Falling in Love

Little do you know


Little do you know

How I'm breaking while you fall asleep

Little do you know

I'm still haunted by the memories

Little do you know

I'm trying to pick myself up

Piece by piece

Little do you know I

Need a little more time

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Underneath it all, I'm held captive

By the hole inside

I've been holding back for the fear

That you might change your mind

I'm ready to forgive you

But forgetting is a harder fight

Little do you know I

Need a little more time

(Little do you know - Alex and Sierra)

Felicity Smoak

— Mãe? — Oliver disse logo atrás de mim.

— Surpresa! — a mulher loira de cabelos curtos respondeu indo em direção à um Oliver atordoado.

— Mãe? — repeti debilmente. Aquela era a mãe de Oliver? Devia ser senão ele não a chamaria de mãe e não estaria sendo esmagado por ela em um abraço afetuoso. Eles eram parecidos também, ambos tinham o mesmo tom de loiro nos cabelos, o mesmo desenho da boca e sobrancelhas, embora a Sra. Queen tivesse olhos cor avelã e os de Oliver fossem azuis assim como os do pai. E, além disso, eu podia ver Thea bem ali no corredor, tentando passar despercebida se escondendo das nossas vistas com um pouco de culpa no olhar.

— O que vocês estão fazendo aqui? Porque não avisaram que viriam...? — Oliver perguntou desviando seu olhar para Thea que deu um sorriso sem graça.

— Manter o segredo é o requisito primordial para uma surpresa bem sucedida. — sua mãe respondeu sorrindo.

— Mas mãe... — Oliver tentou dizer, mas a mãe dele o ignorou e lançou seus olhos avaliativos em minha direção.

— Você deve ser a Felicity. — disse vindo em minha direção e me dando um abraço acolhedor, eu não esperava por isso — Thea me falou tanto sobre você. Eu sou Moira Queen, sua sogra. — se apresentou — Nós teríamos nos conhecido antes, se esse casamento não fosse uma espécie de segredo nacional. – Semicerrou os olhos na direção de Oliver, seu tom tinha certa repressão, era claro que ela estava chateada com o nosso casamento “às escondidas”.

— Me desculpe Sra. Queen, o casamento... — O que eu falaria? Como eu justificaria o fato dela não ter sido convidada para a cerimônia? Busquei os olhos de Oliver esperando uma solução, afinal foi escolha dele não convidá-la ele deveria lidar com isso, mas seu rosto assim como meu estava em pânico.

— Tudo bem querida, Thea disse que foi uma desses momentos impulsivos que vocês jovens fazem no calor da paixão. É bem romântico. Entendo que Oliver deve ter ficado um pouco apreensivo em me contar depois... Principalmente porque não sei nada sobre você, mas estou aqui para corrigir o erro. Eu quero saber tudo sobre a minha nora. Oh, e pode me chamar apenas de Moira. — falou, e não evitei lançar à Oliver um olhar desesperador.

— Eu vou ao banheiro. — Thea murmurou, passando rapidamente por nós, claramente tentando se esconder, eu sabia que Oliver havia pedido à ela que mantivesse segredo sobre o casamento para a mãe até que pudesse esclarecer tudo.

— Oliver, porque não leva as minhas malas e as de Thea para o quarto de hóspedes enquanto eu e sua esposa conversamos um pouco? — a Sra. Queen solicitou.

Malas? Oh inferno, elas vieram para ficar por um tempo. Será que não podiam ter escolhido um momento pior? Oliver me lançou um olhar alarmado, mas obedeceu à mãe. Moira por sua vez puxou-me até o sofá, onde sentamos lado a lado, porém viramos de frente uma para outra.

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— Então, me conte como você e Oliver se conheceram? Quanto tempo namoraram? Como foi o casamento? E a lua de mel? Vocês têm fotos? — Lançou as perguntas evidentemente curiosa, respirei fundo pensando em uma forma de contar a nossa história de modo que deixasse de fora todas as mentiras e segredos. E sem que isso doesse toda vez que falasse dos momentos que vivi com Oliver.

