À cem mil anos, existiu sobre a terra uma força maligna que ameaçara extinguir toda a vida existente sobre o globo terrestre caso não prostrassem-se a ela aceitando assim uma vida de escravidão.

A força maligna operando sobre a forma de bruxa atormentara todos que cruzassem o seu caminho reservando mortes torturosas a estes. Já não suportando mais e querendo por um fim ao domínio da bruxa todas as raças uniram-se em uma cassada que perdurou por toda uma década. Em um acontecimento histórico e do qual jamais ver-se-ia novamente os elementais, senhores dos elementos, também uniram-se as demais raças para por fim no mal que ameaçava por fim também a espécie deles.

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Com a ajuda de um oráculo conseguiram encurralar a bruxa no meio da fronteira que dividia o domínio Lycan e o reino das fadas. Porém, foi a agilidade de um guerreiro vampiro que conseguiu agarrar a bruxa enquanto esta estava distraída com algumas fadas e bruxas que lutavam em igual nível de magia devido a um feitiço de união entre elas. Assim que alcançou-a o vampiro mordeu lhe a garganta desestabilizando-a momentaneamente, percebendo a ação um dos guerreiros Lycans pulou sobre ela mantendo-a no lugar para que o vampiro a amarrasse

A bruxa lançou um feitiço no enorme lobo q o jogou para longe dela, no vampiro fez um encantamento que prendeu-lhe o fôlego, o que não fez o valente varão desprender-se de seu aperto sobre o corpo da bruxa. Um elemental do fogo presente no local ao acordar de seu breve desmaio olhou em volta vendo todos os seus companheiros de diferentes espécies mortos e parou seu olhar sobre o vampiro que se debatia para manter a criatura no lugar, antes de calcular qualquer ação jogou-se sobre os dois empurrando o vampiro para longe e incendiando todo o corpo formando uma fogueira junto a bruxa.

O vampiro prevendo que o outro não conseguiria segurar-se a criatura por muito mais tempo decidiu sacrificar-se, pulo no meio do fogo distribuindo quantas mordidas conseguia no pescoço da bruxa enquanto ainda estava consciente o elemental por sua vez também manteve seu posto firme, mesmo tento consciência de que ela o arrastaria ao Dhunhd* junto de si.

Dando-se por vencida e com olhos tão demoníacos quanto o próprio mal a bruxa usou de seus últimos suspiros para invocar uma magia negra tão forte quanto o tempo, olhando para os dois machos presos a ela sacrificando-se por sua morte começou a invocar uma maldição sobre as gerações destes

— Elementais senhores dos elementos, vampiros donos do equilíbrio, inimigos naturais desde os primórdio escutem me bem, pela união de vocês eu partirei, também pela união de vocês eu retornarei. Tão certo quanto após uma escurida noite clarece o amanhecer quando o sangue dos senhores dos elementos unir-se ao dos donos do equilíbrio eu retornarei na criança gerada em meio ao ódio. – assim que proferiu as palavras a bruxa explodiu deixando os dois inimigos que deram uma trégua em prol de um bem maior caírem ao chão sem vida.

Durante séculos, volta ou outra, movidos pela força da magia um casal de vampiro e elemental uniam-se da forma mais profunda de entrega esquecendo-se de todas as mágoas, rancores e rivalidades existentes entre as duas espécies. Assim que compreendiam o que estava acontecendo os anciões colocavam fim a vida da pobre fêmea que levava no ventre o feto amaldiçoado.

Certa vez, a maldição recaiu sobre a princesa dos vampiros que movida pela curiosidade aproximou-se mais do que o permitido da fronteira que distinguia o território dos elementais. A princípio, a fêmea escondeu sua condição pois acreditava não passarem de lendas e historias de terror para justificar o ódio sem fundamentos pela outra raça. Trancou-se em seu quarto assim que notara as primeiras mudanças em seu corpo.

Os anciões confusos por notarem os claros sinais de que as trevas voltariam a assombrar a terra e receberem a confirmação positiva de que não era em nenhuma fêmea elemental passaram matar todas as fêmeas prenhas da raça.

