Escolhas ,

Capítulo 3 - Um pouco mais de mim.


Capítulo 3 – Um pouco mais de mim.

“A lembrança serena de uma dor passada traz um prazer.” (Marcus Cícero)

Desci as escadas na velocidade humana, estava com um pouco
de receio. Após meu “maravilhoso” primeiro dia de aula, combinei com Carlisle os
outros que contaria um pouco mais de mim, e essa hora chegou. Todos me
esperavam sentados na mesa de reunião.

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Sentei-me ao lado de Esme e Carlisle apenas gesticulou com a
cabeça para que eu começasse a falar.

Soltei um suspiro profundo e comecei:

- Desde o dia em que minha mãe abandonou Carlisle, ela
abandonou também a própria vida. As opções eram escassas, morrer ou me manter
viva. Se há alguns anos essa questão fosse posta diante de mim eu não teria
dúvidas, salvaria a mim. Mas minha mãe era de um coração muito bom, - meus
olhos saíram de foco, lembranças vieram à tona – se sacrificaria por qualquer
um que fosse, quem dirá pela própria filha.

Algumas lágrimas teimaram em cair, eu rapidamente as sequei
e continuei:

- Minha gestação foi de apenas um mês, um mês de sofrimento
para a minha mãe. Com o tempo eu ia
crescendo e sugando seu sangue para poder sobreviver. Era uma batalha de
fortes, e eu não tenho orgulho de dizer que venci. Quando meus olhos se
abrirão, quando pude ver o mundo pela primeira vez, me encontrei perdida, não
saberia o que fazer nem para onde ir se não fosse por eles.

- Eles? - perguntou Rose.

- Os Volturi. Eles
me criaram, me contaram o que somos, o que fazemos e me tornaram uma máquina de
guerra. – Olhei vagamente para Carlisle, seu rosto se contorcia em dor, ele
compartilhava a mesma mágoa que eu.

- Mas, eu morei com eles por alguns anos, eu teria te
conhecido, saberia da sua história. – sussurrou Carlisle.

- Mas você me conheceu. Tenho certeza que se lembra dos 100
anos de glória dos Volturi.

Ele ficou quieto por alguns segundos, até que sussurrou
muito baixo até para mim, era como se ele falasse consigo mesmo.

- A misteriosa treinadora dos recém-criados.

- Sim, - eu olhei para baixo e sorri fracamente diante da
triste lembrança – eu treinei todos os recém-criados que lutaram com os Volturi
durante 100 anos. E é claro que Aro, com medo de perder uma de suas preciosas
jóias, me manteve em segredo, isolada do mundo.

- Mas, se você morou um tempo com os Volturi, você ouviu
falar de mim. Porque não me procurou? – perguntou Carlisle confuso.

- Eu conhecia você sim. – eu dei um sorriso fraco. – Você
tentou convencer Aro á tomar sangue animal. Eu lembro. Mas eu eraigênua, tinha
medo do que fariam a mim se eu tentasse te conhecer.

- Me conhecer?

- Claro. Carlisle eu sou meio humana, eu tenho sentimentos.
E matar humanos era como me matar.

- É claro Lilian, nunca duvidei de seus sentimentos.

- Você era o homem com a solução. Queria te procurar para
que você me ajudasse.

Ele estendeu a mão e secou minhas lágrimas. E lhe sorri
fraco.

- Então, se você é humana... Mas também é vampira, oque você
é? – perguntou Emm.

- Bom, de acordo com o que consegui descobrir, sou uma
híbrida.

- E depois, por que largou os Volturi e pra onde foi? –
pronunciou-se Edward.

- Alguns anos depois enquanto treinava um exército de
recém-criados o conheci. – Sorri
largamente – Ele era autoconfiante, bonito e muito bom lutador. Me apaixonei.
Passei a existir somente para poder ver seu rosto todo o dia. Eu finalmente
achei uma razão pela qual continuar.

Dos meus olhos as lágrimas saiam facilmente, não tentei
refreá-las. Seria inútil.

- Mas minha felicidade durou muito pouco. Os Volturi nos
deixaram ir, mas meus antigos inimigos não. – Não havia mais um sorriso no meu
rosto, mas sim uma máscara de dor. – Eu estava morando no Alasca, feliz, já
tinha apagado parte das lembranças que me faziam mal, eu só pensava no futuro.
E em uma das frias tardes de outono eu saí para caminhar, espairecer, e quando
cheguei em casa, havia apenas uma fogueira.

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Eu estava encolhida como uma bola, meus braços abraçando
meus joelhos. Só assim aquele enorme buraco do meu peito parava de doer um
pouco.

- Ele foi... Morto? – perguntou Alice.

- Por no mínimo dez vampiros. A luta foi injusta, e eu me
culpo até hoje por não estar lá para ajudá-lo.