— Bem, eu costumava ir todos os dias à essa cafeteria... — comecei, mas logo fui interrompida por um grito agudo seguido de um impropério.

— AI MEU DEUS! — Thea gritou tão alto que apesar de estar dentro do banheiro tenho certeza que toda a vizinhança a escutou.

— Thea querida, está tudo bem aí? — uma Moira preocupada questionou lançando um olhar em direção ao corredor que dava acesso ao banheiro.

— Sim... Sim. Estou bem. — respondeu rapidamente, mas não pareceu muito convicta do que dizia — Eu só preciso de Felicity! — falou abrindo a porta e colocando apenas a cabeça para fora, sua feição me deixou desconfiada. — Você pode vir aqui? Agora. — pediu com certa urgência.

Ignorei a estranheza do pedido e caminhei até ela, bem, pelo menos essa era uma forma de evitar a enxurrada de perguntas que minha sogra estava me fazendo. Thea abriu a porta do banheiro minimamente apenas o suficiente para que eu entrasse e assim que o fiz ela tornou a fechá-la nos trancando lá dentro.

— Vai me explicar o que é isso? — inqueriu e só então entendi sua expressão: estava cheia de expectativa — Felicity? — insistiu com olhos arregalados.

— Oh merda! — xinguei quando vi a caixinha de teste de gravidez em suas mãos — Não devia ter deixado isso aqui.

— Então... Você está grávida? — Seus olhos brilhavam em animação.

— Não! — neguei de pronto e a alegria em seu rosto desapareceu — Quero dizer, eu não sei. Bem... Existe uma possibilidade... — Me enrolei e isso foi o suficiente para Thea voltar a se animar.

— Então faça o maldito teste! — ordenou esticando o braço e me entregando a intimidadora caixa rosa.

— Eu não vou fazer isso agora. — objetei na tentativa de enrolá-la.

— Eu não vou a lugar nenhum Felicity. — afirmou cruzando os braços e me encarando, ela parecia determinada. Teimosia era uma característica muito forte na família deles, percebi.

— Mas eu não sinto vontade de fazer xixi agora. — Me agarrei a única justificativa plausível que consegui pensar naquela hora.

— Eu posso esperar aqui o dia inteiro. — explicou encostando à porta em uma postura despojada e um sorriso permanente – Ou ainda trazer uma garrafa de água para você. — Bufei irritada com sua atitude infantil, tinha certeza que ela não me deixaria sair enquanto não fizesse o maldito teste.

— Ok. Vamos acabar com isso logo. — falei vencida tomando a caixa de suas mãos.

— Você não deveria estar animada? É um bebê! — falou dando pulinhos de animação, enquanto eu respirei fundo e apertei meus olhos. Thea não compreendia a extensão de uma gravidez. Aliás, como poderia? Ela pensava que Oliver e eu éramos apenas um casal apaixonado, não tinha ideia da reviravolta que nossas vidas haviam sofrido, e muito menos de todas as mentiras que fizeram esse casamento acabar. Ela não sabia que esse bebê não teria um lar para crescer.

— Você pode se virar? Eu não consigo fazer com você me olhando com esses olhos intimidadores de um Queen. — Ela ergueu uma das sobrancelhas achando aquilo engraçado.

— Ok, ok. — riu me dando as costas — Não me lembro de você ser tão sensível assim! Devem ser os hormônios da gravidez! — provocou.

Respirei fundo tentando me acalmar, é apenas um teste. E eu sou ótima em testes, sempre tirei A+, eu posso fazer esse... Disse a mim mesma enquanto retirava o conteúdo da caixa e seguia as instruções.

— Já acabou? — uma Thea impaciente perguntou ainda de costas para mim.