Enquanto isso no castelo, sussurros vindo das paredes, vultos correndo pelos corredores e ate risadas demoníacas deixaram o rei em alerta. Tentando provar para si mesmo que estava enganado o macho invadiu o quarto da filha e ao notar a imensa barriga de gestação da princesa não foi necessário perguntar quem era o pai da criança. A pele em tom esverdeado com pontos roxos, o rosto sugado quase que podendo ver com nitidez os ossos do crânio e o pouco cabelo que ainda restava em sua cabaça com aspecto apodrecido respondiam a pergunta muda

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O rei correu para fora do quarto invocando pelas guardiãs, assim que as quatro vampiras entraram pela porta jogou-se aos pés delas implorando que salvassem sua filha. Assim que viram o estado da princesa concluíram que não havia mais vida ali a ser salva.

O sôfrego corpo da princesa pôs-se de pé pronto para defender a cria, nesse momento a vampira que possuía a joia de quatro almas olhou para o rei pedindo permissão para fazer o que tinha que ser feito, com muita dor no coração o rei assentiu enterrando em seguia o rosto nos cabelos da esposa não querendo ver aquela cena. Antes que a princesa conseguisse aproximar-se da janela no intuito de fugir a guardiã levantou a mão e um raio atingiu a pobre fêmea transformando-a em cinzas ao chão. Uma densa fumaça escura rodou ferozmente o quarto proferindo gritos indecifráveis e rompeu janela a fora

— Por favor minhas senhoras – rogou o rei tentando conter as lágrimas – deem um fim a isso! Eliminem esse feitiço – implorou, não queria que nenhum outro pai passe pelo mesmo sofrimento que ele.

— Infelizmente isso não será possível majestade – respondeu de maneira amável uma da vampiras – não podemos quebrar uma maldição visto que o espirito ainda vive

— Mas podemos tentar amenizar? – uma das guardiãs falou entre elas. As outras três com expressão de esperança assentiram

A que possuía a joia pegou a pedra presa em arranjo na esta, equilibrou o pequeno objeto na palma da mão e estendeu o braço para a frente, as outras juntaram-se a ela formando um circulo em torno da pedra e apoiando as mãos uma sobre a da vampira e a outra sobre o ombro da que estava ao seu lado as ligando entre si. As quatro fecharam os olhos e ergueram as cabeças entoando um cântico sagrado ao próprio Odin. De repente uma forte luz emanou do centro do circulo fazendo com que o rei e a rainha protegessem os olhos com os braços e irradiou em questão segundos por todo o globo terrestre e sumiu

— O que minhas senhoras fizeram? – perguntou o rei assustado olhando as vampiras cambalearem fracas em busca de apoio

— De hoje em diante, todos os vampiros e elementais terão seus parceiros marcados – começou a portadora da joia a devolvendo ao arranjo na testa

— Cada um reconhecerá seu parceiro através de uma marca idêntica e o vínculo entre eles será tão forte que pertencerão um ao outro sem jamais desejar estar com qualquer outro ser – continuou a outra vampira ajudando a mais nova delas a se levantar

— Porém a maldição permanece, em algum momento ela encontrará uma ruptura, não sabemos quando, mas o momento chegara – Completou a mais velha entre as guardiãs

— Isso não vai ter fim nunca? - Choramingou a rainha – E se uma das espécies for extinta? A maldição é sobre a união entre as duas espécies, se uma delas deixar de existir não haverá como a criança ser concebida – continuou a rainha esperançosa acreditando ter encontrado a solução. O poder das guardiãs certamente seria suficiente para acabar como todos os elementais existentes

Nesse momento a guardiã mais jovem que até então não havia se pronunciado ficou com os olhos vazios fitanto um futuro muito distante. Quando voltou a si olhou a rainha que aguardava uma resposta positiva

— Quando o mais fraco dos sangues unir-se ao mais forte, a criança gerada dessa união responderá a sua questão

...

— Eu ainda estou achando que essa não é uma boa ideia – murmurou o vampiro enquanto selava seu cavalo

— Eu já disse que não vou mudar de ideia Emmett – respondeu a vampira decidida terminando de afivelar a sela em seu próprio cavalo

— Bella você sabe que as pessoas morrem dentro da arena certo? – se certificou olhando a amiga nos olhos em busca de algum sinal de temor. Aquela vampira era sem duvidas a vampira mais cabeça dura existente na historia do mundo. A amiga de profundos olhos chocolate e longos cabelos cor de mogno fora agraciada com a beleza dos deuses isso era fato, quem não a conhecia poderia facilmente confundi-la com uma doce e adorável ninfa, mas pela Virgem, ele sabia bem que a amiga tinha tudo menos inocência guardada dentro de si

— Você pode desistir se quiser – zombou a vampira revirando os olhos para o macho

— Eu fui treinado a minha vida toda para passar por isso, estou totalmente pronto. Não é algo que uma princesa possa afirmar no entanto...

