Faça-me Acreditar

Capítulo 7


Em meu sonho, Edward Cullen tinha os olhos negros.

Nós estávamos sozinhos, no meio da floresta, as árvores produzindo sombras escuras sobre nós. Sua imagem era um borrão, como se eu não pudesse mais focalizá-lo. Mas, de alguma forma, eu sabia que ele estava parado, apenas me olhando.

– Confie em mim, Bella - sua voz sussurrou ao meu ouvido, mas ele nem ao menos se mexeu.

Seus olhos pareciam deixar o lugar ainda mais escuro, como se ele controlasse a luz - um interruptor humano, ou quase isso.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

De repente, seus olhos ficaram vermelhos, depois passando para o dourado e finalmente variando entre os dois tons. A luz da floresta variou junto com seus olhos, e eu comecei a sentir um repentino, porém intenso, calor. Com o aumento da temperatura, minha visão ficou mais turva ainda, e tudo que eu podia enxergar era seu rosto, e mesmo este variava entre um sorriso e uma expressão de indiferença, seus olhos indo e vindo entre o vermelho-vivo e o dourado, como um topázio. A luz continuava mudando com seus olhos.

Foi aí que percebi de onde vinha a luz, quando decidi me olhar.

Todo o meu corpo queimava, e eu era como um pequeno sol. Um círculo de fogo erguia-se ao meu redor, e isso era tudo o que eu podia sentir. Olhei para minhas mãos, que estavam em carne viva. Caí de joelhos, a dor me dominando. Encarei Edward, em busca de ajuda, enquanto seu rosto estava novamente entrando em foco. O cabelo também parecia reluzir levemente, como se o fogo fizesse parte dele, mesmo que a parte não fosse grande, e ele parecia ruivo agora, e não bronze. Ele sorriu, o mesmo sorriso torto que me torturou por anos, mesmo que eu lutasse contra isso, e sussurrou:

– Confie em mim.
Então ele se virou e passou a afastar-se, me deixando queimar, sozinha, no meio da floresta, a única fonte de luz sendo eu mesma.

Eu acordei arquejando e suando frio. Pela janela, eu já podia ver o sol nascendo novamente, então ainda era bem cedo. Eu não podia ficar naquela casa, não agora. Peguei uma calça jeans, uma blusa qualquer, uma jaqueta, botas com cadarços, mexi no cabelo, deixando-o de qualquer jeito, e me atirei para fora do quarto. Antes que eu pudesse sair, vi Jacey, e percebi que não poderia deixá-la ali sozinha, não depois de meu pesadelo. Eu poderia deixá-la na casa de Barty, Nora e Alicia, nem era tão longe, poderia ir a pé. Mas era muito cedo, e eles perguntariam aonde eu estava indo. Antes que eu pudesse decidir o que faria, Jacey levantou-se de onde estava deitada, e se dirigiu até a porta, que já estava aberta. Ela saiu e, depois de achar um determinado canto do gramado, deitou-se lá, olhando para mim como se dissesse que tinha encontrado a solução. Não contestei; afinal, podia não parecer, mas mesmo sendo só um cachorro, Jacey sabia o que fazia. Tranquei a porta, olhei para minha cadela uma última vez, então entrei na floresta.

Sei que não deveria ir até lá, principalmente depois de meu pesadelo, mas eu não ficaria em casa. Ficar em casa era a única coisa pior do que ir até a floresta naquele momento.

Eu andei durante algum tempo, sem saber quando ia parar, ou mesmo se eu conseguiria voltar para casa, mas, no momento, não me importava.

Eu andei até que caí de exaustão, e não conseguia mais mexer minhas pernas. Ofegante, analisei o lugar a minha volta. Era exatamente igual ao lugar onde meu pesadelo ocorreu, só que estava mais iluminado, por causa da luz do sol da manhã.

Ver este lugar novamente, só que agora mais real, me derrubou de vez. Eu me encolhi em posição fetal, e comecei a soluçar. O cansaço tomava conta de mim, mas eu sabia que não conseguiria descansar, nem mesmo se estivesse em casa. Meu corpo tremia violentamente, e eu me sentia vulnerável como um pequeno filhote recém-nascido se sentiria se tivesse noção quanto a si próprio.

Mesmo contra a minha vontade, comecei a pensar.

Eu não poderia mais ficar perto de Edward. Eu não conseguia mais. Ele lembrava muito meu passado e, no momento, esse era um luxo que eu não podia ter. Eu lhe disse que teria uma chance, mas nem mesmo isso eu poderia lhe dar. Aquilo não havia sido uma promessa propriamente dita, mas agora, analisando a situação, eu só conseguia pensar que era, sim, uma promessa. Uma promessa que eu teria de quebrar, antes que eu me quebrasse.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Eu não poderia mais ficar perto da única parte de meu passado que eu parecia capaz de enfrentar. Porque, na verdade, eu não era.
Depois disso, me forcei a levantar, e tentar voltar para casa.

Demorou um tempo, mas finalmente consegui achar o caminho de volta para casa. Jacey continuava lá, deitada na grama. Assim que me viu, levantou-se e correu até meu lado, como se esperasse que eu fosse despencar a qualquer momento. Talvez ela não estivesse errada.

Cheguei até a porta e, com certo esforço, consegui abri-la. Eu e Jacey entramos, bem devagar, e uma vez lá dentro, me dirigi ao banheiro. Tomei um banho demorado, e depois voltei para meu quarto. Jacey estava deitada em minha cama, que continuava bagunçada. Eu me deitei ao seu lado, e juntas dormimos durante mais algumas horas.