Even in Death

Você lembra de mim?


Nunca parei para pensar no quão reconfortante é estar perto dele , seus olhos que agora deixaram aquela personalidade vazia e sombria longe dessa sala. Mas nem seu amor poderá libertar-me da prisão que eu vivo desde criança.

–Como você tem certeza de que ele as matou? -pergunta ele curioso.

–Porque ele as matou no dia em que eu segui ele para o porão, onde ele levou elas naquele dia. -digo com os olho fechados, não conseguiria mentir olhando-o nos olhos, como também não consigo contar que as mortes foram minha culpa.

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–Oh Stella, por que você nunca me contou sobre isso. - ele pergunta me abraçando, mas logo desfaz e pergunta novamente. -Ele fez as coisas que fazia com as suas amigas...

–Não, ele nunca me estuprou, eu sempre me escondia, minhas amigas também se escondiam comigo, mas sempre uma ficava no quarto nas horas que ele ia buscar uma de nós. -respiro por um momento, mais forte do que antes, as palavras pesam como chumbo em minha garganta, não gosto de mentir para ele, mas não estou realmente mentindo, estou apenas omitindo a pior parte. -Como eu era a menor entre elas, nunca me deixaram se sacrificar por elas, como faziam todas as noites. Eu devo minha vida a elas.

–Sei que não poderei entender o que você passou e passa com isso em sua mente, -diz ele pegando em minha mão. -mas saiba que nunca a deixarei sozinha.

Sinto um sentimento invadir meu peito, um calor forte que me faz sorrir. Não consigo pensar muito antes de sentir seus lábios nos meus, de uma forma carinhosa e sem malícia, isso foi reconfortante e ao mesmo tempo assustador. Oh meus deuses, meu chefe acabou de me beijar.

Quando nos separamos sua mão está no meu rosto, eu ainda estou com os olhos fechados, apenas sonhando que esse pequeno momento seja infinito. Quando abro os olhos ele está me encarando, com um olhar terno ele acaricia meu rosto.

–Eu te amo. -digo sem pensar, apenas digo o que estou sentindo no momento.

Ele me olha com os olhos brilhando como se fosse uma criança no natal, pela primeira vez depois de muito tempo o vejo sorrir. Não precisava dizer mais nada. No impulso do momento busco em seus braços o afeto que procurei minha vida toda.

–Queria muito ficar aqui e aproveitar mais esse momento, mas temos que pegar o Adolf antes que ele faça mais vítimas fatais. -digo me colocando de pé.

–Sim e como ficamos agora? -pergunta enquanto estamos indo em direção ao elevador.

–Vamos dar um passo de cada vez, tenho certeza que o tempo não irá acabar para que não possamos aproveitar cada minuto que agora poderemos ter juntos. -digo sorrindo e entrando no elevador.

–Ok, não se preocupe com o tempo, já encontrei o meu cantinho no paraíso. -diz ele me abraçando e com ternura seus lábios juntam-se ao meu em um beijo calmo e sem pressa para acabar. -Espera aí, -ele diz, agora apenas com os braços em minha cintura. -você disse , "antes que Adolf faça mais vítimas fatais", quer dizer que ele tem vítimas vivas?

–Mas é claro que tem, e uma delas é Anne, a melhor amiga de Sophia. -digo e as portas do elevador se abrem.

Nos direcionamos para o Orfanato, o plano inicial é tentar convencer Anne a nos contar o que o Sr. Korvokian faz com ela e com as outras garotas do Orfanato.

Olá srta. Bonasera. -diz a freira que me acompanhou na ultima visita. -No que posso ajudar?

–Oi Sra. Marta, gostaria de falar com Anne, ela é a amiga de Sophia. -digo.

–Claro, vou busca-lá. -diz já se distanciando.

Depois de uns minutos, Marta aparece com Anne segurando sua mão. Anne está esforçadamente tentando disfarçar que não está mancando e seu rosto tem uma expressão de dor.

–Olá Anne! -digo me abaixando para ficar com sua altura. -Lembra de mim?

–Oi, lembro sim, foi você que disse que a Sophia foi para o céu. -diz a menina, sua inocência está manchada de dor, eu consigo ver isso.