— E onde exatamente você está vendo uma princesa aqui? – bufou contrariada. Odiava títulos que a aprisionavam a regras e o macho sabia disso

— Leelan* - choramingou o macho encurtando a distância entre eles, não tivera a intenção de aborrece-la

Isabella suspirou com a aproximação do amigo que ela tanto desejava que fosse algo além de amigo. O vampiro era realmente um belo exemplar de macho grande e forte, os cabelos escuros cortados rente a cabeça como um bom soldado, os olhos dourados juntamente ao sorriso inocente que formava covinhas era o que mais gostava de admirar no amigo. Emmett levou a mão ao rosto da fêmea em uma forma de carinho e Bella logo avistou o pulso descoberto do macho exibindo uma perfeita estrela marcada ali. Com um pesar quase que melancólico retirou o bracelete de couro que levava em seu próprio pulso o colocando junto ao do macho para mais uma vez se torturar vendo que a marca indefinida que Emmett gostava de perturbar-lhe dizendo que era um Dragão cuspindo fogo em nada se assemelhava a bonita estrela do macho. Suspirou pesadamente, queria tanto acordar um dia pela manhã e ver que possuía uma marca igual a de Emmett, mas é claro que a Vadia Escriba jamais lhe concederia esta graça

Emmett puxou o braço Desejando chutar o próprio traseiro por não ter colocado a pulseira que sempre utilizava para cobrir a marca, sabia o quanto aquilo machucava a amiga e machucava a si próprio também

— Bella eu... – suspirou sem saber o que dizer. Já havia pedido desculpas inúmeras vezes – vai passar, eu tenho fé na Virgem santa que um dia tudo vai se resolver

— Não Emmett, não vai passar e nós dois sabemos disso – falou em tom duro – eu não vou encontrar alguém com uma marca igual a minha que fara qualquer outro sentimento que eu já tenha sentido sumir porque eu o matei antes mesmo de conhece-lo

Emmett abaixou a cabeça sentindo o tapa na cara que aquelas palavras lhe causavam, não arrependia-se no entanto, de não ter finalizado o ritual que mataria sua shellan* anos antes, ao contrário, arrependia-se tê-lo iniciado, graças a essa ideia absurda sua Rosalie o odiava

— Vai ficar ai? – perguntou Isabella carrancuda já montando em seu cavalo sem olhar a face do amigo, não sabia lidar com o arrependimento do macho, já havia tido aquela conversa inúmeras vezes e sabia de cor e salteado o discurso do outro de “nunca deveríamos ter feito aquilo”

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Sem dizer nada Emmett subiu em seu cavalo e ambos irromperam para a noite escurida antes que alguém despertasse e impedisse seus planos. Durante todo o percurso não trocaram palavras, ambos pedidos em memórias de um passado não muito distante

Desde pequena Isabella nunca fora como os outros de sua espécie, não demonstrava o amor e a compaixão característicos entre os da sua raça, ao contrário, assustava os próprios pais com suas atitudes cruéis e falta de remorso. Machucava outras crianças, mordia e batia em doggens* designados a cuidar dela e sua diversão favorita era machucar pequenos animais e vê-los sangrar até a morte

Foi quando o pai de Emmett intitulado de chefe da guarda real mudou-se para o castelo que as atitudes da pequena garotinha mudaram, era notório o quanto brincar com o garoto lhe fazia bem, a menina passou a demonstrar amor, brincava com as outras crianças, não mais machucava os doggens* e dificilmente matava um animal.

Emmett por sua vez, sempre fora o contrario da amiga, encantava a todos com sua graça e bondade, o que preocupava em muito seu pai, pretendia criar um guerreiro e o pequeno vampiro recusava-se a matar se quer uma abelha. Quando conheceu Isabella o menino também sofreu mudanças comportamentais, começara a brincar de guerrinha com os outros meninos, perdera um pouco da ingenuidade e ate envolvia-se em uma briga volta ou outra

As crianças cresceram juntas e assim que os hormônios da puberdade começaram a aflorar dentro deles os sentimentos de carinho, amor e amizade que nutriam um pelo outro cresceram em tamanha proporção que temiam encontrar seus respectivos pares e perderem aquela ligação. E foi logo nos primeiros anos da adolescência, quando compartilharam do primeiro beijo que, lembrando de uma conversa com a rainha que afirmava que para cada feitiço lançado havia sempre uma reversão, Isabella decidiu que eles reverteriam o feitiço dos emparelhados e ficariam juntos para sempre.