Sim, eu tinha acabado, mas estava sem muita coragem para olhar, esse resultado que mudaria toda a minha vida e a de Oliver também. Prendi a respiração quando vi que a coisa havia mudado de cor mostrando duas barrinhas cor de rosa.

— Está Rosa! — Thea gritou tão alto que tive medo de que Oliver e sua mãe tivessem escutado. — E o que isso significa? Que vocês vão ter uma menina?

— Pelo amor de Deus Thea, você não leu as instruções?

— Porque eu leria? O teste é seu não meu. — retrucou.

— Então o que o que isso significa? — perguntei, me lembrando que eu também não havia lido as instruções por completo.

— Me dê isso! — tomou a caixinha de minhas mãos buscando a explicação. — Oh Deus! — Seus olhos se arregalaram enquanto lia e então veio até mim e me abraçou animada — Eu vou ser tia!

Fiquei estática enquanto Thea me abraçava, absorvendo o peso daquela informação. Eu seria mãe. Respirei fundo, uma, duas, dez vezes. Mas não parecia que havia ar suficiente para mim. Um bebê, que entrelaçaria à minha vida a de Oliver para sempre. Um pequeno ser que precisaria de mim para amá-lo e protegê-lo, que precisaria de um pai. Era uma responsabilidade imensa.

— Você está bem? — perguntou Thea franzindo o cenho, aquela não era a reação que ela esperava de mim. Eu apenas dei um aceno fraco de cabeça e sorri, um sorriso tímido e pequeno, mas um sorriso verdadeiro. Se eu estava assustada com o significado dessa gravidez? Definitivamente. Mas havia parte de mim que estava emocionada demais, eu seria mãe e essa era uma dádiva incrível.

— Podemos esperar um pouco? Não contar nada agora? — pedi nervosamente, não sabia como Oliver e eu lidaríamos com essa situação ainda, teríamos muito o quê conversar e decidir.

— Claro. — Thea concordou rápido demais e com um sorriso tão amplo que tomava conta de seu rosto. Eu deveria ter desconfiado de sua atitude, afinal ela sequer parecia estar me escutando. Ela destrancou a porta e saiu me puxando pela mão pelo corredor. — Eles vão ter um bebê! — anunciou contente assim que chegamos à sala, senti todo o sangue se esvair do meu rosto ao ver todos aqueles pares de olhos claros voltados para mim. Deus! Isso era um inferno! Enquanto um irmão era cheio de segredos a outra não conseguia manter um dentro da boca por meio segundo que fosse.

***

Entre abraços de felicitações eu encontrei o olhar de Oliver. Ele não estava surpreso, mas havia algo quando ele olhava para mim que me assustava. Era um misto de devoção e medo. Thea e Moira comemoravam, falavam sobre como o bebê seria amado, sobre possíveis nomes, que o apartamento era pequeno demais para uma criança crescer, que deveríamos pensar em uma casa com um grande jardim, que Oliver e eu deveríamos fazer isso ou aquilo, que Oliver e eu seriamos excelentes pais. Elas usavam muito “Oliver e Felicity” nas sentenças, o que era horrível considerando que não existia mais Oliver e Felicity. Em dado momento eu as deixei falando, me encostei no sofá e permiti que minha mente vagasse até questões mais importantes. Como lidar com tudo isso? Pensei muito, mas estava longe de encontrar uma solução. O que eu poderia fazer? O que estava feito estava feito. Por mais que esse bebê tenha vindo na pior hora possível, eu o amaria mais do que tudo. Faria tudo por ele. Tudo.

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— Você parece pálida. — Moira comentou — Está se sentindo mal Felicity?

— Humm...? — Foi minha resposta eloquente, eu não estava prestado muita atenção ao que ela me dizia.

— Ela não dormiu muito bem a noite passada. — Para meu alívio Oliver interferiu inventando uma desculpa qualquer a qual apenas confirmei com um suspiro pesado. Só então percebi que ele estava ao meu lado no sofá. Eu estava tão absorta em meus próprios pensamentos que sequer o notei antes! Eu devia estar realmente muito preocupada para ficar alheia a todo esse calor que emanava do corpo de Oliver.

