Eu e Você

CapítuloXXIII - Encontrando uma solução


Assim que termino de lavar a louça vou para a biblioteca. Temos uma espécie de biblioteca na casa. Não costumo usar muito este lugar, já que prefiro ler em meu quarto, onde guardo os meus livros. Aliás, acredito que vi poucas vezes alguém da casa usando este lugar. Porém, algumas vezes venho aqui, já que tem muitos livros interessantes (alguns até são raros), além de ser um lugar confortável.

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As paredes estão cheias prateleiras de livros que vão até o teto. No centro da biblioteca, há uma escrivaninha com um computador e uma cadeira. Há também algumas confortáveis poltronas vermelhas, perfeitas para um cochilo. É uma decoração simples, mas elegante. Sei que não foi minha mãe que decorou, pois a biblioteca já estava assim quando viemos morar aqui.

Sento em uma das poltronas. Fecho meus olhos. Por que tínhamos que quebrar esta garrafa? E por que não vejo nenhuma solução para este problema?

– Katniss – abro os olhos para ver Peeta que senta em uma poltrona que fica ao meu lado.

– O que vamos fazer, Peeta? Não consigo pensar em nada – bato minha cabeça contra o encosto da poltrona – A solução seria comprar outra garrafa de vinho para Haymitch...

– Se ao menos eu pudesse mexer em meu dinheiro... Mas é meu pai que administra tudo, com certeza se eu retirar esta quantia de dinheiro, ele irá saber...

– Seu dinheiro? – não sabia que Peeta tinha dinheiro guardado.

– Sim, a herança de minha mãe – diz isto de um modo hesitante, parece falar a contragosto deste assunto.

É a primeira vez que ouço Peeta falar sobre sua mãe. Sei que ela... Pensando bem, não sei nada a respeito dela. Nem mesmo qual era seu nome, ou como ela morreu. Nunca ninguém mencionou nada sobre ela. Nunca pensei sobre isto, porém, agora, sinto que isso é estranho. Por que nunca escutei nada sobre a mãe de Peeta e Prim? De repente sinto-me curiosa sobre esta mulher. Será que Peeta sente falta dela, como eu sinto de meu pai?

Meu pai, este é um assunto muito doloroso para mim. Eu tinha seis anos quando ele morreu em um acidente de carro. Não gosto de pensar muito nisto. Meu pai era uma ótima pessoa, ele amava minha mãe e a mim de uma tal maneira, que não consigo descrever. Sei que minha mãe ainda o ama, algumas vezes eu já a peguei com aquele olhar distante, bem diferente da mulher alegre e saltitante – que muitas vezes me irrita. Quando ela está neste estado, sei que ela está pensando em meu pai.

Devo admitir que minha mãe passou por maus momentos, quando meu pai morreu. Ele precisava cuidar de mim, sozinha, e não conseguia esquecer de meu pai. Lembro que naquela época, ela passava dias chorando. Só com o tempo minha mãe conseguiu se acostumar com o fato de meu pai não estar mais entre nós. Sei que muitas vezes me irrito com minha mãe. Contudo, eu a amo, embora não demonstre muito isso. Amo minha mãe, apesar de todos os seus defeitos. E tenho que confessar, apesar de tudo ela foi uma boa mãe para mim.

Mas, quem era a mãe de Peeta? Não sei como perguntar isso a ele, sem parecer intrusa ou bisbilhoteira. Ele falou em sua mãe de forma tão hesitante, parecia até triste.

– Tem que haver uma solução...– fala Peeta levantando-se.

– Se ao menos conhecessemos alguém...

– É isso, Katniss! – fala animado.

– É isso o que?

– Nós conhecemos alguém que pode nos ajudar.

– Prim – falo juntamente com Peeta.

Como não pensamos nisto antes? Era tão obvio, Prim é a única pessoa que conhecemos, que é maior de idade, tem dinheiro, e que talvez possa nos ajudar.

– Vou ligar para ela – diz pegando o telefone, que está em cima da escrivaninha.

Me aproximo da escrivaninha, estou ansiosa. Prim é nossa única salvação. Parece que demora séculos para ela atender ao telefone. Peeta senta-se na cadeira. Eu me coloco atrás de Peeta.

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Ele coloca o telefone no viva voz assim que Prim atende.

– Alô... – pela sua voz acredito que acabou de acordar.

– Prim, somos nós, Peeta e Katniss – fala Peeta.

– Ah, são vocês! – agora ela parece um pouco mais animada. – O que foi? Deixa eu adivinhar, papai e Effie foram viajar deixaram vocês dois sozinhos... – como ela sabe de tudo isso? Será que tem uma câmera escondida em algum ponto da casa? – E vocês fizeram uma festa daquelas e colocaram fogo na casa, acertei?

– Quase – responde, Peeta – Quebramos uma garrafa de vinho da coleção de papai.