Os dois passaram toda aquela primavera trancados na biblioteca procurando pelo tal feitiço reverso que lhes daria o direito de escolher a quem iriam vincular-se, porém não tiveram êxito e logo o solstício de outono chegou e Emmett foi para o seu primeiro acampamento de treino aprender com os melhores guerreiros

A cada dia longe de Emmett mais Isabella demonstrava as suas tendências para o mal sempre encontrando uma forma ou outra de magoar alguém, fosse pelo simples ato de trazer a tona um assunto fúnebre e delicado de forma espontânea e cômica, fosse por dar fim em animais queridos e pô-los mortos em cima da cama a quem pertenciam. Quando suas travessuras já estavam chegando ao ponto de desejar matar um dos guardas e incriminar um elemental só para ver a sede de vingança nos olhos dos demais. Entretanto, supôs que Emmett não ficaria feliz em saber da morte de um de seus companheiros e pela Virgem, Emmett era a única pessoa que não lhe agradava ver o sofrimento. Por fim decidiu que precisava ocupar a mente para afastar divertidas historias de assassinato.

Como que por força do destino a granhmen* de Bella falecera naquele outono, nomeando a mahmen* de Bella a nova guardiã do livro das lendas. Isabella sentia vontade de rodopiar no velório de tanta alegria por aquela morte em momento tão oportuno, se realmente existisse um feitiço de reversão esse feitiço estaria naquele livro. Sua granhmen* não poderia ter ido visitar o fade* em momento mais oportuno.

Não foi fácil convencer a mahmen* a deixa-la ler o livro isto é verdade, a rainha argumentava que o conhecimento de tais lendas não eram permitidos em sua totalidade a qualquer um, no entanto, a ardilosa adolescente a convencera de que um dia também seria guardiã e mal podia esperar por esse momento

Assim que tomou posse do objeto sagrado correra para seu quarto jogando o livro negro todo escrito no antigo idioma tão grande quanto seu tronco por cima da cama, não se interessava por nenhuma daquelas lendas e historias antigas, foliava com ansiedade e euforia passando os olhos apressados por cada uma daquelas paginas escuras procurando por uma única historia em específico. E lá estava ela, como se aguardasse por Isabella esse tempo todo, pulou toda a baboseira de maldição e princesa que já ouvira inúmeras vezes e se concentrou a invocação da magia. E ao final da pagina a reversão, não era um feitiço como acreditara mas um ritual. Rapidamente copiou as palavras escritas ali já imaginando o quão dificultoso seria convencer Emmett de realizar o ritual.

Assim que retornou Emmett foi recebido por uma sorridente Isabella logo na entrada do reino que dera-lhe as boas vindas pulando e gritando a sua frente que tinha encontrado o contra feitiço e que eles realizariam o ritual assim que a caísse a noite

Naquela mesma noite, após ler os inscritos no antigo idioma que a amiga anotada em um papel Emmett olhava confuso para a tranquilidade e despreocupação da adolescente caminhando ao seu lado

— Bella vamos matar alguém – avisou para o caso dela ainda não ter percebido

— Obstáculos necessários – respondeu com um sorriso de satisfação

— Não são obstáculos, são duas vidas que serão encerradas pelas nossas mãos hoje – respondeu beirando o desespero

— É o mais natural nallum*, pense o que seriam deles se desfizéssemos o vinculo e permanecessem vivos, vagariam pelo resto de suas vidas sozinhos, é um fim muito mais triste do que a morte e além do mais, não os conhecemos, será como se nunca tivessem existido – o outro engoliu seco tentando dissipar o nó em sua garganta

Assim que chegaram a floresta vestiram suas túnicas negras de cerimônia, trocaram um casto beijo e separaram-se indo cada um para um lado

