De todas as possíveis situações, onde eu fantasiava o meu regresso, esse era de longe o mais improvável. Sentados no chão em frente a mesa de Emily com a mesma encostada na mobília junto a mim enquanto Nigel se mantinha sentado a nossa frente

— Agora é serio, eu não aguento mais! – Emily declarou escorregando para deitar-se em meu colo

— Você bebeu duas garrafas sozinha. – lembrei tirando alguns fios ruivos de seu rosto

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— Não foi sozinha. – defendeu

— Praticamente. – essa não é a primeira vez que bebemos juntos, mas é a primeira vez em que Emily passa do ponto

— Seis tem razão, você exagerou... – Nigel levanta meio tonto e começa a arrumar nossa pequena bagunça

— Ainda posso dizer meu nome, então... – ela fechou os olhos

— Quanto tempo até o livro ficar pronto? – joguei minha cabeça pra trás encostando-a na mesa

— Ainda vai demorar uma hora. – Emily sussurrou

— Ela não esta em condições de dirigir, eu bebi quase se não mais que ela... – Nigel dizia voltando da cozinha – Você pode nos levar em casa?

— E o livro? - voltei naquele ponto —diga-se de passagem— muito importante

— Acabaram de ligar, ele já está pronto...

— Estou falando depois, como vai fazer pra levar?

— Bom... Você leva Emily até a casa de Miranda e...

— Não. – isso é tiração com a minha cara né? Ele não pode estar falando sério...

— Espera ela do lado de fora... – o idiota continuou me ignorando

— Não. – repeti tirando Emily do meu colo e me pondo de pé

— E depois é só levar ela até em casa.

— Não! – falei mais alto, oque não era um problema já que só tinha a gente naquele andar

— Andy!

Morrendo de medo. – soltei recebendo um olhar confuso do diretor – Você disse que ela não estaria aqui, mas mesmo assim eu fiquei com medo de... – confessei e vi ele se aproximar para segurar minhas mãos mas eu me afastei antes disso

— Ela foi viajar, eu mesmo a levei até o avião. – assegurou

— Ela é imprevisível. - debati

— Façamos assim, eu entro e vocês ficam no carro. – ele sugeriu – Vai ser rapidinho...

— Cinco minutos. – dei-me por vencida

— Nem isso! – afirmou batendo palmas e beijando meu rosto

— Onde eu fui me meter? - questionei-me quando ele saiu pelas portas duplas

— Numa bela de uma merda. – Emily respondeu rindo

— Você é uma idiota. – afirmei após o leve susto

— Você me ama... – ela sorriu e levantou os braços – Agora me tire desse chão gelado!

— Achei que não estava bêbada...- zombei apoiando ela na borda da mesa

— Que horas são? – perguntou serrando os olhos para, tentar, ver as horas e fracassando miseravelmente

— Quase três da manhã. – suspirei antes de curvar minhas costas para atrás ouvindo a mesma estalar

— Passei meu aniversário na Runway? – olhei para Emily que pareceu, por um momento, sóbria

— Sim. – respondi

— Que... Merda! – seu rosto era pura indignação

— Oque eu perdi? – Nigel parou na porta com o livro nas mãos

— Eu sou uma escrava! – declarou horrorizada, como se a ficha tivesse acabado de cair

— Acho que estou entendendo... – ele sacudiu a cabeça

— Eu nem consegui sair para comemorar o meu ANIVERSÁRIO!— ela começou a chorar

— Isso são lagrimas? Ela está chorando?

— Acho que esse é o momento em que a gente leva ela pra casa. – segurei Emily de um lado enquanto Nigel apagava as luzes, pegava nossas bolsas e fechava a sala

— Eu tenho que... levar o... livro... – Emily balbuciou

— Andy vai levar a gente na casa de Miranda e então eu entro e faço o serviço. – contou o plano, mesmo não fazendo diferença já que a ruiva estava quase dormindo novamente – Ela ficou muito mal. – ele comentou quando entramos no elevador

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— Acho que é o primeiro pt dela.

— Credo. – eu tive que rir com a cara de horror dele

— Oque fizeram com o pobre do motorista? – perguntei quando —depois de muito esforço— colocamos Emily no carro

— Emily botou ele para correr. – respondeu colocando o sinto – Você ainda lembra o caminho? – olhei pra ele sorrindo

— Como eu poderia esquecer?

[...]

— Cinco minutos. – lembrei parando o carro em frente a mansão Priestly – Se algum monstro te agarrar você grita. – alertei

— Você me salvaria? – ele me encarou rindo

— Claro que não. – respondi – Usaria você como escudo e sairia correndo.

