Coloco um pouco de carne na boca e Claire cutuca meu braço.
–Vamos tirar uma foto? – pergunta ela.
Faço positivo com o dedo e termino de engolir a comida. Ela pega o iPhone dela e coloca na câmera frontal. Credo eu to horrível.
Passo a mão no cabelo pra ver se ajuda alguma coisa e me aproximo mais dela. Nós duas sorrimos e ela bate a foto. Continuo comendo porque isso ta bom. Meu pai foi atender a chamada de alguém no telefone, deve ser a aguada da mãe da Claire.
–Depois eu te mando. – fala ela e assinto. –O Luca pediu pra mandar foto sua.
Quase engasgo com o que ela disse. Engulo tudo de uma vez e ela dá tapinhas nas minhas costas.
–Tá louca? – falo bebendo um copo de água. Meu rosto pega fogo.
Claire ri do meu estado.
–Eu não estou louca, não entendi porquê você ficou assim.
Olho pra ela como se ela fosse doida.
–Seu irmão pediu uma foto minha oras!
Que vergonha!
Ela sorri.
–Não tem nada demais, é que falei muito de você, então ele queria saber como você é. – diz a Claire. –Ele já viu fotos suas antes, porque seu pai sempre mostrava.
A situação só piora cada vez mais.
Eu já ia falar algo, mas meu pai chega.
–Terminaram de comer, meninas?
Nós duas fazemos que sim com a cabeça e ele pede a conta. O garçom logo chega e nos levantamos pra ir embora.
–Amanhã você tem prova? – pergunta o meu pai quando entramos no carro.
Faço que sim com a cabeça.
–Tenho prova de biologia.
–Pensei nessa sexta de irmos pra praia, o que acha? – pergunta ele se virando pra mim.
Sexta feira é dia 12, aí só vão faltar oito dias pro teatro. Meu coração acelera ao pensar nisso, de nervoso. E também lembro do Thomas. Terei que beijar ele. Balanço a cabeça pra não pensar nele.
–Acho que sim, pai. Só tenho que ver se tem ensaio do teatro.
Ele assente e a Claire olha pra mim.
–Seu pai disse mesmo que ia ter um teatro. Vai ser sobre o que?
Ainda não contei pros meus pais o tema, espero que eles só descubram lá no dia mesmo.
–Surpresa. – digo com um sorrisinho e ela revira os olhos, mas sorri também. –O que vocês vão fazer agora?
–Eu e a Claire ficamos em casa, ou vamos pras cidades vizinhas durante a tarde. – diz o meu pai. –Hoje vamos passear um pouco.
–Entendi. – falo e olho pela janela.
No caminho falo bastante com a Claire, ela me convida pra ir pra cidade dela quando eu quiser. E aí acabamos tocando num assunto delicado.
–O casamento vai ser no fim do ano, aí você pode passar as férias lá comigo. – diz ela.
Eu, que estava sorrindo, fico séria. Casamento. Ainda não caiu a ficha que meu pai vai se casar, meio que me recuso a acreditar nisso. E nem estava pensando nisso.
Vejo meu pai olhar pelo espelho do carro e desvio o olhar. Claire parece se arrepender do que disse.
Não falamos mais nada e meu pai me deixa no apartamento.
–Tchau. – digo pros dois.
Claire acena e vou até a janela do carro dar um beijo na bochecha do meu pai.
–Nos vemos amanhã de noite, sim? – pergunta ele e assinto.
Abro o portão do prédio e entro. Passo pelo porteiro, mas ele me chama.
–Lydia Miller?
–Sim. – respondo dando meia volta e indo até ele.
–O Thomas pediu pra avisar você que ele quer falar com a senhorita.
Cara de pau, não quero falar com ele.
–Ahn, ok. – é o que respondo. –Diz pra ele que ainda não cheguei.
O porteiro me olha sem entender.
–Finge que nem me viu, caso ele pergunte de mim.
Ele não entende minhas razões, mas assente e entro no elevador desejando não dar de cara com o imbecil do Thomas.
Ele que vá brincar com os sentimentos de outra pessoa, com os meus eu não deixo mais.