Chegando a um campo aberto Emmett desenhou com sangue de carneiro um enorme pentagrama no chão como pedia o ritual, acendeu uma vela vermelha em cada ponta, cortou os dois pulsos e ajoelhou-se ao centro do desenho com os pulsos voltados para cima descansando em suas cochas. Esvaziou a mente e começou a proferir as palavras no antigo idioma invocando forças ate então desconhecidas por ele. No momento em que terminou as palavras sentiu uma forte brisa bater-lhe a nuca e sentiu que não estava mais sozinho, no entanto não levantou os olhos pra cumprimentar seu recém chegado visitante, permaneceu sobre os joelhos fitando o próprio sangue tingir de vermelho o chão

O que deseja de mim?— a voz mais sombria que já ouvira em toda a sua vida sussurrou no antigo idioma dentro de sua mente. Respirando fundo e tentando manter a calma Emmett fechou os olhos e proferiu as palavras também no antigo idioma:

— Desejo a morte da fêmea que possui uma marca idêntica a minha – um sonoro grito embargado por dor, desespero e agonia irradiou pelo local, imediatamente o vampiro pôs-se de pé e estacou vendo a sua frente a imagem falha de uma garota loira prostrada a seus pés segurando a própria cabeça e gritando por socorro. Não pode ver o rosto pois longos cabelos claros lhe caiam para a frente, mas viu nitidamente a estrela que esta trazia sobre o pulso enquanto a fêmea se debatia

O que deseja de mim?— perguntou novamente o espírito. Segundo o Ritual aquela pergunta seria repetida por cinco vezes ate que o espirito estivesse convencido de que de fato era isso que o vampiro desejava. Emmett olhou a imagem da frágil e indefesa garota que respirava com dificuldade prostrada a seus pés e engoliu seco constatando que seria obrigado a assistir tudo.

Olhou a figura negra em pé a sua frente aguardando uma resposta, o espirito tinha uma longo manto negro por sobre todo o corpo impedindo que visse-lhe a face, as mãos entrelaçadas diante do corpo eram de ossos tão brancos quanto a neve e irradiava uma energia tão gélida que Emmett acreditou que seus ossos congelariam se passasse muito tempo ai. Fechou fortemente os olhos tentando conter as lagrimas que ameaçavam escorrer e novamente proferiu as palavras:

— Desejo a morte da fêmea que possui a marca idêntica a minha – os gritos se intensificaram ao ponto de acreditar que seus tímpanos pudessem estoura a qualquer momento e sua cabeça zunisse em desespero implorando que o som sessasse. Mesmo de olhos fechados podia ver a garota Ajoelhada chorando e implorando por sua vida

Emmett abriu os olhos e começou a chutar as velas do ritual para longe e esfregar o chão com as botas de soldado tentando apagar o desenho

O que deseja de mim?— perguntou pela terceira vez o espirito

— Já chega! – gritou colocando a mão na cabeça – Eu não quero! – olhou para o espirito – Não quero isso – respirava em arcadas – não quero! – saiu correndo para longe dali em total desespero, queria apagar da sua mente todas aquelas imagens da garota loira chorando, a confusão em sua mente era tanta que não viu ao longe a figura feminina que corria em sua direção em semelhantes níveis de confusão. Assim que se encontraram os dois corpos se chocaram impulsionando-os ao chão. Sentaram encarando um ao outro em um misto de medo e curiosidade

— Eae? – perguntou para a fêmea com receio

— Feito! – respondeu com segurança enquanto analisava as reações do macho – E você?

—Feito – respondeu em um fio de voz sem coragem de admitir que não conseguira. Mas estava tudo bem, ele jamais procuraria por sua shellan* seria como se de fato tivesse finalizado o ritual

Nenhum dos dois ousou tocar no assunto daquela enfática noite novamente, não até dois anos depois quando todos foram participar do solstício de verão. Durante o solstício eram feitas não somente as trocas de estações mas também a troca da posse da joia de quatro almas entre as suas guardiãs. A primeira Família* sempre participava de tais celebrações

Naquele ano, curiosamente as sacerdotisas também estavam presentes, essas fêmeas de inestimado valor eram as interlocutoras diretas entre vampiros e a Virgem Escriba, visto que nenhum outro vampiro possuía permissão para visitar o santuário, salvo em raras exceções. As sacerdotisas viviam também no santuário e quase não eram vistas, estavam todos encantados com a presença delas

