Filha do medo

Esperança.


Derrotar o medo foi fácil.

Difícil foi convencer Philip a sair da floresta (novamente).

–- Escuta, Philip, não sei, nem quero saber quem é você ou o quê está fazendo aqui, só quero que não nos atrase, está bem? – Aimee disse com seu temperamento irritado (perfeito para mandar em pessoas).

–- Não me lembro de ter dito que você poderia mandar em mim... – Ele diz, literalmente desafiando a morte.

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–- Seu... – Barbara segurou Aimee para não haver alguma tragédia.

–- Philip. Saia. Daqui. Agora. – Eu disse, já cansada de discussões.

–- Me obrigue. – Foi a deixa. Apontei a espada quase inutilizada até agora para seu rosto.

–- Pode ter certeza que o farei.

–- Se acalme... Só queria saber o que estão fazendo. – Ele ergueu as mãos, em sinal de rendição.

–- Não te interessa. – Disse, querendo furar a cabeça dele com a ponta da espada.

–- Bem, se não interessasse, eu não te perguntava.

Dessa vez, Barbara teve que me segurar para não haver uma tragédia.

–- Tudo bem, chega vocês três! – Ela nos repreende. – A violência não levará á resposta.

–- Claro que levará. – Aimee diz, cruzando os braços. Concordei mentalmente.

–- Não, não levará. Philip, estamos em uma missão muito importante para as baixinhas aqui. Então, por favor, saia dessa floresta para sua própria segurança.

Ele ri com a ofensa direcionada a mim e a Aimee.

–- Obrigado. Pelo menos uma delas é educada. – Ele provoca.

–- Philip. Não force a barra. – Barbara advertiu.

–- Tudo bem, desculpe... – Ele faz uma pausa, como se estivesse pensando – Espere aí. Posso me juntar a vocês?

–- É o que? – Aimee engasgou. Tive a mesma reação.

–- Na verdade, é permitido. – Barbara respondeu.

–- Barbara Allen, você está de qual lado, afinal? – Aimee perguntou indignada.

–- No lado da verdade. Não foi dito que era proibido fazer parceria com pessoas normais. Só disseram que podiam ser três membros além de Clarisse na equipe.

–- E eu vou ser o terceiro. O que me impede?

–- O meu punho no seu queixo! – Aimee, que estava solta, e aproximou rapidamente de Philip, o derrubou com uma rasteira e se sentou em suas costas, segurando ambos os braços para cima, de forma que fosse impossível se levantar.

–- Aimee, largue ele agora mesmo. – Barbara pede, como se realmente não ligasse para o garoto.

–- Mas eu o odeio! – Ela protesta. Concordo mentalmente.

–- Bem, eu também, mas lembre-se do que aconteceu quando você socou o Diretor... – Ela responde ao protesto naturalmente.

–- O que? É um complô contra mim? – Philip diz, tentando erguer a cabeça com fracasso.

–- Calado! – Me larguei dos braços fortes de Barbara. – Philip, no primeiro sinal de inutilidade, você sairá. – Mesmo sendo proibida a expulsão de um membro de sua equipe, uma ameaça não faria mal.

–- Você... Clarisse! Eu pensei que... Argh! – Grita Aimee.

–- Aimee se acalme. – Barbara disse.

–- Eu te deixo dar uma surra nele se sair da linha – Pisco para Aimee, levando um sorriso como resposta.

–- Tudo bem então. – Ela o solta – Você ouviu! Seja útil!

–- Tudo bem. – Ele gagueja um pouco.

_______ //_______

Após completar a segunda missão com êxito, lemos a terceira. Dessa vez, com um novo companheiro de equipe, que entrou na equipe apenas para garantirmos sua própria segurança (qual é, entrar na floresta e ficar ali é perigoso, quanto mais os seguir).

–- Hum, aqui diz para achar o “corpo” enterrado – Faço aspas com os dedos – E diz que simula uma caçada real. Não sabia que nessa área, eles tinham que encontrar mortos... Tenho que rever minhas opções – Digo enojada com a possibilidade de ter que procurar um corpo.

–- Procurar um corpo para que? – Perguntou Barbara.

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–- Há relatos de que alguns medos mais desenvolvidos podem armar uma situação perfeita de morte, como esconder o corpo e fazer com que tudo pareça um acidente... – Respondi com base nas histórias de mamãe.

–- Eu não sabia disso... – Aimee parecia tão surpresa quanto Barbara.

–- Tudo bem, medos se localizam perto de árvores do medo, então eles não poderiam ir tão longe, não é? – Barbara disse.

–- Faz sentido, mas então teremos que checar todas as árvores da floresta? – Eu disse, desanimada.

–- Sim...

–- Então estamos esperando o que? – Philip sorri. Ele entendia as coisas rapidamente, pelo que parecia.

Sorrio também e partimos para mais uma missão.

_______ //_______

Decidimos nos dividir em grupos, três grupos porque Philip não tinha espada e não sabia lutar, então, quem melhor para proteger um idiota? Isso mesmo, eu.

Barbara e Aimee eram crescidas e sabiam lidar com ameaças sozinhas, então sobrou a mim, por meio de uma votação, para portar esse humano, o que poderia causar problemas quando voltássemos a Base e Otto checasse nossas conquistas.

Não, ele não ia ser de boa ajuda. Só o deixei entrar porque ele insistiu e eu sabia que ele ia continuar nos seguindo. Encontrei com ele várias vezes para saber lidar.

Como eu conhecia a floresta muito bem (ainda não sei como, nem andava por ela...) fui o guiando por meio de atalhos até as Timores Lignum mais próximas.

–- Como conhece a floresta tão bem mesmo? – Ele ia dizendo, até um inseto bem grande cair em sua cabeça. – Clarisse... – Ignorei. – Clarisse!