Chego no apartamento e vou direto pro meu quarto. Preciso estudar pra bendita prova.
Procuro pelo meu caderno e acabo pegando o de matemática. Cai um papel dele e me ajoelho no chão pra pegá-lo.
Desdobro a folha e vejo os que eu e o Thomas passamos na aula, não sei quanto tempo faz. Foi no dia que ele passou mal.
Respiro fundo e coloco o papel onde estava, sem coragem de rasgar. A letra dele é meio desleixada, mas legível. E ele é aquele tipo de aluno que mesmo zoando às vezes, é inteligente.
Guardo o caderno no lugar dele e acho a apostila de biologia. Me sento na mesinha e começo.
Mal dá meia hora e não consigo me concentrar nem um pouco. Tento de novo, mas não dá.
Bufo e dou um tapa na mesa. Nenhum garoto deveria tirar meu foco nos estudos.
Levanto e vou na cozinha pegar água e quando estou lá ouço uma batida na porta. Levo a mão no coração, meio assustada.
Mais duas batidas.
Seguinte, e se for o Arnaldo?
Mais batidas.
–Lydia, você ta aí?
Mas não é Arnaldo não, é a voz do Peter. Mas o que ele ta fazendo aqui?
–Quem ta aí com você? – pergunto próxima da porta, pra ter certeza que o Thomas não está junto com ele.
–Eu to sozinho, preciso falar com você. – ouço-o dizer.
Decido arriscar e abro a porta, vendo o sorriso torto do Peter na minha frente.
–Pra que tudo isso? – pergunta ele e vem até mim, me dando um abraço rápido.
Entro em casa e fecho a porta, vendo o Peter ir se sentar no sofá.
–Queria saber como você descobriu o número do apartamento.
Me sento no outro sofá de modo que dê pra ver o rosto dele. Peter ri.
–Pelo Thomas. – diz ele e fico mais séria. –Eu vim falar dele.
Reviro os olhos.
–Se veio pra falar dele, sem querer ser mal educada, mas vai embora.
Ele me olha meio assustado.
–Nossa, quanta raiva.
Acho que fui meio grossa, mas não quero ouvir do Thomas.
–Desculpa, Peter. Mas não quero falar dele.
Ele assente.
–O Thomas sabe que já estou em casa? – pergunto.
Peter nega com a cabeça.
–Eu nem sabia que você tava aqui, ele nem sabe que vim conversar com você. – diz ele.
–Não diz que estou em casa.
Ele faz que sim com a cabeça.
–O que tem pra me falar?
–Não é nada demais, é só que eu vi umas coisas e queria conversar com você. – faço sinal pra ele continuar. –Eu meio que ouvi você falando que gosta dele enquanto ele dormia.
De todas as coisas que ele podia falar, a que eu menos esperava era sobre isso. Começo a tossir e meu rosto fica vermelho.
–Você o que? – pergunto engasgada.
Meu amigo ri loucamente e jogo uma almofada nele.
–Para com isso!
Ele se recompõe aos poucos.
–Eu estava chegando e vi você falando que gosta dele. – continua ele. –Aí, hum, digamos que eu vi você beijando ele.
Ah, não. A situação só piora. Enterro meu rosto nas minhas duas mãos, balançando a cabeça na negativa. Que vergonha.
–Hey, fica calma. Eu não vou contar pra ele. – diz o Peter e senta do meu lado. –Só vim pra te dizer que acho que devia contar pra ele.
Encaro o Peter como se ele tivesse problemas.
–Ficou maluco? Eu não vou fazer isso!
–E por que não?
–Porque não! – falo brava, mas não com o Peter, e sim pelo fato de eu gostar do Thomas. –Sério, eu não quero falar. E você, por favor, não diga uma palavra sobre isso!
Peter assente.
–Ele até me disse que sonhou que você beijou ele.
Meu rosto esquenta.
–Ele disse isso?
O garoto faz que sim com a cabeça. Quer dizer que o Thomas sonha comigo, mas beija outras garotas? Ele deve sonhar com todas as garotas!
–Bom, deixa ele pensar que é só sonho. Porque foi a última vez.
Peter ri.
–Vou fingir que acredito que não vão mais se beijar.
