― Por que está aqui, Edward? ― Perguntei quebrando o silêncio em que o quarto estava envolto.

Suas mãos petrificaram em minhas costas e eu quase pude sentir a tensão que emanava dele. Desisti de olhar-lhe, ficando com o rosto enterrado em seu peito, o lábio inferior preso em meus dentes e a minha mão pousada delicadamente em suas costas. Pensei em pedir desculpas pela pergunta impulsiva e em alguns segundos tinha desistido da ideia, eu realmente queria saber.

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Essa dúvida sempre me estrangulava por dentro, principalmente quando estávamos desse jeito. Edward era bom demais para estar aqui.

Pensei que ele não fosse responder, pensei que fosse me ignorar e essa percepção me deu vontade de levantar-me com vergonha. Porém não o fiz, os braços de Edward me prendiam lá e o seu aperto não diminuiu nem um pouco. O que era bom, ótimo ― significava que ele não tinha ficado com raiva de mim pela pergunta.

Eu estava quase falando de novo quando sua voz rompeu meus pensamentos.

― Troca de favores. Josh salvou parte de minha família de um incêndio. ― Sussurrou com os lábios em meus cabelos escuros. ― Mas eu ainda me pergunto se realmente vale a pena. Será que será mais doloroso do que perder minha família, saber que você vai morrer?

Tentei proibir-me de ficar abatida.

Hesitei e fechei meus olhos para as lágrimas que se formaram não escaparem. Ele notaria, tinha certeza. Notaria a umidade em seu peito e notaria que eu ficara calada de uma hora para outra, e quando eu falasse minha voz ficaria falha.

― Bella? ― Chamou ele, acariciando meu rosto para que eu o levantasse.

― Oi? ― Sussurrei para ele não escutar minha voz falha e entalada.

Ele protelou por alguns segundos e enrolou seus dedos por meu cabelo, acariciando minha nuca logo em seguida. Estremeci e fechei novamente os olhos, recusando-me a parecer idiota ao chorar por não querer morrer, por essa ser uma verdade universal, não relativa como eu queria que fosse.

― O que você quer comer?

― Não estou com fome.

Ele suspirou.

― Você não comeu nada no jantar, você jogou fora.

― Não estava com fome, Edward. Comi muito no almoço.

― Tanto que quando você colocou, metade do prato ficou completamente limpa. O que é? Estava ruim? ― Sua voz tinha uma preocupação que eu não queria escutar. Não queria escutar que ele se preocupava comigo, queria que ele fingisse que me odiava; que me maltratasse e me ignorasse por todo o tempo que passássemos aqui.

Talvez fosse melhor assim. Eu começaria a odiá-lo de novo e tudo ficaria bem, eu não teria que ver que doeria nele se eu morresse. Nunca gostei de machucar ninguém ou até mesmo fazer essa pessoa se sacrificar por mim porque não me soava justo. Eu deveria me cuidar, eu que deveria me preocupar comigo mesmo.

Talvez a falta de afeto de meus pais tenha feito isso com a minha cabeça, fazendo-me acreditar que eu era autossuficiente para mim mesma, sendo que eu não era. Eu precisava de alguém, eu era vulnerável e agora que estava aqui era mais. De qualquer jeito, sendo eu vulnerável ou não, precisando ou não de Edward, não o pediria para se colocar na forca por mim.

Orgulho, claro. Autossuficiência também.

― Bella?

Quis chorar pelo modo como ele me chamou.

― Você está bem? ― Questionou e me soltou e deixou-me com a cabeça encostada no travesseiro. Escondi-me em meus cabelos, querendo que a umidade em meus olhos diminuísse e se tornasse normais, sem que eu tivesse que parecer chorosa. ― Que foi? O que foi Bella? Qual o problema? ― Ele tirou os cabelos que caiam por meu rosto com uma paciência perfeita para descobrir meus olhos transbordando lágrimas de agonia. ― O que foi Bella? ― Ele tentou puxar meus braços para que eu me levantasse e parasse com aquela besteira, mas foi impossível já que eu não cooperava.

Engoli em seco, levantando-me e mantendo o lençol verde claro ao redor do meu corpo, cobrindo a minha nudez. Limpei meus olhos com a mão antes de lhe olhar e seu rosto estava tão malditamente angustiado que senti vontade de chorar de novo e o abraçar e lhe dizer que aquela preocupação não era necessária.

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Não era necessário se preocupar com alguém que iria morrer tão rápido. Ele deveria poupar-se disso.

― Você não deve se preocupar comigo. Se poupe.

― Pare com isso, não vamos entrar nesse assunto, por favor…

― Pare com isso você, Edward. Pare de importar comigo, deveríamos estar agindo como pessoas normais na situação que estamos, mas você… você… fica me torturando com isso, com essa sua preocupação desarticulada. Edward, por favor, vamos voltar a agir como antes… por favor… para o meu bem.

― Não vou abrir mão de você por causa dessa situação e… eu vou te tirar daqui. Eu te falei que não iria deixar ninguém te machucar, você não se lembra disso? Porra, Bella, você poderia acreditar um dia em mim, não doeria. Acha que eu vou deixar Josh fazer o que quer com você? Não. Não mesmo, como você fala. ― Deixei que ele se aproximasse de novo de mim e me puxasse para um abraço. ― Você vai ficar bem e a salvo. ― Prometeu.

Deixei-me acreditar naquilo somente por aquele momento e eu poderia passar a noite toda abraçada com Edward, e realmente pretendíamos aquilo, mas escutei uma coisa que não me era comum nesses meses. A campainha tocando, várias vezes, milhares de vezes, gritando impacientemente para alguém ir atendê-la.

Edward olhou para mim e depois para o relógio, levantando-se cautelosamente da cama e pegando sua cueca boxe que estava no chão, assim como a bermuda. Ele abriu seu closet e saiu de lá com uma arma prateada, me encolhi na cama e não ousei me mover até que ele desviou seus olhos calmos para mim.

― Prevenção, Bella, eu não planejo matar ninguém na sua frente.

O segui, apesar de me parecer errado, com a sua camisa que batia um palmo acima de meu joelho e esperei ainda sem descer as escadas que ele abrisse a porta. Mordi meus lábios quando ele finalmente escancarou a porta, as costas tensas e a mão apertando a arma com força. Antes de olhar para Edward, o homem louro olhou diretamente para mim.

E foi nesse momento que eu corri de volta para o quarto.