Capítulo 32

por N.C Earnshaw

PAUL ENCAROU A GRAVATA com desgosto, amassou-a em uma bola de tecido e saiu do closet bufando de raiva, pronto para dizer a Wendy que não usaria aquela porcaria por nada no mundo. O lobo estava se sentindo ridículo no terno cinza-escuro. Era desconcertante vestir aquela quantidade de pano quando se encontrava tão acostumado a sua bermuda e nada mais. O tecido caríssimo estava o deixando com uma vontade incontrolável de se coçar inteiro, a calça moldava seu traseiro de um jeito muito suspeito e a gravata… Céus. A gravata estava tirando-o do sério.

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— Linda, eu… — Paul perdeu o dom da fala ao perceber o olhar feroz que Wendy lançava em sua direção, esquecendo-se de todos os impropérios que estavam na ponta de sua língua. A vampira estava sentada na beirada da cama, encarando-o com cobiça e com os olhos escurecidos pela excitação. A vontade de reclamar do terno passou no instante em que deu de cara com o desejo do seu imprinting. Aquela mulher o fez se sentir o cara mais gostoso do mundo. — não consegui colocar a gravata — concluiu com a voz falha, balançando o acessório com nervosismo.

A Cullen soltou uma risadinha rouca, que fez todos os pelos do corpo dele se erguerem. Ela se aproximou do quileute em passos vagarosos, demonstrando uma sensualidade recém-descoberta após perder a virgindade. Paul se surpreendia, cada vez mais, com o quanto a doce e gentil Wendy podia ser selvagem na cama. Com o quanto eles se completavam e se sentiam à vontade um com o outro.

— Imaginei que não conseguiria — afirmou ela, tomando a gravata na mão e a desamassando o máximo que pôde. — Por isso pedi a Carlisle que me ensinasse mais cedo.

Paul soltou um resmungo ininteligível, deslumbrado com a beleza dela. Ele apoiou as mãos em seu quadril, apertando levemente e subindo o dedo indicador por baixo de sua blusa, ansioso para sentir um pouco de sua pele.

Wendy passou a gravata ao redor do seu pescoço, fazendo questão de tocá-lo o máximo possível ao dar o nó com firmeza.

— Além disso, acho muito excitante — sussurrou ela, depositando um beijo leve no queixo dele, bem próximo à boca, e se afastando para vê-lo melhor. Paul a fitou com decepção. — Dá uma voltinha.

— Hã? Não! — recusou-se o lobo com os olhos arregalados. — Estou parecendo um idiota engomadinho.

— Ah, por favor! Só uma voltinha para eu verificar se as medidas estão certas. — A garota colocou as mãos juntas em frente ao peito e fez um bico apelativo. — Prometo que paro de te encher depois disso.

Ele rosnou para si mesmo, questionando-se o motivo de ser tão idiota por não conseguir dizer não àquela mulher, e girou, arrancando uma gargalhada animada de Wendy.

— Está vendo? Até você está rindo! — acusou o lobo com os punhos cerrados, virando-se para voltar ao closet e pegar suas roupas.

— Paul, não seja tão ranzinza! — A Cullen o segurou pelo braço e o puxou para si. — Não estou rindo de você.

O Lahote lançou um olhar sarcástico e bufou.

— Tudo bem, tudo bem, estou rindo de você — admitiu ela com um sorrisinho de canto.

Ele se soltou do agarre dela, determinado a arrancar aquele terno ridículo do corpo, mas foi novamente parado.

— Já provei a droga do terno, você já riu da minha cara, agora pode, por favor, me soltar? — A voz dele soou cansada e Wendy se arrependeu imediatamente de rir.

— Desculpa. — Ela distribuiu beijinhos por todo o rosto de Paul, acariciou suas bochechas com os polegares e se desculpou novamente. — Sei que estou exigindo muito de você com essa história de casamento, com o terno e a minha família…

— Linda, não…

— Eu te amo, Paul — declarou-se Wendy. — E não ache que não vejo o quanto está se esforçando por mim com tudo isso.

