- Qual o seu nome, filha de Poseidon?

Gaguejei um pouco, diante da atenção. Ainda não entendo como tudo isso é possível. Quero dizer, viajar entre mundos sempre foi muito surreal para mim. E ainda é. Mas pelo visto vou ter que me acostumar com isso. E com a sensação de que não posso confiar em qualquer um que cruze comigo. Olhe pelo meu lado: é tudo novo, eu não tenho ninguém para compartilhar essas experiências, e não é por segredo, é por falta de amigos mesmo. Penso se algum dia, eu vou acordar de um sonho muito, muito bom, para ter que me tocar para o mundo cruel em que nasci.

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Mas no momento, eu quero aproveitar esse sonho ao máximo. Então sim, eu vou jogar a minha sanidade que ainda tinha naquele mundo no lixo, e recomeçar uma vida entre esses mundos de fantasia. Pelo menos enquanto posso. E enquanto estiver sonhando, esse será o meu refúgio. Dumbledore já disse uma vez, "não vale a pena mergulhar nos sonhos e esquecer de viver".

Ah não, espera, esse é o Leeroy falando comigo.

"Não vale a pena mergulhar nos seus pensamentos insanos, e esquecer os semideuses e sátiros ao seu redor. Se fosse eu, apreciaria a vista enquanto ainda pode." Não sei não, mas acho que ele não está falando coisa com coisa. Ou está? Tecnicamente, Poseidon não pode ter filhas. Então como ele me teve?

— Meu nome é Naomi. - respondi ao centauro, que definitivamente não é como eu pensei.

— Salve Naomi, filha de Poseidon. - e todos fizeram uma referência; alguns meio desajeitados, alguns meio surpresos, outros meio perplexos...

Só quero que isso acabe com comida boa e uma cama quentinha para dormir. Ou será que o livro se enganou sobre isso também?

Após muito falatório entre os campistas, Quíron deu um basta e mandou eles voltarem à rotina normal, que seria retirar as armaduras, guardar as armas e ir se arrumar para dormir. O centauro se limitou a me perguntar como eu cheguei aqui, se estou com fome esse estou cansada, respectivamente nessa ordem. Dei uma desculpa de que estava caminhando pela floresta e acabei sendo um alvo para uma dracaena, então saí correndo desejando algo para matar o monstro, quando minha espada apareceu do nada em minhas mãos e eu matei o bicho em um piscar de olhos. Não estava com muita fome, então posso suportar até amanhã. E estou exausta pelo esforço que fiz ao convocar aquela onda. Ele apenas assentiu, dizendo que me deixaria descansar e que amanhã me chamaria para conversar sobre outras coisas. Pediu para Percy me levar até o chalé e só. Agora estou a caminho de um lar temporário, com um meio irmão que só conheço pelos livros que li (acredite, o filme não me pareceu tão confiável se tratando do Perseu aqui).

— Nunca imaginei que teria alguma família, sabe, de sangue. A família divina pode ser considerada de sangue?

— Acho que só os meios-irmãos. Tirando isso, o resto do Olimpo é uma bagunça.

— Eu que o diga. Minha cabeça quase explodiu no dia em que minha professora pediu um trabalho sobre mitologia greco-romana.

Ele riu. Acho que estou indo bem, para alguém que acabou de achar um irmão que não sabia que existia. Chegamos finalmente ao chalé - a descrição igual ao do livro - e ele abriu a porta, me dando espaço para entrar. Sorri de leve, apertando a alça da mochila e entrando.

— Alguma dica, para sobreviver ao acampamento? Pois pelo visto pegam um pouco pesado. Já avisando que o pouco que sei de artes marciais vem de filmes, séries e livros. Quase nada na pratica.

— Eu vou ser seu professor de esgrima. Tudo bem, eu vou pegar leve no começo, sempre faço assim.

Coloquei a mochila perto de uma beliche, me sentando na mesma. Na mochila, procurei pelo meu cobertor e quando finalmente encontrei, sorri. Tenho um motivo para carregar o mesmo cobertor em todas essas viagens: foi minha mãe que me deu, e serve para me lembrar que, o que quer que aconteça, ela estará comigo. Mal fechei a mochila, Leeroy saiu.

— Gato teimoso. - murmurei, tentando enfiar ele de volta para a minha bolsa antes que Percy o visse. Tentativa falha.

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— Um gato? Como ele entrou?

— Como assim? Animais desse tipo não são permitidos?