Dou um tapa no braço dele.
–Não vou mesmo falar sobre isso com você! – falo.
–E por que não? Eu sou um garoto, entendo do mundo masculino. – diz ele fazendo graça e dou risada.
–Porque não, né Peter. Eu tenho vergonha disso, você sabia?
Ele sorri.
–Sabia, o Thomas diz que você fica mais sem graça que a porta quando ele te beija.
Mas eu vou matar o Thomas!
–Vou matar esse infeliz! – estou simplesmente morta de vergonha.
Peter começa a gargalhar e eu fico olhando pra ele sem achar a menor graça, com o rosto queimando.
–Quem ele acha que é pra falar sobre mim pra você?
–Certeza que você fala dele pra Katherin. – diz o Peter com as sobrancelhas arqueadas.
Solto uma risada.
–Até parece! – fico interessa nas minhas unhas roídas. –Puff, não perco meu tempo falando daquele lá não.
Peter revira os olhos, ainda rindo.
–Vou fingir que acredito em você. – diz ele e se levanta. –Eu tenho que ir pra casa, dormir um pouco.
–Já estudou pra prova? – pergunto me levantando também.
Ele ergue uma sobrancelha.
–Que prova?
Dou uma risada.
–De biologia. – ele continua me olhando como se não se lembrasse. –Amanhã tem uma mega prova de biologia.
–Tem? – pergunta ele e assinto. Peter arregala os olhos. –Tô ferrado!
–Sim, está. – falo e passo o braço ao redor do ombro dele. –Mas se te serve de consolo, eu também estou. Não consigo estudar.
–To com sérios problemas de concentração. – murmura ele e do nada segura meus ombros, parecendo se lembrar de alguma coisa. –Preciso falar com você!
Começo a rir pelo desespero dele. E vamos pra sacada. Coloco os braços na murada e o Peter se encosta do meu lado.
–É a Katherin. – diz ele vagamente. –Falta pouco pro aniversário dela, não sei ao certo o que fazer pra ela...
Sorrio.
–Vocês são muito fofos sabia?
As bochechas do Peter ficam meio coradas.
–Eu pensei em levar ela pra sair, mas não sei... – ele coça a nuca. –Tenho medo do pai dela.
Olho pra ele com a testa franzida.
–Isso é sério? – pergunto segurando uma risada e ele assente. Começo a rir e ele me olha sério. –Foi mal Peter, mas isso é engraçado.
Ele revira os olhos.
–Não é nem um pouco! – diz ele. –O dia que fui levar ela pra sair o pai dela parecia que ia me matar com os olhos!
Balanço a cabeça ainda sorrindo.
–Eu acho que qualquer coisa que você fizer, ela vai ficar alegre. – falo sinceramente. A menina simplesmente pira ao ver ele. –É só estar presente.
–Sabe se ela vai fazer festa?
Nego com a cabeça.
–Ela ainda não me disse nada.
–Certo. – fala ele parecendo pensar em algo. –Eu vou falar com ela amanhã.
–Sobre o que? – nem sou curiosa.
As bochechas do Peter ficam meio vermelhas.
–Não posso te contar.
Cruzo os braços.
–Pois agora você conta!
Ele nega com a cabeça.
–Eu tenho vergonha de falar disso.
Solto um risada.
–Eu também tenho vergonha de falar de beijo, e você me obrigou! – retruco.
Eu sei, faço ótimos pontos. Pode dizer.
–Eu sei, mas não vou falar disso. – ele me dá um beijo na bochecha e sai apressado, indo pra porta.
–Volta aqui! – grito rindo de onde estou mesmo e ele acena e vai embora.
O que será que ele quer falar com a Katherin? Dou de ombros, depois ela me conta. Tranco a porta e vou beber a água, já que o Peter me interrompeu.
Não sei como reagir sobre ele ter me visto falando com o Thomas na enfermaria. Eu podia jurar que estava sozinha naquela hora.
O Peter deve ter se perguntado muito sobre vir falar comigo sobre isso, mas acho que até foi bom ele falar, apesar de tudo. Fico feliz dele não contar pro Thomas.
