Enemies and Lovers

Baunilha? Carie?


Tudo bem. Eu já achava que a Chase era meio idiota, mas ela se superou. É sério. Quem nesse mundo pode ser uma atriz tão ruim? Ela não tinha prometido que ia me ajudar com essa parada de convencer meu pai que estamos namorando?

Acho que para fazer isso dar certo, ela ao menos devia fazer isso direito. Fingir que é um namoro real, sabe? Pelo menos, pelo o que eu sei, namorados se beijam. Não acho que uma menina viraria a cabeça quando o seu "namorado" vai dar um beijo nela. Acho que ela retribuiria com vontade ou sei lá. Se ela gostar dele. E esse é o nosso problema: eu não gosto de Annabeth e nem ela de mim, e isso é fato.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Mas isso não é desculpa para ela virar cara quando fui beijá-la para convencer o meu pai desse namoro. Aí eu tive que usar a desculpa de que ela é muito tímida para isso. Qual é? Estamos falando de Annabeth Chase, a menina que não pensaria duas vezes antes de trocar saliva com Luke Castellan, um amigo meu. Não importa se eles estivessem em um corredor vazio da escola, ou na frente do... sei lá. Do Papa?

Não que eu me importe com isso, é claro. Eu não gosto da nerd. Na verdade, eu a acho uma estranha completa. Vamos admitir uma coisa: quantas pessoa com olhos cinzentos que você conhece? E quantas pessoas rejeitariam Percy Jackson, o cara mais gato e popular da escola? Eu sou O cara. Menina nenhuma me recusa. Para você ter uma noção, eu já tive mais de cinquenta namoradas só nesse ano. Loiras, ruivas, morenas, negras, asiáticas, indígenas e albinas. Acho que agora já dá para entender.

Agora eu estou a caminho da minha perdição. Sim, a casa de Annabeth Chase está bem mais perto do que você imagina. Então não estou a caminho. Na verdade eu estou na porta da casa dela, mas isso não importa nem um pouco.

Bato na porta. Rapidamente o senhor Chase vem abrir a porta. Sim, ele me chamou para vir aqui porque acha que é importante conhecer o namorado de sua filha. Mesmo sabendo que eu não sou exatamente namorado da loira, aceitei para não deixar isso transparecer.

— Olá Percy. Pode entrar. — falou o homem abrindo espaço para eu entrar.

— Olá, senhor Chase. É um prazer finalmente poder conhecê-lo da devida forma. Annabeth fala muito do senhor.

É claro que eu não ia falar pra ele que eu mal falo com a minha suposta namorada direito. E aposto que se falasse, ela ia falar da horrível madrasta que ela tem. Ouvi altos boatos de que ela dá frango-frito pra galinha de estimação dela. Isso tecnicamente não é canibalismo?

— Até diria o mesmo de você, mas Annabeth não fala muito sabe? Ela é tímida demais e passa quase o dia todo no quarto dela.

— E isso te incomoda? — se isso fosse um desenho animado, com certeza teria uma lâmpada encima do meu cérebro.

— Um pouco. Eu queria que Annabeth fosse mais solta, sabe?

— E se, bem, eu dissesse que posso te ajudar com isso?

— Eu me sentiria agradecido, oras.

— Pois bem. Eu estava pensando em chamar a sua filha pra sair hoje. É claro, se o senhor deixar.

— Claro que eu deixo! Mas antes me fale para onde vocês vão e que horas vão voltar.

— Nós vamos no cinema, e eu prometo que eu a trago na hora que o senhor achar justo.

— Pera aí! Alguém aí me perguntou se eu quero?!

Devo admitir que Annabeth é realmente muito bonita sem as roupas da escola. Sim, ela ainda está com aquele escudo em forma de blusa de moletom, os óculos e um coque lateral como sempre, mas nada como uma pessoa sem meias três quartos e saias grandes demais para uma pessoa normal.

— É que, querida...

— Qual é? Eu sei que vocês devem estar doidinhos para se beijar. Eu juro que não vou olhar. — indagou o senhor Chase virando de costas para mim.

Fiz um sinal para que Annabeth descesse da escada, o que fez ela revirar os olhos e vir em passos rápidos em minha direção. Essa menina é bipolar.

Quando ela chega ao meu lado, eu a abraço, só para manter as aparências, e sussurro em seu ouvido:

— Você acha que namorados fazem o que? Mandam presentinhos um para o outro com assinaturas idiotas? Namorados saem para se divertir. — indaguei e a vi corar como se isso fosse uma piada interna.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Se esqueceu que não somos nada?

— Acredite, não tem como esquecer. Mas é só para eles pensarem. Se quiser, eu pago cadeiras em lugares opostos...

— Me paga um sorvete? Você tinha prometido...

— Feito.

Ela se afastou e disse rindo para o pai que ele poderia se virar. O senhor Chase devolveu a risada e indagou:

— Então vá se arrumar logo, Annabeth!

Tudo bem, esse momento está um tanto quanto curioso. Nunca pensei que eu, Percy Jackson, ia chamar a menina mais nerd da escola para sair comigo. Isso é realmente inesperado. Porém não estou arrependido. Sei que Annabeth não é muito de sair, mas se ela quer ter um lance com Luke, ela tem que aprender isso o mais rápido possível porque o menino odeia ficar em casa.

Passando apenas meia hora, Annabeth estava descendo as escadas. Meu Deus! O que é aquilo?! Não tenho nem palavras para falar. Nunca pensei que era possível uma menina ficar tão bonita de calça jeans clara, sapatilha e uma bata normal. Cara, as meninas que eu saio geralmente usam vestidos curtos, colados e com um decote enorme, aqueles arranha-céus nos pés e um quilo de maquiagem. Mas acho que ela não precisa disso. Sim, ela fica maravilhosa com um cabo de cavalo. Até quero usar uma palavra, mas acho que a loira é muito pura para poder defini-la com certas palavras.