— É por que geralmente, a barreira do acampamento não deixa que nenhum ser que não seja semideus entre, a não ser com permissão. Você por acaso..

— Não. Eu não fiz nada. Ele se enfiou na mochila assim que a dracaena começou a me perseguir. É um gato inteligente.

— Ok. De qualquer forma, é bom perguntar pro Quíron sobre isso amanhã. Agora vai dormir um pouco, deve estar exausta.

Apenas assenti e deitei na cama, sem nem um banho antes. Eu só quero descansar um pouco, estou cansada e exausta demais no momento. Quando pensei que seria o lugar mais calmo que poderia pensar, eu acho que não pensei em Storybrooke ou outro lugar. Adormeci com Leeroy debaixo da minha mão pedindo carinho.

Quando acordei, eu esperava tudo, menos em ver Percy sem camisa. Já estava até que preparada para ver ele babando em cima de uma poça de baba, mas isso não. Ele até que é parecido com o Logan Lerman, agora que realmente deve ter uns o quê, dezesseis anos?

— Você não me disse quantos anos tem. - comentei, bocejando em seguida.

— Dezessete. - foi quase! - E você..?

— Dezesseis.

Acariciei Leeroy, logo em seguida me levantando.

— Então... Pra onde ficam os banheiros?

— Nos próprios chalés. Um banheiro em cada chalé. Foi realmente um bom negócio com os deuses que eu fiz.

— Como assim? - me fiz de desentendida. Deve ser interessante ouvir dele o que aconteceu.

— Digamos apenas que eu... Ajudei a salvar o Olimpo com os meus amigos. Mas, acho que por ter uma missão mais impactante que os outros, só eu fui considerado um verdadeiro herói, e tive a oportunidade de virar um deus. - enquanto ele falava, eu procurava na mochila por alguma roupa.

— Então por quê recusou? Pois pelo que eu vi desde que cheguei, você não tem muitas características divinas. - A não ser o seu físico, por que convenhamos...

— Recusei por que... Eu tenho minha mãe. E tenho uma vida aqui, apesar de muito diferente do que imaginava quando criança. Tenho agora uma namorada, o que não imaginava ser possível antes de quase morrer pelo Olimpo e pelo mundo. Acho que não trocaria essa minha vida por imortalidade e outras coisas de deuses.

Eu ri. Pois é, eu ri.

— Acho que isso foi a coisa mais sincera que me disseram até hoje. E mais valente também.

Quero dizer, aquela quase declaração do Legolas não conta, né?

Percy indicou uma porta que dava para o banheiro. Nada muito luxuoso, mas tem uma ducha, um vaso, e encanamento (isso sem contar a pia, o espelho e um apoio para toalhas). No apoio para toalhas, encontro uma sequinha e limpa, e outra úmida. Acho que a seca é para mim. Ouço batidas na porta, e me atrevo abrir uma frestinha para olhar. Percy me entrega uma blusa laranja, dizendo que é para que eu me vista. Deixei a camiseta do Star Wars para outro dia, hoje eu vou de campista.

Um banho delicioso. Sim, essa é definitivamente a minha ducha favorita dentre todas as que já vi nos mundos que fui. Logo eu me vesti, e me olhei no espelho. Tudo bem, meu cabelo está bagunçado, mas nada que eu não possa resolver manualmente. Pelo menos é o que eu pensei. Tentei desembaraçar, mas não consegui nada além de um nó. Suspirei, e comecei a desenrolar o nó enquanto saía do banheiro com a camiseta do Star Wars em um braço e as roupas usadas no outro.

Encontrei uma garota loira ali na porta, conversando com um Percy apaixonado.

— Olha, pelo visto sua mãe realmente não foi o único motivo para abdicar da imortalidade. - comentei, jogando as roupas na minha cama meio bagunçada e logo em seguida terminando de desenrolar o nó do cabelo - Prazer, sou Naomi.

— Annabeth. - ela disse, com um olhar curioso sobre mim.

— Deixa eu adivinhar, filha de Atena? Cabelo loiro é uma das características de Atena.

— Acertou. - ela sorriu amigavelmente - Percy, te encontro depois, ok? Estou com fome.

Eles se despediram com um beijo fofo e apaixonado, e ela foi para o que eu deduzi ser o refeitório daqui. Me aproximei da minha cama, tirando os meus tênis da mochila e os calçando. Mandei Leeroy ficar por perto da mochila, verifiquei se estava tudo comigo, e então eu coloquei a mochila debaixo da cama.

— Comida!!! - exclamei enquanto acompanhava Percy até o Refeitório.

