Eu vou aonde ele for

Capítulo 4 - Por qual motivo?


Capítulo 4 – Por qual motivo?

As duas olharam para o consultor largado no sofá. Ele não desligou o som nem reagiu, ou ao menos elas não viram, pois apenas seus pés estavam visíveis. Joan caminhou até ele, percebendo que ainda fitava o teto e tinha um olhar confuso onde mil emoções estavam em conflito. Ela pediu desculpas baixinho e desligou o som, em seguida se abaixando na frente do sofá e tentando atrair a atenção dele.

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– Sherlock, por favor. Sabemos que não há como manda-lo embora, nem podemos. Vamos tentar tornar essa cena o menos estranha possível. É melhor você se sentar.

Sherlock a olhou após algum tempo e moveu-se lentamente até estar sentado no canto do sofá. Joan afagou de leve seu ombro antes de seguir para a porta.

– Eu devo sair? – Kitty perguntou, fazendo Joan parar no meio do caminho e virar-se para ela.

– Você também faz parte de tudo isso, Kitty. Você também faz uma grande diferença na vida dele. Fique.

– E se o pai dele não me quiser aqui?

– Eu darei um jeito nisso.

A chinesa seguiu para atender a porta, respirou fundo e a abriu. Um homem de certa idade estava parado a sua frente. Vestido elegantemente, mas sem extravagância, de certa forma lhe lembrava o jeito de Sherlock e Mycroft se vestirem. Tinha cabelos castanhos que douravam com a luz do sol e olhos cinza azulados como os de Sherlock. Pode ver traços dos dois irmãos Holmes nele, embora se parecesse bem mais com Mycroft do que com Sherlock. Sua expressão pareceu fria a primeira vista, mas Joan pode enxergar tristeza dentro de seus olhos.

– Boa tarde. Espero não ter chegado em horário inconveniente, mas precisava vir o mais rápido possível. Creio que finalmente nos encontramos pessoalmente, senhorita Joan Watson. John Holmes – ele estendeu a mão, a qual Joan apertou.

– Seja bem vindo, senhor Holmes – ela lhe mostrou um sorriso simpático e permitiu que ele entrasse.

– Tenho certeza que Sherlock lhe falou várias vezes sobre assiduidade não existir no meu vocabulário. Ele pensa que sou negligente, mas você nem imagina como é a vida de alguém que tem muitos negócios.

O homem pendurou seu casaco em um dos ganhos da parede e então reparou em Kitty.

– Posso saber quem é essa jovem?

– Sou Kitty Winter. Também faço consultoria com eles, embora eu tenha me afastado para outro lugar, estou aqui porque fiquei preocupada com Sherlock. Prazer, senhor.

– Muito prazer – ele respondeu, apertando a mão de Kitty.

Joan o olhou interrogativamente e ele entendeu.

– Vamos ter uma longa conversa. Eu sei que em sua vida meu filho jamais teve amigos e nunca ouvi alguém dizer uma coisa dessas a respeito dele. Se você está dizendo... Significa que ele alcançou um patamar que eu ou seu irmão jamais esperamos. E qualquer pessoa que possa me contar sobre algo relevante sobre ele será útil. Permaneça conosco, senhorita Winter.

Joan o guiou para a sala onde Sherlock estava sentado. Ela e Kitty haviam previamente arrumado chá e biscoitos sobre uma pequena mesa de centro colocada ali. Kitty sentou-se na outra extremidade do sofá e Joan ao lado de Sherlock. O senhor Holmes sentou-se em frente aos três na poltrona fofa que Sherlock costumava sentar-se às vezes. Lançou seu olhar sobre o filho, vendo o terrível estado em que se encontrava, não sabendo se ele não tinha noção de sua presença ou se estava apenas o evitando.

– Sherlock? Você pode me ouvir?

Sherlock o olhou, mas sem dizer uma palavra. John Holmes tentou disfarçar, mas as duas consultoras perceberam que ele se encolhera com o olhar de Sherlock. Joan o olhou e viu a mágoa em seus olhos azuis. Após alguns instantes de silêncio, Joan corajosamente tomou a palavra.