— Eu estou bem, só preciso de um banho para assimilar tudo. — respondi por fim, com um sorriso educado.

— Claro! Foram muitas emoções! Nós duas aparecendo à porta de vocês sem avisar e agora essa gravidez! — Moira tinha um sorriso suspeito nos lábios, um sorriso daqueles que me dizia que ela tinha uma ideia e que eu provavelmente não iria gostar — Acho que Thea e eu devíamos sair um pouquinho, explorar a cidade. — disse se levantando.

— Mas nós acabamos de chegar! — protestou a Queen mais nova.

— Mas eles precisam de um pouco de privacidade. Comemorar um pouco a notícia a sós. — falou calmamente e senti meu rosto arder com a insinuação nada discreta de Moira.

— Oh! — exclamou arregalando os olhos quando finalmente compreendeu as palavras da mãe — Ok, nós vamos sair. — Thea disse piscando para nós dois e acompanhando a mãe até a porta — Comportem-se! Ou melhor: Não se comportem!

— Me desculpe por isso. — Oliver disse tão logo elas deixaram o apartamento e eu me afundava no sofá envergonhada. Minha ex cunhada e sogra saíram porque achavam que Oliver e eu iríamos comemorar a chegada do bebê fazendo sexo.

— Tudo bem, elas apenas estão animadas com a notícia não entendem que... — comecei a dizer, respirando fundo e me sentando mais ereta no sofá.

— Que nós terminamos. — Oliver completou com o rosto inexpressivo, saindo do meu lado e sentando-se a minha frente sobre a mesa de centro.

— É. — confirmei. Eu nunca tinha escutado Oliver dizendo isso antes “nós terminamos”. Era estranho, eu esperava que ele negasse, que ele tentasse me convencer que nós ainda tínhamos uma chance. Sua aparente aceitação dos fatos era algo novo. Onde estava o Oliver que disse que me amava e lutaria por nós? Será que ele havia mesmo desistido?

— E você? Como esta se sentindo? — sua voz era suave e demonstrava preocupação. Como ele conseguia ficar calmo quando tudo estava uma bagunça?

— Confusa é uma boa palavra. Oliver, como vamos fazer isso funcionar? A nossa vida está um bagunça! Precisamos encontrar J e meu pai! E ainda tem Amanda e Isabel, elas virão atrás de nós em algum momento! Esse bebê corre perigo. Como vamos protegê-lo? Como vamos dar à ele uma vida tranquila quando tudo está desmoronando? — Lancei minhas perguntas desesperadamente – Nem mesmo somos capazes de oferecer à ele uma família estável ou... – comecei a surtar.

— Hey fica calma. Nós vamos dar um jeito. — disse convicto.

— Como? — insisti, eu não via uma solução, como ele podia simplesmente dizer que daríamos um jeito?

— Primeiro nós precisamos conversar. Eu preciso que você me escute, me deixe explicar as coisas...

— Oliver. — o interrompi — Não há mais nada a ser explicado entre nós. Você mesmo disse: nós terminamos. — falei duramente, não estava a fim de voltar ao mesmo assunto, devíamos conversar sobre o bebê e como o protegeríamos e não sobre nós, eu e ele era algo que já estava acabado. Oliver suspirou pesadamente abaixando a cabeça entre suas mãos.

— Isso não é apenas sobre nós mais Felicity. — Ergueu a cabeça e encarou-me com seus olhos azuis tristonhos — Precisamos ser honestos um com o outro. Podemos não ser um casal agora, e eu sei que isso não é o usual, não é o que se espera, e muito menos o que se deve oferecer à uma criança. Mas precisamos resolver as nossas diferenças, pensarmos no bem dele acima do nosso. — Suas palavras me tocaram profundamente, Oliver estava certo. Isso não era sobre nós.