Nada muito anormal até agora. Tirando os olhares de "você não deveria existir" dos outros, tudo normal para mim. Só espero que Atena não surte, afinal eu sei que ela não é a fã número um de Poseidon.

— Certo, como funciona aqui? Eu desejo e o homem da lâmpada faz surgir a minha comida? - brinquei

— Mais ou menos. Você só precisa pensar e pedir mentalmente o que você quer comer.

— Agora sim isso ficou interessante.

Fechei os olhos e pedi pão com queijo, presunto, alface, tomate e omelete. Praticamente um sanduíche natural. De bebida um suco de laranja que minha mãe sempre fazia. Abri os olhos e sorri nostálgica, me lembrando da ultima vez que tive um café da manhã desses. Não que não tenha comida assim em casa, claro que tem. Mas eu me sinto insegura na cozinha, fazendo algo que minha mãe fazia para mim. E eu nunca consegui acertar o mesmo ponto que ela no suco, para ficar concentrado. Já me perguntei várias vezes se ela ao menos colocava água ou se era apenas sumo de laranja.

Olhei para o prato de Percy e vi que tinha bem mais do que um sanduíche natural.

— Sugiro comer mais do que isso. Tudo bem se testarmos mais tarde as suas habilidades?

— Por mim tudo bem. - e imaginei um cupcake de chocolate com recheio de brigadeiro, que logo surgiu em meu prato. Ele estranhou.

Na hora da oferenda aos deuses, joguei apenas o cupcake para Poseidon. Se for esperto o suficiente, saberá que minha mãe fazia cupcakes assim sempre que estava feliz. Agradeci por ter me reclamado e voltei à mesa. Comecei a comer o sanduíche lentamente, aproveitando o momento e cada dentada. Logo eu tinha pedido uma panqueca de banana com canela e doce de leite e uma pequena fatia de torta de limão. Beberiquei o suco até acabar, e quando acabou eu desejei um cappuccino com bastante canela.

— Esse definitivamente foi o café mais... Abundante que eu já tive. - comentei com Percy.

Achei até que estava tudo normal. Tinha ganhado um amigo, o resto do povo estavam iguais aos da minha escola, me encarando como se eu não devesse existir. Já estou acostumada a isso desde os doze anos. A diferença é que agora estão todos me encarando; na escola, metade das pessoas me encaravam e o resto ignorava, e tirando as tias da cantina, a maioria me olhava feio como se eu fosse um pintinho no meio de passarinhos. Quando pensei que as coisas não poderiam ficar mais estranhas, Quíron se levanta da mesa que eu suponho ser a da Casa Grande e começa a falar sobre... Ahm, ele está me apresentando? Ok, tudo bem, posso sobreviver a isso.

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Mas durante todo aquele blahblahblah (imagine o Drácula de Hotel Transilvânia falando isso), eu notei que havia um garoto me olhando de forma diferente dos outros. Me olhando de forma solidária, acho eu. Como se entendesse o que eu sinto agora. Nico, obviamente, pelas roupas pretas e por estar sozinho naquela mesa. Se não for ele, não tenho nem ideia de quem é. Após o discurso dele, todos foram fazer suas atividades normais. Perguntei para o Percy se tinha alguma atividade obrigatória hoje.

— Nos sábados e domingos não temos nada de importante. Há apenas uma grade de atividades de segunda a sexta. Nos sábados, descansamos da captura a bandeira.

— Interessante. Percy, por favor não se afaste de mim ou eu vou acabar me perdendo. Meu senso de direção não é lá essas coisas... - Ele riu com o meu último comentário

— Tudo bem. Então vamos. Casa Grande primeiro, eu te espero enquanto fala com Quíron.

De resumo, o centauro me deu as boas vindas ao acampamento, me entregou uma outra camiseta do acampamento e me perguntou algumas coisas básicas sobre mitologia grega. Entregou uma lista de atividades e disse que é igual a de Percy, para que eu não fique tão perdida ou só. Acho que ele notou que até agora, o único que me acompanha é o cabeça de alga. Disse também que meu irmão vai me mostrar o acampamento, e pediu para que eu procurasse verificar minhas habilidades com esgrima e arco e flecha. Eu apenas assenti e agradeci pelas boas vindas e disse que tentaria não arrumar encrenca como sempre faço nas escolas.

— Não se preocupe com isso. - ah, sei não hein pônei.

