Escolha Feita

Capítulo 3- Me beije como se quisesse se apaixonar


Agora sei não mais reclama. Pois dores são incapazes. E pobres desses rapazes,
que tentam lhe fazer feliz

O sinal anunciando o fim da aula tocou e eu enrolei para guardar meu material. Não queria conversar com ele. A última vez que falamos sobre os meus sentimentos foi há muito tempo e tudo tinha se resolvido. Eu não sei como me deixei levar dessa maneira. Fechei minha mochila e coloquei nas costas. Ele deslizou a mão até meu pulso. Sabia que ele jamais perderia esse hábito. Saí, seguindo-o. Minhas pernas pesavam feito chumbo.

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–Remus.- Chamei enquanto andávamos nos corredores- Seja breve, não quero perder E studos dos Trouxas. – Murmurei

–Sei. É importante pra você. Já decidiu que curso fará na universidade?

–Se eu for aceita em alguma.

–Você é inteligente. Claro que será aceita.- Ela suspirou.

–Acho que literatura ou jornalismo. – Ele ficou calado o resto do caminho. Eu sabia boa parte dos atalhos dos Marotos. Sirius, James e Peter me arrastaram para algumas aventuras . Principalmente para eu enrolar Lily quanto animagia ilegal. Logo me vi em um corredor vazio no segundo andar. Encostei na parede e cruzei os braços. Eu nem queria estar ali pra começo de conversa. Fiquei nervosa e meu estomago embrulhou. O que eu estava esperando? Uma declaração de amor? Uma satisfação? Um pedido de desculpa? Nada me satisfaria. Nem mesmo a primeira opção. Tudo deveria ter acontecido um mês e meio atrás.

–Dorcas... –Ele suspirou- Por que fugiu de mim?- Senti o estomago afundar. Encarei-o longamente

–É sério que está me perguntando isso?

–E-eu... Estou... Eu...

–Você não falou comigo. – Meus olhos marejaram. O nó na garganta estava difícil de engolir

–Eu sinto muito.- Ele sussurrou- Estava dando o espaço que queria. E também colocando a cabeça no lugar.

–Você podia tentar colocar o coração no lugar. Quem sabe assim entenda porque não falei com você.- Ele encarou o chão e meu coração quebrou por dentro- Enquanto ele estiver apontado para outra pessoa não vai dar pra te ter por perto. Não agora que...- Fiquei calada. Não podia dizer aquilo, não queria dizer aquilo. Seria meu segredo

–Agora que o que?

–Agora que eu não estou em condições de sufocar. Não depois de todo esse tempo.

–Eu nunca pedi...

–Não é a questão. Era fácil antes de te ter pra mim.- Me aproximei e o toquei no rosto. Os olhos dele me inundaram a alma- Mas agora eu não posso lidar com isso.- Delicadamente me aproximei e encostei meus lábios nos dele. Pude ouvi-lo suspirar e me afastei lentamente- Eu te amo.

–Será que podia me ouvir?

–Eu não quero.- Murmurei com dor e saí andando.

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Um mês e meio atrás

A fogueira crepitava numa chama alta. Algumas pessoas conversavam e outras dançavam. Tinham muitos formandos ali. Era uma tradição, todo ano os alunos do sétimo ano da Grifinória faziam uma fogueira naquele ponto da Floresta Proibida, apenas para os veteranos. O último Halloween naqueles terrenos. Todos levavam cervejas, bebidas e música. O clima era agradável, de algo novo pairando no ar. Em alguns meses seriam todos adultos, mas não era apenas a ansiedade pelo novo que tomava o coração de algumas pessoas.

