Vários longos dias são engolidos pela bocarra faminta do tempo.

Regina abre a porta de casa e alivia-se por mais um dia terminado. Ouve vozes na cozinha e caminha displicente até o local, encontrando Vasco conversando com Marian e preparando o jantar. Estavam entretidos e algo engraçado havia provocado um riso animado no homem.

Estranho demais aquele comportamento! Ele não era uma pessoa dada às gargalhadas. O que estava acontecendo de errado, além de ter a presença constante de Marian com funcionária da casa e babá de Yasemine?

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– Boa noite! – a voz de Regina quebra o clima animado e as expressões risonhas desaparecem dos rostos. – Precisam de alguma ajuda?

– Boa noite, meu amor. – a voz de Vasco é fria. – Estamos terminando o jantar. Seu banho está preparado e quando...

– Fique na paz. – Regina aproxima-se do marido e toca aqueles cabelos que tanto amava. Seu lindo Cavaleiro Inexistente tinha vida e exibia uma exuberância singular. Ela beija aqueles lábios pequenos. – Deixe Marian terminando a tarefa e venha comigo.

Fazia muito tempo que o casal estava separado de cama e corpos. Vasco, elegantemente, havia se mudado para outro aposento e levado a pequena Yasemine consigo. Queria dar o espaço e a liberdade para que Regina ficasse livre para decidir seus passos futuros.

Marian sorri de si para si. Observa o casal sair da cozinha e por momentos perde-se em devaneios sobre a personalidade de Vasco. Que homem era aquele? Onde Regina o havia encontrado? Como ela conseguia sentir-se dividida entre Robin e Vasco? Onde estavam os defeitos daquele rapaz? Como ele conseguia esconder suas desvirtudes aos olhos alheios?

– Você precisa ser protegido desta mulher, Vasco. Somente assim, ela irá reconhecer a riqueza que tem nas mãos. Essa mulher precisa experimentar a própria peçonha e talvez reconheça que é maléfica para as vidas que estão a sua volta. – Marian fala de si para si. – Não vou ficar de braços cruzados e permitir que ela me destrua e acabe com a felicidade de Vasco. Não é justo que para o final feliz dela seja real, nós tenhamos de perder o nosso, Vasco. Você é lindo demais, meu amigo, para ser ferido desta maneira.

Marian olha a refeição sendo feita e alarga seu sorriso. Estava em suas mãos, os instrumentos para atingir sua rival. Regina não havia conseguido sua recuperação, porque uma vez Rainha Má, sempre Rainha Má.

Robin ficaria triste, mas e daí? Vasco ficaria sozinho, mas seria prontamente acolhido e cuidado na ausência da bruxa. Yasemine choraria alguns dias, mas seria fácil ocupar o coraçãzinho dela. Ainda era muito pequena para entender a saída daquele monstro que lhe havia dado à luz.

Monstros precisam ser banidos!

Naquela manhã, Marian recebe o frasco das mãos da Madre Superiora e ambas ficam em silêncio por algum tempo, pensativas.

– Você deveria repensar essa decisão egoísta.

– Não é egoísta, Madre. Meu filho e Robin viveram bem em minha ausência e criaram um vínculo poderoso com Regina, até minha volta. Tudo o que fiz desde que fui trazida para cá foi criar confusões na vida dos dois.

– Roland precisa de você.

– Rolando não me conhece. Sabe que sou a mãe dele, mas não me sente como mãe. Agora, não saberemos viver sem o Robin.

A Madre Superiora discorda.

– Isso é horrível! Condenar a criança a viver sem mãe.

– Ele terá uma família! Tem Robin, Regina, a menina Yasemine e Henry! Além dos Charming! Eu tenho de fazer isso para o bem de meu filho.

– Além de egoísta, você está sendo covarde, Marian! Não pode fugir às responsabilidades!

– Já que a senhora pensa assim, por que concordou em conseguir este frasco?

A religiosa não consegue responder de imediato.

– Lá no fundo de sua alma, a senhora sabe que tenho razão em abandonar temporariamente esta vida. Não vou morrer, vou apenas dormir. – Marian sorri amável.

Horas mais tarde, Marian termina de organizar as roupinhas de Yasemine nas gavetas, de forma cuidadosa como exigia o pai da menina. Ali, sentadinho na cama e brincando com o bebê, Roland divertia-se.

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– Vamos acabar com a brincadeira de seu pai e ao mesmo tempo, tirar o peso da escravidão das costas de Vasco. – ela fala de si para si. Ri baixinho para não chamar a atenção do filho.

Vasco entra no quarto e cumprimenta a mulher. Fica estático admirando a mudança sofrida por ela. Como estava linda!

– Você está muito bem, Marian! Fico feliz que tenha aceitado a mudança!

Marian sorri e percebe os olhos de Vasco em seus lábios. Ele era um homem observador demais e certamente havia percebido a nova cor do batom.

– É maravilhoso ver isso! – ele se volta para as crianças e vai cumprimentá-las.

– O jantar está quase pronto. Vou organizar a mesa. – ela sorri vitoriosa.