Eternal

Capítulo 11 - I'm a fire starter, I'm a sweet disaster


Sonho do direito adiado. Fotos adiadas. A mãe deixada com a avó em Nairóbi. Qual parte da sua vida poderia começar a piorar naquele ponto? Pois não havia dúvidas de que isso podia acontecer. Tantas coisas para assimilar em meio aquela loucura arrebatadora, que Zanna arrumou a mala colocado apenas dois pares de roupa, sendo posteriormente obrigada a refazer, de modo que, houvessem roupas para mais de uma semana. Aquele tipo de viagem não era bom para sua mãe, mais ainda pelas circunstâncias nas quais estavam praticamente fugindo. Capheus queria deixa-la com os pais, não submetê-la aquele desvario necessário, porém, Tia não aceitava afastar-se da filha e nem mesmo deixar o marido. Como resultado todos iriam.

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Naquela vida pacata, com seus momentos baixo, mas pacata, Zanna jamais imaginou que tudo mudaria daquela forma. Sair de seu berço por uma ameaça, além de descobrir uma teoria tão insana quanto estar ligada a outras sete pessoas ao redor do mundo. Ficção não era sua área, e por esta razão ela não acreditava naquilo, apesar de ter passado momento que seriam fatos usados para comprovar o quanto seu pai estava certo. O encontro com aquele menino mexicano, Julian, era a maior razão disso.

– Eu trocaria tudo isso por uma extensão do meu castigo. – Zanna comentou vendo todas as malas prontas na sala.

– É algo necessário, filha. Não podemos correr um risco tão grande. – O pai colocou a mão em seu ombro. Era fácil ver que ele estava pondo qualquer cosia em frente a mágoa dos acontecimentos dos dias anteriores.

– Eu nunca sai daqui para tão longe, eu estou terminando a escola, e a faculdade?

– Nós vamos voltar, não é uma mudança, Zanna. – Capheus passou a levar as coisas para o carro.

Ao pensar sobre as coisas que teria de adiar e as que simplesmente seriam descartadas, Zanna não poderia deixar de sentir a garota mais azarada da face da terra. Ela não queria ser daquela forma, porque tinha certeza que conhecendo-se como o fazia, uma hora acabaria tendo mágoas de si mesma, e iria se dispor a sentir a culpa se algo acontecesse com a sua família.

– Fica calma, meu amor. Nós faríamos tudo por você. – A mãe tocou seu rosto ternamente.

– Não é justo, mamãe. Como em épocas opressoras para diferentes povos, uma ação dominante acredita que pode tornar outras menores. O poder acha que tem o direito de nos fazer sair de nossa casa e mudar a nossa vida – Colocou a mão na barriga da mãe – Estou com medo que algo aconteça a ele, a vocês.

– Não vai acontecer nada, querida. Iremos para Londres, vamos encontrar aquelas outras pessoas e vai ser como uma união que é necessária para ser forte. – A mãe acariciou os cabelos de Zanna.

Pouco a pouco o pai foi pondo as malas no carro e neste meio tempo, eis que a filha ficou a observar aquele espaço, que tal qual ela, cresceu. Da pequena casa se tornou aquela grande propriedade. Afastar-se dali lhe doía, porque em parte tratava-se de deixar parte da sua identidade. Sua casa estava profundamente ligada com sua essência. Londres opunha-se ao tanto que a menina conhecia. Uma realidade totalmente diferente. Quando o término das malas foi consumado, a mãe e a filha saíram de seu espaço e a porta foi devidamente trancada. Os quatro ficaram olhando para aquela fachada por um momento, era difícil para todos eles. Uma lágrima escorreu pelo canto do olho esquerdo de Zanna, e por seu próprio código, ela não podia chorar, não na frente deles. Respirou fundo e fingiu um espirro, para que pudesse enxugar a lágrima sem ser notada.

– Agora devemos ir. – Disse Capheus.

– E se tiver de ir, simplesmente vá. – Zanna comentou.

(...)

John limitava-se a apenas olhar para Riley, não queria falar com ela, recusava-se. Não tinha ninguém para falar, já que também seu pai não lhe atendia ao telefone. Não era tão diferente de quando criança e sentia que o mundo simplesmente não o ouvia. Pelas viagens a trabalho da mãe, estava com o avô, ou apenas com na creche até que ela retornasse. Lembrava-se de que parte das estadias na mesma creche foi o que passou a ir lhe moldando a sentir-se chateado com a mãe, pois as progenitoras dos seus colegas sempre os buscavam no final do dia. Se estivesse com o pai, talvez a situação fosse diferente.