— Idiota. – me xingou antes de deixar o carro

— Vamos comer? – Emily brotou no vão entre os bancos me dando um baita susto — outra vez —

— Emily! – gritei

— A culpa não é minha se você está toda cismada! – se defendeu – Precisa relaxar um pouco... – senti ela apertando meus ombros enquanto ria

— Você não estava dormindo? – tirei suas mãos de mim e encarei a porta da mansão

— Meu estômago está clamando por um café. – ela disse voltando a se embrenhar entre os bancos, aparentemente seu sono havia sumido

— São três da manhã... – mostrei a tela de meu celular

— Estamos em NY. – contradisse – A cidade que não dorme.— disse com um tom de efeito

— Já resolvemos. - talvez um café não fosse tão ruim... e umas batatas com bastante molho...

— O Nigel está demorando... – sua voz me tirou do transe

— Ele já vem. - encostei no banco e fechei meus olhos

— Será que a Miranda desistiu de viajar e voltou pra casa e agora o Nigel está trancado no sótão? – senti o tom de provocação na sua voz e logo depois acompanhei pelo retrovisor ela explodindo numa gargalhada irracional

— Parece uma louca, nunca mais te deixo beber.

— Voltei. – estava tão distraída que nem vi Nigel sair da casa

— Adivinha Nig... – ela pediu se enfiando no vão novamente

— Nig? – Nigel repetiu confuso

— Apelido carinhoso, - explicou – só porque estou no clima...

— Oque tinha naquele vinho? – perguntei

— A noite ainda não acabou! – Emily gritou

— Como assim? – sorri ao ver o quanto ele estava perdido

— Vamos para um café. – ela respondeu num tom mais baixo

— Café? – Nigel riu - Café deveria ser a ultima coisa a darmos pra ela...

— Eu to aqui! – ela resmungou

— Nos sabemos... – falamos juntos e rimos no momento seguinte

— Vamos para um café, e vocês que vão pagar! – ela voltou a falar

— Eu quero a minha Emily de volta. – declarei

— Somos dois. – ele disse sacudindo a cabeça em negação

[...]

— Estou acabada. – declarei sentando em frente ao computador

— A farra parece ter sido boa. – Callie, minha estagiaria, comentou.

— Não pareceu tão boa hoje de manhã. – escondo meu rosto entre as mãos e sinto o celular vibrando em meu bolso

— Alo. – digo baixo

— Não consigo manter meus olhos abertos. – Emily disse no mesmo tom - Já tomei três aspirinas, e ainda sinto o caminhão sobre minha cabeça.

— Pior sou eu que tenho uma reunião em dez minutos e mal sinto minhas pernas.

— Nigel está ótimo, nem parece que esteve conosco ontem. – contou indignada

— Ele é duro na queda, nós somos duas bananas perto dele. – disse e vi o meu chefe sair de sua sala - Preciso ir, tchau. – encerrei a chamada e voltei o aparelho para o bolso

— Preciso que melhore isso. – ele me entregou algumas pastas – Seja sutil. – pediu voltando para sua sala

— Sempre. – abri a pasta assim que ele se foi e senti minha cabeça rodar, a foto de Miranda estampada com um pequeno rascunho da matéria ao lado fez meu coração pular em nervos

- O dragão de Prada? - Callie pegou o rascunho deixando a foto, esta que eu segurei e inevitavelmente comecei a registra-la em minha mente, Miranda estava com seu tão conhecido sobretudo negro e um conjunto social em cores pastéis, deixando-a ainda mais bela – Não é tão ruim. – a latina deixou na mesa novamente – Você já trabalhou com ela né?

— Sim... – respondi mas na realidade eu mal escutava sua voz

— Como ela é?

— Você pode levar isso para a área de imagens? – puxei várias fotos de dentro da gaveta e ofereci a ela que as pegou de imediato - Diga ao Paulo que a Lori pediu todas em preto e branco. – girei minha cadeira ficando de costas para a porta, em minhas mãos a foto ainda jazia e eu me permiti encara-la por mais alguns minutos.

[...]

— Oque você não entendeu? – estava sentada em frente ao meu chefe com todo material que ele havia me entregado

— Eu li oque Jeferson escreveu e... – comecei

— Preciso de mais. – me cortou – O artigo está bom, mas não tem... – ele pareceu procurar a palavra – força.

— Força? – repeti confusa

— Está impessoal demais. – explicou

— Porque acha que eu entregaria algo diferente? – eu ri com a ideia de escrever algo mais pessoal sobre Miranda

— Você trabalhou com ela. – lembrou também sorrindo

— Minha relação com ela era mais impessoal que este artigo.

— Mesmo assim você conviveu com ela.

— Mas...

— Não é capaz? – perguntou em desafio

— Não é isso...

— A matéria é sobre o relacionamento de Miranda com seus funcionários, quem poderia fazer melhor se não a própria ex-secretária dela? – ele visivelmente já estava decidido

— Quanto tempo? – quis saber antes de sair

— Uma semana, é para a edição especial. – deixei a sala em nervos .

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.