— Vamos?

Acho que passei muito tempo olhando para ela. Será que eu fiquei parecendo um idiota? Cara, eu preciso de um psiquiatra urgente! É contra as regras do universo eu, Percy Jackson, babar por uma menina como Annabeth Chase.

— Claro. — indaguei ainda meio abobado.

— Voltem uma da manhã, okay? Sem atrasos.

— Sim, senhor, senhor Chase.

— Tchau, pai.

Abri a porta do carro para ela, como de costume, me sentei e dei partida no carro.

— E aí, Annie? Qual filme vamos assistir?

— Qual é? Você estava realmente falando sério quando disse que nós íamos ao cinema? Achei que fosse só uma desculpa pra você ir em uma boate dar uns pegas na metade das meninas de lá, enquanto eu ficasse no carro ouvindo música. Eu até trouxe meu porta-CD!

— Bem, eu até ia, mas acho que essa sua ideia me parece mais legal. — indaguei em um tom brincalhão.

— Hahaha até parece que você iria trocar a minha ilustre presença por uma biscate paga. Aposto que, além de você não conseguir sobreviver sem mim, eu saio bem mais barata.

E adivinhe o que eu fiz? Sim, eu virei rebelde e me comecei a garalhar da resposta dela. Definitivamente, sair com a nerd pirralha é bem mais barato do que ir em um restaurante caro com a Drew. Que, apesar, vai querer me assassinar quando descobrir o que eu fiz hoje.

Olho de soslaio e vejo Annie ligando o rádio com suas mãos pequenas. Como que essa menina consegue sobreviver? Ela é meio transparente. Sério. O toque começou e eu rapidamente reconheci o toque.

— "Raise Your Glass" da Pink?

— É. Eu amo essa música. — e logo após de falar isso ela começou a cantarolar a música de uma forma idiota. Cara, a voz dela não era das melhores.

— Chase, você definitivamente não sabe cantar.

— E quem disse que eu preciso saber? Isso não é High School Musical, nem um livro e muito menos uma novela. Isso aqui é a vida real. E eu canto porque eu quero. E quem te perguntou mesmo? Vamos, canta o refrão comigo!

Não, eu não queria isso. Mas quando fui ver já era tarde demais. Nós já havíamos tanto chegado na porta do cinema, quanto cantado todas as músicas do Top 10.

Claro, como eu sou um cara muito gentil, eu abri a porta do carro para ela e, ainda por cima, a guiei para a fila do cinema, onde compramos nossas entradas e logo após fomos para uma sorveteria dentro do shopping para ela tomar o seu tão desejado sorvete de baunilha.

— Cara, eu não acredito que você não gosta de sorvete de chocolate.

— É enjoativo igual o de morango, na minha sincera opinião.

— Baunilha parece leite puro. E leite puro é tipo água.

— Necessário?

— Não, sem gosto.

— Agora é eu que estou ficando descrente! Você não bebe leite antes de dormir?

— Não. Leite antes de dormir é pra bebês.

— Percy, você que é um bebezão.

— Olha, eu...

Queria continuar, mas o relógio marca dez para oito da noite. Ou seja, faltavam apenas dez minutos para o filme começar, o que fez com que eu e Annie corrêssemos para a sala de cinema.

Sim, nós iríamos assistir "Carie, a Estranha". E eu não acho que a ideia de Annie é me abraçar no meio, porque ela é bem confiante quando o assunto é filme de terror. Quer dizer, ela já viu "O Exorcista" catorze vezes.

O filme foi bom. Melhor do que eu gostaria.

Annie acha muita graça nos filmes de terror. Tanto que ela joga a cabeça para trás em um gargalhada e nossos joelhos ficam se encostando. E, algumas vezes, o cabelo dela caía no rosto e eu ficava com uma agonia terrível, morrendo de vontade de colocar no lugar.

Porém, quando isso acabou, eu tomei vergonha na cara, e comecei a rodar a cidade com ela passando na frente das melhores baladas.

Nós zoamos pra caramba quando achamos uma menina japonesa de agarrando com um menino loiro. E a gente nem sabia o motivo.

Ela me contou sobre a "biscate particular" do pai dela, e em como ela é idiota. Ela também me disse que sua comida favorita é sopa de batata, e que fica melhor ainda quando se come com purê também de batata. Ah! Ela também gosta de rock, mas não se considera rockeira, porque, de acordo com a mesma, ela gosta de qualquer tipo de música. Principalmente clássica.

Quando chegou a hora de eu levá-la para casa, ela já devia saber quase tudo sobre a minha vida, assim como eu sei muitas coisas sobre ela. Contudo, eu nem vi o tempo passar. E, acredite, isso nunca acontece em meus encontros com a Drew. Se bem que esse encontro foi mais de faxada.

Paro o carro na frente da casa dela.

Bem, eu acho que é isso.

— É.

— Ei, vamos sair qualquer dia desses outra vez? É que eu meio que tenho que provar pro meu pai essa história de namoro e tal.

— Claro que sim! — falou Annie e depois deu um sorriso aberto.

— Tá. Amanhã, pode ser?

— Claro. Tchau Percy. — e depois me deu um beijo na bochecha e saiu.

Se a minha avó estivesse aqui, ela ia falar pra ela andar descalço na terra. Porque eu sentia como se Annabeth Chase tivesse me eletrocutado.