiar de fome. Por sorte, a pequena luta não estragou ou derrubou minha comida - que continha um bolo de chocolate com a calda achocolatada. Eu estava babando e nem notei. Cambaleei até o carrinho, e sem delicadeza alguma, usei minhas mãos como colher e garfo, pegando um grande pedaço do bolo recheado e engolindo, depois, bebi café puro, não me importando com o sabor amargo, pois o quase me sufocava com o bolo. Parecia um bebê comendo sozinho, toda suja de chocolate.

Para minha surpresa, a porta se abriu revelando Tyler, que me olhava atordoado, dando uma avaliada no quarto e nos restos mortais do wendigo.

— O que…

— Sem tempo — o interrompi — Pegue suas coisas em cima da cama, temos que ir embora. Alguém está enviando monstros para nos matar.

— Okay, saímos em um minuto — disse, então, seu olhar pousou na cama e rosnou para a maga que descansava — Para trás! — ele se impôs na minha frente com suas unhas afiadas.

— Não! — impedi-o de avançar — Ela é amiga! Está aqui graças ao Nicholas.

Seu rosto se contorceu ao ouvir o nome. Me pergunto se os dois tem alguma rixa ou coisa do tipo.

— Ela disse a verdade — Disse a maga, levantando-se da cama e reclamando segundos — Eu tenho uma carta escrita por Nicholas. Sou Naomi, aprendiz dele, e o mesmo exige imediatamente a presença de Akemi Nakamura e do seu guardião — ela se aproximou de nós — Quando cheguei aqui fomos atacadas. Espero que entenda que devemos deixar o mundo dos humanos agora. — ela se aproximou de Tyler e o entregou uma carta.

Ele deu uma olhada da carta, a dobrou de novo e anunciou:

— Partimos agora.

Naomi me olhou sorrindo, dando uns tapas nas minhas costas. Eu gemi de dor.

Aprendiz de Nicholas? Ela parece ser tão forte e sábia, imagina o mestre dela. Mas o que era aquele feitiço que usou em mim?

— Sei que está confusa — ela se posicionou ao meu lado — Quando chegarmos em Swamoris e conhecer Nicholas, poderá ser uma aprendiz dele também! — ela sorriu sem olhar para mim — Ele é um mestre nisso! E é muito gentil, você verá. — Contou, com os olhos brilhando e alegria.

— Blá, blá, blá. Vamos andando. — disse Tyler, levemente irritado. Ele nos empurrou para porta.

— Esperem! — interveio Naomi — Não podemos sair do hotel.

— Por quê? — perguntei.

— Uma passo para fora do nosso quarto, e os sobrenaturais tirariam nossas cabeças como recompensas — ela se virou para nós, confundindo eu e Tyler, foi até a parede branca e a tocou, sussurrando palavras. A parede se rachou do teto até o chão e se abriu, revelando ao que se parecia com o universo - juro que conseguia ver as estrelas e a mistura graciosa de roxo, preto azul e branco — É o portal que Nicholas criou.

— Temos que pular nisso? — perguntou Tyler com a boca cheia de bolo.

Eu nem ao menos vi ele devorando a minha comida.

— Sim — ela se afastou do portal — Quem vai primeiro?

Eu e Tyler nos entreolhamos, engolindo seco.

— Você confia nesse tal Nicholas? — perguntei.

— Sim. — disse por fim, se afastando de portal, pegando impulso e pulou sem hesitar.

Fiquei boquiaberta com a cena que me deu frio na barriga. Naomi esticou a mão para mim.

— Vamos? — incentivou.

Respirando fundo, peguei sua mão tremendo e andei até a enorme rachadura. Ela riu, se afastou, me levando junto, e correu rapidamente

Eu juro que pensei que iria vomitar.