— Tudo bem. Fale. — respondi cruzando os braços e me encostando ao sofá.

Oliver me contou toda a sua história, desde o momento em que soube da morte de seu pai ainda jovem, em como Amanda o manipulou e o fez ver meu pai como o grande vilão da história, em como ela o convenceu de que eu era a chave para obter a vingança contra aquele que tirou seu pai. Eu entendi o lado de Oliver, eu realmente entendi toda a dor que ele passou, eu sabia que Amanda sabia ser cruel ela alimentava a dor das pessoas e então a moldava para seu próprio interesse.

— Eu sei que isso não é uma desculpa para o que fiz a você. — falou ao fim com a voz embargada — Mas pelo menos é a verdade, espero que valha alguma coisa.

— Vale sim Oliver. — afirmei depois de alguns breves momentos. Ele estava certo, saber o porquê dele ter feito o que fez comigo não mudava nada, não mudava a dor que eu sentia, mas pelo menos depois de tantas mentiras era bom ouvir algo verdadeiro.

— Eu só peço para que você não me afaste desse bebê. — ele falou buscando as minhas mãos e as segurando com as dele, fiquei surpresa com o toque, porém mais surpresa ainda com seus olhos que se fixaram nos meus, havia tantos sentimentos neles, tantos pedidos, tantas emoções — Eu sei que fiz tudo errado, mas essa criança não tem culpa dos meus erros. Me deixe ser o pai dela, não tire isso de mim.

Seu pedido era puro desespero. Eu via isso em seu olhar cheio de medo e de dor, na forma como suas mãos apertavam as minhas ou na expressão atormentada em seu rosto. Ele estava apavorado com a possibilidade de eu privá-lo disso.

— Eu nunca te impediria de ser pai Oliver. — respondi e ele suspirou aliviado — A nossa vida é uma bagunça. Mas é o que é. Como você disse, daremos um jeito.

— Obrigado. — respondeu realmente agradecido, um pequeno sorriso se insinuando em seus lábios. Um sorriso que não consegui evitar corresponder.

— Então já terminaram de fazer sexo de comemoração? — Thea disse abrindo a porta e interrompendo o momento.

***

Oliver Queen

Era oficial eu seria papai.

Em meio à tantas coisas ruins eu encontrei um motivo para sorrir naquele dia. Eu e Felicity seriamos pais. Não estávamos exatamente em sintonia nesse momento, mas pelo menos não estávamos brigando. Felicity escutou o meu lado da história, não justificava os meus atos ou todo o sofrimento que causei a ela, a nós, mas era a verdade. Sem mais mentiras ou segredos a partir de agora, afinal tinha isso que havia arruinado tudo primeiramente e eu estava disposto a fazer diferente dessa vez. Eu queria ser capaz de merecer o amor dela.

John me ligou apenas para dizer que ainda não havia informações, mas que estava trabalhando em um modo de nos conseguir ajuda para acessar o sistema da ARGUS. Não havia mais nada que eu pudesse fazer a não ser esperar por uma resposta dele, eu disse isso à Felicity, expliquei o que Diggle estava fazendo. Ela não pareceu muito contente com a ideia de não fazer nada, mas compreendeu que naquele momento não tínhamos um meio de encontrar nossos pais.

Depois que minha mãe e Thea voltaram as coisas pareceram mais leves. As duas ainda estavam muito eufóricas com a novidade do bebê, e talvez por isso o assunto tenha sido unicamente esse. Felicity e eu estávamos bem, era como se houvesse um acordo silencioso entre nós, e decidimos apenas passar aquele dia como um dia normal, sem estresse, discussões ou brigas. Podia parecer errado, mas eu sabia que aquela era uma concessão que ambos fizemos, dias ruins viriam em breve, mas hoje, só por hoje aproveitaríamos o bom momento, essa pequena dádiva. Eu me contentei com os pequenos momentos que pude roubar daquele dia, toques, olhares, sorrisos... Um leve beijo que deixei sobre a sua testa.