– Eu me lembro bem do seu acordo pra Sherlock permanecer aqui. E também imagino que deve estar se perguntando porque eu ainda estou aqui.

– Quando ele me ligou a mais de um ano perguntando se renovei seus serviços e eu disse que neguei, nem ele parecia saber porque você ficou. Hoje quando estava vindo pra cá eu não sabia se a encontraria ou não. Mas já tenho minhas respostas, tenho minhas fontes. Você decidiu continuar aqui cuidando dele, mesmo quando neguei, meu filho percebeu o risco que a profissão trazia para ambos e lhe transformou em sua aprendiz, agora você é contratada dele e não minha. Alguns acontecimentos sopraram por aí a fama de uma nova consultora em Nova Iorque, Joan Watson.

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Joan não estava tão surpresa, mas um tanto impressionada com os detalhes que ele conhecia. Ainda assim preferiu não perguntar.

– Eu não sei porque você ficou. Só imagino que seja uma pessoa incrível, por isso a contratei. Você queria ajudar seus clientes, não receber cheques no fim do mês. É uma pena que tenha deixado o ramo, embora eu tenha notícias de que se tornou tão promissora sendo consultora quanto era como acompanhante sóbria. Obrigado por cuidar do meu filho.

– Também devo agradecer. Também tive meus momentos e Sherlock de certa forma... Me ajudou a me libertar.

– É uma boa história, mas é melhor irmos direto ao ponto. Eu estive na delegacia e vi a cara nojenta do traficante que causou tudo isso. Mas ele não pode ser usado como justificativa. Independente de qualquer coisa, ele teve uma recaída. O capitão e o detetive me garantiram que não e me disseram que a pessoa mais indicada em todo o mundo pra falar qualquer coisa sobre Sherlock é você. Eu não tinha ideia de que vocês dois estavam tão próximos. Então... Conte-me sua versão.

– Deve saber como tudo isso começou.

– Sim, aquele safado os contatou pedindo ajuda com a irmã desaparecida e lhes enviou pistas horríveis de que havia sequestrado o padrinho de Sherlock. Eu fui até o hospital. O rapaz está se recuperando bem e também acredita muito em você. Ele disse “Com Joan Watson, ele está em boas mãos. Se ela diz que não aconteceu, então não aconteceu.”

– Na noite em que Sherlock descobriu a farsa de Oscar... Oscar tinha tomado seu celular. Ele conseguiu um outro, mas de alguma forma o perdeu ou largou por aí. Não tínhamos ideia de onde ele estava. Eu voltei pra cá pensando que ele poderia já estar aqui, mas ele só chegou meia hora depois.

Ela parou de falar ao escutar a respiração de Sherlock tornar-se pesada, e um tanto hesitante pela presença do senhor Holmes, pousou a mão suavemente sobre a perna esquerda do consultor, o olhando por alguns segundos, nos quais ele pareceu se acalmar um pouco, e tornou a falar.

– Ele estava exatamente como o está vendo agora. Ele acendeu a lareira e ficou lá olhando pra o nada. Levei muito tempo pra fazê-lo reagir. Quando finalmente reagiu, ele teve uma crise de nervos e me contou... Me mostrou o que aconteceu. Ele me entregou uma caixa de metal que pertencia a Oscar, percebi que ele mexeu bastante nas coisas, mas não as usou.

– Eu me lembro, vi esta caixa na delegacia. Um dos pacotes estava aberto. Mas o capitão e o detetive me disseram que o conteúdo de todos os pacotes foi medido e não falta um grama sequer em nenhum deles, nem mesmo do que foi violado.

– Eu também confirmei isso depois de analisar bem. Eu fiz um teste de drogas nele, deu completamente negativo. Eu o guardei.

Ela tirou um vidrinho com um conteúdo branco do bolso e o entrou ao mais velho, que o analisou.