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– John, terminou de aspirar a casa? – A mãe perguntou da cozinha onde um cheiro de comida enchia suas narinas.

Riley passara o dia inteira preparando a casa para aquelas visitas estranhas, e isto incluía preparar até um jantar. Achava que as drogas deviam ter corroído o cérebro da mãe, principalmente depois da forçada conversa de que o rapaz era algo denominado “sensate”. Até onde lhe constava, não habitava um estúdio da Warner Bros Pictures. Já havia se decidido sobre ir embora ficar com o pai, ele apenas precisava busca-lo. Diria a mãe apenas na hora correta. Com a expressão zangada e a cara de pouco amigos, John respondeu:

– Estou passando na sala.

Ele movia o objeto pela superfície do carpete e girou os olhos ao dar a resposta. Ainda bem que ela não o cobrara mais, assim, mesmo que forçado, ele conseguiu fazer aquele trabalho desnecessário. Retirou a camisa pela cabeça e a jogou em cima do sofá da sala largadamente. Sentia um pouco de suor pela testa. O menino estava simplesmente fato daquela situação. Um barulho lhe tirou a concentração e percebeu que era a campainha da porta.

– Abra a porta, John. – Riley gritou da cozinha.

– Abra a porta, John. – Ele deixou a voz aguda do mesmo jeito da mãe, fazendo uma imitação debochada, porém, foi até a porta e a abriu.

Os três vultos desconhecidos se materializaram em sua frente. Nunca havia visto nenhum daqueles indivíduos e sua expressão oscilou entre surpresa e o olhar que correu para as pernas expos da jovem negra em sua saia um pouco acima do joelho. A garota tinha cara de alguém que não se surpreendera em nada ao velo sem camisa, porque ele sabia que as mulheres gostavam quando ele estava:

– A Riley está? – O homem perguntou. John reparou nas malas de viagem que traziam. Devia se rum deles, uma das visitas.

– Capheus? Ai meu Deus. Entra! – Riley veio correndo da cozinha. Ela cheirava a molho de atum.

– Riley Blue! – Ele terminou abraçando sua mãe, ela passou direto fingindo que John nem estava em seu caminho.

Eles se tratavam como se fossem amigos de anos, daqueles que convivem todas as noites em meio a trocas de segredos. Provavelmente a outra mulher era esposa do homem, assim penso o garoto.

– Esta é a Tia, minha esposa, e aqui está o Ronald. – Apontou para a barriga da mulher.

– Que barriga linda, prazer, Tia. – Riley a cumprimentou com dois beijos no rosto.

– O prazer é meu. – Tia foi cordial.

– E esta bela garota é a minha princesa, problemática, mas princesa. Zanna.

– É muito bonita, Zanna. Sou a Riley, prazer. – Ela deu um abraço na garota.

– Encantada, Riley. A filha olhava estranho para o loiro ainda não apresentado.

– Ah, e está figura descamisada é o meu filho. John Blue. – Ela puxou o rapaz para a frente.

– Seu filho? Então pode manda-lo parar de olhar para minhas pernas? Eu deixo. – Zanna não segurou-se diante dos olhares. A língua afiada entrou em ação.

– O que, garota? Só me faltava puritana. – John debochou.

– Puritana não, digna de respeito. – A menina rebateu.

– ZANNA! – Capheus elevou a voz.

John, pelo amor de Deus, não comece. Não me envergonhe. – Riley virou para ele ameaçadora.

– Por favor, vamos acalmar estes ânimos. Pode me trazer um copo com água, Riley? – Tia argumentou uma mudança de rumo para o desentendimento.

Riley acolheu Tia em seus braços e a foi guiando para dentro.

Zanna e John ficaram se fuzilando com os olhos, uma vez que, Capheus foi acompanhar as outras duas até a cozinha.

– Com essa saia espera ser digna de respeito?

– Eu posso usar apenas uma calcinha íntima e seria digna do mesmo. O corpo é meu, as regras dele também. – Zanna colocou as mãos na cintura.

– E acha que vai fazer os outros pensarem assim, agindo como uma vadia?

Ele não deveria ter dito, pois certamente teria evitado o tapa forte no rosto que o fez virar a face:

– Se eles não puderem pensar, irão sentir, machista. – O som do estalido fez Capheus correr e meter-se entre os dois.

