Capítulo 18

Yona

As primeiras semanas foram difíceis.

Tentava ao máximo ficar longe de Jacob, queria me afastar, reprimir o sentimento que sentia por ele, mesmo que no fundo, meu coração me dizia que seria impossível. As palavras de Leah, de que éramos incapazes de sofrer imprinting, a história que havia contado sobre Sam, ela e Emily, todas aquelas palavras me atormentavam constantemente. Eu estava com medo. Medo do futuro. Medo de ficar sozinha. Imaginava Jacob trocando Bella por seu imprinting um dia, sendo feliz... Vendo todos os outros sendo felizes também, e eu e Leah, sozinhas, para sempre. Estava atormentada, transpassando para todos os outros meus sofrimentos. O clima não era dos mais felizes no bando. Os meninos se sentiam culpados agora por mim e por Leah, quando estavam felizes. Não brincavam mais quando estávamos por perto, tentavam não ficar pensando demais em suas garotas. Eu estava fazendo todos sofrerem juntos, ficava pensando na história de Leah e Sam, mantendo um sentimento amargurado por Sam e Jacob, os culpando por nós.

Leah e eu nos aproximamos muito, era como se ela tivesse encontrado alguém que realmente a entendesse, alguém que podia compartilhar com ela seus sentimentos sem que se sentisse culpado. Ficávamos muito juntas, até nas rondas noturnas. Até porque, nenhum dos meninos queria passar a noite inteira do lado de alguém tão má humorada. Para não ficar perto de Jacob, até passei a trabalhar na loja com Leah, assim, pouco o via.

Além de todo esse sofrimento, havia outra coisa que estava atormentando toda a matilha. Bella, a própria! Argh...

Parece que o inevitável havia acontecido... Ela tinha voltado de sua Lua de Mel totalmente diferente. Além das mudanças comuns em uma garota recém casada, Bella havia voltado mais que uma mulher de sua Lua de Mel. Ela havia sido transformada. E isso violava o tratado entre nós e o pessoal dela. Ninguém poderia ser mordido em Forks, nem em La Push, e nem nas redondezas. Todos sugeriram que se fizesse justiça, que os Cullen, o pessoal de Bella, fosse punido por ter quebrado o acordo. Até eu apoiava essa idéia. Exceto Jacob, que defendia- os agora (e Seth, que se mantinha neutro). Jacob dizia que nada mais tínhamos haver com a vida dos Cullen, até porque o tratado havia sido bem claro: Eles não poderiam morder alguém nas redondezas. E Bella fora transformada fora até mesmo dos Estados Unidos da América. E havia sido uma decisão dela, ninguém poderia puni-la por uma escolha feita. Por tanto, o tratado não havia sido quebrado. Jacob ainda dizia que se tentássemos alguma coisa contra a decisão de Bella, não hesitaria em lutar contra nós. Isso só fazia com que minha raiva aumentasse, por Jacob ser tão submisso àquela garota.

Por mais ridículo que parecesse a repentina troca de opinião de Jacob, Sam nos orientou para que não tentássemos nada, ainda. Ele iria conversar com o chefe deles, Carlisle, esse era o nome, e a decisão seria tomada, seria declarada a guerra ou a paz de vez.

Todos nós comparecemos a esse encontro, no território deles, do lado de fora da casa onde moravam, uma casa enorme e muito moderna para um grupo de vampiros. O cheiro dali era horrível e indescritível.

Sam tinha certeza de que tudo se resolveria diplomaticamente, mas alguns de nós estávamos transformados como prevenção. Eu, Leah, Seth, Quil e Embry, dispostos em torno dos vampiros, em semi círculo para não deixá-los intimidados.

Eles pareciam calmos, nos receberam cordiais. Todos muito bem vestidos, uma baixinha até mais bem vestida do que os outros. Eram bonitos. Possuiam uma palidez translúcida, a pele como um mármore bem claro, os olhos dourados. Os raios de sol que violavam as copas das árvores, batiam em suas peles e a faziam brilhar. Um deles se aproximou de Sam. Era loiro, os cabelos muito bem penteados. Era Carlisle. Levou a mão até Sam, numa atitude amigável.

- Bella agora é uma de vocês, então. – disse Sam apertando a mão do vampiro. Carlisle assentiu. – Onde ela está?