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Emmett estava levando os cavalos para beber agua no rio quando a viu pela primeira vez, a fêmea refrescava-se a beira da agua cristalina e o macho aproximou-se calmamente para não assusta-la. Assim que percebeu a presença do outro a fêmea pôs-se de pé sem incomodar-se com sua nudez. Ainda que o pudor lhe pedisse para desviar os olhos da fêmea não conseguia controlar-se sentia estar preso ao encanto de uma sereia que atrai sua presa como um imã, avaliou o frágil corpo feminino envolto em longos cabelos claros que lhe deviam lisos ate abaixo do quadril, subindo sua visão por toda a extensão ate chegar aos claridos olhos azuis que o fitavam com grande curiosidade. Sentia algo que não podia explicar acender-se dentro dele, como se todas as suas células implorassem por aquela fêmea e se seus músculos fossem feitos unicamente para protege-la de qualquer um que quisesse lhe fazer algum mal, e que a Virgem tivesse piedade de quem ousasse toca-la porque ele não teria. Olhou confuso para o rio tentando compreender o estranho sentimento de posse que abatera sobre ele.

A loira que compartilhava das mesmas emoções em igual intensidade compreendeu primeiro o motivo de tais sensações, sentiu a magoa que carregava dentro de si crescer sufocando qualquer outra sensação direcionada ao macho, antes que o rancor transbordasse por seus olhos apanhou a túnica branca jogada a seus pés e vestiu-a o mais rápido que pode.

Ao olhar a roupa religiosa da fêmea, Emmett entendeu que estava diante de uma sacerdotisa e curvou-se em respeito pegando-lhe a mão para pedir sua bênção, sentiu um espasmo no coração assim que viu a estrela marcada no pulso da sacerdotisa. Com grande dificuldade devido ao peso da culpa em suas costas ficou em postura ereta, os olhos impregnados pelo arrependimento.

A loira deixou escapar uma única lagrima de mágoa ao segurar o próprio pulso fitando o desenho gravado ali, desenho esse que ela odiara por tanto tempo, encarou novamente o macho diante de si que parecia sentir dor, mas por maior que fosse nenhuma dor comparava-se a dor que ela própria havia sentido, a dor da morte e da rejeição

— Por que? – não eram necessárias mais palavras, o macho sabia exatamente a que se referia. Engoliu seco tentando encontrar as palavras que explicaram que após aquela noite nunca mais dormira tranquilo

— Eu... – suspirou olhando os próprios pés sem coragem de olha-la nos olhos ao explicar as razões egoístas que o levaram a tal atitude – foi um erro... Eu...

— Nallum* ande logo com isso! – gritou eufórica Isabella se aproximando, adorava as festas de solstício. Assim que percebeu a figura loira parada diante do macho em vestes religiosas curvou-se em respeito sem se dar ao trabalho de tomar-lhe a bênção. Ela sem duvida alguma seria a ultima vampira sobre a terra a qual a Virgem desejava abençoar. Logo voltou-se ao macho que permanecia parado sem desviar os olhos da sacerdotisa – Está tudo bem? – perguntou alarmada com a expressão de dor nos olhos do amigo, sem receber resposta puxou-lhe o rosto de forma terna cobrando-lhe atenção

O macho voltou-se para a sacerdotisa que derramava lagrimas silenciosas observando o casal com expressão de total compreensão. Emmett deu um passo a frente querendo reconfortar a fêmea e explicar o quanto fora tolo

A fêmea em resposta deu um passo para trás, erguendo as duas mãos protetoramente diante do corpo e em seguida negou com a cabeça tentando manter o choro preso na garganta

— Fique longe de mim! – ordenou e então saiu correndo do local deixando uma Bella confusa para trás que beirou o terror ao constatar que o macho a seu lado também chorava de cabeça abaixada e uma mão sobre os olhos

— Nallum* o que houve? – perguntou alarmada tentando abraçar o macho em conforto, queria transferir para si qualquer que fosse a agonia que lhe afligia. Por sua vez, o macho se desvencilhou dos braços da fêmea e saiu dali a passos longos, não queria culpa-la por seus erros, mas também não suportava estar perto dela naquele momento

Durante todo o solstício Emmett revezou-se entre se manter afastado de Isabella e observar a sacerdotisa loira. Oh céus, Virgem Escriba realmente o abençoou dando-lhe por companheira a vampira mais linda e encantadora que já vira e o que ele faz? Como um bom filho ingrato jogou fora o lewlhen*