— Também te amo. Muito — afirmou ele beijando sua testa e esfregando o nariz para sentir mais do cheiro gostoso. — Mas vamos parar de ser dramáticos. Não é nada de mais vestir essa coisa e visitar a sua família.

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Wendy o agarrou pelo pescoço e o puxou para um beijo, saboreando os lábios com mordidas leves e se impulsionando para mais perto dele, querendo sentir o calor do seu corpo. Ela compreendia que era sim, um esforço tremendo para ele ficar ao redor de tantos vampiros, percebia pelas caretas discretas que o cheiro o incomodava e os instintos o faziam ficar mais arisco. Aquecia seu coração saber que ele estava ali apenas para fazê-la feliz, e o amava mais ainda por isso.

— Quer saber do porquê que eu estava rindo? — Ela acariciou os fios curtos do seu cabelo quando ele jogou a cabeça para trás. O lobo havia percebido que se não dissesse sim logo de cara, iria sofrer de culpa depois. Ele não conseguia resistir a Wendy. Não podia negar algo a ela quando tinha consciência que não ia o afetar em nada agradá-la. Então assentiu.

A garota o puxou até o espelho com um sorriso largo, e o fez virar de lado.

— Seu traseiro é maior que o meu. — Uma gargalhada estrondosa foi ouvida, vinda do andar de baixo, aumentando a perplexidade que Paul estava experimentando.

— O que você… — O quileute interrompeu-se ao descobrir que não sabia o que dizer. Tinha mesmo observado que sua bunda havia ficado marcada naquela calça, mas o surpreendeu Wendy ter apontado para aquele fato, visto que se negava a admitir que possuía nádegas avantajadas.

— Amor, você é delicioso — gemeu a vampira baixinho, alisando seu traseiro por cima da calça. — Olha essa bunda gostosa…

Paul gargalhou, incrédulo.

— Wendy Cullen, você é uma safada!

Ela deu de ombros, satisfeita com o adjetivo, e apertou a carne com força. Ambos vigiaram o ato através do espelho, e Paul pensou nas milhares de coisas que podiam fazer com um espelho daquele tamanho no quarto. Ele a virou de costas para si, para fazê-la sentir o quanto estava animado com a situação, e esfregou sua ereção contra o traseiro dela.

— Sabe, não é só o meu traseiro que é grande — murmurou ele perto do ouvido de Wendy. A Cullen agarrou um dos braços dele, tentando se acalmar.

— Amor, sei bem disso — garantiu a vampira, sentindo o volume imenso a cutucar.

— Quando podemos mesmo ir pra casa? — O lobo apertou um dos seios coberto pelo sutiã e riu internamente ao ouvir sons de vômito ecoando pela mansão dos Cullen.

— Logo — prometeu ela com as covinhas profundas aparecendo. Ela se afastou dele quando viu que Paul ia continuar com as carícias, indo para o outro lado do quarto com as mãos erguidas em rendição. — Mas temos que parar antes que um dos meus irmãos acabe tendo uma síncope.

— Eu agradeceria muito. — Emmett surgiu na porta do quarto com uma das mãos cobrindo os olhos e a outra explorando o ambiente. O grandalhão tinha a boca retorcida em asco, e se recusou a abrir os olhos mesmo quando Wendy mandou. — Como vou saber se não estão pelados!? — argumentou o vampiro.

— Emm, não seja idiota. Não estamos pelados!

— Mas como vou saber?! — Paul deixou os dois discutindo e foi se trocar. Tinha aprendido que, quando começavam a discutir, bicavam-se por horas a fio, ou até que a loira interrompesse com ameaças.

Ele tirou o terno e pendurou no mesmo lugar que havia retirado, rindo da discussão que ocorria fora do closet. O quileute ficava encantado com a sincronia de Emmett e Wendy. A garota mostrava um lado leve e brincalhão sempre que estava ao lado do outro Cullen. Era incrível o quanto se conheciam e o quanto se amavam. Dava para notar explicitamente o amor brilhando nos olhos de ambos até mesmo quando brigavam.

