Inverno –

Caminhava a passos lentos até o centro de Magnólia enquanto apreciava a paisagem invernosa de Fiore. Juvia amava o inverno. Fora nessa estação que teve suas piores desilusões, conheceu suas melhores amizades, conheceu o amor de sua vida e, mais importante que isso, seria no inverno que sua pequena flor nasceria.

Aproximou-se do rio que serpenteava a cidade e se aconchegou no banco que ali se encontrava. Se sentia saudosa com as lembranças dos anos que se passaram e não pode esconder o sorriso que se formava na face alva, enquanto os olhos azulados brilhavam de emoção. Juvia não pode evitar sua mente de vagar até a lembrança do momento que o viu pela primeira vez.

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~x~

Era um dia chuvoso e isso apenas piorava por causa da estação. Ela não ligava, de fato, para nada do que acontecia do lado de fora daquelas janelas de trem. Muito menos se importava se suas emoções afetavam o clima, mesmo que as pessoas achassem isso relevante. Juvia havia terminado seu relacionamento com o homem que dizia a amar por toda a vida, mas que pelas costas a traia com outras. Descobriu a traição do infeliz um mês antes e remoeu diversas vezes a dor da desilusão. Ela era uma romântica de carteirinha, acreditava que quando o amor acontecia, seria para a vida toda e nada poderia separá-los. Queria que a vida tivesse um jeito melhor de lhe mostrar o quanto estava errada.

No mês seguinte, decidira sair de Corcus e recomeçar a vida em Magnólia e não tardou em se mudar. Mesmo que doesse, ela precisava se reestruturar e, por fim, parar de lamentar pelo falso amor que recebera. Encostou a cabeça na janela e deixou as lágrimas correrem pelos olhos sem vida. Juvia sentia que perdia o rumo lentamente. Enquanto divagava, sequer notou quando o trem parou em uma estação qualquer e um grupo de magos entrou. Eles eram barulhentos e falavam banalidades que Juvia não compreendia. Sentaram-se no lado oposto e ela viu de relance o rosto das duas mulheres que compunham o grupo. Ambas eram lindas, a loira possuía cabelos longos amarrados em um rabo de cavalo no alto da cabeça. Os olhos achocolatados brilhavam enquanto abria um pequeno sorriso para o mago que se sentava a sua frente. Juvia não vira o rosto dos rapazes, mas algo dentro dela dizia que a loira gostava do mago de cabelos róseos. A invejou. Ela queria voltar a ter o mesmo brilho nos olhos.

A outra maga possuía longos cabelos escarlates e olhos afiados, mas que, ao mesmo tempo, demonstravam uma gentileza sem igual. Estranhou a armadura, mas ignorou logo depois. Viu brevemente a pequena marca na mão direita da loira e a reconheceu como sendo da guilda Fairy Tail. Quem diria que encontraria magos de uma guilda tão famosa. Cansada de analisar aquelas pessoas, voltou os olhos para a janela outra vez e se permitiu tirar um breve cochilo.

Não contava que o momento de sono lhe traria lembranças que desejava esquecer. Mesmo inconsciente, sentia as lagrimas correrem pelos olhos, afinal, não só o sonho era real, como a dor que ele trazia também era. Despertou lentamente enquanto sentia alguém lhe chacoalhando. A maga ruiva a olhava preocupada e indagou se a azulada sentia-se bem.

— Juvia está bem, obrigada.

Não queria ser grosseira, mas também não queria desabar na frente de estranhos. Ignorou os olhares curiosos que eles lhe direcionavam e agradeceu aos céus por já estarem na estação de Magnólia. Se apressou em pegar suas coisas e saiu correndo do trem, pouco importando se molhava-se com a chuva pesada do lado de fora. Nesse momento, aquela chuva era sua melhor companheira. Não percebeu para onde correu, muito menos onde exatamente se direcionava, só sabia que queria ir para muito longe, longe de qualquer dor que a atormentava.

Cansada de correr, desabou em um banco qualquer e se pôs a chorar copiosamente até que, em algum momento, percebeu que não se molhava mais. Estranhou, pois ainda chovia. Foi quando olhou para o alto e se deparou com um guarda-chuva feito inteiramente de gelo a cobrindo. A surpresa foi ainda maior quando viu que quem lhe estendia o objeto, era um rapaz forte e atraente. Apesar de vestir um casaco pesado, a camisa que vestia por baixo estava quase que inteiramente aberta, dando a possibilidade de Juvia ver a mesma insígnia da Fairy Tail em seu peito.

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Era um dos magos que estava junto com as moças no trem. Só tinha o visto de costas, mas lembrou-se da cabeleira preta e do ar despreocupado que exalava no trem. Juvia tratou de enxugar as lágrimas, constrangida por ter sido pega naquele estado. Ele não se importou, deu a volta no banco e se sentou ao lado dela. Por minutos, nada falaram, até que a maga se sentiu obrigada a lhe agradecer.

— Tudo bem. Eu apenas agi por instinto, é difícil ignorar uma mulher quando a vê correndo no estado em que estava.

Ela corou, não queria chamar atenção para si, mas aparentemente falhara miseravelmente.

— Juvia jamais quis chamar atenção. Só precisava se afastar.

— Então, seu nome é Juvia. Bom, me chamo Gray.

Ele estendeu a mão para ela e, por breves segundos, Juvia não expressou reação. De alguma forma, esquecera momentaneamente da dor e do coração partido e se alegrou por isso. Mesmo que tenha levado tempo até que amasse novamente, ela jamais se arrependeu de pegar naquela mão.

— É um prazer conhece-lo, Gray.

~x~

Agora, anos depois, Juvia ainda recordava vividamente o primeiro contato com seu amado Gray-sama, amava-o de todas as formas possíveis. Um amor verdadeiro, intenso e avassalador. Sentiu medo de amar novamente, mas aos poucos, o medo foi sucumbindo e dando lugar para uma paixão quente e extasiante, que logo se transformou no mais puro dos sentimentos. Gray a amava e ela respondia na mesma intensidade. Não eram opostos, mas sim, os lados certos de uma mesma magia.

— Você realmente ama esse lugar.

Juvia surpreendeu-se ao ouvir a voz do amado perto de si. Estava tão perdida em pensamentos que sequer notou sua chegada. Sorriu para ele e Gray não pode conter a alegria de vê-la ali. Passaria os anos e, mesmo assim, o mago tinha a plena certeza que aquela era a melhor visão de Juvia. Sentada e expressando a felicidade no rosto, enquanto acariciava o volume na barriga. E, naquele momento, Gray a amou como nunca.

Afinal, ele era seu abrigo e ela sua felicidade.