(...)

O avião planava por entre as nuvens, enquanto nem Viola e nem Wolfgang conseguiam pregar os olhos. Era o que se fazia tipicamente em viagens extensas como aquelas. A loira encontrava-se deveras enfurecida com o ato de Hans, mas também estava preocupada com o pai. Mesmo que tivesse se submetido aquela viagem, Vio sabia que dentro dele as coisas não estavam boas. Seu pai era um homem muito forte, nada conseguia desestabilizá-lo, e ela julgava que assim fosse, até ali. Até terem de fazer aquela viagem, e de haver um problema desconhecido. Cada vez mais Viola tinha a certeza de que a amargura que aquele momento exibia vinha de algo ligado a mãe.

O homem mantinha o rosto levantado e então Viola tocou com suavemente a mãe deste coma sua. Entrelaçou os nós dos dedos e olhou de lado. Frágeis precisam ser protegidos mas, às vezes, os fortes precisam de uma dose do mesmo:

– Sabe que tudo isto que guarda eu poderia lidar. – Viola disse.

– Não começa, Viola. – O pai disse desviando o olhar.

– Acha que eu não aprendi a lidar com o fato de que a mãe que eu tive não me quis? Papai, já faz tempo que eu entendi esta condição sem que o senhor precisasse me contar nada. – O rosto de Wolfgang se escancarou diante da declaração.

– Não fantasie coisas, Viola.

– O importante seria que eu ainda tenho um pai ótimo, não é? Se ela me deixou, simplesmente sinto que ela perdeu uma ótima filha. Vamos lá, papai. Por que não acabar com isso? Ela está em Londres não é? É lá que ela vive?

Wolgang parou de falar por um instante e já não sentia raiva dentro de si, mas a sensação de que uma máscara sólida começava a despencar daquele lugar intocado desde o nascimento de Viola. Cometera muitos delitos em vida, entre outras coisas que não faziam dele toda aquela honra que exibia. Mas aquela parte da sua vida, a parte na qual sua filha não teve uma vida o doía extremamente, por mais que ele fosse um homem que não se permitisse sentir a dor. Olhou para a filha e tomou um pouco de coragem para aquilo:

– Ela foi embora quando você nasceu, mas eu também tenho culpa. Ela possuía uma vida fora da Alemanha, e quando engravidou, simplesmente chegamos a um consenso de que se ela precisava voltar aos seus, eu ficaria com você. Eu concordei que pela vida que ela já havia construído, melhor seria ficar longe. – O pai olhou nos olhos da filha.

Viola sentiu um soco dentro do ventre, mas sabia que seria exatamente daquela forma. Sabia que ela não a quis, mas não por ele a contando. Apertou mais forte a mão do pai e virou-se na cadeira:

– Como eu disse, papai, eu tenho você. Não preciso de uma mãe, não mais. Você me tornou esta pessoa forte, e outrora eu não seria se a vida não tivesse me dado esta desventura. Está tudo exatamente bem. Agora vamos esquecer isso, eu apenas precisava destas poucas palavras vindas de você. Este assunto fica aqui, junto das nuvens. Para sempre.

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Wolf gostaria de acreditar naquela possibilidade, no entanto, seu interior sabia que aquilo não ficaria em meio as nuvens, estaria voltando em Londres.

(...)

– Eu tenho de ir, minha tia está muito doente e precisamos dar apoio a ela. – Melanie olhava para Rachel.

– Eu entendo, Melanie. Mal começamos e tem de ir embora? É mesmo assim?

– Eu sinto muito.

Melanie não sabia entender seus sentimentos sobre Rachel Owens, porém, tinha a certeza de nutria por ela uma espécie de paixão que a fazia estar bem apenas por estar em sua presença. Depois do episódio abaixo da árvore, elas saíram mais vezes. E em todas elas mel descobria uma parte daquela garota que realmente a fazia querer voar. Era filha de um casal metodista que não a aceitava como homossexual, e vivia em meio ao fogo cruzado com eles. Encontrava uma sápida de dar-lhes uma glória pequena através do ofício de comissária, o sonho deles para com ela, e Rachel havia aprendido a amar aquilo.