Paul perguntou-se como seria sua vida se tivesse tido um irmão ou irmã. Seriam tão unidos quanto os irmãos Cullen? Provavelmente. Ele não saberia dizer. No fundo, agradecia por outra pessoa não ter sofrido o que ele sofreu.

— Paul! — Emmett pareceu ter lembrado de algo ao vê-lo saindo do closet com suas próprias roupas. — Esme mandou avisar que a lasanha já está pronta.

— Uau, amor! Acho que a Esme tem um novo preferido — brincou Wendy, beijando a bochecha dele e o puxando pelo braço.

Paul ouviu sua barriga roncar ao pensamento de comida.

— Ela com certeza ama o ratinho de laboratório — zombou Emmett, ganhando um soco da irmã caçula.

Assim que chegaram na cozinha Esme serviu a lasanha para o lobo e esperou, com muita expectativa, a opinião do quileute sobre a comida.

— É a melhor lasanha que já comi — elogiou Paul.
A mulher o lançou um sorriso satisfeito e o serviu com mais uma fatia gigante da massa. O Lahote sentiu seu apreço por Esme aumentar a cada dia mais. Ela o tratava como um filho. Cozinhava para ele o tempo todo, oferecia para lavar suas roupas; apesar de ele negar todas as vezes, e sempre o fitava carinhosamente. Como ele imaginava que uma mãe de verdade encarava sua prole.

Um grito frustrado fez Wendy arregalar os olhos como um cervo pego de surpresa.

— Acha que dá tempo de fugir? — perguntou a garota para um Emmett assustado.

— É a Alice — resmungou o vampiro, batendo na própria testa. — Não dá pra fugir dela.

— Não falem assim da sua irmã — repreendeu Esme, retirando o avental. — Ela só quer que tudo saia de acordo com os planos.

— Que tudo saia de acordo? — O vampiro puxou os cabelos em frustração. — Ela está me fazendo ter pesadelos!

A matriarca ignorou as reclamações e os apressou para fora.

— Emm, você não dorme — argumentou Wendy.

— Bem, se eu dormisse, ela me faria ter pesadelos. — Paul quase cuspiu a comida que tinha na boca. Aquele cara era um bobão.

Ele se preparou para levantar com um riso preso entre os lábios, mas foi parado por uma mão fria pousando em seu ombro.

— Paul, querido, pode terminar sua comida com calma — ofereceu Esme com um sorriso gentil.

O contato entre os dois gerou certo constrangimento e o lobo percebeu que foi apenas um reflexo da mulher, que sempre tratava os “filhos” com muito carinho. Eles não possuíam aquele tipo de intimidade, contudo, Paul via que Esme era a que mais se esforçava para deixá-lo confortável em seu lar. Por esse motivo, o quileute concordou rapidamente com o que ela havia dito, controlando a careta que queria fazer ao ser tocado pela vampira, pois não queria magoá-la.

Ele se despediu de Wendy com um beijo na testa e se inclinou para beijar seus lábios. E teria conseguido, não fosse por Emmett, que a rebocou para longe resmungando o quanto eles eram grudentos.

Paul riu de canto, observando a cena, e voltou-se para a lasanha com ansiedade. “Esse negócio está mesmo uma delícia”, pensou o lobo, exalando satisfação.

Pena que o sentimento não durou muito tempo.

— Posso conversar com você? — O Lahote não se surpreendeu com a presença de Edward Cullen atrás de si. Há dias ele vinha recebendo olhares do leitor de mente, como se o vampiro de cabelos acobreados quisesse dizer algo, mas não tivesse encontrado uma oportunidade de achá-lo sozinho. Sem Wendy. — Está certo. O assunto que quero tratar não agradaria muito a Wen.

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Paul engoliu o último pedaço da comida sentindo irritação, limpou a boca na barra da camisa e se virou no banco alto para fitar o outro. O lobo não se constrangeu ao demonstrar sua aversão em papear com o Cullen. Não gostava dele. Da família, era o que menos simpatizava, uma vez que não suportava o quanto ele era intrometido. Além disso, ainda tinha o fato de que, não muito tempo atrás, Wendy havia sido atacada pelo simples fato de ser da mesma família que ele. Também não suportava a garota Swan, que, aliás, sempre vivia grudada nele, e achava aquele topete ridículo.

