Capítulo 19

por N.C Earnshaw

WENDY SORRIA SATISFEITA para a festa que se desenrolava à sua frente. Os corpos amontoados se moviam desenfreadamente, exalando calor humano e aquecendo a pista de dança — que Alice improvisou na sala de estar. O ambiente estava animado, e ela tinha que se controlar para não se juntar a eles e dançar aquelas músicas barulhentas como se não houvesse amanhã. Como se ainda fosse uma adolescente normal. No entanto, ela continuou parada junto aos membros da sua família num canto da sala, tentando não assustar as pobres crianças que lançavam olhares admirados e, ao mesmo tempo, amedrontados.

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A formatura não teve nada de emocionante. O orador, no caso a amiga chata de Bella, fez o seu discurso de motivação para os estudantes ansiosos pela liberdade — Wendy até que se divertiu um pouco com a garota, o diretor entregou os diplomas, e ela desfilou sobre o palco, como se tivesse feito aquilo milhares de vezes na vida. E céus, como tinha.

No início da festa, todos os adolescentes convidados para a festa de formatura se sentiram intimidados — ela se divertiu internamente ao ver eles chegando em grupos grandes e observando a casa, assombrados. Eles ficaram parados no meio da pista, perdidos sobre como deveriam agir, mas Jasper, com seu incrível poder de controlar emoções, deu uma manipulada na situação, e em minutos, todos pulavam feito malucos como se fosse a festa mais incrível que eles tinham ido na vida. E Wendy não duvidava disso, pois Forks não era uma cidade que tivesse muitas opções de divertimento para os jovens.

Ela ria da timidez de Bella ao cumprimentar os convidados. Oficialmente, aquela festa foi feita para a humana. A família sentia que devia fazer algo para marcar aquele momento da vida da garota, já que logo ela estaria condenada a vida eterna de cursar o ensino médio várias e várias vezes, e tinham dado o seu máximo para criar um ambiente agradável. Bella não se sentiu tão animada ao se ver no centro das atenções, mas eles não se importavam. Queriam que ela sentisse que aquele dia foi especial, mesmo que fosse contra sua vontade.

— Bella! — chamou Alice, animada, arrumando o vestido azul que a humana usava. — Por que não sai um pouco do lado do Edward e vai dançar com as suas amigas?

Wendy segurou a gargalhada que queria soltar ao imaginar Bella dançando, mas o olhar sujo que a garota lançou para Alice foi seu limite, e ela não conseguiu se conter.

— Eu dançando, Alice? — perguntou a Swan, desacreditada, apontando para si mesma. Edward ria de lado, escondendo seu divertimento para que não ganhasse a ira da sua irmã. A vampira baixinha revirou os olhos, exasperada com a falta de animação.

— O intuito dessa festa é que você…

— … crie memórias agradáveis da sua vida humana — completaram Wendy e Emmett em uníssono, caindo na risada logo em seguida.

Alice os repreendeu com o olhar, e puxou Bella para que ela se afastasse deles.

— Você não precisa saber dançar bem para dançar em uma festa — explicou ela, apontando para um garoto que rebolava como se tivesse levado um choque. — É sobre se divertir e curtir o momento.

— É, Bella — concordou Wendy se aproximando, balançando os braços e dançando de maneira esquisita ao redor delas. — Curta o momento.

A Swan a olhou chocada, entretanto, não controlou o riso. Emmett, que observava os movimentos da caçula, logo quis se juntar a ela, mas Rosalie, ao ver as intenções do seu marido, o puxou para longe.

— Você é bizarra, Wen — insultou Edward, passando a mão pelos cabelos de uma maneira que Wendy apostava ser calculada para atrair olhares.

Ela deu a língua a ele, e continuou a dançar despreocupada, tinha se controlado por bastante tempo até. Mas a música estava dentro dela e clamava para que ela dançasse.

— É muito otimista da sua parte chamar isso que você está fazendo de dança — alfinetou o leitor de mentes.

Wendy parou em frente a Edward com a mão na cintura.

— Por quê? Quer competir comigo lá na pista de dança? — desafiou a vampira erguendo a sobrancelha.

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Edward fez uma careta como se estivesse enjoado.

— Céus, não!

— Boa ideia, Wendy! — Alice bateu palmas e deu alguns pulinhos no lugar, completamente exultante. — Humanos gostam de competições em festas.

— Amor, as bebidas acabaram — pronunciou-se Jasper, segurando o braço da mulher.