Saí da casa grande e me deparei com Percy jogando damas com um sátiro. Não sei se é o Grover, pois no filme ele é retratado por um negão, e no livro ele é dito como um ruivo meio branquelo, e esse sátiro não é nem negão nem branquelo. Na verdade, é um pouco moreno, mas não tanto, e seus cabelos são castanhos. Os chifres não tão acentuados, mas aparecendo por entre seu cabelo meio cacheado. Ow, se não fosse metade bode, eu pegava.

— Já? - Percy perguntou, comendo uma dama do sátiro. - Esse é o Grover. Grover, essa é a Naomi.

— Oi. - ele disse com um balido

— Oi. - falei com um sorriso tímido. Normal vindo de mim, nessa situação. Nunca que eu iria imaginar o Grover dessa forma. Acho que o Riordan não descreveu ele direito...

— Então, vamos lá?

Percy me mostrou o acampamento junto ao Grover e logo em seguida fomos até o arsenal pegar uma espada para o treino. Neguei, mostrando o anel. Desejei uma espada e a mesma lâmina que usei para cortar o pulso do ogro apareceu.

— Wow. - eles ficaram surpresos com a arma. Não parece ser de nenhum dos metais que usam para matar os monstros, e sugerem que depois do treino eu tente ver com algum filho de Hefesto do que é feito a arma.

Indo até a arena, Percy me explicou alguns conceitos básicos de esgrima, como por exemplo o fato da espada ser parte do braço, do corpo. Uma vez lá, recebi mais olhares estranhos em minha direção. Qual o problema deles comigo, afinal? Só por que eu nem deveria existir? Enfim, Percy me disse para ignorá-los e me concentrar no oponente, ou seja, ele. Não explicou muita coisa além de como manusear a espada. Começamos um pequeno duelo, qua parecia não acabar. Ele então resolveu dar mais um passo, fazendo algumas investidas leves. Defendi todos e finalmente o desarmei, o deixando surpreso.

— Não me olha assim não, eu só imitei os atores dos filmes. - me defendi

— Então a novata conseguiu desarmar o cabeça de alga e já tá se achando? - uma garota disse, se aproximando. Meu chute é que seja a Clarisse. Não é a pessoa mais feminina do acampamento, mas também não é a garota menos feminina. Espera, agora eu me embolei.

— Clarisse, se acha que consegue treinar ela, está enganada.

— Por quê, Percy? Agora uma aluna não pode duelar com a novata? Tem que ser o professor a ensinar tudo?

— Não, mas pelo visto ele é o único que tem decência de falar comigo, me acompanhar nesse lugar desconhecido por mim e ainda pegar leve nos treinamentos. Caso não tenha notado, essa é a segunda vez que eu uso a espada desde ontem. - falei, defendendo meu irmão. Nossa, nunca pensei que faria isso.

— Não parece que só usou a espada ontem. Parece mais que lutou numa batalha e se esqueceu de como usar uma espada.

Infelizmente, ela está certa. Eu só durei na Terra Média por que ou eu aprendia a usar uma espada ou eu morria. Mas ela não precisa saber disso.

— Quem é você para me julgar, afinal? Não me importo com status ou força, meu bem. Deveria ter mais cuidado com a forma que fala comigo.

Ouvi um grito de incentivo para uma briga, vindo de alguns garotos. Acho que são filhos de Hermes ou Ares, só acho.

Percy ignorou a Clarisse, se afastando e indo em direção a alguns garotos com arco e flechas junto a mim. Me indicou um arco e algumas flechas. Queria dizer que já tenho os meus, mas geraria mais dúvidas e perguntas e eu não estou a fim de responder agora. Peguei um arco que julguei estar em bom estado e uma flecha normal. Percy incentivou que eu mirasse no centro. Fingi que nunca usei um arco antes, e acabei quase acertando um sátiro que estava mais atrás tentando paquerar uma dríade. Um cara ao meu lado riu do meu desempenho, e me ajudou um pouco.

— Se quiser eu posso te ajudar. - ele diz, sorrindo - Sou Will.

— Sou Naomi. - eu disse, tentando ignorar os risos exagerados de outros garotos.

— Primeiro, não segure assim. - ele disse, me ajudando. Mas eu já estava ficando irritada com os risinhos dos idiotas. Percy só assistia, assim como Grover que mastigava uma latinha distraidamente.

— Acham que eu não consigo? - perguntei irritada

— Eu duvido muito. Cinco dracmas que ela não consegue acertar da parte azul para dentro. - um garoto moreno apostou com os amigos.

