Entre Otakus

Hermione


A futura médica estava agarrada a seus livros de medicina na escrivaninha do quarto. As provas avançavam e ela tinha de manter sua meta de jamais tirar uma nota abaixo de sete. Hermione amava estudar aquilo porque amava a medicina. Às vezes tinha de se punir, porque ficava pensando no ruivo e no modo como ele a tocava e a beijava ao invés das apostilas de fisiologia humana.

Há quatro semanas usufruíam de uma relação que ainda não podia ser definida. Não oficializaram nenhum namoro, e a morena queria manter assim por mais algumas semanas, porque mesmo Córmaco estando longe do seu contato, sentia que devia esse momento de vácuo a ele. E tinha medo dele surgir e dessa vez espancar o cara certo.

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A campainha lá embaixo tocou, mas os pais estavam perambulado pelo térreo para atender. Hermione ficou curiosa em saber quem chamava os Granger às nove horas da noite, e teve sua pergunta respondida quando o pai subiu esbaforido e abriu a porta do seu quarto com brusquidão.

— Filha! O Sr. Krum tá passando mal, desmaiou!

— Oh...

— Vitor tá desesperado, querendo que veja ele.

— Claro, claro. — concordou aparvalhada.

Pegou o casaco atrás da porta, sua mala médica no guarda-roupa e saiu correndo escada abaixo. Encontrou o Sr. Wilson, o vizinho, aflito em frente à casa.

— Ele voltou para ficar com Iavor. — disse quando Hermione não viu o búlgaro.

O Sr. Wilson a acompanhou até os fundos da casa, onde os Krum moravam. A porta estava aberta e quando ela entrou naquele pequeno cômodo, a nostalgia dos tempos que passava os fins de semana com Vitor a invadiram. O pai dele tinha sido colocado no sofá e seu aspecto era macilento.

— Quando ele desmaiou? — perguntou. Vitor ergueu a cabeça e a enxergou. Havia pânico em seus olhos.

— Eu fui tomar banho e quando voltei ele tava caído no sofá. — respondeu aéreo.

Hermione conferiu-lhe o pulso primeiro. Fraco, mas constante. Depois tirou o estetoscópio da maleta e levou até o peito do Sr. Krum.

— Ele tá com o batimento fraco. Seu pai piorou dos problemas cardíacos?

— Sim. Ele tá tomando um remédio mais forte para controlar a pressão.

— A pressão dele deve estar bem baixa. — informou a jovem com seriedade. — Pegue sal de cozinha pra mim, por favor.

O Sr. e a Sra. Wilson e os pais de Hermione já se aglomeravam dentro da sala.

— Ele vai ficar bem? — quis saber a Sra. Wilson.

— Já ligaram para a ambulância?

— Ligou Howard? — a senhora questionou o marido.

— Não.

— Então vá logo, homem! — O Sr. Wilson saiu em disparada à ordem da esposa.

Vitor voltou com o saleiro nas mãos. Os dedos tremiam um pouco e o rapaz estava pálido. Hermione reparou também, pela primeira vez, que seu peito encontrava-se desnudo. Como dissera, havia acabado de sair do banho.

Ela agarrou o saleiro da mão dele e disse:

— Fica calmo. — pegou um pouco de sal e depositou embaixo da língua do Sr. Krum. Depois foi para as pernas do homem e ergueu-as num ângulo de noventa graus. — Vamos fazer o sangue dele circular com pressão e o oxigênio subir pro cérebro. — explicou para Vitor.

Após alguns minutos Iavor foi voltando à consciência ao passo que os paramédicos haviam chegado para levá-lo.

Vitor vestiu uma blusa e tênis, pegou as chaves do carro e preparou-se para seguir a ambulância até o hospital. Hermione achou sensato acompanhá-lo, porque o rapaz continuava perdido.

***

Iavor teve de ficar retido no hospital para alguns exames e, no momento, repousava na internação. Teria alta somente na manhã seguinte e não era permitido acompanhantes nos quartos de internação rápida. Assim, Vitor pegou dois cafés da máquina no corredor e acomodou-se na cadeira ao lado da morena.

— O médico disse que foi só um susto. Parece que o outro médico havia receitado uma medicação muito forte para o meu pai. — e passou o café para ela.

Os corredores estavam silenciosos e somente um burburinho de enfermeiras na recepção ecoava pelas paredes frias.

— Ele vai ficar bem.

— Quer que eu te leve em casa?

— Liguei para meu pai, ele tá vindo me buscar. — respondeu tomando um gole da bebida quente.

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— Sua atuação foi brilhante hoje. — elogiou-a.

— Só exerci o que aprendi na escola de medicina. Pra falar a verdade, foi tudo muito básico. Primeiros-socorros apenas.

— Será uma ótima médica, hoje tive a certeza disso. — sorriu com cansaço para ela.

— Seu pai vai ficar bem, pode se tranquilizar. — tocou-o no braço com carinho.

Vitor olhou-a com ternura. Envolveu uma mão no rosto dela, mas recolheu-a rapidamente.

— Queria voltar no tempo, fazer tudo diferente. — suspirou olhando para frente. — É doloroso ver você com o riquinho. Saber que estava noiva e tudo mais... Eu mudei várias coisas na minha vida. Criei metas e objetivos para meu corpo e uma profissão, só que continuo estagnado nos relacionamentos desde o dia em que você disse que tinha acabado e fechou a porta da sua casa na minha cara. Faz anos e sinto como se fosse há minutos atrás.

— Você nunca teve ninguém pelo caminho?

— Nada que pudesse chamar de amor.

— Vitor, você é um rapaz de ouro. Entende isso? Éramos jovens, só isso. Tem que parar de se culpar pela forma como nos magoamos no passado.

— Rapazes de ouro não batem em amigos de escola da namorada porque eles estão somente conversando. — disse amarguradamente.