–Sim, eu posso conversar com você? -digo e olho para a freira. -Sozinha.

–Claro, vou ir para minha sala, chamem-me se precisar. -diz ela e some no corredor.

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Pego a mão de Anne e a levo para o pátio, sentamo-nos em um banco, Mac falou que iria ficar longe para dar privacidade a Anne.

–Eu gostaria de perguntar uma coisa que você tem que me dizer a verdade, ok? -digo pegando em suas mãos.

–Tá bom, é sobre como a Sophia morreu? -ela diz olhando para baixo.

–Sim, o Sr. Korvokian fez alguma coisa com ela? -pergunto, ela olha para baixo.

–Eu não posso falar, ele disse que iria fazer comigo o que fez com ela. -diz ela ainda olhando para os pés.

–Ele te leva para o porão? -pergunto.

–Sim, ele levava a Sophia também, mas ela gritou muito na noite que ela morreu. -ela diz, agora olhando par mim. -Ele disse que não podia gritar, porque é nosso segredo.

–Eu sei o que ele fez. -digo colocando seu cabelo para trás do ombro.

Quando faço isso vejo um hematoma em seu pescoço. Ela olha para mim.

–Eu posso ver? -pergunto-lhe, ela acena com a cabeça positivamente.

Puxo seu uniforme para baixo e logo vejo mais hematomas e arranhões em todo seu corpo. Arrumo sua camiseta novamente e pergunto-lhe.

–Ele fez mais alguma coisa com você?

–Ele mexe no meu corpo, ele fazia isso com a Sophia também, por isso ela gritou, porque dói. -ela me diz chorando.

Nesse exato momento, levanto-me e pegou sua mão, vamos em direção ao Mac.

–Fique com ela. -digo e me abaixo para ficar na altura de Anne. -Fique tranquila, ele não vai fazer mais nada com você.

–Espera. -ela me chama puxando minha mão. -Ele está no porão, quando você me chamou ele estava levando Mary.

–Onde fica o porão? -pergunto, ela me diz e saio correndo em direção ao porão.

–Você não achou que ia sozinha, não é? -diz Mac, não percebi ele chegando.

Já estamos em frente à porta do porão. Estou ouvindo ele gemendo e um choro fino. Logo eu estou chutando a porta, ela se abre com um estouro. A única coisa que vejo é ele se levantando rápido com a calça arriada.

–Você está preso pelo estupro de Sophia, Anne e Mary e pelo assassinato de Sophia. -digo indo em sua direção, ele parece perdido. Mac foi em direção a Mary e a cobriu, pegou-a no colo e a levou, eu já estava atrás dele com Adolf algemado.

–Eu não queria fazer isso, eu tenho prolema, eu tenho que me tratar. -ele diz chorando.

Chegamos na delegacia, e Flack o levou para o interrogatório. Foi fácil, nem precisamos dos testemunhos da Anne e Mary. Quando Flack terminou eu e Mac fomos ao seu encontro. Enquanto Mac conversava com ele, fui escondida a sala do interrogatório.

–Você realmente não se lembra de mim?-pergunto olhando para ele que estava sentado olhando para o nada.

–Stella Bonasera, -ele diz agora olhando para mim com um sorriso sádico. -como poderia esquecer minha garota preferida, ainda sinto falta de seus cabelos enrolados nos meus dedos. E você sente falta de mim em cima de você?

Saio de lá e não vejo nada ao meu redor, nem sei para onde estou indo, ligo o carro e vou para casa. Chego e fecho a porta que serve de apoio enquanto choro. Depois que me acalmo, levanto-me e vou em direção ao banheiro.

Não percebo no momento, mas vejo que estou com a arma em minha mão. Sei o que isso significa, estou tão calma com isso que não sei porque ainda não puxei o gatilho, estou querendo desesperadamente acabar com tudo, ficar em paz, mesmo que isso seja embarcar em algo desconhecido.

Estou com a arma levantada encostada em minha têmpora, pronta para puxar o gatilho. Mas um mão pega a arma de minha mão gentilmente, sinto braços fortes envolver meu corpo. Estou em paz agora, mas a encontrei antes da morte.