– O que? – grita Prim do outro lado do telefone – Não posso acreditar no que acabei de escutar! Vocês tem noção do tamanho do problema em que se meteram?

– Eu sei, eu sei, Prim – fala Peeta com a voz calma.

– Se vocês tivessem colocado fogo na casa, estariam salvos, era só chamar os bombeiros. Mas quebrar uma das garrafas de vinho de papai... só posso disser que vocês estão mortos!

– Prim... – interrompe Peeta, usando o tom de voz igual o que utiliza quando quer conquistar uma garota – Você poderia nos ajudar...

– Eu? Peeta, você sabe que nem em sonhos alguém consegue acalmar papai depois dele ficar bravo, muito menos eu!

– Sim, eu sei. Mas estava pensando que você poderia me emprestar algum dinheiro...

– E de quanto você precisa?

– 50 mil dólares...

– Não acredito, nisso! – diz ela com a voz ainda alterada.

– Só desta vez, Prim, pago você quando eu puder administrar o dinheiro da minha herança.

– Ok, Peeta... – sua voz agora está normal – Mas, por favor, nada de ficar quebrando as garrafas de bebida da coleção de papai. Não quero que meu irmão seja morto, antes de entrar na faculdade! – diz em tom divertido.

Esses irmãos sempre me surpreendem. Quem acreditaria que dois jovens como eles, teriam tanto dinheiro assim? Mas no que estou pensando? Prim é uma das modelos mais famosas do mundo da moda, e Peeta é filho de um multimilionário. Esta quantia de dinheiro não deve ser muito para eles.

– Também preciso que você me faça outro favor... Prim, você conhece alguém que poderia ter o mesmo vinho que nós quebramos a garrafa, e esteja o vendendo?

– Vou ver o que eu posso fazer. Me mande o nome da bebida por e-mail, certo?

– Obrigado, Prim. Você é a melhor irmã do mundo.

– Sei, sei... Eu realmente sou demais. Beijos, maninho, e beijos, Katniss, cuide de meu irmãozinho.

– Tchau, Prim, e obrigada – digo.

Prim desliga o telefone. Eu e Peeta nos olhamos com uma expressão de alivio. O problema do dinheiro já foi resolvido, agora só falta encontramos outra garrafa de vinho para substituir aquela.

– E agora? – olho para Peeta

– Agora precisamos entrar em algum site de leilão de bebidas e ver se alguém está leiloando este vinho. Meu pai compra a maioria das bebidas de sua coleção deste jeito.

Peeta liga o computador e começa a entrar em todos os sites que conhece. Levamos boa parte da noite nisso. Quando percebemos já são quase dez horas da noite. Porém, não encontramos nada até agora.

– Me lembrei de algo! – diz Peeta com uma voz animada – Ano passado comprei de presente de aniversário para meu pai, uma bebida especial. Lembro que falei com um colecionar de bebidas para pedir ajudar. Este colecionador deve saber onde poderíamos comprar este vinho.

– É claro – digo, também com uma voz animada.

– Vou ver se encontro o telefone dele em minha agenda telefônica.

Peeta procura por seu celular no bolso de sua calça.

– Mas que cabeça minha! Havia esquecido que deixei meu celular no quarto. Vou pegar, Katniss, já volto – diz saindo da biblioteca.

Espero que Peeta esteja certo sobre o colecionador de bebidas e que ele realmente possa nos ajudar.

Sento na cadeira, percorrendo meus olhos pela tela do computador, tentando ver se encontro alguma coisa enquanto isso. A ideia de Peeta, me fez ter uma ideia. Por que não falamos com algum destes colecionadores dos sites de leilão? Alguém pode saber de algo. Preciso pegar um papel e uma caneta para anotar os números de telefone. Como não tem nem um papel ou caneta à vista, abro as gavetas da escrivaninha. Em uma das gavetas encontro um bloco de papel e uma caneta. Ao levantar o bloco de papel vejo que há duas fotos em baixo dele.

A primeira foto mostra uma mulher linda, loira, olhos azuis, alta. A mulher é jovem deve ter no máximo uns vinte e oito anos. Ela me lembra vagamente... uma Prim mais velha. A mulher sorri para foto, e este sorriso... tenho certeza que já vi antes nos lábios de alguém, mas quem? Já na segunda foto, aparecem três crianças. Imediatamente, reconheço Gale, um menino sorridente e simpático, ele realmente não mudou nada; e Peeta, que sorri com aquele mesmo sorriso que vi quando eu cuidei de sua febre, um sorriso verdadeiro, inocente, puro. Eles devem ter entre sete ou oito anos nesta foto. Não consigo reconhecer a outra criança na foto, uma menina, de longos cabelos louros, que sorri para a câmera, enquanto segura as mãos de Peeta e Gale. Quem é esta garotinha? Tento identificar entre as amigas de Peeta e Gale uma que se pareça com esta menina, mas não vejo nenhuma semelhança entre esta menina e elas.