— Uau. — Edward riu ao ouvir os pensamentos do Lahote, entendendo pela primeira vez o motivo de Wendy gostar tanto dele. — Admiro sua sinceridade.

Paul bufou alto.

— Por favor — desdenhou ele, cruzando os braços. — O que você quer?

O leitor de mentes suavizou o semblante, e o sorriso sumiu dos seus lábios. Havia lembrado o motivo de ter descido para conversar com o lobo.

— Wendy deixou escapar sobre o que aconteceu com Jacob há algumas semanas… — O Cullen suavizou sua voz propositadamente, sem querer enraivecer o quileute e chamar atenção da sua família.

— Deixou escapar, hein? — debochou o Lahote arqueando uma sobrancelha.

O vampiro se remexeu, desconfortável.

— Não é algo que eu possa controlar. — E não era. Diversas foram as vezes que havia amaldiçoado esse dom. Sua vida seria muito mais fácil e o pouparia de muitas informações vergonhosas.

— Claro. — Paul alongou a letra “a” da palavra, demonstrando sua descrença. Tinha certeza que o outro adorava se intrometer na vida alheia.

— Não me importo se não acredita em mim — cortou Edward. O vampiro tinha a postura retesada e falava baixo, sem se importar com o desdém que o quileute o tratava. Estava acostumado a aversão e ódio que os lobos sentiam pelos vampiros, visto que era recíproco. — Só quero dizer que sinto muito se minhas ações acabaram prejudicando a minha irmã de alguma forma.

— Não deveria estar dizendo isso para ela? — Os olhos de Paul escureceram com as lembranças. O desespero que havia experimentado naquele dia ainda o atormentava. Ele contraiu as mãos, seu corpo clamando para que corresse até Wendy para certificar que ela estava segura. — Não fui eu que fui atacado.

— Não. Mas a defendeu. E agradeço muito por isso — disse o Cullen, solene. Amava demais sua irmã e a ideia de vê-la machucada doía nele.

— Não preciso da sua gratidão. — O lobo saltou do banquinho sentindo uma onda de fúria tomar conta do seu corpo.

Edward não se intimidou com a postura dele e deu de ombros. Sabia que ele não se atreveria a atacá-lo no meio da cozinha. O garoto não se atreveria a decepcionar Wendy assaltando um dos membros da sua família.

— Passei uns anos da minha vida achando que eu era apaixonado por ela — confessou o vampiro.

— Que droga você está falando!? — indagou Paul, exasperado, querendo acreditar que havia entendido errado.

O leitor lhe lançou um sorriso misterioso, e o lobo quis socar a cara dele até arrancá-lo do seu rosto.

— Ela é a pessoa mais incrível que já conheci. É engraçada, generosa…

— Não precisa elogiar a minha namorada pra mim — interrompeu o Lahote com um rosnado. — Sei bem como ela é.

— Não precisa se preocupar, Paul. Com o tempo, passei a vê-la como minha irmãzinha caçula e irritante.

— Não estou preocupado. — A resposta seca fez Edward sorrir novamente.

— Deveria — garantiu o Cullen. Ele ergueu as mãos em rendição ao ver Paul erguendo o punho para socá-lo. — Não estou falando de mim. Amo a Wen como uma irmã. Mas não veja o amor que ela sente por você como uma vantagem. Existem vários caras por aí que dariam tudo para tê-la. Se eu fosse você, agiria antes.

— Sabe o que você pode fazer com esses conselhos de merda? — inquiriu o lobo, letárgico.

O leitor de mentes fez uma expressão pensativa e riu.

— Ah! Vejo que já tem planos — disse ele, bagunçando os cabelos. — Falha minha.

Paul o xingou de todos os nomes possíveis e passou o resto da tarde se perguntando como o restante dos Cullen aguentavam aquele cara insuportável.

— A Swan e ele se merecem — resmungou para si mesmo, enfiando o garfo com força na lasanha e se servindo com mais um pedaço enorme.