Felicity não iria confessar, mas ela estava feliz com aquilo, preocupada durante a maior parte do tempo, mas definitivamente feliz. Eu a pegava colocando a mão sobre a barriga quando pensava que ninguém estava olhando e sorria do nada. Eu podia ver onde os pensamentos dela iam porque os meus estavam indo para o mesmo lugar.

Precisávamos desse momento de paz.

Eu lutaria por mais momentos assim.

Lutaria até o fim para que a minha família tivesse paz.

Após o jantar, quando todos já estavam se aprontando para dormir minha mãe se aproximou de mim.

— Eu tenho certeza que vocês terão uma família linda. — ela comentou bagunçando os meus cabelos exatamente como fazia quando eu era criança. Ela tinha um daqueles raros sorrisos de felicidade nos lábios, que foi diminuindo aos poucos até que sua expressão se tornou séria, eu sabia que ela iria me dar um conselho nesse exato momento — Casamento nem sempre é fácil, mas se há amor vale sempre a pena lutar por ele.

— Como você...? — deixei a pergunta no ar.

— Eu sou sua mãe Oliver. — disse como se aquilo servisse de explicação para tudo — Eu sei dizer quando algo não está certo com o meu filho. Eu não sei exatamente o que é, mas eu vejo o quanto vocês dois se amam, não deixe isso acabar, ainda mais agora.

— Eu vou consertar tudo. — afirmei com convicção.

— É claro que vai, você sempre conserta. — Sorriu apoiando a mão sobre o meu rosto deixando ali um carinho leve — Boa noite filho.

— Boa noite mãe. — respondi entrando em meu quarto com um pequeno sorriso que aos poucos foi se desfazendo, minha mãe estava certa eu teria uma família linda com Felicity e nosso bebê, eu só precisava encontrar uma forma de uni-la novamente.

***

— O que é isso? — Felicity perguntou quando saiu do banheiro entrou no quarto e percebeu que eu havia colocado um travesseiro e um cobertor no chão sobre o tapete. Ela tinha acabado de sair do banho e agora todo o ambiente parecia cheio do seu cheiro floral.

— Minha mãe e Thea achariam estranho se eu dormisse no sofá novamente. — expliquei.

— Oh! — exclamou — Você pode... — começou a dizer, mas se interrompeu abruptamente.

— ...Dormir na cama com você? — completei a fazendo corar — Vai por mim, essa não é uma boa ideia. — Eu preferia ficar no chão à ficar perto dela sem poder tocá-la da forma que eu desejava. Seria tortura demais ter seu corpo tão próximo ao meu e seu coração tão distante. — Eu estou bem aqui. — menti me ajeitando ao chão.

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Felicity pareceu um pouco incerta, apagou a luz e caminhou até a cama sem dizer uma única palavra. Acho que naquele momento a nossa pequena concessão havia acabado, bastou colocar a cabeça sobre o travesseiro e todos os problemas e preocupações voltaram a nos atormentar.

Nunca tinha sido assim entre nós antes. Esse silêncio carregado de palavras não ditas.

— Isso não está certo! — Felicity exclamou sentando-se na cama e acendendo o abajur sobre o criado mudo.

— O que aconteceu? — Sentei-me a observando tentando compreender qual era o problema dessa vez.

— Eu não vou deixá-lo dormir no chão. — afirmou.

— Felicity...

— Deite-se comigo. — pediu. Inferno! Ela não podia fazer isso comigo! Será que ela não tinha ideia do efeito daquelas palavras em mim? Apenas por ouvi-las eu senti uma parte de mim se agitar — Eu quis dizer que a cama é suficientemente grande para nós dois. Eu não estava... Você sabe... Sugerindo que nós realmente dormíssemos juntos, apenas dormíssemos. Juntos. Na mesma cama. Nós não iríamos.... — apressou-se em corrigir se enrolando cada vez mais no processo.