– Se ele tivesse usado qualquer coisa, só o fato de ter cheirado a droga, o conteúdo desse vidro estaria azul. Eles também devem ter lhe dito que não há impressões digitais ou qualquer amostra de pele na agulha da seringa.

– Sim, me provaram isso.

– Já era bem tarde quando consegui fazer ele se alimentar e subir pra tomar banho e dormir. Deve saber que ainda detenho minhas habilidades médicas. Eu o examinei antes de dormir. Só encontrei arranhões nos braços deles, mas posso garantir que foram causados pelas próprias unhas dele, não deve ter sido fácil. E eu o tenho vigiado essas noites, às vezes parece ter pesadelos. Ele está melhorando, mas o choque ainda persiste. Apesar de nada ter acontecido, ele chegou muito perto, está decepcionado consigo mesmo. Ficou três dias sem dizer uma única palavra.

Ao fim das palavras dela Sherlock assumiu uma expressão incômoda, parecia extremamente desconfortável por ter sua situação exposta, ainda mais ao pai com quem nunca se dera bem e em quem não confiava. Joan o olhou e esperou que ele olhasse volta. De alguma forma o olhar dela parecia pedir perdão e ao mesmo tempo que confiasse nela. O detetive voltou a fitar o chão. John Holmes ficou em silêncio. Não era tão observador quanto os dois filhos, mas não precisava ser nenhum gênio para perceber as manchas escuras de noites mal dormidas nos olhos da chinesa, mesmo que ela tivesse tentado esconder com maquiagem, o rosto visivelmente preocupado da garota ruiva e o quanto Sherlock parecia ter relaxado com o contato da mulher ao seu lado. O que ela havia feito com ele? Por que havia ficado mesmo quando a renovação de seus serviços como acompanhante sóbria foi negada?

– Eu vi as fotos que o detetive tirou desses machucados, só arranhões, nenhuma marca de seringa. Eu confio nele e no capitão, não há necessidade de você levantar as mangas e me mostrar. Aqueles dois estão realmente preocupados com meu filho, e não o suspenderam já que nada realmente aconteceu, apesar das férias forçadas porque ele não queria aceitar. Mas por que ele conseguiu resistir? Ele lhe disse? Há alguns anos você já não o serve como companheira sóbria, mas como parceira.

– Apesar de ter mudado minha profissão eu nunca deixei de cuidar dele dessa forma, mesmo quando eu não estava morando aqui.

– Então é verdade... Passaram tempo longe.

– Sim, tivemos problemas – Kitty falou pela primeira vez – Todos nós. Nessa época eu estava em Londres. Foi quando conheci Sherlock lá. Minha vida não foi das melhores e ele me trouxe pra cá pra me dar uma chance de mudar as coisas. Fiquei morando com ele e nós três fazíamos consultoria juntos. Depois que resolvi meus problemas decidi mudar de ares. Se não fossem Sherlock e Joan eu poderia ainda viver naquele tormento e poderia até estar morta.

– Ele ficou bem chateado quando me mudei, por isso foi pra Londres. Mas quando tudo começou a se acertar e ele voltou com Kitty... Também estava sempre indo me ver no apartamento e me ajudando com tudo que podia.

– Entendo...

O Holmes mais velho parecia curioso, o que levou os três a deduzirem que Gregson ou Bell podiam até ter falado sobre Kitty, mas não tudo. Apesar das suspensões e de todos os problemas dela com o departamento no passado, ambos a prezavam bastante e também se dispunham a protege-la, fosse do que fosse. Após mais uma rodada de silêncio o homem finalmente desviou sua atenção de Kitty.

– Sinto muito pelos horários incomuns de sono dele. Tende a acordar os que estão próximos de maneiras bem chatas.

Joan acenou com a mão num gesto de que estava tudo bem, ela já estava mais do que acostumada com aquilo.

– Mas vocês falaram de problemas... Problemas chamados Mycroft?

Joan e Sherlock preocuparam-se ao ouvir isso. O quanto ele sabia?