–- Ai, o que foi? – Disse, irritada e me divertindo com a expressão de temor causada pelo inseto.

–- Tire esse bicho de mim! – Ele pediu, não se mexendo, para evitar que o inseto, alojado em seu ombro, subisse em seu rosto.

–- Hum, não estou afim.

–- Por favor!

–- Mas cale a boca daqui em diante.

–- Tudo bem!

Cheguei perto o bastante para examinar o inseto. Era uma mariposa. Uma mariposa bem grande e feia. Nunca tinha visto uma dessas. Era preta e tinha pelos, bem finos. O desenho em sua asa a fazia parecer um medo na forma que os Iluminados viam.

–- Credo! – A espantei de lá, me esforçando para não toca-la. Ela voou para a árvore.

–- Obrigado. – Ele diz aliviado, livrando-se da tensão dos ombros.

–- Lembre-se: cale a boca.

Continuamos andando, enquanto eu pensava na pergunta feita anteriormente por ele. Eu quase nunca andava pela floresta. Como poderia conhecer tão bem?

–- M... E... D... O... – Algo ou alguém sussurrou lentamente logo após meu pensamento. Tive a impressão de não ser uma pessoa.

–- Clarisse, você ouviu? – Philip arregalou os olhos mais uma vez.

–- Sim. Ignore, são apenas sons da floresta. – Disse, um pouco confiante, mas sabendo que estava errada.

–- C... L... A... R... I... SS... E... – O sussurro não sessou.

–- Você ouviu?!

–- Não. – Menti, com um pouco de insegurança. – Ouvi o que?

–- Seu nome!

–- Não, Philip. Você está se sentindo bem? Devem ser alucinações causadas pelo Medo.

Ele deu de ombros, sem questionar.

Seja lá o que fosse aquilo, não tinha a mínima vontade de descobrir.

­­­_______ //_______

Finalmente achamos a árvore. Ela era igual a todas as Timores; grande, de cor peculiar e atmosfera sombria.

Essa simulação estava ficando tão real que eu mesma estava acreditando que era uma profissional.

–- Vamos cavar em volta. – Dei a instrução. Philip a seguiu e começou a cavar de um lado e eu de outro.

Quando achei que o boneco não estivesse ali, senti algo macio tocando minhas unhas.

Pedi ajuda a Philip, que começou a cavar ali também.

Logo, tínhamos um boneco não muito grande de tecido em nossas mãos. Era leve, devia ser recheado com algodão.

Louvei os céus e abri a mochila de Philip sem pedir permissão. Fiz com que o boneco coubesse ali, o amassando.

Fomos à direção que Barbara tinha seguido, correndo animadamente.

–- Clarisse! – Alguém me chamou. Dessa vez, senti com que fosse algo concreto, não um espirito sussurrando.

Virei-me e encontrei Chloe, uma Iluminada que também estava fazendo a mesma missão que eu.

–- Ah, olá, Chloe. – Cumprimentei. – O que está fazendo?

–- Procurando o corpo enterrado. Já chegou nessa missão?

–- Não... – Menti.

–- O diretor disse que só havia um boneco escondido, e que quem o achasse, seriam os únicos... Estou procurando com minha equipe... Acho que estamos perto. Quase todos os outros estão procurando também.

–- Entendi... – Me dei conta da sorte que eu tive. De uma hora para outra, eu estava na frente. – E quem não o achasse?

–- Perderia pontos da missão. Você pode abandonar uma missão, mas perderá os pontos que ela te proporcionaria. Assim como quem chegar primeiro na Base, ganhará vinte e cinco pontos a mais. A missão do boneco te daria trinta pontos, por ser difícil.

–- Ah, acho que perdi essa parte da explicação. Boa sorte... – Desejei falsamente e puxei Philip para voltarmos a correr.

Quando estamos longe o bastante, solto uma gargalhada, que faz Philip gargalhar também.

Eu realmente tive sorte. Philip e o boneco em seguida.

Uau.

–- Barbara! – Berrei quando avistei-a.

–- Clarisse? Achou?

–- Achei! – Gritei novamente e expliquei o que Chloe tinha me dito.

Ela também gargalhou, e quando achamos Aimee, estávamos todos rindo maleficamente.

–- Ok, podem parar. – Aimee pediu, se encolhendo de tanto rir. – Qual é a próxima?

Esforcei-me para conseguir falar e quando li, vi um problema.

–- Como vou derrotar mais duzentos medos? – Grito de raiva.

–- Como vamos encontrar tudo isso? E como vamos provar que derrotamos todos? – Aimee grita também.

Barbara tira a folha de papel de minhas mãos.

–- Aqui diz que temos que ir á um ponto estratégico da floresta, porque lá há alguns Iluminados que vão observar e contar. Há um gerador de medos que vai fazer com que todos os duzentos apareçam. Temos que ser organizados, há uma fila, uma equipe de cada vez, e quem não conseguir, será descontado quinze pontos. Também diz que a equipe que chegar primeiro na fila, além dos pontos de êxito, serão dados mais quinze pontos. O que totaliza em trinta e cinco pontos. – Ela leu.

–- Ah, faz sentido. – Aimee parou de gritar.

–- Faz mesmo... – Parei também.

–- Sua analfabeta, estava escrito... – Barbara revira os olhos. – Tem que aprender a parar de se exaltar. Isso serve para você também, Aimee.

Rimos, e começamos a discutir qual seria o melhor caminho para chegar ao ponto estratégico rapidamente.

Logo, estávamos seguindo o mapa, tentando mais uma vez, sermos os primeiros a chegar lá.

Havia uma esperança que estava crescendo.

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