- Querida, eles estavam em maior número. Mesmo que você
estivesse lá nada adiantaria. – falou Esme tentando apaziguar a minha dor.

- Ainda assim, eu morreria ao lado daquele que amei.

- E eu não poderia ser sua amiga hoje, você não teria um pai
e nem uma família. Nós amamos você. Você agora é uma de nós. – falou Alice.

Eu fiquei imensamente feliz, ter uma família alguém por quem
viver.

- Obrigada.

Todos sorriram pra mim.

- Mas e depois? Você pra onde? – perguntou Emmett.

- Eu vaguei pelo mundo sem rumo. E quando estava começando a pensar em voltar
para os Volturi, Carlisle me encontrou. E então descobri que o misterioso Carlisle
era meu pai.

- Ainda bem. – disse Esme.

Ficamos em silêncio, todos tentando absorver as estranhas
informações.

- Quando você chegou aqui, - começou Edward – você me disse
que tinha um escudo mental, mas que não tinha um controle.

- É algo como um escudo mental, mas é cheio de falhas.
Quando eu fico muito emotiva, ele se expande.

- Como agora.

- É – concordei com breve aceno com a cabeça.

- Fale mais de você. Você se alimenta como humana? Dorme?
Qual a sua cor predileta? O que mais
gosta de você?- Alice falou rapidamente sem fazer pausas.

-Calma Alice, dê tempo para que ela possa responder. – disse
Esme com sua doce voz.

- Hum, certo. – comecei – Não, eu não me alimento como
humana, é nojento. – fiz uma careta e eles riram – Eu durmo ás vezes, não com muita
frequência, dormir é muito pouco produtivo, mas ás vezes me acalma. Acho que
minha cor predileta é meio óbvia se você observar meu quarto, preto é claro.
Uma coisa que eu goste em mim? – pensei em várias possibilidades e avaliei cada
uma delas, mas apenas uma podia ser pronunciada. – O fato de eu poder andar no
sol sem causar um acidente de transito talvez. – mais risadas.

O resto da tarde foi entediante. Fique observando o movimento da casa sentado
na poltrona branca da sala. Emmett e Rose saíram para caçar, Alice e Jasper
jogando xadrez, Esme limpando desnecessariamente a cozinha, Carlisle no
hospital e Edward, Edward ao piano. Ele tocava divinamente. Fiquei admirada.

- Obrigada. – falou ele ainda sentado no pequeno banquinho
do piano, de costas para mim.

Meu rosto corou de vergonha e eu me encolhi como uma bola na
poltrona, abraçando minhas pernas. Eu teria que aprender a controlar meu escudo
mental logo, estava começando a ficar irritante esse negócio de compartilhar
meus pensamentos.

- Sabe, ainda é difícil ler sua mente. Há algum tipo de
bloqueio, como uma parede. Ás vezes escapa
alguma coisa, mas ainda é pouco.

- Desculpe. – falei.

Ele abaixou a cabeça negativamente e se sentou no longo sofá
branco.

- Está pedindo desculpas por que eu não posso ler a sua mente? – perguntou ainda meio incrédulo.

- Me desculpe. – só depois reparei que havia repetido a
mesma frase.

- Você pede desculpas demais. Tente não fazer isso e verá o
quanto é bom se sentir culpado ás vezes.

- Vou tentar.

- Promete?

- Ãn, claro. – apesar de não compreender o porquê daquela
promessa, algo me dizia para aceitar.

- Você toca. – não foi um pergunta.

- Eu tento, mas estou muito longe ter o seu talento.

Ele abriu um belo sorriso.

- Vamos lá tente. – incentivou ele.

- Er, eu não sei.

- Por favor.

O olhei meio insegura. Seus olhos cor de âmbar me incentivaram
a ir, me levantei e andei em direção ao piano.

Sentei-me e dedilhei algumas teclas. Respirei fundo e olhei
rapidamente as notas escritas no papel á minha frente e deixei a melodia fluir.

A música era desconhecida por mim, mas ainda sim me
identifiquei com ela. Era como se cada nota se encaixasse em mim.

Música: Bella’s Lullaby

Link: http://www.youtube.com/watch?v=TszJoHwPetg&feature=related

(N/A: Eu sei que
muitas pessoas não gostam muito de música tocadas no piano, mas essa é
realmente um marco, vale a pena ouvir.)

As notas eram em sua maioria básica, consegui tocá-las sem
nenhuma dificuldade e senti-me orgulhosa por ter conseguido sem nenhum erro.

- Então? – perguntei enquanto me virava para olhá-lo.

Ele permanecia sentado no longo sofá branco.

- Muito bem, ainda estou me perguntando o porquê de não
tê-la convidado para tocar antes.

Eu sorri e abaixei a cabeça com vergonha.

- Obrigada.

Edward sentou-se ao meu lado e juntos, tocamos até
amanhecer.