— Se vão apostar, eu também vou. Dez dracmas que ela consegue acertar o alvo. - Will apostou, me defendendo. Estou fazendo amigos rápido dessa vez.

— Boa escolha. - murmurei para ele, que sorriu.

Percy se pronunciou, apostando o mesmo que Will, e sorriu para mim, movendo a boca como se falasse "Acredito em você.". Sorri tímida para ele, enquanto Grover fazia a mesma aposta.

— Mas eu duvido muito que essa daí consiga. - uma garota disse. Minha rapidez em fazer amigos e inimigos me surpreende. - Quinze dracmas que ela não vai nem sequer acertar o alvo.

Bufei, enquanto pegava uma flecha que Will me entregou. Ele ia me ajudar, mas alguns disseram que seria injusto, e eu o empurrei sutilmente. Como é a frase? "Se você se lembrar pelo que luta, você nunca vai errar o seu alvo.". Lembrei da minha mãe. Lembrando agora de outra frase, "tudo respira; atire no que respira" ou coisa do tipo, da série Arrow. Com esses pensamentos, puxei a corda, mirando o alvo, e soltei a corda e a flecha ao mesmo tempo. Foi com tamanha força, que perfurou o centro do alvo.

Quando olhei ao redor, vi que Clarisse e os outros, incluindo a garota ignorante, estavam estupefatos, e Percy, Will e Grover riam da cena.

— Eu te disse, Clarisse. Não vai gostar de mexer comigo. - falei desafiadora

Will sorriu para mim, me entregando outra flecha.

— Consegue? - e jogou uma bolinha de tênis para a direção dos alvos. Errei a bola, mas por pouco. - Você é realmente boa!

— Só espero que também seja assim com uma espada em mãos. - murmurei.

Depois disso, eu e Percy fomos treinar mais um pouco de esgrima, e tudo parecia fluir bem. A espada, como ele disse, parece parte do meu braço, uma extensão do meu corpo. Após algum tempo, estávamos ambos suados com o treino. Sequei o suor que pude e seguimos até o refeitório para almoçar. O tempo passou rápido, nem notei. Parece até que Cronos está brincando comigo.

O almoço foi similar ao café da manhã, mas sem anúncios e com mais de uma pessoa me olhando solidária. É o loiro do capture a bandeira. Está sozinho numa mesa, o que me leva a imaginar que seja o Jason. Ok, um filho de Hades e um filho de Zeus, olhando solidários para mim, enquanto todo o resto me ignora? Isso me incomoda um pouco. Quero dizer, não que eu não entenda. Eles me olham assim por saber como estou me sentindo. Devem ter sido tratados da mesma forma que eu estou sendo agora quando chegaram aqui pela primeira vez. Mas me incomoda, pelo fato de estarem olhando para mim de forma diferente dos outros. E ao mesmo tempo me deixa intrigada. Sei lá, ninguém além da minha tia e do Leeroy nunca se importaram comigo. Daí aparece o Legolas, Thorin e sua comitiva, até Gandalf aparece. E eu me sentia meio incomodada. Agora, com todas essas pessoas me ignorando eu finalmente achei que tudo estava normal. Daí os dois aparecem, me deixando desconcertada. Quando eu achei que tudo voltaria ao normal de ser ignorada, tem mais gente me observando, e talvez até se preocupando comigo...

Primeiro o Percy (aceitável, é meu irmão), Grover (por mim tá de boa, ele é como as tias da cantina), e depois o Will (levando em conta que ele me defendeu...), daí vem o Jason e o Nico, que mal conheço? Não sei, apenas não me sinto muito confortável com todas essas novas amizades...

Após o almoço, fui até o chalé 03 e vasculhei as minhas coisas até encontrar o meu DS. Peguei o fone de ouvido também, e o livro. O livro que vem me dando tanta dor de cabeça. E então parti para onde o cabeça de alga me disse ser a praia. Assim que cheguei, me sentei na areia, mas próxima de uma árvore. Tirei o DS do bolso da calça disfarçadamente, esperando que ninguém notasse. Peguei o fone de ouvido, conectei no eletrônico e coloquei um dos meus remixes mais calmos que tenho. Então eu deixei o DS no meu colo e abracei as minhas pernas. Imaginei qualquer coisa que pudesse me acalmar. E do nada, me lembrei do dia em que fui para a praia com a minha mãe pela primeira vez. Me acalmei com o pensamento de minha mãe. Depois do remix, começou a tocar uma música, Wake me up eu acho.

Don't wake me up, up, up up, up up; Don't wake me up; Don't wake me...