Fathers Day

Hitsugaya Toushirou


A noite caíra fria em toda Soul Society. Não chovia no momento, mas um vento cortante cismava em balançar ferozmente as árvores, que antes permaneciam quietas. Nuvens carregadas cobriam lentamente a lua que estava em sua fase cheia e, aos poucos, a pequena iluminação prateada ia dando lugar a mais aterrorizante penumbra. Em certos pontos, as luzes artificiais, que balançavam constantemente por causa do vento, iluminavam os corredores e alojamentos da tão movimentava Seireitei.

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Todos no décimo esquadrão, não contando com seu taichou, estavam em suas devidas residências. Ele os havia liberado mais cedo para que pudesse curtir seu filho um pouco sozinho naquele dia tão especial para ele. O dia dos pais. Há mais de 30 anos, Aizen e seus capangas foram derrotados e a paz, por enquanto, voltara a reinar na Seireitei. A única coisa que tivera que conviver era a partida de sua subordinada; Matsumoto. Ela fora convidada para fazer o teste para capitã do 3º esquadrão de proteção juntamente com Izuru Kira. A loira se saiu melhor que o tenente que queria subir de cargo em seu esquadrão, tornando-se assim a nova taichou.

Ficara sabendo que quando ela não estava em seu esquadrão era porque havia deixado todos os afazeres nas mãos de seu amigo – e agora tenente. Típico de Matsumoto, concluiu. Estava explicado de onde ela arrumava tanto tempo para perambular por aí. Coitado do Izuru. Em seu esquadrão sobrara apenas o posto de tenente vago, pois considerava o rapaz do terceiro posto incapaz de assumir tal cargo. A verdade é que ainda alimentava esperanças de que ela voltaria a ser sua subordinada. Não que estivesse ruim sem ela. Na verdade, tudo estava péssimo sem sua presença em todos os momentos.

O rapaz de cabeleira branca balançou a cabeça freneticamente para tentar espantar os pensamentos indesejados no momento. Notou seu filho dormir tranquilamente em seu colo. Ele nascera com os mesmos cabelos brancos e rebeldes do pai, mas os olhos eram de um azul tão claro quanto o céu sem nuvens; como os da mãe. Gostava dos olhos dela e agradeceu imensamente por ele também tê-los, pois assim, quando ela não estivesse presente, poderia apenas contemplá-lo e lembrar-se dela. Como se fosse tão simples quanto falado!

Levantou-se do sofá do quartel e encaminhou-se para sua mesa, onde residia uma pequena chupeta azul. Ao inclinar um pouco para pegá-la, notou uma presença a mais no recinto. Sorriu. Não precisava virar-se para saber de quem era o perfume doce que lhe invadia as narinas, mas queria muito olhá-la.

- Está com dificuldades, taichou? – A loira cismava em chamá-lo deste jeito formal. Sabia que ele ficava irritado com isso, mas só queria lembrar os bons e velhos tempos.

- Eu me viro muito melhor sem você – respondeu, virando-se finalmente para encará-la.

Ela estava com os cabelos presos em um coque alto e vestindo seu haori por cima do shihakusho. Parecia até que a Matsumoto despreocupara havia morrido e dado lugar a misteriosa taichou, centrada e séria, do terceiro esquadrão. Não podia negar que ela ficava muito sexy de cabelo preso, apenas com alguns fios caindo pelo rosto.

- Eu sei – sorriu serenamente enquanto se aproximava do rapaz. – Como ele está? – Indagou, baixando os olhos para o bebê. Notou que ele dormia, mais tranqüilo que o habitual, no colo do rapaz.

- Eu acho que ele sentiu sua falta hoje – Hitsugaya o entregou nos braços da mãe, que o pegou com cuidado.

- Desculpa, eu só consegui terminar de organizar a papelada agora – desculpou-se com uma carinha triste.

- Está tudo bem – sorriu para ela. – Sabe que gosto de ficar com ele. Fico completamente sozinho quando você o leva para o terceiro esquadrão – beijou a testa do pequeno e olhou para os orbes azuis da loira.

- Você não acha que já está na hora de arrumar um novo tenente? – Indagou, observando atentamente suas feições, mas ele desviou o rosto e se encaminhou para sofá.

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- Já estou a arranjar um – confessou.

