Os olhos castanhos a olhavam em um misto de medo e alívio ela sentia que ele queria abraçá-la, ela queria abraçá-lo também. Mas ao invés disso cruzou os braços e tratou de assumir uma postura rígida.

- O que você está fazendo aqui?

- Eu achei um cartão postal no chão do seu quarto era a melhor pista que eu tinha sobre você. Decidi segui-la.

- Não era para você segui-la eu deixei cair sem querer, não quero você aqui.

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- Meu trabalho é te proteger! Eu não vou te deixar sozinha por aí!

- Seu trabalho é me proteger? E por acaso eu sou uma boneca de porcelana que precisa de proteção? Não Arthur! Eu não sou!

Ela sentiu seus olhos arderem, as lágrimas lutavam para sair, mas ela não deixaria isso acontecer, precisava mostrar para Arthur que podia e era forte, e principalmente que podia cuidar de si mesma.

- E sabe o que é pior? Eu achava que tudo o que você tinha feito era por mim, eu não tinha te perdoado mas estava começando a reconsiderar, só que não você não fez nada disso por mim, você fez tudo isso porque é seu “trabalho” me proteger, bom sinto em lhe dizer mas você vai ter que ir atrás do seguro desemprego.

E sem olhar para trás Scar seguiu na direção oposta, a adrenalina pulsava forte em suas veias, com certeza o impacto de suas palavras iriam lhe tomar mais tarde mas, no momento ela se sentia orgulhosa.

Ótimo agora havia se perdido dos seus recém-amigos e não poderia explicar nada para Liv, além de não saber por onde começar sua busca por pistas o único lado bom de tudo isso era que tinha se livrado de Arthur, ou não, precisava ir mais longe.

- Scar! – Ouviu alguém a chamando, seu coração parou por um momento pensando ser Arthur, mas não a voz não era dele, era de...

- Liv! – Respondeu engasgada.

- O que aconteceu? Por que você saiu daquele jeito? Quem era aquele garoto? – Liv jogou as perguntas em cima dela, mas ao perceber que Scar parecia atordoada ela relaxou os ombros e completou com delicadeza – vamos para a minha casa, você tenta me contar lá.

A outra garota passou a seguir Scar no momento em que ela se virou. E novamente o coração de Arthur estava em frangalhos, precisava urgentemente começar a medir suas palavras e tentar conseguir o perdão da sua Vermelhinha.

- Você é da família da Scar? – Ele ouviu a voz do outro garoto, suas mãos se fecharam em punho e ele precisou se segurar para não socá-lo, como ele podia saber tanto de Scar?

- E no que isso te importa?

- Olha cara eu só estou tentando te ajudar – ele levantou as mãos em sinal de rendição – eu encontrei ela perdida em uma rodoviária e dei carona até aqui e é só. Ela só me contou que a família mentiu a vida toda para ela e o jeito que ela falou com você...

Por um momento Arthur entrou na mente dela, imaginou Scar sozinha na rodoviária a noite, sozinha, desesperada, imaginou o garoto se aproximando dela, oferecendo ajuda, o único ombro amigo em um mar de escuridão, e por fim imaginou-a desabafando com ele.

Uma parte dele – uma parte grande – sentia ciúmes e inveja do garoto, poxa ele consolou sua Vermelhinha quando devia ser ele ali. Mas outra parte – quase proporcional a primeira – se sentia agradecido, por ele ter estado ali por ela quando ele não pode.

- Sim, eu sou... quer dizer era melhor amigo dela.

- É o Caçador também? – Antes que Arthur pudesse questionar alguma coisa ele continuou – eu também sou um, aquela garota que saiu com a Scar, o nome dela é Olívia, ela é a minha Escarlate, talvez se unirmos forças a gente consiga achar as duas e enfiar um pouco de juízo naquelas cabecinhas. E além do mais, dois são melhores que um.

- Você sabe onde elas estão?

- Não faço a mínima ideia, mas a Olívia trabalha em uma casa de massas aqui perto. Lá devem saber onde ela mora. Se ela alcançou a Scar provavelmente levou ela para lá.

