Capítulo 17-Aprendendo a Perdoar

Sai do Olimpo e só então me dei conta de que não sabia onde estava Caius.

Fechei os olhos e me concentrei.

Caius estava no Tártaro... Ele estava ao lado do Tártaro e olhava lá em baixo como se pudesse ver o pai.

-Eu estou invulnerável agora meu pai. –disse Caius.

-É, meu filho, mas agora ele pode te matar. –disse Cronos do fundo do Tártaro.

-O senhor não iria conseguir me manter imortal por muito mais tempo pai. Foi melhor assim. –respondeu Caius novamente. –Você precisa cuidar dela pai. Não deixe nada acontecer com ela.

-Você sabe que eu sempre vou cuidar dela meu filho. –respondeu ele novamente e em suas palavras eu pude ver um tom de voz quase humano.

-Ela não merece isso. Ela sempre foi uma pessoa tão boa. Não faz mal a ninguém. Nem mesmo aos nossos inimigos. Seu coração é tão puro que acredito mesmo que ela possa acabar por se apaixonar pelo... –Caius não terminou a frase. Ao invés disso ele deixou-a solta... Incompleta...

Os dois ficaram calados e então eu vi que eles já não iriam falar mais nada. Então desfiz a “conexão” e comecei a correr para as sombras mais próximas. Eu tinha todos os poderes de qualquer semideus, pois é a segurança, a felicidade e o amor q eles sentem que me dão forças. E como Nico consegue se teletransportar pelas sombras eu também consigo.

Mas o que mais me surpreendeu foi que antes mesmo de eu chegar até as sombras eu fui envolvido em uma luz azul esverdeada e quando me dei conta já estava no Mundo Inferior.

Teletransporte dos deuses. –pensei.

Caminhei até o Tártaro e gritei:

-Caius, filho de Cronos, nós temos contas a acertar!

Ele se virou para mim e veio andando em minha direção.

Ele desferiu um golpe com a sua espada e eu pulei para o lado. Tirei Contracorrente do bolso e vi a espada crescer em minhas mãos. Caius desferiu outro golpe e dessa vez eu bloqueei com a espada. Ataquei e ele defendeu. Apertei ainda mais o ritmo e a velocidade aumentou. Caius avançou para cima de mim e eu pulei para o lado novamente.

Quando cai senti algo no bolso de trás da minha calsa jeans. Levantei e tirei o objeto do bolso. Com uma das minhas mãos eu segurava Contracorrente e com a outra eu segurava um boné de beisebol dos Yankees. Mas não qualquer boné eu pude perceber com alegria. Aquele era o boné dos Yankees de Annabeth. O boné da invisibilidade que ela ganhara de sua mãe no seu aniversário.

Obrigado, meu amor! Pensei e logo em seguida pude ver um sorriso em minha mente. O sorriso de Annabeth.

Coloquei o boné na cabeça fazendo com que eu ficasse invisível no mesmo instante.

Caius que estava vindo em minha direção parou e começou a me procurar.

E essa foi minha deixa.

Ataquei-o por trás.

Mas diferente do que eu imaginava a lâmina da minha espada não o cortou ao meio e sim bateu inofensiva contra seu corpo.

Então era verdade... Caius era mesmo invulnerável.

Ele se virou em minha direção e começou a desferir golpes sem saber onde eu estava. Caius balançava a espada de um lado para o outro tentando me achar. Se eu não estivesse correndo perigo eu provavelmente estaria rindo daquela cena.

Quando finalmente consegui me segurar para não começar a rir ali mesmo e estragar tudo eu comecei a desferir golpes e mais golpes contra Caius enquanto pensava aonde poderia ser seu Ponto de Aquiles.

Quando me dei conta de que poderia ser em qualquer lugar e não tinha como eu saber eu decidi mudar de tática. Comecei então a atacá-lo com mais força o atingindo em diversos pontos diferentes.

Ataquei pela direita e Caius defende. O que eu não contava era que com a outra mão Caius, que já tinha uma pequena noção de onde eu estava mesmo eu estando invisível, deu um soco na minha barriga fazendo com que eu caísse ajoelhado.

O soco havia sido muito forte e então eu me dei conta de que sangue/icor vermelho escorria pela minha boca.

E então uma pequena gota caiu no dedão do pé direito de Caius que por sinal estava descalço.

E para a minha surpresa Caius tremeu inteiro e fez uma careta de dor.

Então era ali. Pensei. Era ali o Ponto de Aquiles de Caius. O dedão do pé!

Levantei-me e antes que Caius pudesse se recuperar eu levantei minha espada e cravei-a em seu dedão do pé direito.

Caius urrou de dor e caiu de joelhos aos meus pés.

Neste momento eu me senti um pouco fraco.

E neste momento eu me dei conta. Dei-me conta de que Caius realmente era um semideus. Eu havia matado um semideus. Ou pelo menos havia atacado-o em seu Ponto de Aquiles o que dava na mesma.

E então ouvi Caius dizendo:

-Me perdoe senhor. Perdoe-me meu deus. Perdoe-me Perseu Jackson, deus dos heróis. Perdoe-me por tudo.

Eu me ajoelhei e pus a mão em sua cabeça enquanto dizia:

-Eu te perdôo Caius. Eu te perdôo.

-Senhor... Eu tenho um último pedido. –disse ele já muito fraco. Eu fazia de tudo para mantê-lo vivo até que este deste suas últimas palavras.

-Pode pedir semideus. Eu farei tudo que estiver em meu alcance e tudo o que não estiver.

-Senhor... Daqui alguns anos chegará ao acampamento uma jovem garota... Uma jovem especial... Muito especial... Principalmente para mim... Senhor... Quando o senhor vê-la o senhor vai entender o porquê de minhas palavras... Ela precisa ficar viva... O senhor precisa confiar em mim... Por favor, mantenha segredo sobre sua paternidade está bem? Por favor, senhor... Prometa para mim que irá cuidar dela e que não irá julgá-la pelos erros dos outros... Prometa que irá dar uma chance a ela para que esta mostre que ela realmente merece sua confiança, senhor... Mantenha-a viva...

Eu não entendi suas palavras naquele momento, mas tive certeza de que um dia iria entender...

-Eu prometo... –disse.

E então ele morreu em meus braços.

Sai daquele lugar só que sai muito diferente de como entrei.

Eu sai de lá sabendo perdoar...