— Eu entendi Felicity. — a interrompi um pouco brusco, quanto mais ela tentava se corrigir pior ficava. Peguei meu travesseiro e o coloquei sobre o meu lado da cama, deitei-me de costas e Felicity apressou-se em apagar a luz. A cama era mais macia, porém seria mais fácil conseguir dormir no chão do que aqui, o cheiro dos cabelos úmidos de Felicity parecia dominar o lugar. A janela entreaberta permitia que a luz da lua entrasse e banhasse seu rosto, me dando uma visão de seus belos traços. E havia aquele calor entre nós, aquela estranha vontade de puxá-la para os meus braços imediatamente, de beijá-la, de amá-la ou de pelo menos ter seu corpo junto ao meu. Como eu podia estar tão perto dela, mas ao mesmo tempo tão longe? Isso por si só já deveria ser punição suficiente para todos os meus erros, ter tudo o que eu mais queria, o que eu mais amo ao alcance da minha mão e nada daquilo ser realmente meu.

Tinha sido assim o dia quase todo, nos comportamos como um casal normal perante minha mãe e Thea. Eu não pedi para que Felicity fizesse isso, ela apenas fez entendendo que aquela era a melhor forma de lidar com aquele contratempo. Mas foi bom, verdadeiramente bom. Será que tinha sido real? Ou apenas uma mentira? De qualquer forma tinha sido uma visão do que poderíamos ter sido, do que deveríamos ser.

Quando eu olhava para ela agora eu não via mágoa e nem a dor que parecia a consumir das outras vezes. Será que esse bebê, talvez esse dia tivesse mudado as coisas, dado à ela uma outra perspectiva? Me senti esperançoso.

— Felicity? — a chamei, testando se ela ainda estava acordada, havia algo que eu precisava perguntar.

— Hum... — resmungou um pouco sonolenta virando-se na cama em direção à minha voz. Inconscientemente virei de frente me para ela também, estávamos a um palmo de distância, nossas respirações se mesclavam, engoli em seco contendo a vontade que eu tinha de beijá-la nesse momento.

— Você acha que algum dia será capaz de me perdoar? — perguntei seriamente. — Ela suspirou e piscou abrindo os olhos e os focalizando no meu rosto percebi que minha pergunta a havia deixado mais alerta.

— Eu já o perdoei Oliver. — confessou e meu coração se encheu de esperanças com aquelas palavras.

— Então... Porque ainda estamos separados? Vamos ter um bebê. Devíamos estar juntos como uma família. — Eu estava lutando comigo mesmo para não puxá-la para meus braços, para não saciar a vontade que tinha de tomar seus lábios nos meus e fazê-la minha novamente.

— Eu te entendo Oliver, entendo as suas motivações para fazer o que fez. Mas você brincou com meus sentimentos, quebrou toda a confiança que eu tinha em você. Eu não consigo discernir o que foi verdade e o que foi mentira no nosso relacionamento. — explicou — E por mais que eu ainda ame você, eu não confio que você não vai me magoar outra vez.

— É justo. — falei compreendendo o que se passava dentro dela, ela ainda estava com o coração magoado demais e com medo de se machucar. Felicity fechou os olhos e tomou uma respiração profunda. Fiquei observando enquanto adormecia, seu rosto estava tranquilo, livre daquela preocupação e cautela que pareciam sempre presentes quando eu estava próximo. Eu me odiava por ter feito isso à ela, por ter destruído o nosso relacionamento com tantas mentiras. Ela não tinha motivos para confiar em mim novamente, confiar no meu amor. Exceto que...

— Felicity? — chamei após alguns minutos quando me tornei ciente de algo que ela havia me dito.

— Hum? — Sua resposta não foi mais do que um murmuro, ela parecia no limbo entre o sono e a lucidez.

— Eu também amo você.