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- Se você sabe disso, por que ainda está tentando me ajudar.

- Porque você parece tão desesperado quanto eu, e porque eu sei a dor de perder a Escarlate e não desejo isso para ninguém. E aí vai aceitar minha ajuda ou não?

Arthur não respondeu na hora pesando os prós e os contras até chegar a conclusão de que não existia contra nenhum a não ser seu ciúmes, decidiu então confiar no garoto.

- Tudo bem, essa parece ser nossa melhor chance.

- Espera deixa eu ver se entendi, eu sou uma Escarlate e tenho um Caçador em algum lugar por aí que vai me proteger de algum tipo de vampiro chamado Sombrio? – Liv parecia tonta.

- No seu caso acho que seu Caçador não está em algum lugar por aí, está meio que na cara que é o Bernardo.

- O Be...Bennie? Que? N...não, impossível, impossível – até mesmo na rua escura era possível ver que Liv corava.

- O que aconteceu entre vocês? Ele parece gostar muito de você.

- Acredite em mim só parece – Liv tirou uma mecha de cabelo do rosto – eu também...

- Scarlett!

Scar e Liv se viraram ao mesmo tempo, um homem alto usando um sobretudo preto vinha caminhando até as duas.

- Você é Scarlett? – Questionou a Scar.

- Liv fica atrás de mim – sussurrou para a outra.

- Sim, sou eu, o que você quer?

- Tem um garoto procurando por você por toda a parte, ele parece muito preocupado. Acho melhor você vir comigo, vou te levar até ele.

O homem se aproximou mais das duas e Scar conseguiu ver os olhos imensamente pretos e o cinismo por trás do sorriso bondoso.

- Diga que não quero vê-lo – respondeu tentando não demonstrar que estava com medo.

- Tem certeza garota? Acho melhor te levar comigo – ele agarrou seu braço, as mãos tremendamente frias, se havia antes alguma dúvida agora ela tinha certeza, o homem era um Sombrio.

- Scar – ela ouviu a voz baixa e alerta de Liv atrás de si.

- Apenas nos deixe em paz – tentou pedir ao homem, cada célula em seu corpo gritava de medo.

- Acho que isso não será possível Pura – ele abriu um sorriso intensamente branco revelando-se – eu realmente preciso te levar daqui e não vou poder desfrutar do seu delicioso gosto – ele correu o nariz pelo pescoço da garota – mas sua amiguinha ali, ela sim eu vou poder desfrutar.

Scar sentiu a adrenalina tomar conta e ela sabia que demoraria pouco tempo para explodir.

- LIV! CORRE AGORA E NÃO PARA!

Ouviu os passos da garota e logo em seguida sentiu a onda de poder passar por si, mas não tão forte quanto das últimas vezes apenas o suficiente para jogar ela e o Sombrio para longe.

Não havia sido o suficiente para que desmaiasse mas se sentia fraca do mesmo jeito e o homem se levantava, okay, ela seria levada, pelo menos Liv estava segura.

Pelo menos todos estavam seguros, sentia o pouco de energia sair de seu corpo aos poucos.

- Scar – ouviu uma voz longínqua mas antes de conseguir identifica-la desmaiou.

- Senhor eu sou amigo da Olívia, o senhor não me viu saindo com ela daqui? Eu só preciso do endereço.

Bernardo tentava, sem sucesso, conseguir o endereço de Olívia pelo seu chefe. Arthur observava de longe, em sua mente planejava mil novos jeitos de conseguir encontrar Scar, um mais impossível que o outro.

- No, não posso revelar o endereço dos meus funcionários.

- Senhor, olha, me escuta é questão de vida ou morte.

- No, nem mais uma palavra saia ou vou ser obrigado a chamar o segurança. Saia.

- Senhor...

- SEGURANÇA!

- Bernardo, vamos logo, arrumamos outro jeito - reconhecendo a batalha perdida Arthur o puxou pelo braço.

- Protótipo de Don Corleone – xingou ele antes de aceitar ir embora.

