Eu Ainda Estou Aqui

Capítulo 2


Jason é tão irritante quanto pode ser, ele aparece na minha sala todos os dias me cantando e fazendo insinuações irritantes, fora que já ‘’pegou’’ pelo menos três moças da academia! Mas tenho que admitir, ele é um ótimo boxeador, meu pai está todo entusiasmado com isso, e já fala sobre o estadual. Isso é bom, pode fazê-lo esquecer que eu não estar aqui para assistir.

– Bom dia, princesa – ele chegou a uma semana e não tem a capacidade de me chamar pelo meu nome.

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– Bom dia, Jason – nem me dou ao trabalho de erguer a cabeça.

– Não vai nem se dar ao trabalho de olhar para mim ? – levanto os olhos e ele finge um rosto magoado – Assim é melhor – diz sorrindo.

– Acho que você tem que treinar.

– Você acha muitas coisas.

– É o que parece – volto-me para meus papeis demonstrando desinteresse.

– Sabe o que eu acho ? – ele diz debochado – Acho que pra alguém como você, você se acha demais.

– Alguém como eu ?

– Magrela, sinceramente, chega ser feio – ele dá alguns passos para dentro da sala.

Essa palavras deveriam me atingir, mas não me atingem. Sei exatamente o quão magra sou, mas a culpa é de toda aquela radiação e desse câncer idiota.

– Jason – meu pai está na porta com o maxilar travado, acho que ele ouviu, se ouviu, não está nada feliz – vá treinar.

Jason me dá um sorriso e sai, ele vê o rosto do meu pai e para um minuto tentando entender.

...

– Não contou pra ele, não é ? – eu digo cheia de expectativa.

Não quero que Jason sinta pena de mim, e hoje ele saiu da academia sem o costumeiro ‘’ até amanha princesa’’.

– Não, não contei. Só disse pra ele não chegar perto de você de novo – ele faz uma pausa – por que eu não deveria contar ?

– Não quero mais ninguém com pena de mim, pai.

– Eu sei.

Estamos na cozinha de casa, me aproximo e o abraço.

– Isso não está sendo nada fácil – ele diz com a voz meio embargada.

– Eu sei, pai.

Naquela noite eu vou dormir pensando em como meu pai sofrer em seis meses.

...

– ... Duas semanas ? Não sei acho que é muito tempo – meu pai está no telefone sentado no sofá do escritório - ... não é isso, é só que não quero deixar minha filha sozinha... tudo bem... te ligo em meia hora.

– Quem era, pai ?

– Matt. Temos que ir numa conferencia com o pessoal do estadual em Vegas, por duas semanas.

– E você não quer ir por minha causa – ele assente – pai, eu vou ficar bem...

– Não quero te deixar sozinha andando de ônibus o tempo todo.

– Sam pode me levar – Sam é minha melhor amiga – sério mesmo, ela disse que sempre que eu precisar ela me da carona.

– Não sei se é uma boa...

– John Wright, você vai nessa conferencia! Não quer que o Jason lute no estadual ? – ele assente – Pois bem, você vai.

– Lizzi, não sei...

– Você vai. Ligue para o Matt.

Ele suspira e digita alguns números no telefone.

– Matt ? Que horas é o voo? Sim, foi a Lizzi. Ok. Te vejo amanhã. – ele desliga o telefone – Você é impossível, sabia ?!

– Aprendi com o melhor – sorrio.

Meu pai sai do escritório. Eu quero que ele vá nessa viagem, eu sei que parece que não, mas ele pensa o tempo todo que em pouco tempo eu não vou mais estar aqui, e logo, logo eu vou começar piorar, quero que ele se divirta um pouco antes que a situação piore.

Jason passou o dia todo na sala de boxe, ele não fala comigo desde ontem quando meu pai ouviu o que ele disse sobre meu peso.

– Princesa ? – Jason aparece na porta.

Levanto os olhos. Ele está suado e a camiseta gruda em seu corpo bem definido.

– Vai fazer alguma coisa hoje a noite ?

– O que ?

– Vai fazer alguma coisa hoje a noite ? – ele sorri debochado.

– Achei que meu pai tivesse mandado você ficar longe de mim.

– Mandou. Mas e ai, vai ?

– Não, não vou.

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– Quer tal jantar comigo.

– Não dá, pretendo não fazer nada hoje.

– Entendi – ele sorri – jogo interessante. Talvez outro dia.

Jason sai da sala.

...

– Tome todos os seus remédios.

– Ok, pai.

– Me ligue todos os dias.

– Pai, você vai perder seu voo.

Estamos no aeroporto, Sam está me esperando no carro.

– Você está certa – ele segura minha cabeça e beija o topo – eu te amo. E treine o garoto...

– Jason.

– O Jason pra mim, por esses dias.

–Ok. Te amo. Boa viagem.

Meu pai anda para longe de mim e eu volto para o estacionamento.

– E agora? – Sam pergunta quando entro no carro.

Sam é morena, tem olhos verdes e pele clara. Ela é linda.

– Pra academia.

– É hoje que eu vou conhecer o gato que seu pai está treinando ?

– Não, ele é um idiota. Não se atreva.

– Tudo bem – ela dá um suspiro teatral.

Sam me deixa em frente a academia e vai embora. Hoje é sábado isso quer dizer que quem está responsável pela academia é o Will, ele é responsável pelos fins de semana e nas noites.

– Acho que eu vou gostar disso – diz Jason quando eu lhe explico que eu lhe treinarei pelas próximas duas semanas.

Reviro os olhos.

O primeiro dia foi bem calmo. Jason abandou suas gracinhas por umas horas, elas só voltaram quando o treino acabou, e para o meu azar, comecei me sentir mal também.

– Princesa, você está horrível.

– Sua sinceridade é comovente – estou deitada no chão do ringue olhando para o teto, Jason está encostado em um dos cantos olhando para mim.

Sinto meu estomago dando voltas e me levanto num salto, pulo as cordas do ringue e quase caio de cara no chão, recupero o equilíbrio e corro para o banheiro.

– Princesa !

Dentro do banheiro fecho a porta de uma das cabines e me debruço sobre o vaso sanitário jogando para fora tudo o que comi a tarde.

– Princesa? – posso ver seus pés voltados para a porta.

– Sai daqui – eu digo me sentindo franca.

– De jeito nenhum. Você está bem ?

– Estou – fecho a tampa do vaso sanitário e dou descarga, depois fico sentada no chão.

– Princesa ?

– Sim, Jason.

– Tem certeza que está bem ?

– Tenho.

Fecho os olhos, e só abro em seguida quando sinto uma mão na minha perna.

– Está pálida.

– Como você ... ? – ele se arrastou por baixo da porta.

– Vamos. Eu te levo embora.

– Não precisa, Sam...

– Lizzi ? – escuto a voz de Sam entrando no banheiro.

– Aqui – eu estico o braço até a tranca da porta mas Jason é mas rápido e a abre e sai.

– Ah, oi – ouço a voz de Sam do outro lado e tenho certeza que ela está sorrindo.

– Oi – diz Jason de maneira simpática demais para um simples oi – ela está aqui, deve ter comido alguma coisa que fez mal.

Sam anda apressadamente até o banheiro e me encontra.

– Nossa, Lizzi! – ela se abaixa e me ajuda a ficar em pé - ele não sabe não é !? - ela sussurra no meu ouvido.

Assinto.

– Eu te ajudo... – diz Jason sorrindo para Sam.

– Posso andar sozinha – digo me soltando dos dois – anda Sam, de logo seu telefone para ele e vamos embora.

Saio do banheiro ouvindo Sam recitar seu numero de telefone para Jason.