Já era tarde da noite, o ônibus estava quase vazio e ela acordara assustada. Devia ter descido a dois pontos atrás. Pediu que o motorista parasse e desceu rapidamente do veículo, a pressa era tanta que quase esquecera sua bolsa no banco, mas por sorte não a esqueceu e agora remexia dentro dela em busca de um casaco extra. A fria Londres parecia ainda mais fria naquela noite.

Vestira o casaco e cruzara os braços tentando se aquecer um pouco mais e passou a fazer o caminho de volta em direção a seu apartamento. O frio cortante fazia com ela se xingasse mentalmente “Não devia ter dormido no ônibus!” pensava, mas ultimamente aquilo estava se tornando um hábito pois ela vivia exausta.

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Caminhava rápido para chegar em casa o quanto antes e não pegasse um resfriado ou algo pior, ela não precisava de mais problemas do que já tinha.

— FINALMENTE! — Cedrico gritara quando ela chegara em casa.

— Não precisa gritar, Ced. — ela disse o repreendendo. Tirou os casacos que usava e os sapatos e largou sua bolsa em cima da mesa e foi sentar-se no sofá.

— Que garota chata! — Cedrico dissera assim que a prima sentara-se ao seu lado.

— A chatice é de família. — ela disse sínica.

— Chata e grossa. — ele se auto-corrigiu — Você demorou muito hoje, eu estou te esperando pra jantar a horas, não estava mais aguentando esperar.

— Eu perdi meu ponto no ônibus, acabei dormindo sem querer e você sabe que o ônibus que vem do hospital pra cá demora mais que o que vem da faculdade...

— Então você não estava na faculdade?

— Eu fui pra faculdade, mas você sabe que hoje é de dia de visita no hospital em que...

— O Rony está internado, eu sei. — ele completou impaciente — Mas você não precisa ir nas visitas noturnas se consegue ir vê-lo durante a tarde.

— Consigo vê-lo pouquíssimo tempo nas visitas da tarde, Ced.

— Mas você precisa descansar um pouco, olha só pra você!

— Olha pra mim o quê? — ela perguntou tombando a cabeça para trás e fechando os olhos.

— Está quase morrendo, toda largada no sofá! Hermione, você está exausta!

— Não estou não.

— Está sim. Você passa o dia todo no hospital e na faculdade! Não tem mais vida! Aliás, sua vida se resume a trabalho, faculdade e Ronald.

— Ced, você sabe que...

— Sim, eu sei que você não larga suas responsabilidades e nem vai deixar de visitá-lo, mas, por favor, não esqueça de cuidar de você.

— Tudo bem, eu cuidarei mais de mim. — ela abriu os olhos e deu um leve sorriso para o primo.

— Esse sorrisinho não me engana, não. — ele disse e deitou-se ao lado da prima.

— Não engana, mas por enquanto é suficiente. — Hermione disse se aconchegando nos braços do primo — Estou com sono.

— Dá pra perceber! Mas me conta, como ele está?

— O Ron?

— É né, não poderia ser o Draco, eu não me importo com os Malfoy. — ele disse e ela riu, Cedrico e os Malfoy nunca deixariam de implicar uns com os outros.

— Em coma.

— Isso eu já sei! Mas quais são as notícias boas?

— Não tenho muitas notícias boas, mas é meio imprevisível diagnosticá-lo sem ele acordar. Mas, ele está se recuperando bem das cirurgias, as fraturas foram bem feias, mas acreditamos que ele não ficará com nenhum dano físico, um pouco de fisioterapia e ele estará novinho em folha!

— Isso é bom, não é?

— É sim, mas pra termos certeza precisamos que ele acorde e nos diga como está se sentindo com os tratamentos. Também saberemos se ele está completamente são ou se perdeu a memória ou algo do tipo...

— Cruz e credo! Vire essa boca pra lá! Nada disso vai acontecer, tenho certeza disso.

— A batida foi muito forte, Ced. Eu não teria tanta certeza assim! — ela disse desapontada.

— Sem perder as esperanças, queridinha. E o Rony é um cabeça dura, seria um pouco difícil de uma batida afetar tanto a cabeça dele desse jeito!

— Você é um besta! — ela disse rindo.

— Eu sou maravilhoso, isso sim!

— Já faz mais de mês e nada dele acordar, Ced. Estou ficando com medo!

— Opa, opa, opa, medo de quê? Ontem mesmo me disse que os médicos já acham que ele pode respirar sozinho.

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— Sim, ele é bem forte, mas... Eu tenho medo de perdê-lo de novo.

— Você não vai perdê-lo! Ele está sendo bem cuidado e tem muitas pessoas torcendo por ele, não vai acontecer nada, ele vai acordar!

— Por que você não volta a morar aqui logo? — Hermione perguntou aumentando o abraço no primo.

— Ainda não estou preparado, prima. Só estou aqui pra proteger você daquele maldito, Krum! Ainda não acredito que você voltou com ele e o pior, ele teve aquele ataque de ciúmes! E pra mim foi muito bem feito! Eu sempre achei que ele merecia ser traído assim como fez com você.

— Não vamos falar do Victor, por favor. — Hermione dissera.

Mesmo depois de toda a confusão e o acidente de Rony ela não contara nada a ninguém. Victor havia sumido depois que Draco conseguira tirá-la do apartamento no dia em que ele encontrou Rony com ela. Lembrar dele era como reviver um pesadelo, e preferia acreditar que ele não voltaria nunca mais já que no primeiro término do relacionamento deles ele apanhara de Cedrico, no segundo, antes dele colocar Rony pra fora o ruivo o agredira, depois ele apanhara de Draco e até mesmo Astória lhe dera uns bons tabefes.

E para não se preocupar com ele ou com suas ameaças novamente ela preferia deixar tudo como estava, num completo segredo.

— Tudo bem, não vamos falar do lixo né? Até porque eu estou com fome e minha comida é sagrada!

— Realmente não jantou? Ficou me esperando?

— Claro que fiquei, querida! Vamos comer logo, já passou da hora do jantar a muito tempo.

— Ok, mas antes eu vou tomar um bom banho, aí nós podemos jantar...

— Nada disso! Tome seu banho depois, eu estou morrendo de fome! — Cedrico dissera e se levantara.

— Que morto de fome!

— Anda logo, eu fiz sua comida favorita: strogonoff! — ele dissera indo para a cozinha.

— Strogonoff não é a minha comida favorita, é a sua!

— Oh, é mesmo! Acho que me enganei... Agora teremos que comer do mesmo jeito, não vamos jogar isso fora, né?

— Como você é cínico!

— Eu sou um gostoso, meu amor! — ele dissera e dera um tapa na própria bunda antes de desaparecer na cozinha.

Hermione riu do primo e respirou fundo, queria que ele voltasse a morar com ela, mas ele alegava que só estava com ela por algumas semanas porque estava preocupado. E ele tinha motivos para se preocupar...

Desde o acidente em que um motorista bêbado atropelara Ronald em alta velocidade ela vivia em função dele, pois sentia-se culpada por tudo o que acontecera. Se não tivesse sido fraca e resistido as confissões do ruivo talvez ele estaria bem e a salvo, mas graças a ela, ele estava naquela situação. Se ele não acordasse ela jamais se perdoaria e aquele pensamento a deixara enjoada. Foi direto para o banheiro e jogou-se embaixo do chuveiro, estava arrasada e sentia-se pior do que estava antes de conhecê-lo. Ela voltara ao fundo do poço e dessa vez sabia que o único que poderia tirá-la de lá estaria de olhos fechados por tempo indeterminado, e a culpa era inteirinha dela.