Na manhã seguinte, Emmett chamou Isabella para um passeio no bosque antes que seguissem viagem de volta ao castelo. Sentaram-se em uma enorme pedra no lago onde Bella colocou os pés na agua não gostando nada da expressão tensa do amigo

— Leelan* - começou encarando as próprias mãos – naquela noite, você realmente concluiu o ritual? - encarou-a aguardando uma resposta. A vampira pareceu confusa com a pergunta mas respondeu por fim:

— Sim. Por que esta me perguntando isso agora? – o macho se encolheu em melancolia

— Sabe o que sentimos um pelo outro? – ela assentiu esperando que o outro concluísse de uma vez onde queria chegar com aquela conversa estranha – Então, continua aqui – levou a mão ao Próprio coração – da mesma forma e intensidade, é o mesmo sentimento de sempre, a maneira como me sinto não foi alterada, mas agora eu entendo corretamente. Eu te amo com todas as forças do meu ser, mas te amo como a uma irmã – os olhos da fêmea se abriram em assombro com a declaração

— O que você esta querendo me dizer Emmett? – quase que gritou devido a ansiedade que tomou conta de si. O vampiro abaixou a cabeça sem coragem de encara-la

— Eu não conclui o ritual naquela noite – murmurou ainda de cabeça abaixada e as palavras atingiram Isabella certeiras tal como um chute no estômago

— Nós combinamos, tínhamos um acordo – acusou totalmente alterada

— Eu não consegui – gritou em defesa – eu podia escuta-la gritando, eu a vi encolhida sofrendo pela morte e eu... Eu não consegui

— Não fale como se eu não estivesse lá! Eu também fiz o ritual, eu sei exatamente como é! A diferença é que eu segui até o fim! Eu fiz isso por você, eu fiz isso por nós – acusou revoltada – Por que esta me contando isso agora? – perguntou depois de um tempo tentando recuperar a calma e já imaginando a resposta do outro

— Eu a conheci ontem – respondeu olhando a água do rio correr, não queria ver a dor que sabia que suas palavras a causariam. A vampira respirou inúmeras vezes tentando conter a vontade de chorar

— É a sacerdotisa? – perguntou também encarando a agua correr enquanto ligava os pontos. A voz um sussurro devido ao nó que formara-se em sua garganta

— Sim – respondeu apenas não conseguindo encontrar nada além para dizer. A vampira ao seu lado nada disse e o silêncio tornou-se incomodo – Eu sinto muito – murmurou querendo que as coisas entre eles não mudassem, não podia imaginar seus dias sem que Isabella estivesse neles

— Você sente muito? – bufou inconformada – você não concluiu o ritual, encontrou a sua shellan*, já vinculou-se a ela e quer me dizer que sente muito? - sentia-se indignada – Quer saber? Você merece isso, merece morrer sabendo que por sua culpa eu nunca vou ter ninguém, vou viver solitária pelo resto dos meus dias

— Eu estarei sempre com você – garantiu o vampiro

— Como meu irmão? – murmurou com voz embargada em rancor. O vampiro nada disse, naquele momento era só o que poderia oferecer. Lembranças de dias antes quando foram pegos por seu pai ao tentarem compartilhar da primeira experiência sexual inundaram sua mente e o desespero da ideia o afligiu, se tivessem conseguido agora estaria com a sensação de ter feito sexo com a própria irmã

— Estou feliz por meu pai ter chegado antes... Você sabe, antes que tivéssemos feito... – a vampira o olhou indignada e aquelas palavras para ela, foram a gota d’água. Fechou a mão em punho e com toda a sua força levou-a ao nariz do ex-amigo. Levantou-se e saiu dali a passos duros deixando o vampiro de nariz sangrando para trás. No seu interior o total reconhecimento que amaria aquele macho por toda a sua vida

...