- Bella e Edward saíram para caçar! – respondeu Carlisle. – Sam, antes que diga que quebramos o tratado, quero que saiba que estávamos num perigo maior. Você deve se lembrar do que aconteceu o ano passado quando Os Volturi vieram reparar aquela confusão. Eles nos deram um prazo para que Bella fosse transformada. Eles não aceitam que nenhum humano saiba sobre nós. Sam, eu acho que antes de pensar sobre se quebramos ou não o tratado, deve pensar num bem maior para todos nós aqui. Os Volturi são perigosos! Além do mais, Bella quis ser transformada. Não fomos nós que impomos isso a ela. Você tem noiva, não tem? Você a ama?

- Mais do que tudo nessa vida. – respondeu Sam. Pude perceber que Leah estremecera.

- Pois então. Negaria um pedido a ela? – Sam negou. – Posso te assegurar que Bella não trás perigo a ninguém. Apesar de ser uma recém transformada, Bella tem o total controle de si. Nós garantimos a vocês.

Todos ficaram olhando para Sam, esperando que a decisão fosse tomada. Pela sua tranqüilidade, já sabíamos a resposta.

- Há vários anos que o clã de vocês moram aqui e o tratado nunca foi quebrado. Acreditarei na palavras de vocês, de que Bella não representa nenhum perigo...

Eu já sabia que não iria acontecer nada, então me afastei. Fui andando para o outro lado da casa, encantada com a beleza daquele lugar. A casa era toda cheia de grandes janelas de vidro, mostrando algumas partes do interior da casa, lá dentro um grande espaço sofisticado, mostrando que a idéia de vampiros sanguinários de castelos e caixões, não era verdadeira. O cheiro ainda continuava horrível, parecia estar impregnado em cada canto, em cada árvore daquele lugar, fui me afastando ainda mais para a mata, o cheiro diminuindo, a mata ficando mais densa.

Um casal vinha correndo como se estivessem brincando de pique- pegue e pararam de uma vez quando me viram. Foi quando fiquei atônita. A garota era Bella. O cabelo longo caía sobre os ombros, tinha uma cor de chocolate viva, os olhos dourados me encaravam, questionando qual dos lobos eu seria. Ela não me conhecia e provavelmente não sabia de minha existência ainda. Rosnei para eles. A raiva que subitamente aumentava em mim por enfim vê-la era inexplicável. Eu a odiava, por Jacob não desistir dela, por ele não estar comigo. Edward passou para a frente dela, a protegendo de mim, estava disposto a defendê-la do perigo que eu estava apresentando. Eu rosnava ainda mais, por ver que o amor entre eles transparecia, era evidente. Então porque raios Jacob ainda continuava a amá-la?

Estava disposta a atacá-la, queria ver se Jacob ainda a amaria depois de estar morta. Edward parecia saber exatamente o que eu estava querendo, pois voltou-se a mim, inclinando-se para defender sua esposa. Olhava-me preparado para me atacar, mas parecia entender tudo que estava sentindo. Olhava-me como se fosse meu ódio, fosse absolutamente normal.

Baixei guarda, eu não podia culpá-la! Não por um simples capricho meu. Ela não tinha culpa alguma. Estava sendo feliz com quem amava. E se Jacob não podia compreender isso, ela não podia fazer nada. E muito menos eu. Isso fazia parte da vida. Era algo que acontecia sempre. Um dia cada um iria encontrar seu par ideal. Eu estava sendo idiota por culpar a todos por estarem sendo felizes, por estarem vivendo.

Jacob apareceu de repente derrapando na minha frente, colocando-se a favor deles.

Yona, o que pensa que está fazendo? Ele vociferava.

Não estou fazendo nada!

Não pensou em atacá-los não é? Porque você só pensa em fazer idiotices, Yona? Quer acabar com o tratado? Sam não acabou de renegociá-lo para você colocar tudo a perder!

Idiotices, Jacob? Eu não ia fazer nada com eles. Você já tá ficando ridículo com essas bobeiras suas.

- Jake! – chamou Bella.

- Está tudo bem, Jacob. Ela não iria fazer nada, certo, Yona? – disse Edward mostrando-se o amigável.

Olhei-os, sem reação. No que eu estava pensando?

Nossa, Jacob. Você realmente é um idiota!

Dei meia volta. Depois dessa ceninha, estava disposta a viver minha vida e deixar Jacob fora dela.