Entre Otakus
Rony
Com as mãos vazias e a cabeça cheia, Rony entrou em casa silenciosamente. Percy espalhara sua papelada do trabalho e preenchia relatórios em cima da mesa de jantar. Este era o irmão que ele menos tinha afinidade, embora fosse parecido com seu melhor amigo em diversos aspectos: ambicioso e esnobe.
— Mamãe e papai chegaram? — Rony lhe perguntou, sentindo cheiro de comida pela casa.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Percy ergueu os olhos das suas tarefas.
— Não. É a Gina.
— Sério? — espantou-se.
Curioso pelo o que pudesse estar sendo preparado na cozinha seguiu para lá. Sua irmã estava debruçada sobre a pia lavando a louça furiosamente. Jogando talheres no escorredor, esfregando as panelas com brutalidade. No fogão duas panelas cozinhavam algo a fogo brando.
— Vai rolar um rango então? — ele observou indo assediar as panelas. Uma cozinhava arroz e a outra refogava carne moída.
Gina não respondeu, empenhada em destruir os utensílios de cozinha.
— Ei, o que você resmungou sobre o Harry mais cedo, quando fui no seu quarto? — insistiu indo se encostar ao lado dela na pia.
Então viu. As bolsas inchadas embaixo dos olhos e o nariz vermelho. A irmã estivera chorando e com vontade.
— O que aconteceu?
— Nada. — respondeu com um grasnado estranho.
— O nada chama Harry, suponho.
A garota largou a louça com um estrépito. Percy gritou qualquer coisa lá da sala de jantar sobre o barulho e que precisava se concentrar no trabalho, mas os irmãos mais novos o ignoraram.
— Não entendo como pode ser amigo de um cara tão... Tão egoísta como Harry Potter!
— Também não entendo o que vê nele e até quando vai ficar nessa.
— Nunca devia tê-lo trazido aqui. — ela choramingou recolhendo uma lágrima inoportuna com os dedos.
— Para de chorar por ele. O que quer que tenha feito, não vale a pena. Harry nunca vai ser pra você, porque não combinam em nada. Tem gente que simplesmente não combina conosco por mais que forcemos a barra.
— É fácil falar. — a jovem resmungou.
— É foda, eu sei. Acabei de rever a Lavander e toda aquela merda voltou na minha cabeça.
Gina arregalou os olhos, aparentemente esquecendo os próprios problemas.
— Tá falando sério? Encontrou aquela vagabunda?
— Humrum.
— Ela tava te seguindo? Como foi isso? Que cretina!
— Foi ocasional...
— Vadia! — a ruiva voltou a bater panelas na pia. — Nem pense em ficar se lembrando dessa inútil. Logo, logo a justiça divina será aplicada e essa maldita e ela queimará no inferno.
— Precisava disso, querida irmã.
— Do quê? — ela semicerrou os olhos, desconfiada.
— Que descarregasse um bom repertório de palavrões sobre a pessoa dela.
Gina acabou se rendendo e riu.
— Mas como foi esse “ocasional”?
— Nada demais. — Rony desconversou, não desejando revolver o momento.
— O “tudo bem” padrão e sorrisinhos forçados?
— É isso aí.
— Disse pra ela que tá em outra?
— Hã? — o rapaz assustou-se, corando repentinamente.
— Eu já sei tá legal?! O fofoqueiro do seu amigo me contou. — Gina entregou Harry sem piedade. Rony ficou possesso com a boca grande do amigo. — Rolou alguma coisa entre você e outra garota, e isso não é da minha conta, só seria legal se tivesse falado pra Lavander. A cara dela cairia no chão. Falou ou não?
— Harry te passou informação precipitada. É só uma amiga.
— Tipo amizade colorida? — a irmã foi averiguar as panelas ao fogo.
— Tipo “não é da sua conta e não sei por que falei pro Harry”. — reclamou.
— Eu te disse que ele é traíra. — falou com mágoa. — Mas voltando ao assunto, demorou pra partir pra outra, Rony.
Ele pegou uma lata de refrigerante na geladeira e sentou na mesinha da cozinha para beber.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Ela estuda medicina. — resolveu instigar a irmã. Gina fitou-o cheia de interesse.
— Uau! Finalmente subiu o nível das suas namoradas.
— Amizade. É só uma amiga.
— Que seja! Me conta mais dela. Quem sabe você não me apresenta para eu ganhar uns esclarecimentos sobre a profissão.
— Não sei muito, pra ser sincero. Conversamos mais sobre animes e mangás.
— Quê? Ela gosta disso? — Gina revirou os olhos.
— Pode parar, pirralha! Não fica julgando sem conhecer. Ser otaku é somente uma das qualidades dela. É bem inteligente, pelo pouco que pude perceber.
— Tá me deixando cada vez mais interessada. E digo mais, não é só sua amiga e ponto final. Está amarrado nela. — sorriu cheia de suposições.
— Nem devia ter te contado isso. Esquece, talvez eu nem a veja mais.
— Fez merda?
— A janta tá pronta? Tô ficando com fome.
— Responde cabeção!
— A janta vai sair ou não?
— Antigamente, bem antigamente, você gostava de me contar as coisas. Porque não conta mais nada, hein?
Ele deu um grande gole no refrigerante e levantou da cadeira.
— Por que não tem mais nada pra contar. Tudo sempre igual. Vou tomar banho e volto pra comer. Valeu por ter feito janta!
Fale com o autor