Por outro lado, Rachel também a conhecera, sobretudo em suas descobertas enquanto o que sentia por ela. Ela era tão paciente sobre aquilo que a compreensão tornou-se um dos fatores pelos quais Melanie mais gostava da outra menina. E teria de ir embora daquela maneira para proteger não só a sua vida, mas também, a vida dos pais. Tudo aquilo era demais para Melanie, principalmente por interferir diretamente naquele plano que delineou durante tanto tempo. Mentia para Rachel sobre a tia, pois não gostaria que ela tentasse investigar algo e acabasse encrencada em meio aquela teia destrutiva. Quando estava no colégio militar, Melanie sentia-se a mais forte, mas quando se tratava de Rachel, era frágil, necessitava daquele vínculo que transformou-se um vício.

– Acredita que vou esperar sua volta? – Rachel tocou suavemente seu rosto.

– Sim, apesar de eu achar que não deve.

– Eu sei o que eu devo fazer na vida, Gorski. Eu apenas nunca tive alguém na vida que significasse tão simploriamente algo grandioso quanto você - Acariciou seus cabelos lentamente – Você pode pensar na resposta, sem pressa. Gostaria de ser a minha namorada?

Melanie teve o corpo paralisado diante da pergunta de Rachel. Era a culminância do conflito dentro de si mesma, porque a resposta daquela pergunta a traria a certeza que pareceu adiar de si mesma. Olhou par a amenina diante de si e disse:

– Posso mesmo pensar? Você sabe, coisas demais.

– Pode, futura comandante.

Melanie abraço a moça pelo pescoço e com afinco prendeu seus braços ao redor dela. Os olhos se fecharam em meio a uma sensação que odiava, despedir-se. Rachel correspondeu sua intensidade e depois de alguns momentos, eis que a olhou nos olhos como debaixo da árvore, e colou os lábios nos da garota sem nada tempestuoso, apenas calmo e pausado. Melanie correspondeu gesto e enquanto se beijavam, uma percebeu que sentiria mais falta da outra do que ambas podiam imaginar. Já tinham um laço. Melanie aceitou aquela ligação assim que o beijo cessou:

– Se eu voltar, eu terei a maior honra em poder ser a sua namorada.

– Você vai voltar, e a honra vai ser toda minha. – E Rachel a beijou novamente.

Enquanto o carro encostava no estacionamento do aeroporto, Melanie foi capaz de reviver aqueles momentos de mais cedo com Rachel, pela milésima vez. A visão da estrada levemente molhada pela chuva só tornava tudo pior. Absorta na imagem do último beijo com a garota e tendo de entender uma situação tão complicada, era assim. Abriu a porta do carro e saiu puxando sua mala, enquanto Will foi até o porta malas, retirando a sua e a da mãe. Não iriam levar muita coisa, apenas coisas de dias. Eles queriam que ela acreditasse que voltariam logo, mas a julgar pela gravidade com a qual o pai dela delimitara o acontecido para ela, não seria tão fácil quanto parecia.

– Eu estou tão zangado com você pelo que estão fazendo. – O rapaz oriental apareceu do lado do carro. Melanie o olhou.

– De onde você é? China?

– Coréia, precisam quebrar o estigma de que olhos puxados são apenas de chineses ou japoneses. Isso ainda vai causar uma guerra. – Lee reclamou e explicou.

– Tanto faz agora.

– Quem é, Melanie? – Will perguntou ao trancar o carro.

– É um garoto coreano. Não sei o nome dele. – Melanie puxava sua mala.

– Lee Bak. – Respondeu o menino.

– É Lee.

– Sun. – Will deu uma pequena risada.

Will deu a mão para a esposa, Tracy, e caminhavam ambos pelo longo estacionamento, já podendo ouvir sons de turbinas no outro pavimento. Melanie ia uns passos à frente e ao caminhar reparava nos carros. Poderia reconhecer todos eles, era uma perita em automóveis. Ficou apaixonada por um Volvo com faróis em led. Apontou para o carro para que Will visse, partilhavam da mesma paixão, assim como, pela lei.

– É bem bonito, acho que edição limitada, Mel.

O primeiro tiro estourou por completo o farol do carro visto por eles, fazendo seu alarme soar. Os três se sobressaltaram com a surpresa. Will soltou a mão da esposa e olhou para trás, viu os dois homens vindo em sua direção com armas em mãos. Empurrou a filha e a esposa por entre os becos de carros e puxou a arma. O homem tentou disparar contra aqueles que se aproximavam, porém, os tiros passaram distantes:

– O que é isso? – Perguntou Melanie.

– Estão atrás de nós, como esperávamos. Corram! – E eles passaram a correr por entre todos aqueles automóveis.