— Como todos já sabem, isso não é uma brincadeira. Desde o inicio dos tempos todas as espécies devem mandar seus melhores guerreiros para defende a raça vampírica, este é o teste que assegura que de fato vocês são os melhores entre os seus – gritava um vampiro de pose autoritária do alto de um palanque improvisado montado ao lado dos enormes portões da cidade arena. Em sua frente centenas de jovens das mais variadas espécies encontravam se em filas lado a lado – assim que adentrarem por estes portões só poderão sair quando a última criatura sombria estiver morta. Não serei hipócrita com vocês, todos os anos vejo inúmeros jovens entrarem na cidade e quando abrimos novamente os portões poucos conseguem sair com vida ai de dentro

— Gente mas é assim? Vão nos jogar lá dentro sem nenhum tipo de treinamento dar um tapinha nas nossas costas e dizer “boa sorte, se sair dai com vida te preparo pra fazer parte da guarda” - indignava-se uma fêmea parada próximo aos portões junto com vários outros jovens. A estatura pequena, corpo esguio, pele clara e os escuros cabelos curtos apontavam para todas as direções

— Se quiser desistir a hora é essa – informou um rapaz parado a seu lado próximo o suficiente para escutar suas reclamações. A pequena criatura analisou o macho que intrometera-se em suas lamúrias, o macho parecia ter quase dois metros de altura, a pele morena clara, cabelos curtos e um sorriso tão grande que perguntou como seria possível estar vendo todos os dentes do outro. O macho olhava curioso para o diferente tom de lilás dos olhos da criaturinha o olhando em revolta

— Eu não desisto nunca! – afirmou a frágil garota votando-se para a frente decidida a ignorar o irritante macho

Assim que foi dado o sinal os enormes portões abriram-se e a garota como todos os outros parados ali repensou a ideia de participar daquele massacre. No entanto, o sorriso zombeteiro do outro claramente a desafiando a desistir lhe fez empinar o nariz decidida. Deu um salto no ar e enormes asas multe coloridas abriram-se em suas costas.

O macho gargalhou com a sena já imaginando-a jogar pó de pirilim-pim-pim nos demônios. Vendo que todos seguiam a garota correu já sentindo o calor lhe consumir, quando percebeu que explodiria pulou para frente caindo sobre as patas do enorme lobo de pelos castanho avermelhado

Quando o último jovem entrou na cidade os portões foram fechados e lacrados com magia, dali então só poderiam serem abertos novamente quando a ultima criatura sombria fosse morta. Instantes depois uma tropa de soldados chegava apressada. Os guerreiros ali presente tomaram posição de ataque prontos para defender a cidade. O líder da tropa recém chegada saltou do cavalo ainda em movimento correndo na direção dos portões sendo seguido por outros soldados. Assim que tirou o capacete todos se ajoelharam em respeito.

— Abram os portões – ordenou ignorando as formalidades

— Majestade? – questionou o líder das operações na cidade arena se aproximando confuso do rei

— Minha filha entrou na cidade. Ordeno que abram esses portões imediatamente! – gritou em desespero olhando os malditos portões que continuavam fechados

— Meu senhor, infelizmente não podemos fazer isto, existe um encantamento e...

— Podemos convocar todas as bruxas disponíveis para quebrar o feitiço – informou o chefe da guarda real aproximando-se dos outros dois

— Se abrirem os portões antes da hora libertaram todas as criaturas presas ali – alertou o chefe das operações

— A princesa esta correndo perigo! – bradou o chefe da guarda

— Não Caius! Dessa vez Isabella foi longe de mais e terá que arcar com as consequências de seus atos – o rei proferiu as palavras quase que em dor ainda fitando os portões ao longe

— Charlie, Emmett está lá com ela, ele vai protege-la – falou Caius colocando a mão no ombro do outro com toda a intimidade de anos de amizade que possuíam

— Emmett estará ocupado em manter a própria vida – lamentou o rei sem grandes esperanças de um dia poder rever a filha com vida. Caius ajoelhou perante o rei e segurou a mão esquerda do macho encarando a pedra vermelha e encantada que este trazia sobre o dedo

— Eu juro, perante o anel de meu rei, que se meu filho sair por aqueles portões vivo sem que a princesa esteja em semelhantes condições eu mesmo o matarei para que a dor de meu senhor seja também a minha. – dizendo isso beijou a pedra para selar o compromisso e pôs-se de pé. O rei o encarava incrédulo

— Você sabe que será obrigado a cumprir com sua palavra não é mesmo? – questionou em dúvida de que o macho estivesse zombando da magia do anel a gerações em sua família

— Sei, mas confio no treinamento que dei a meu filho, e além do mais, sem a ajuda dele a princesa nunca teria chegado aqui. Já está na hora de Emmett também começar a assumir suas responsabilidades – e parar de curvar-se a todos os caprichos da princesa. Acrescentou mentalmente

— Que a Virgem Escriba os proteja – rogou o rei voltando a olhar para os portões

Continua...