Mal conheço o Peter, mas sinto como se conhecesse ele há anos. Acho que já brincamos alguma vez quando éramos pequenos, tenho que perguntar pra minha mãe. No instante que conheci o Peter nessa cidade senti que eu podia confiar nele e pelo visto estava certa.
O mesmo aconteceu com a Katherin, nos demos bem de primeira. Fizemos amizade rápido e posso contar com ela pro que for.
Já o Thomas...
Coloco o copo na pia e fecho os olhos com força. Não vou pensar nele. Não posso pensar nele. É perda de tempo pensar em alguém que só me usou e, quem sabe, fez piada com a minha cara.
–Esquece esse garoto. – murmuro pra mim mesma. –Não vale a pena perder seu tempo pensando em quem não liga pra você.
Fico uns minutos encostada na pia e vou pro quarto, já que ainda tem coisa pra estudar. E é isso que eu vou fazer.

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Fiquei o resto da tarde fazendo tarefas. Não contei pra ninguém sobre ter visto o garoto que eu gosto beijando outra menina e nem estou afim de falar sobre isso. Na verdade, no momento não quero falar com ninguém. Quero ficar sozinha.
Incrível como meu humor muda. Horas atrás estava rindo com o Peter, e agora estou aqui deitada na cama ouvindo músicas depressivas enquanto penso na vida.
A música para de tocar e bufo. Esse celular dá problema às vezes, e quando eu digo “às vezes”, quero dizer muitas vezes.
Já ia começar a bater no celular, mas vejo que estou recebendo uma chamada.
Thomas.
Meu coração acelera, e muito. Dou um tapa na testa, me xingando por ficar assim. Eu não devia nem me importar, meu coração não devia nem acelerar!
Fico olhando pra tela, sem saber o que fazer. Posso atender, ou não atender. Fico tão indecisa que tenho vontade de jogar o celular pela janela. Aí penso nas consequências. Minha mãe iria me estrangular se eu quebrasse meu celular.
Atendo ou não atendo?
Respiro fundo e decido atender. Quero ver até onde ele vai com esse jeito cínico, quero gritar com ele, pra ele me deixar em paz.
Lydia, o Peter me disse dos garotos hoje na escola, queria saber se você está bem.
Mas não consigo falar nada. Minha garganta seca e me lembro de hoje de manhã.
Não respondo nada e continuo com o celular no ouvido.
–Lyd, o que ta acontecendo?
Meu rosto fica tenso e lembro de todas as vezes que eu o abracei, que senti seu perfume... Que tive seu rosto tão próximo do meu. Dói saber que pra ele não significou absolutamente nada. Ele já deve ter feito isso com tantas antes... Quem garante que agora mesmo ele não está com a Ashley do lado dele, os dois rindo da minha cara?
Lydia?
Eu prometi pra mim mesma que não ia chorar por causa dele. Eu me obriguei a comer, mesmo sem vontade. Eu me obriguei a sorrir perto do meu pai e da Claire, e até mesmo do Peter, porque não posso me permitir ficar mal por causa do Thomas.
Parece que todas as minhas promessas pra mim mesma foram quebradas, porque sinto lágrimas descendo pelo meu rosto.
Eu me sinto tão idiota!
Ele não merece minhas lágrimas, não merece! Desde quando eu choro por garotos? Isso me dá uma raiva!
Desligo o celular e nesse momento minha mãe entra no quarto. Tento disfarçar e secar o rosto rapidamente, mas ela me conhece mais do que ninguém. Desisto de continuar fingindo que estou bem e continuo chorando.
Minha mãe vem até mim com um olhar preocupado e se senta do meu lado.
–O que aconteceu, Lydia?
–Tudo de novo, mãe. – falo tentando parar de chorar. –Tudo de novo!
Ela passa o braço pelos meus ombros e encosto a cabeça em seu ombro, me acalmando aos poucos. Minha mãe não fala nada, só acaricia meus cabelos e aos poucos eu paro de chorar.
–Desculpa por isso. – falo me sentando direito e passando as mãos nos olhos. –Eu só não aguentava mais.
Ela se levanta.
–Vou fazer um chocolate quente pra nós duas e aí você me conta o que está acontecendo. – diz ela e só assinto.