Edward o fitou agradecido por livrá-lo daquela enrascada.

— O quê? — indagou ela, embasbacada. — Mas eu chequei agora há pouco e…

O loiro não deixou que ela terminasse, puxou-a para longe afirmando que precisavam de mais comida e refrescos.

— Viu o que você fez? — acusou Edward.

Wendy deu de ombros, sorrindo de lado.

— Se ela insistir nesse assunto, vou me juntar aos outros e arrancar sua pele. — Ele continuou a reclamar.

Bella, que tinha presenciado centenas de embates entre eles, saiu de fininho dizendo que tinha visto Angela passando.

— Como é que a galera diz mesmo? — perguntou-se Wendy em voz alta, colocando dedo no queixo para fingir que estava pensando profundamente. — Relaxa e goza, maninho.

Ele bufou, indignado. Sabia que ela estava usando aquelas gírias porque ele se irritava. Assim como falar da sua vida sexual nada ativa.

— Ah! Lembrei que você é virgem. — Ela abriu a boca dramaticamente num O, fingindo surpresa.

— Você também é! — afirmou Edward, exasperado. — E porque não vai perturbar o seu cachorro? Ou você não o convidou?

Wendy suspirou, desanimada.

— Até chamei — resmungou ela. — Mas não sei se ele vem.

— Meus pêsames — disse Edward sarcasticamente, dando às costas a ela e sumindo entre os corpos dançantes.

Wendy passou os próximos trinta minutos observando as interações dos adolescentes, parada próxima à escada. Ela observou um casal dançando tão próximos que pareciam um só. Quase podia ver os hormônios flutuando ao redor deles. Viu claramente quando uma garota embriagada vomitou num vaso gigante que Esme tinha próximo à entrada — aliás, eca, Esme iria pirar ao ver aquilo. Alguns garotos ao verem ela parada ali, sozinha e indefesa, até tentaram a sorte, no entanto, Wendy recusou a todos e cortou a conversa, apesar de ter sido extremamente educada em todas elas. No fundo, ela estava triste por Paul não ter ido à festa ou dado satisfações, mas ela entendia que ele não queria se aproximar da sua família. Sabia que ainda era difícil para ele o fato de ter tido um imprinting por uma vampira.

Paul não se conteve quando Jacob, Embry e Quil disseram que iriam até à festa de formatura na casa dos Cullen. Ele estava decidido a não ir. Realmente não queria ter que passar horas próximo àqueles vampiros. Entretanto, ele não os odiava com tanto afinco quanto antes. A convivência com Wendy no início era constrangedora. Ele se viu na obrigação de conviver com ela, ou morreria, no entanto, logo passou a apreciar a companhia dela e, por consequência, a não odiar tanto o restante dos Cullen.

Ele passou pela porta enorme de mogno com seus companheiros de matilha ao seu lado. De longe, dava para ver as luzes brilhando refletidas nas janelas de vidro. O som era alto, mas não estrondoso o bastante para incomodar os ouvidos. Assim que ele entrou, seus olhos automaticamente vasculharam o ambiente à procura de Wendy. Contudo, ele só conseguia enxergar vários corpos adolescentes se mexendo conforme a batida da música. O interior estava decorado como se fosse uma discoteca, tinha até um globo de luz no centro da sala — Paul sorriu ao vê-lo pendurado ali, sabia que aquilo tinha sido ideia de Wendy, o que mostrava que aparentemente ela tinha vencido o embate com sua irmã.

Ele segurou uma risada ao ver Jacob procurando por Bella feito um animalzinho perdido. A risada se transformou em um sorriso de canto ao ver uma garota esbarrar na parede ao encará-lo com olhos apaixonados. Em outros tempos ou, mais especificamente, antes do imprinting, ele jogaria seu charme, levaria ela para um canto e a agarraria sem pensar duas vezes. Paul estranhou não se sentir nem um pouco atraído por ela, pois até que era uma garota bonita.

Assim que Jacob avistou Bella, ele se encaminhou diretamente para ela com determinação. Embry e Quil seguiram-no, mas Paul ficou um pouco atrás em dúvida se ia com eles, ou procurava por Wendy.

Logo que ele passou os olhos na direção que Bella estava, ele sorriu ao ver quem ele procurava, estava próxima à escada.

Paul a admirou de longe. O vestido preto era colado e desenhava todas as suas curvas, a cor destacava o tom pálido de sua pele, e seus olhos eram ressaltados por aquela maquiagem marrom nas suas pálpebras.