Remus pegou outra cerveja, cerca de duas horas depois do inicio da tradição e sentou no tronco perto das chamas. James e Sirius estavam assando um doce branco que Lily tinha levado e o apanhador ainda fazia um malabarismo com o galho querendo impressionar a namorada. Um rádio de pilhas tocava uma fita dos Stones e o som amigável de conversas e risos preenchia o ambiente. Correu seus olhos pelo local. Viu Alice abraçada com Frank, mas já fazia um tempo que não sentia nada ao ver aquilo. Já fazia um tempo que saberia como dizer não a ela. E estava aliviado que fosse assim. Cruzou as mãos embaixo do queixo e franziu o cenho. Ele não estava ansioso para sair da escola, uma guerra acontecia lá fora e aquilo lhe tirava a paz. Não era algo passageiro. Todos ali sabiam daquilo. A maioria de seus colegas de casa estavam sendo afetados. Marlene tinha perdido a mãe no mês passado por causa de uma emboscada em Hogsmead. O pai de James tinha morrido no ano passado e Lily tinha perdido os pais num atentado na passagem dos trouxas ao Beco Diagonal. Aquilo o preocupava.

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O rapaz suspirou e correu seu olhar para direita. Viu sua amiga. Seu coração apertou ao pensar que ela poderia perder a mãe. Ele entendia a situação de Dorcas. Passaram coisas semelhantes. Ela sorriu para algo que Sirius dizia. Os dois se davam bem. O Black falou algo e o sorriso dela diminuiu ficando tímido e encantador. Então Remus quase levantou quando seu melhor amigo se aproximou perigosamente de sua melhor amiga. A loira riu e saiu de perto, andando na direção dele. Remus engoliu em seco ao vê-la. Algo como um sino tocou em sua mente. Ela estava linda, com os cabelos soltos na altura dos ombros, atraentes ondas douradas. As maçãs do rosto rosadas e um sorriso de lábios fechados, para ele. De maneira meio boba o rapaz continuou a observá-la. Parecia quase ingênua com aquele vestido azul e um casaco de lã nos ombros, os botões abertos. Desceu o olhar, corou ao notar como a roupa ressaltou as curvas do corpo. Ela era sua amiga afinal, e embora, nos últimos seis meses tenha se pegado pensando se ela ainda gostava dele, ainda assim ela era sua amiga

–Hey.- Ela sentou ao lado dele e bateu a garrafa de cerveja na dele- Um brinde ao último ano.

–E as burradas.

–Algumas.- Os dois riram e Remus a encarou. As chamas da fogueira deixaram tudo meio alaranjado e os olhos dela pareciam brilhar mais. Beberam. Ela olhando para a fogueira e ele para ela- O que foi em?- perguntou risonha

–Quantas dessas já bebeu?

–Hum, umas 5. E você?

–Oito.- Os dois riram e ela empurrou a perna dele com a dela

–Então. Vai fazer o que? Quando se formar?

–Acho que vou seguir seus planos. Fazer uma carreira trouxa. Já que aqui não tenho chance.

–Aluado.- Ela o olhou com um sorriso bonito. O sorriso de lábios fechados que ele tanto gostava- Você pode fazer o que quiser. Basta acreditar. E deixar de ser um cretino consigo mesmo.

–Ouch.- Eles riram de novo e beberam mais um pouco- Hum.- Murmurou enquanto engolia- Você está linda hoje.

–Eu caprichei um pouco.

–Querendo impressionar alguém?

–Eu já consegui.- Sorriu olhando para frente. Remus seguiu seu olhar e viu Sirius acenando para os dois. Sentiu o estomago afundar e um nó quente na garganta.

–Você está saindo com alguém?

–Sabe que não.- Murmurou roucamente. - Eu sou desastrosamente tímida para isso e você seria o primeiro a saber.

–Nem se fosse um amigo?

–Está com ciúme do Sirius?

–Bem, vocês se beijaram no terceiro ano.

–Do mesmo jeito que o Frank e a Marlene se beijaram naquele dia e ninguém vai casar com ninguém. Ou transar. Ou... Preciso de outra cerveja.- E levantou- Quer uma?- Remus assentiu e a observou ir até o isopor do chão. Ela voltou com uma expressão de tédio. Continuaram conversando sobre coisas aleatórias até que em um dado momento James parou a música e exibido como era, pediu Lily em casamento no meio de todo mundo. Ela aceitou feliz e Sirius fez algum discurso idiota que Dorcas, um tanto quanto bêbada, levantou e ajudou. Remus arqueou as sobrancelhas surpreso por ver sua tão tímida amiga falando em publico e ficou mais surpreso quando viu Sirius levantá-la num abraço de urso. Revirou os olhos e providenciou mais cerveja para si. A música voltou em dado momento e Dorcas também. Ele a olhou novamente. Os lábios dela estavam com aquele sorrisinho que ele gostava.