- Quem? – Não conseguiu conter a curiosidade. Afinal, aquela pessoa a substituiria.

- A mulher que ocupa o terceiro posto do seu esquadrão – ele virou-se para encará-la e notou seus olhos arregalados.

Mas por que ela? Pensou Matsumoto sem compreender os motivos dele. Sentiu um desconforto descomunal. Ciúme? Era só o que faltava. Mas ela é uma mulher tão bonita e...

- Por que ela? – Indagou. Ele apenas sorriu de satisfação.

- Convidei o Madarame, mas ele recusou – lamentou-se. – Alegou ser fiel ao Kenpachi. Eu manterei o lugar vago por enquanto.

- Você o manteve por dez anos – a loira suspirou, mas sem esconder seu alivio por não ser aquela.

- E continuarei mantendo – sorriu ao olhá-la. – Não é a mesma coisa sem você, Matsumoto-taichou.

Ela sorriu com a formalidade forçada e caminhou até ele. Sentou-se ao seu lado e, balançando a criança em seus braços, ficou a observá-lo com ternura. Era impressionante o quanto ele havia amadurecido. Crescera e se tornara um belo homem. Com traços fortes e muito sexy. Em pensar que em uma noite que ela o havia levado para beber – o que não era costume –, eles fizeram amor. E daquela noite em diante, não pararam. Tiveram um filho e hoje estavam casados. Separados durante a maior parte do dia por causa das obrigações nos esquadrões, mas unidos em casa. Somente eles e seu filhote.

- É difícil seguir sem você – a loira murmurou, baixando os olhos para o pequeno que dormia em seus braços. Ela realmente não conseguia segurar a pressão por muito tempo. Por isso dava suas fugidas.

- Sem mim? – Indagou, vendo-a assentir, ainda sem olhá-lo. – Matsumoto, eu nunca saí daqui. Estou aqui para o que você quiser de mim – ela levantou os olhos e debateu-se com um sorriso maravilhoso. Ela amava aquele sorriso. Não conseguiu deixar de sorrir também. – Para sempre que você quiser usar e abusar de mim.

Mais uma vez, ela sorriu. Apoiando o pequeno em apenas um braço, usou o outro livre para abraçá-lo pelo pescoço. Encostou suas testas e fechou os olhos. Hitsugaya aproximou-se um pouco mais e apenas ficou observando-a. Sorriu e finalmente colou seus lábios nos dela. A loira correspondeu ao beijo de forma lenta e romântica. Não sabia explicar o quanto amava aquele homem. Só sabia que amá-lo era a única coisa que sabia fazer. Brigavam sempre, mas no dia seguinte já faziam as pazes. Era inevitável o amor que sentiam.

- Vamos para casa? – Ela indagou enquanto sentia a sua respiração tocar-lhe os lábios.

- Vamos – sorriu, levantando-se.

O capitão do décimo esquadrão foi até a mesa para terminar de ajeitar os papeis sobre a última e, quando estava pronto para chamá-la, foram atrapalhados por um rapaz.

- Com licença, Hitsugaya-taichou – o shinigami se curvou numa pequena reverencia. – Matsumoto-taichou está? – Ele indagou.

- Estou – aproximou-se da porta, notando que seu marido havia voltado a organizar a papelada. – O que há?

- Madarame-sama e os outros estão a esperá-la no portão do Leste para irem ao bar no 14º distrito de Rukongai – passou-lhe a informação, mas não pode de deixar de notar que o pequeno que dormia nos braços da taichou era a cara do pai. Esperava que ele não fosse tão rabugento quanto. Suspirou.

- Diga-os que não poderei ir – disse, chamando a atenção do taichou do décimo esquadrão.

- Pode ir, Matsumoto – ele sorriu-lhe. Realmente fazia muito tempo que ela não saía à noite com os amigos. Sempre ficava em casa com ele e agora com o pequeno também.

- Mas, Toushirou... – Desta vez decidiu por chamá-lo pelo nome.

- Eu vou ficar bem – ela não estava totalmente certa disso, mas tudo bem. Suspirou exaustivamente em desistência.

- Tudo bem, mas qualquer coisa... – tentou dizer, mas ele selou seus lábios rapidamente, deixando o shinigami presente meio sem graça.