— Você veio! — cumprimentou Wendy, animada. Paul se segurou ao ver as covinhas se aprofundando no seu rosto na medida que seu sorriso se abria. Ele se controlava para não atacá-la e morder suas bochechas todas as vezes que conseguia arrancar um sorriso dela.

— Vim — afirmou ele, sem graça. — Eu não viria, mas o Jacob e os caras falaram que vinham e eu… bem, vim.

Ela riu baixinho, estranhando sua súbita timidez.

— Eu fico feliz, realmente achei que não viria.

— Os caras… — Ele começou a se explicar novamente. — Eu acho que já disse isso.

— É, falou, sim — concordou Wendy, risonha.

Ele se virou para ficar ao lado dela e observar a festa. Ambos em silêncio, sem saber o que dizer.

— O que está achando da festa? — perguntou ele repentinamente, depois se repreendendo pela pergunta estúpida.

Wendy ficou com o semblante pensativo.

— Quer que eu seja sincera, ou…

— Sincera — pediu Paul, cruzando os braços. Ele semicerrou os olhos para um garoto loiro que estava os encarando. O humano, intimidado com o olhar, tropeçou nos próprios pés e se enfiou na muvuca.

— Entediante — confessou ela, puxando a manga do vestido. — Essa festa não é nossa, é da Bella, então…

A vampira deu de ombros como se não importasse.

— Mas não te impede de se divertir. — Ele a olhou de canto.

— É complicado…

— Você não pode dar uma resposta dessas e depois ficar calada — disse Paul, fingindo irritação.

Ela riu baixinho.

— Os humanos… eles gostam de nos observar, sabe. Somos extremamente atraentes para eles, tudo em nós é chamativo, mas eles também sabem que é perigoso se aproximar demais.

— E o que isso tem a ver com você não se divertir? — indagou ele, confuso.

Ela deu um tapinha de leve no ombro dele.

— Como posso me divertir se, toda vez que eu me aproximo, as pessoas se afastam? Nem todo mundo é tão idiota quanto a Bella.

— Oh! — Foi o único som que saiu da boca dele.

Eles ficaram em silêncio novamente. As batidas da música enchendo seus ouvidos.

— Você soube? — perguntou Wendy, mudando de assunto. Ela apontou para onde Jacob conversava com Bella.

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Ele se virou para ela, sorrindo maliciosamente.

— Que a Swan quebrou a mão socando a cara dele? Ou que ela o socou porque ele a beijou à força?

— Os dois — retrucou ela com um sorriso largo no rosto. — Olha, ele trouxe um presente de formatura como pedido de desculpas.

— Acha que ela vai cair nessa? — Paul apoiou o braço no ombro dela.

— Sem sombra de dúvidas.

— Se eu soubesse que viria, teria te trazido um presente. — Ele se desencostou dela e enfiou as mãos nos bolsos da calça.

— Duvido muito — rebateu ela, brincalhona, dando um empurrãozinho.

Ele a encarou, fingindo irritação. No entanto, não resistiu ao charme que ela exalava, e sorriu.

Wendy abriu a boca para falar algo, mas ao invés disso, olhou para cima, e Paul seguiu seu olhar rapidamente, curioso com o que chamou sua atenção. Era a vampira baixinha de cabelos curtos parada no alto da escada. Ela segurava o corrimão com força, e tinha um olhar vidrado no rosto. Subitamente, ele sentiu um mau presságio.

Depressa, Wendy subiu as escadas e parou ao lado da irmã, com Bella logo atrás, chamando seu nome.

— Alice, o que aconteceu? — perguntou a Swan, preocupada. — O que você viu?

A vampira saiu do transe ao sentir seu braço ser tocado.

— Os recém-criados… Eles estão vindo pra cá — revelou Alice com um olhar assustado no rosto.

Wendy abriu a boca para perguntar mais detalhes, mas ela saiu ligeira do seu alcance.

— Bella, vá chamar o Edward. — Alice subiu o restante dos degraus. — Vou reunir os outros na cozinha.

Wendy ficou parada no mesmo lugar, estupefata com a notícia. Se aqueles recém-criados estavam mesmo atrás da sua família, eles se encontravam em maus lençóis. A sua família era forte, mas não ao ponto de deter um exército. Não sem perdas.

Ela olhou para baixo e, para piorar, viu-se sendo encarada por quatro lobos cheios de perguntas.