Com as mãos vazias e a cabeça cheia, Rony entrou em casa silenciosamente. Percy espalhara sua papelada do trabalho e preenchia relatórios em cima da mesa de jantar. Este era o irmão que ele menos tinha afinidade, embora fosse parecido com seu melhor amigo em diversos aspectos: ambicioso e esnobe.

— Mamãe e papai chegaram? — Rony lhe perguntou, sentindo cheiro de comida pela casa.

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Percy ergueu os olhos das suas tarefas.

— Não. É a Gina.

— Sério? — espantou-se.

Curioso pelo o que pudesse estar sendo preparado na cozinha seguiu para lá. Sua irmã estava debruçada sobre a pia lavando a louça furiosamente. Jogando talheres no escorredor, esfregando as panelas com brutalidade. No fogão duas panelas cozinhavam algo a fogo brando.

— Vai rolar um rango então? — ele observou indo assediar as panelas. Uma cozinhava arroz e a outra refogava carne moída.

Gina não respondeu, empenhada em destruir os utensílios de cozinha.

— Ei, o que você resmungou sobre o Harry mais cedo, quando fui no seu quarto? — insistiu indo se encostar ao lado dela na pia.

Então viu. As bolsas inchadas embaixo dos olhos e o nariz vermelho. A irmã estivera chorando e com vontade.

— O que aconteceu?

— Nada. — respondeu com um grasnado estranho.

— O nada chama Harry, suponho.

A garota largou a louça com um estrépito. Percy gritou qualquer coisa lá da sala de jantar sobre o barulho e que precisava se concentrar no trabalho, mas os irmãos mais novos o ignoraram.

— Não entendo como pode ser amigo de um cara tão... Tão egoísta como Harry Potter!

— Também não entendo o que vê nele e até quando vai ficar nessa.

— Nunca devia tê-lo trazido aqui. — ela choramingou recolhendo uma lágrima inoportuna com os dedos.

— Para de chorar por ele. O que quer que tenha feito, não vale a pena. Harry nunca vai ser pra você, porque não combinam em nada. Tem gente que simplesmente não combina conosco por mais que forcemos a barra.

— É fácil falar. — a jovem resmungou.

— É foda, eu sei. Acabei de rever a Lavander e toda aquela merda voltou na minha cabeça.

Gina arregalou os olhos, aparentemente esquecendo os próprios problemas.

— Tá falando sério? Encontrou aquela vagabunda?

— Humrum.

— Ela tava te seguindo? Como foi isso? Que cretina!

— Foi ocasional...

— Vadia! — a ruiva voltou a bater panelas na pia. — Nem pense em ficar se lembrando dessa inútil. Logo, logo a justiça divina será aplicada e essa maldita e ela queimará no inferno.

— Precisava disso, querida irmã.

— Do quê? — ela semicerrou os olhos, desconfiada.

— Que descarregasse um bom repertório de palavrões sobre a pessoa dela.

Gina acabou se rendendo e riu.

— Mas como foi esse “ocasional”?

— Nada demais. — Rony desconversou, não desejando revolver o momento.

— O “tudo bem” padrão e sorrisinhos forçados?

— É isso aí.

— Disse pra ela que tá em outra?

— Hã? — o rapaz assustou-se, corando repentinamente.

— Eu já sei tá legal?! O fofoqueiro do seu amigo me contou. — Gina entregou Harry sem piedade. Rony ficou possesso com a boca grande do amigo. — Rolou alguma coisa entre você e outra garota, e isso não é da minha conta, só seria legal se tivesse falado pra Lavander. A cara dela cairia no chão. Falou ou não?

— Harry te passou informação precipitada. É só uma amiga.

— Tipo amizade colorida? — a irmã foi averiguar as panelas ao fogo.

— Tipo “não é da sua conta e não sei por que falei pro Harry”. — reclamou.

— Eu te disse que ele é traíra. — falou com mágoa. — Mas voltando ao assunto, demorou pra partir pra outra, Rony.

Ele pegou uma lata de refrigerante na geladeira e sentou na mesinha da cozinha para beber.

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— Ela estuda medicina. — resolveu instigar a irmã. Gina fitou-o cheia de interesse.

— Uau! Finalmente subiu o nível das suas namoradas.

— Amizade. É só uma amiga.

— Que seja! Me conta mais dela. Quem sabe você não me apresenta para eu ganhar uns esclarecimentos sobre a profissão.

— Não sei muito, pra ser sincero. Conversamos mais sobre animes e mangás.

— Quê? Ela gosta disso? — Gina revirou os olhos.

— Pode parar, pirralha! Não fica julgando sem conhecer. Ser otaku é somente uma das qualidades dela. É bem inteligente, pelo pouco que pude perceber.

— Tá me deixando cada vez mais interessada. E digo mais, não é só sua amiga e ponto final. Está amarrado nela. — sorriu cheia de suposições.

— Nem devia ter te contado isso. Esquece, talvez eu nem a veja mais.

— Fez merda?

— A janta tá pronta? Tô ficando com fome.

— Responde cabeção!

— A janta vai sair ou não?

— Antigamente, bem antigamente, você gostava de me contar as coisas. Porque não conta mais nada, hein?

Ele deu um grande gole no refrigerante e levantou da cadeira.

— Por que não tem mais nada pra contar. Tudo sempre igual. Vou tomar banho e volto pra comer. Valeu por ter feito janta!