28- Descobertas.

Eu fui dormir tarde, conversando com Kendall e Selena. No dia seguinte, fui visitado por Mirage. Foi bem... Sinistro. Ela especulou tudo o que eu estava pensando sobre nós dois. Primeiro de tudo, ela se sentou do meu lado na cama e perguntou como eu estava indo. Eu respondi que estava indo bem. Na verdade, nem tanto. Não havia tido uma boa noite de sono. Estava com frio, enrolado no cobertor xadrez, usando uma calça moletom, uma camiseta preta e um casaco de náilon. Quase as únicas roupas que eu tinha, tirando outras mudas de roupas casuais e alguns jeans e tênis.

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- Eu... Preciso confessar algo a você, Justin. – Ela disse. E então ela contou que desconfiava que eu e ela tivéssemos alguma ligação. Perguntou se podia fazer um exame de DNA comigo, só para acalmar as expectativas que tinha. E, também disse do meu gesso, que já devia estar na hora de checar se estava tudo certo para diminuir o imobilizador. E eu aceitei. Selena apareceu logo depois, quando suspendemos o assunto DNA. Ela me beijou, e perguntou o que acontecia. E Mirage explicou que teria de me levar para a central para resolver algumas coisas. Eu aproveitei e perguntei dos 50 mil. Ela confirmou, e eu quase dei um piripaque. Eu estava rico!

Eu e Selena fomos com Mirage para o hospital do FBI de Nova York, e lá um ortopedista reduziu o gesso da perna esquerda, e disse que o joelho direito já estava curado. No fim de tudo, eu estava só com uma das pernas engessada. A esquerda, e, no joelho direito, o médico havia colocado simples ataduras para proteger o local. Colheram meu material genético (Conhecido popularmente como Um fio de cabelo) e de Mirage para fazerem a comparação, e eu fiquei quase que duas horas sem fazer nada com Selena. Mentira, enquanto o resultado não saía, nós dois saímos para conversar um pouco. Andamos até um jardim florido, com rosas, jasmins, e outras flores, decorado detalhadamente, passando por entre os arranjos de flores dali. A imagem era bonita, sim, a harmonia, a natureza, o brilho do sol sobre as flores, mas nada era tão bonito quanto o rosto de Selena bem á minha frente. Seus traços divinamente desenhados como se ela fosse uma estátua perfeitamente esculpida, seus lábios rosados e finos, perfeitamente delineados, e seus olhos, que brilhavam como estrelas. Ela era mais linda que qualquer pessoa que eu já tinha visto.

- Como está a perna? – Selena perguntou.

- Está bem melhor. – Eu disse. Eu só usava uma muleta, agora. – Não posso esperar pra tirar logo esse gesso.

- Estando você com gesso ou não, vai ser sempre o garoto da minha vida. – Selena disse, unindo nossos lábios. Eu sorri enquanto a beijava. Quando nós nos separamos, eu abri um sorriso maroto.

- Garoto da sua vida? – Perguntei. – Não seria homem?

- Acho que você ainda não percebeu que tem 13 anos ainda. – Selena riu.

- Mas eu não sou um homem? – Eu indaguei.

- Sim, mas ainda é um garoto. O meu garotinho. – Ela me beijou novamente.

- Que tal a gente sair hoje? – Eu sugeri.

- Restaurante? – Selena sugeriu. Eu fiz uma expressão de desagrado.

- Burguer King. – Falei, e ri. Selena riu de mim.

- Isso. Burguer King. – Ela me beijou de novo. Um policial impediu que nós continuássemos nosso beijo e disse que já estava tudo pronto. Caminhei com Selena até a sala que o policial nos indicou, e só eu pude entrar. Mirage estava ali, sentada à mesa cinza dali. Eu me sentei também, ao lado dela. Na nossa frente, dois envelopes fechados, brancos.

- Esses são... – Gaguejei.

- Sim. – Mirage disse. – Estava esperando você chegar.

- Estou aqui agora. – Falei. Mirage assentiu, pegou um dos envelopes, e me entregou. O outro ela tomou para si.

- Quando eu disser três, abrimos, ok? – Ela sugeriu. Assenti, colocando o envelope em posição entre meus dedos. Foi complicado, por que eu estava nervoso. Minhas mãos tremiam. E se fosse ela? A pessoa que eu perdi fazia tanto tempo? Eu não sabia no que torcer. – Um, dois... Três.

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Puxamos a aba dos envelopes ao mesmo tempo, e tiramos os papéis que estavam ali. Mirage leu as primeiras linhas do seu resultado, e ficou em choque. Eu também. DNA Mitocondrial, de parte de mãe, o resultado era...

- Mirage Hudson. – Murmurei, e Mirage ergueu o olhar. – Você... Mirage, você... Você é minha mãe!

Uma lágrima correu meu rosto. Eu a encontrei.

Encontrei.

- S-sim... – Ela gaguejou.

- Eu... Te procurei por tanto tempo! – Exclamei, desabando em seus braços. – Eu te encontrei! Mãe...

Lembrei do dia que meu pai me tirou dela. Da minha mãe. De Mirage Hudson.

Flashback On:

Não deviam passar das duas da manhã. Eu não tinha nem três anos direito. Não conseguia dormir, mesmo do lado da minha mãe, com ela afagando meu cabelo com cuidado. Eu estava sem vontade de dormir. Nenhuma. Fechei os olhos, e me lembro exatamente do que ouvi: Vidros se quebrando, portas batendo. Ele havia chegado. Meu pai. Se é que o podia chamar assim.

Não sei como minha mãe não acordou com o barulho. Meu pai caminhou até o quarto que eu estava com minha mãe, e eu fingi que estava dormindo. Ele me pegou no colo sem acordá-la, e me tirou dali. Me colocou no banco de trás do nosso carro. Suspirei, tentando não mostrar que estava acordado, e meu pai arrancou. Ele me tirou dela. Para sempre. Pelo menos, eu pensei que era para sempre.

Flashback Off;

- Meu bebê... – Ela gaguejou. – Você... Está... Está aqui mesmo!

- Sim... – Eu murmurei. – Eu estou aqui... Não me deixe longe de você, por favor! Não quero perder você de novo!

- Não vai. – Mirage me acalmou. – Não vai mais.

Ficamos abraçados ali, eu estava realizado. Um abraço da minha mãe. Da minha mãe. Ela estava bem ali. Em todo o tempo. Eu perguntei pra ela por que ela não se chamava mais Patricia, o nome escrito em minha certidão, e ela me explicou. Mirage nunca teve uma vida boa com meu pai. Depois que ele sumiu comigo, Mirage foi sendo ameaçada por várias pessoas, e ela quis fazer justiça, entrar para a polícia ou para o FBI e esquecer o passado. Então, ela modificou todas as suas feições, mudou seu nome, endereço, tudo. Uma nova mulher. Ela me disse tudo isso enquanto eu estava abraçado a ela. Eu não consegui parar de chorar até eu conseguir me erguer de novo e ler o resto do exame. Nada de mal. Até a última página, que tinha o DNA paterno. Eu sabia que eu não precisava, mas uma parte de mim murmurava: Veja. Veja quem é seu pai

Eu suspirei, e li quem estava ali. Engoli em seco. Não podia ser. Não era possível.

Realmente tinha algo errado. Algo muito errado.