- Alguma outra pista? – Arthur questionou ao saírem do restaurante.

- Não. Estou aberto a sugestões.

Arthur ia abrir a boca mas antes disso sentiu uma forte fisgada em seu coração e quase caiu de joelhos se não fosse as mãos do outro o segurando.

- Arthur, ei cara, você está bem?

- A Scar... eu sei onde ela está... por aqui!

Então ele saiu correndo, Bernardo não vendo outra escolha seguiu em seu encalço.

Liv corria. O vento frio batia em seu rosto aliviando um pouco o calor que sentia devido a adrenalina, seus olhos lacrimejavam? Havia feito a coisa certa? Deixando Scar daquele jeito? Não, não podia pensar nisso, tinha que continuar correndo.

- Hey, hey calma – bateu em algo sólido que envolveu os braços em volta dela como se tivesse encontrado a coisa mais preciosa do mundo.

- Bennie? – Questionou a voz embargada.

- Sou eu Ruivinha vai ficar tudo bem - se permitiu retribuir o abraço, o medo a dominava, quem era aquele homem que as havia parado? Por que ela tinha sido tão covarde e deixado Scar sozinha?

- A Scar – sussurrou o rosto escondido no peito dele.

- O Arthur foi atrás dela vai ficar tudo bem, calma – ele acariciava seu cabelo.

Ficaram desse jeito por alguns momentos até Liv o empurrá-lo e lhe dar um olhar ressentido.

- Vamos atrás deles.

- Estava bom demais para ser verdade... voltou a ser azeda?

- Tem sorte de eu não te denunciar por abuso de incapaz Bennie, vamos logo atrás deles.

- Incapaz? Que saiba você me abraçou também.

- Eu estava abalada!

- E isso te torna uma incapaz?

- Cala a boca Bennie vamos logo.

Liv saiu praticamente correndo e o garoto a seguiu gargalhando.

Arthur não sabia como, mas algo dentro dele lhe apontava corretamente a direção para Scar. Bernardo havia se separado dele a alguns minutos quando viu uma garota correndo e pensou ser Olívia, mas mesmo se fosse ela Scar não estava junto, ele sabia onde ela estava, podia sentir.

Foi quando viu uma explosão de luz vermelha e correu até o local, Scar estava deitada semi acordada de um lado e um homem se levantava indo até ela do outro, era um Sombrio.

- Scar! – Gritou, mas a garota havia desmaiado, o homem por outro lado olhou para ele.

- Ora se não é o Caçador da Pura, a mestra ficará feliz se eu levá-lo também.

- Você não vai levar ninguém hoje – Arthur acertou um soco na mandíbula dele.

- Eu não gosto de cócegas garoto.

O Sombrio tentou lhe retribuir o soco mas outra mão o parou no ar.

- Mas que diabos?...

- Olá, Bernardo Seabra prazer – chutou os países baixos do Sombrio que se contorceu de dor.

- Bernardo? – Arthur questionou.

- Vamos acabar com isso logo.

Arthur acertou outro soco no homem que finalmente caiu e por fim lhe chutou a cabeça para ter certeza que não levantaria tão cedo.

- Arthur! – Liv gritou – vem cá!

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Arthur correu até ela que tinha a cabeça de Scar encaixada em seu colo.

- Ela está fria – sussurrou a garota parecendo preocupada.

- Ela vai ficar bem, só precisa de um lugar para descansar.

- Vamos para a minha casa. Lá poderemos conversar.

- Tudo bem – Arthur tirou Scar do chão.

- Se você não aguentar cara, espere aqui que eu vou buscar meu carro.

- Não, eu aguento.

E então os quatro seguiram lado a lado.

- Mestra sinto muito, não consegui pegá-la. Apareceram outros dois e eu fui derrotado.

A mulher colocou as unhas compridas cuidadosamente pintadas de preto na boca.

- Outros dois? – Questionou.

- Sim. Mais uma Escarlate e um Caçador.

A mulher deu uma gargalhada alta.

- Mas isso é muito bom Elijah, os quatro estão juntos, meu plano está dando certo.