–Hey, vai passar a noite inteira aí?- Ele deu de ombros. – Chato.- E deu a língua para ele. Remus a olhou atentamente

–Doe...

–Nem vem. Se for falar da Alice o resto da noite e ficar aí no canto depressivo e...

–Eu queria dizer que eu acho que a superei.- E viu os ombros dela ficarem tensos

–E como chegou a essa conclusão? Hum, quer saber?- Tomou um gole grande de cerveja e jogou a garrafa no chão- Que se exploda!- E puxou-o com força pela nuca. Remus arregalou os olhos e em seguida virou-os de prazer, fechando-os por fim. Recebeu-a de boca aberta e como se uma faísca caísse na pólvora, ele puxou-a para si com afobamento. Respirando dentro da boca dela e sentindo um fogo consumi-lo por dentro. As mãos da jovem agarraram o casaco dele e Remus sentiu necessidade de puxá-la pra si pelo cabelo.

–Hum...-Ele murmurou quebrando o beijo- Uou.- Piscou, e olhou-a inebriado. Ela estava com as bochechas rosadas e os lábios inchados.

–Isso foi melhor do que na minha imaginação.- Murmurou baixinho, ligeiramente bêbada. Ele engoliu em seco e com surpresa notou o quanto sua amiga podia ser extremamente sexy. Levou a mão até o queixo dela e com o polegar aproveitou a textura macia do lábio inferior. Pode sentir o calor vindo dela, se inclinou para mais perto e sem resistir esticou a língua deslizando pelo lábio dela. A jovem soltou uma exclamação que saiu num sussurro. A mão dela correu até os cabelos dele, parando na nuca, puxando com certa urgência. Ele deslizou os lábios pelo os dela, de maneira provocante, querendo prova-la da melhor maneira. A garota gemeu e o rapaz mal acreditou que a doce e recatada Dorcas pudesse fazer um som daqueles. Sem aguentar ele deslizou a mão para a cintura dela e a apertou. A garota não aguentou, forçou a nuca dele com a mão, beijando-o novamente. A língua dela brincava com a dele, uma mistura de mordidas e pequenos gemidos que estavam deixando-o louco, com uma pressão forte no baixo ventre e um calor nunca antes experimentado. Ao menos não só com um beijo. Aquilo era erotismo puro. A mão esquerda correu até a nuca dela, puxando-a com força

–Opa opa. O que temos aqui?- A voz bêbada de Sirius gritou risonha. Remus quebrou o beijo, mas manteve a testa encostada a dela e os olhos fechados. Podia ouvir a respiração ofegante da loira. Finalmente se afastou, sentindo o vento frio bater em seu rosto. Sirius balançava as sobrancelhas- Eu sinceramente pensei que finalizaria a noite com a garota mais interessante da nossa casa. Mas você tomou uma atitude. Aleluia.

–Doe!- Lily chamou com um movimento de mão e a loira levantou meio tremula. Sirius sentou ao lado de Remus e o empurrou com o ombro. Ambos observaram as duas garotas conversando. Lily gesticulava e Dorcas abria outra cerveja. Remus sentiu o corpo esquentar apenas por lembrar do quanto o beijo dela era quente.

–Então, vocês constrangeram algumas pessoas.

–Você e a Cereja?- Perguntou fazendo o amigo bêbado rir

–É. Eu e a cereja. Sabe, a Lil’s até que gosta desse apelido agora. E a Dorcas não se importa mais em ser chamada de raio de sollll.

–Só você a chama assim.

–Mas ela é um raio de sollll.- Cantarolou divertido. Remus notou que os gestos de Lily se tornaram um tanto quanto eufóricos. Franziu o cenho preocupado. Logo Dorcas voltou- Olá raio de sol que ilumina nossas vidas.

–Estrelinha.- A loira debochou com o nome dele- Cuidado ou vai acabar se queimando.