Conforme disparos eram efetuados, vários daqueles alarmes foram acionados e alguns gritos de pessoas podiam ser ouvidos. Haviam deixado até mesmo as malas, sobrava apenas as passagens no bolso do casaco de Will. Tracy corria apressada e colocou Mel em sua frente. O pai seguia tentando defende-las na retaguarda. Os homens vestidos e encapuzados de preto não desistiam fácil, pareciam conseguir mais força. Um disparo explodiu um para-brisas, então ambas as mulheres caíram no chão, conseguindo tornar a correr novamente. Quando viram um túnel se saídas e apenas as laterais, eis que o grupo enveredou pela direita.

O coração de Melanie se encontrava acelerado. Quando se aproximaram da entrada externa para os portões de embarque perto do estacionamento, algo aconteceu mudando todo o curso. Um tiro deferido contra eles finalmente fez efeito e Tracy caiu ao chão de trás de um carro:

– Mãe! – Melanie parou e viu o pai agachado e atirando contra a direção oposta.

– Não para de correr não, minha filha. – A mãe disse sentindo corpo obstruído em parte pela bala.

– Pai, pai! – Mel gritou para Will – Eles acertaram ela.

Will rapidamente se locomoveu até onde vinha a voz de Mel e seu rosto ficou sem reação ao ver o sangue que manchava a vestimenta da esposa.

– Tracy. – Ele disparou um outro tiro e olhou a esposa.

– Precisam correr, eu não importo. É ela – A mão trêmula da mãe tocou o rosto da filha – Vão, por mim. Eu posso ficar – A respiração de Tracy ia ficando cada vez mais ofegante e se perdendo.

– Não faz isso, mãe. Eu vou te levar. Vem. – Mel tentou apoiar o corpo da mãe nela, porém, o peso não seria suportado para chegar até o portão de embarque sem que fossem atingidos também por um projétil.

– Eu vou te ajudar, Tracy. Droga, as balas acabaram. – O rosto de Wil estava sem cor.

– Salva nossa menina, vai ser a melhor ajuda, além do seu amor. – Ela disse ofegando e com lágrimas ao redor dos olhos. A cabeça de Melanie caiu em seu seio e lágrimas passaram a lhe rolar pela face.

Aquele era o momento de maior decisão na vida de Will Gorski, depois do deixar RIley Blue para ficar com a garota que engravidara. E a mesma garota estava ali, desfalecendo e eles prestes a serem baleados como ela. Ele entocou-se atrás do carro, não havia ali tanto tempo. Segurou a mão da esposa e deu um beijo em sua testa:

– Eu vou salvá-la. – E ele passou a puxar Melanie do corpo da mulher.

– Não, um soldado não deixa o outro. Eu não deixar a minha mãe. – A menina estava em prantos e descontrolada.

– Me desculpa, Melanie, temos de correr. Sua mãe quer isso. Ela é o soldado mais forte.

– Vai, filha. Eu não posso mais. Corre pela sua vida, eu vou estar com você de um jeito. Eu prometo. – Tracy dizia sentindo o corpo ir abandonando suas funções.

Will conseguiu puxar a menina da mãe e arrastá-la alguns metros. Melanie ficou olhando a imagem da mãe que morria lentamente com a bala no peito. Nunca chorara tanto na vida, na verdade, nunca chorara até aquele momento, pois lembrava-se de uma infância feliz ao lado de Will e dela. Vê-la desfalecendo diante dos olhos e correndo para se distanciar lhe esmagava o coração. Mas ela havia pedido, tudo que ela podia fazer era realizar aquilo, não importava o quão doloroso fosse. A mãe sumiu dos seus olhos e então foram seus próprios pés que tornaram-se ágeis, juntamente com os do pai que iam na direção do portão 5. Correram até acharem que os pés não aguentariam mais dar um passo, o portão encontrava-se prestes a fechar e Will puxou as 3 passagens do bolso, como doeu. Num dado ponto eles já não o perseguia mais, talvez pelo grande número de pessoas que passaram a transitar pelo lugar, incluindo seguranças.

Will entrou a passagem dele e da filha ao responsável pelo embarque. Quando conferidas as informações, apenas adentraram pela grande passarela e ao olhar a noite estrelada pelos vidros da passagem, Melanie sentiu o rosto inchado e completamente lavado pelas lágrimas. Will então, longe daquele estacionamento, tomou a filha nos braços e a protegeu. Melanie desabou da pior forma, acabara de perder a sua melhor amiga.