Lembra quando eu disse que não queria falar com ninguém? Eu não queria mesmo, mas agora sinto que preciso colocar isso pra fora.
Espero ela voltar com duas canecas e ela me entrega uma. Minha mãe se senta na beirada da cama e eu tomo um gole do meu chocolate. Isso me conforta.
Ficamos quietas por um momento.
–Pode falar agora? – pergunta ela.
Seguro a caneca com as duas mãos para esquentá-las, já que estão frias.
–O que aconteceu de novo?
Respiro fundo.
–Lembra o Daniel mãe? – ela assente. –Você sabe que eu gostei dele, mesmo que eu não tivesse te falado. – ela concorda com a cabeça de novo. –Acontece que o Daniel, ele disse que gostava de mim, me deixou pensando isso, e aí depois ficou namorando outra pessoa.
–Eu lembro. – diz minha mãe.
Olho pro teto.
–E aí vem o Thomas, a pessoa mais irritante do mundo. – falo com raiva. –Ele pegava no meu pé e tudo mais, e aí comecei a gostar dele e... E... – bufo frustrada. –Ele me beijou, mãe! Ele me abraçou, segurou minha mão, me deixou me sentindo diferente... – tomo mais do meu chocolate quente. –Não digo que achei que ele gostava de mim... Só que pra mim, tudo aquilo devia significar algo pra ele.
–E eu tenho certeza que significa. – diz minha mãe.
Nego com a cabeça.
–Não significa nada pra ele! – esbravejo. –Hoje apareceu uma menina lá na escola que ele gostava antes, descobri que ele era um galinha!
Minha mãe revira os olhos.
–As pessoas mudam, filha.
Faço que não com a cabeça.
–Ele não mudou, mãe. Hoje vi ele beijando essa garota aí e isso me machucou pra valer. – falo e olho pra baixo. –Eu nunca mais quero ver ele.
Minha mãe vem até mim, tira a caneca da minha mão e segura minha mão.
–Escuta, você não sabe o que aconteceu. Por que não vai falar com ele?
Olho pra ela incrédula.
–Eu não!
–Sabe, Lydia, não sei se já te disse isso, mas você tira conclusões precipitadas na maior parte do tempo. – diz ela. –Vai falar com o Thomas, tenho certeza que foi um mal entendido.
–Não foi mal entendido nenhum, ele não presta mesmo! – falo estressada. –Não vou conversar com ele, por mim não via nunca mais.
Minha mãe respira fundo.
–Eu ainda acho que devia ir falar com ele, tirar suas conclusões.
Solto uma risada seca.
–Tirei minhas conclusões vendo os dois se agarrando na enfermaria. – digo e torço o nariz, lembrando dos dois. Os dois se merecem. –Eu não vou ficar chorando por ele.
Minha mãe se levanta.
–É assim que se diz.
–Obrigada, mãe. Eu precisava desabafar com alguém.
Ela sorri e me dá um beijo na testa.
–Sabe que estou aqui pra tudo.
Sorrio.
–Não vai mesmo falar com o Thomas? – nego com a cabeça. –Faça o que decidir, mas não faça algo que te magoe.
Assinto.
–Que horas são, mãe? – perdi totalmente a noção do tempo.
–Nove horas..
Minha mãe me pergunta da competição e digo que ganhei a corrida, mostrando a medalha pra ela. Depois falo sobre os garotos que tentaram agarrar eu e a Katherin. Minha mãe disse que vai na escola amanhã falar com a diretora, não acho que vá adiantar, mas tudo bem.
Decido ligar pra Katherin, já que fui egoísta e nem lembrei o dia todo de como ela ficou hoje de manhã.
Depois de ficar falando com ela até quase dez horas da noite, tomei coragem e me levantei. Escovei os dentes, tirei as lentes de contato e me forcei a lembrar amanhã cedo que preciso de um óculos novo. Óculos são mais confortáveis. Depois disso, apaguei as luzes do quarto e fui correndo me deitar e me cobrir, porque eu tenho meio que medo do escuro.
–Boa noite, Lydia. Amanhã vai ser um dia melhor. – disse pra mim mesma e fechei os olhos.

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