- Não vou atrás de você, pode ter certeza – sorriu e pegou o seu filho do colo dela.

Sentindo o calor em seu colo esvair-se aos poucos, selou os lábios do rapaz com os seus e acariciou o rostinho do seu pequeno. Notando o sorriso singelo nos lábios que acabara de beijar, deixou o recinto sendo seguida pelo rapaz de cabelos negros. Simplesmente mataria a Matsumoto séria àquela noite. Usou shunpo e, cansando o rapaz, chegou em questão de segundos ao local. Lá estavam Madarame, Izuru, Shuuhei, Yumichika e Abarai.

- Até você está nessa, Renji? – Indagou a loira, sorrindo.

- Você ficou muito metida, sabia? – Madarame indagou, bufando. Fazia anos que não se reuniam desse jeito. – Ainda posso te chamar de Rangiku ou só Matsumoto-taichou?

- Deixe dessa, Ikkaku. Eu ainda sou a mesma de sempre – sorriu para tentar afastar aquela formalidade toda que seu tempo como taichou causou. Afastou-se de todos e não sabia nem ao menos explicar o porquê.

- Até parece – dessa vez Shuuhei foi quem pronunciou.

Ao ouvir o pronuncio do rapaz, ela levou a mão até os sedosos cabelos e puxou o objeto que os mantinha preso num coque alto. A cascata loira caiu sobre os ombros e então ela sorriu para eles. Esse seria o dia de matar aquela Matsumoto que deixava todos encolhidos com apenas um olhar ou um levantar de sobrancelhas. Retirou o seu haori e o jogou em cima do shinigami que havia seguido-a, olhando para os demais em seguida.

- Melhor? – Indagou, dando uma voltinha básica.

- Mais sexy – Yumichika respondeu, arrancando risadas de todos.

Pediram para que o guardião do portão o abrisse e então seguiram para o primeiro bar no 14º distrito de Rukongai. Realmente fazia muitos anos que não faziam isso juntos. Beberam e se divertiram como nunca, mas no meio da noite foram atrapalhados por um rapaz.

- Hitsugaya-taichou? – Indagou, em uníssono, os cinco rapazes que bebiam juntamente com Matsumoto.

- Rangiku – ele começou, vendo-a segurar uma risada. Ele vestia um kimono azul e estava descalço, segurando o pequeno que chorava descontroladamente. – Pode me dar uma mãozinha? Eu não consigo fazer com que ele pare de chorar. Já tentei de tudo.

Os rapazes riram com o pedido do capitão, que lhes lançou um olhar amedrontador, fazendo com que eles ficassem quietos e focassem apenas na bebida. Matsumoto riu e levantou-se, despedindo-se dos rapazes em seguida. Prometeu que fariam isso novamente na semana seguinte. Pegou o pequeno no colo e o balançou constantemente enquanto voltava para casa com seu marido. Ao chegar, ela sentou-se sobre o chão e o amamentou.

- Ele estava com fome – ela disse, mas notou que ele já não mamava mais. Nem havia bebido uma lasca de leite.

- Não, ele só queria você em casa – sorriu o rapaz, sentando-se ao lado dela. – Ele nem quer mamar, está vendo? Acho que ele sentiu que o papai dele estava triste e sozinho.

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Matsumoto sorriu e , depois que dormiu, colocou o pequeno no colchão macio. Em seguida virou-se para o rapaz e o abraçou.

- Eu tenho um presente do dia dos pais para você – aproximou os lábios do dele, sorrindo.

- Tem, é? – Ele indagou, olhando em seus lindos olhos azuis. – O que é?

- Um tenente – sorriu, mordendo aqueles lábios macios.

- Como? – Ficou confuso. Passou a mão pelos cabelos loiros, mas não tirou os olhos do dela.

- Vou renunciar o posto de taichou e voltarei a ser sua tenente. Se você me quiser ainda – ele arregalou os olhos, fazendo com que ela sorrisse abertamente. – Feliz dia dos pais.

- Eu amo você – e se beijaram como se fossem a última vez, mas foram atrapalhados pelo choro do pequeno.

- Ele está levando a sério mesmo esse negócio de saudade, né? – Indagou ao notar a cara emburrada do seu taichou, caindo na gargalhada. Não nasceram apenas para ser taichou e tenente. Nasceram um para o outro.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.