– Não tenho ideia de tudo que houve. Sei que vocês dois brigaram, não foi Sherlock? Como sempre. Então foi descoberto que meu filho mais velho estava envolvido em um grande e obscuro plano da máfia e da Inteligência Britânica. Ele bagunçou suas vidas e depois se foi. Eu sei o que você pensa sobre seu irmão e sobre mim. Sei o que sente a nosso respeito, posso ver em seus olhos. Reconheço que seu irmão pode ter sido muito mimado. Eu não sou sentimental como seu irmão ou sua mãe... Mas peço desculpas por qualquer coisa que eu tenha a ver com toda essa bagunça entre vocês dois.

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Joan quebrou o contato com Sherlock quando o sentiu tremer de raiva e olhou assustada quando ele falou pela primeira vez, ainda que só um sussurro.

– Aquele imbecil... Fez muito mais do que só bagunçar nossas vidas. Mesmo depois de uma vida inteira, ele voltou e continuou tomando o que era mais importante pra mim – ele conclui sem olhar para o pai.

Os demais levaram algum tempo refletindo sobre o que aquelas palavras queriam dizer. Joan sentiu uma pontada no peito, não sabia dizer se de felicidade por ouvir aquilo ou mágoa consigo mesma e com Mycroft. Kitty não tinha a mínima ideia, não sabia de quase nada do que acontecera antes de sua chegada, mas lembrou de quando encontrou Sherlock chorando em Londres e facilmente deduziu o que acontecera. John Holmes levou algum tempo observando o casal, olhando de um para o outro, mas nada disse.

– Eu sinto muito... Mas agora Mycroft está morto e eu estou aqui pra resolver outra situação. Não vamos nos desviar do foco.

– Imagino que tenha vindo aqui pra... – Joan não soube como terminar a frase.

– Inicialmente... Quando a notícia chegou precipitadamente a meus ouvidos... Decidi que viria imediatamente a Nova Iorque cumprir nosso trato de que ele perderia o sobrado nas presentes condições ou leva-lo comigo de volta a Londres e então decidir o que seria feito com ele. Apesar de não nos darmos bem, ainda é meu filho. Mas quando cheguei aqui descubro de uma só vez o quanto ele é valioso para a polícia desta cidade, que a recaída não se concretizou, que você não só virou aprendiz dele como também parceira e continuou vivendo aqui, que ele tem um padrinho e segue bem o programa mesmo depois de três anos sóbrio. E agora também tive o depoimento desta jovem. Estou diante de uma situação que eu jamais imaginei ver, meu filho tem pessoas que se importam suficiente com ele pra viver com ele da maneira como é.... Oras!! – Ele reclamou de repente diante do olhar de Sherlock – Não me olhe assim! Todos sabemos como é o seu gênio. Não sei o que vocês duas fizeram com ele... Ou o que ele encontrou em vocês que pode encaixá-las no mundo dele, mas isso me mostra que devo repensar minhas decisões iniciais. Me diga, senhorita Watson... Se Sherlock partisse, teria outro lugar para viver? Isso causaria mudanças drásticas demais em sua vida?

– Enquanto eu permanecer no sobrado... Esta é a casa dela – Sherlock falou baixo, mas enfaticamente – E até de Kitty, se ela quiser voltar um dia.

Nesse momento as duas consultoras temeram uma reação negativa do homem a frente deles, mas ele apenas silenciou com um ar pensativo. Joan sentiu o coração acelerar e um frio lhe percorrer. Até então não tinha percebido o quanto apenas a ideia de ter Sherlock tirado de sua vida a afetava. Pensar nessa possibilidade doía, doía muito mais do que ela podia esperar. Ela havia lutado por anos, todos os anos que passara com Sherlock para que nenhum sentimento forte crescesse em torno dele. O que estava sentindo agora? E a quem queria enganar? Ela não conseguia mais lutar, não queria que ele fosse embora. Sentiu a cabeça doer com o enorme esforço de não chorar e de não demonstrar qualquer sinal do que se passava com ela. Lembrou-se do dia em que quis abraçar Sherlock e ele havia lhe dito que isso seria uma decisão precipitada. Sentiu-se tola ao pensar no que ele diria se soubesse agora no que ela estava pensando. Olhou rapidamente em volta e Kitty parecia perceber o turbilhão em seu interior, mas ela apenas lhe lançou um olhar compreensivo e não disse nada.