–Você já queimou e com azar não fui eu.- E o Black levantou, saindo dali. Dorcas iria sentar, mas viu Alice vindo na direção deles com Frank grudado no braço dela. Eles pareciam bem bêbados. Afinal, não viam o quanto aquilo seria constrangedor

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– Vamos sair daqui?

–Pra onde quer ir?

–Hum, não sei. Use sua imaginação.

–Só vamos andar.- E tomou a mão dela para si. Se esgueiraram pela floresta, para não dar satisfação a ninguém. Pela primeira vez ela segurava a mão de Remus sentindo a tensão da esperança. Embora esse sentimento estivesse ligeiramente oculto pela bebida. Empurrou-o contra uma árvore quando estavam quase de volta aos jardins da escola e o beijou com volúpia. Precisava daquilo para saber se era real. Remus mal acreditava no quanto era delicioso beijá-la e toda aquela empolgação da fogueira voltou a ambos. Ele estava bêbado e por tanto meio sem noção dos limites, ela muito menos e por isso enrolou uma perna no quadril dele, puxando-o para junto de si. Dorcas gemeu contra a boca dele quando sentiu a mão comprida agarrar sua outra coxa e fazê-la encaixar nele. Sussurrou o nome do rapaz quando sentiu o estado em que o tinha deixado. Sentindo-se muito corajosa por causa das cervejas ela puxou a camisa dele, metendo as mãos por baixo e sentindo as costas. Remus arfou quando ela fez isso e a encarou inebriado. Enrolou o cabelo dela na mão e forçou a cabeça da jovem para o lado. O pescoço macio ficou exposto e Remus baixou a cabeça, deslizando a língua lentamente por todo o perímetro e usufruindo de seus instintos aguçados de lobo para ter mais prazer ainda com o cheiro dela

–Seu cheiro.- Mordeu a pele alva- É maravilhoso.- Ela nada respondeu, apenas forçou-o a colar mais os quadris ao dela com um movimento das pernas. Ele abriu a boca num gemido mudo e a encarou extasiado.

–O que foi?

–Eu posso estar meio bêbado, mas acredito que a Floresta Proibida não seja o lugar ideal para... Continuarmos com isso.- Ela o puxou para si, fazendo-o esquecer a linha de raciocínio.

–Então vamos para outro lugar.- Ele concordou com o plano maluco dela e de alguma maneira se viram no dormitório masculino do sétimo ano, mais rápido do que ela iria normalmente. Quando chegaram lá, a bebedeira já tinha passado parcialmente. Ele entrou logo atrás dela e fechou a porta. Ficou encostado na madeira, com as mãos para trás e observando-a andar. Ela foi até a janela, o cabelo caindo nos ombros, todo bagunçado. Ela também tinha as mãos nas costas e ele pode ver o movimento nervoso delas se entrelaçando. A loira virou. Os olhos com um brilho intrigante. Encarou-o com um sorriso de canto, diferente dos que ele era acostumado a ver no rosto dela- Posso te contar um segredo?- Ele assentiu. Incapaz de pronunciar qualquer palavra diante a jovem que se revelava diante de si. Ela andou, se aproximando dele, no caminho tirou o casaquinho de lã que vestia. Ao fazer isso a alça do ombro esquerdo deslizou e os cabelos, que as mãos do Maroto desgrenharam, ajudou a formar um quadro intensamente atraente. – Eu nunca pensei em deixar de gostar de você.- Sussurrou- Até hoje a noite.

–Então estraguei seus planos?- Ela deu de ombros

–Podemos descobrir outras possibilidades.- Ficou quieta e envolveu-o pelos ombros. Aproveitou e mordeu o lábio inferior do rapaz. Ele fechou os olhos e o peito subiu e desceu rápido, num ofego necessitado

–Tem certeza de que... Eu não sei se...-Parou de falar quando a língua dela invadiu sua boca. Logo o vestido ironicamente inocente foi deixado de lado, assim como as roupas do rapaz. E naquela noite ele ficou maravilhado com o que viu e fez. Nunca tinha provado algo como aquele encaixe perfeito. Dormiu feliz, abraçado a ela, mas acordou sozinho, apenas com um bilhete escrito num pergaminho velho “Desculpa”. A felicidade se foi, deixando no lugar um sentimento de apreensão e medo.