Sherlock pela primeira vez em quatro dias sentiu sua depressão se converter aos poucos em raiva. Não podia ser tirado do sobrado! Que saísse do sobrado, mas não podia ser tirado dela! Ela era o que tinha de mais importante em sua vida. Não sabia em que momento ela se tornara sua vida, ele sempre havia lutado para jamais sentir nada parecido de novo, não entendia nada do que estava sentindo. Tentou se concentrar e sentir medo de novo, mas estranhamente não conseguiu. Ainda se recusava a admitir, mas a única coisa que realmente sabia é que não podia perder Joan de forma alguma! E estava pronto para iniciar uma briga ou luta com seu pai para impedi-lo de leva-lo a Londres. Certamente se isso fosse acontecer, Joan jamais poderia ir junto, ao menos não junto com eles.

A tensão foi quebrada quando Clyde apareceu caminhando no chão e o senhor Holmes estendeu a mão para pegá-lo com cuidado e trouxe o réptil para mais perto de seu rosto, a fim de observá-lo melhor.

– São ótimos animais. Me lembro que Sherlock sempre os adorou, desde criança.

– Este é o Clyde – Joan lhe disse – Chegou aqui bem menor, há mais de um ano. Nós o resgatamos da casa de alguém que morreu em uma de nossas investigações, ia morrer de fome se ficasse lá, então Sherlock o trouxe. Ninguém o reivindicou, então nós o adotamos.

– Me diga... Ele costuma usá-lo como peso de papel ou peça de seus métodos de investigação?

Joan esforçou-se para não rir.

– Eu já briguei com ele por isso, uma vez. Não acontece mais. Ainda o usa como ator de suas investigações, mas nunca o força a nada ou o machuca. Clyde até parece se divertir. Pode ser difícil entender, mas Sherlock gosta muito dele e cuida muito bem dele.

John Holmes riu e pôs o animalzinho de volta no chão, observando-o até ele desaparecer na direção da cozinha. Ficou em estado de reflexão por um tempo discutível, até quase deixar os outros nervosos, e tornou a falar.

– Achei que estivesse aqui pra discutir outro assunto e não fuçar minha vida.

– Não nos vemos há muitos anos. Você pode estar magoado comigo, eu entendo isso, e achar que pouco me importo com você, mas como seu pai tenho o direito de me interessar em saber como você está vivendo, principalmente porque fui eu que o coloquei aqui. E vejo que aproveitou bem a chance que teve. É bom continuar assim e fazer ainda melhor dessa vez. O nosso trato continua.

Os três o olharam. O que queria dizer aquilo?

– Você sempre deixou Mycroft me fazer de gato e sapato, você nunca se importou comigo de verdade, e apesar da chance que me deu, ficou bisbilhotando minha vida e até jogou um mulher pra cima de mim... Na tentativa mais ridícula que já vi de conseguir um neto. Pensou mesmo que eu não perceberia?

– Pensei, mas não custa tentar. E não seja tão duro. Se eu não me importasse com você não estaria aqui pra esclarecer tudo, o expulsaria do sobrado e pronto! O trato não foi quebrado, mesmo que por pouco. Eu cumpro as minhas promessas. Eu ainda acho que devo leva-lo daqui ou tomar outras medidas, mas não posso tirá-lo desta casa. Ainda mais porque... Você parou, ninguém fez isso por você. Você conseguiu sozinho e voltou pra segurança desta casa. Gostaria de entender de onde tirou essa força no último instante. Se eu entender o que aconteceu, poderei ficar mais tranquilo em Londres. Saberei que há algo que pode ajuda-lo. Só quero que me diga... Por que, Sherlock?