Bruce não estava feliz com aquela nova faceta de seu arqui-inimigo.

Ver Coringa ali, rodeado de coisas que poderiam ajudá-lo a tirar a vida, já frágil, de Daintness era uma provação e tanto para o Morcego de Gotham.

O príncipe do crime removeu as bandagens com todo o cuidado, e passou a medicar os ferimentos, massagear os hematomas, ver o estado de cicatrização dos pontos.

Sabia que Batman o estava vigiando como se fosse matar a menina de cabelos coloridos a qualquer momento. E aquilo o deixava ultrajado, é claro.

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Mas se pudesse estar ali, cuidando de sua menina, ele jamais reclamaria da desconfiança do herói.

—Podia acordar, Graçinha...-Murmurou, enquanto acariciava o rosto da filha.-Papai sente tanto a sua falta, bonequinha. Acorde e sorria pra mim. Você tem um sorriso tão lindo. O pai promete que vamos voltar a ter aquela nossa vidinha... Você se lembra? Quando você era bebê... Era tão bom, filha.

—Que tipo de vida tinham quando ela era bebê?

A voz grave ressoou pela enfermaria.

—Acho que se lembra da época em que deixei Gotham em paz, logo depois de toda aquela desgraça que eu fiz. Foi quando Daintness nasceu.-Mexeu com os cabelos coloridos.-Ela era a coisa mais linda que eu já havia visto. Eu fiz o parto, banhei, comprei roupinhas e remédios... E cuidei dela. Arrumei um emprego, larguei o submundo... Até ela ter uns cinco anos... Depois tive que retomar algumas atividades. O circo estava começando a se fechar e os outros iam descobrir minha menina. E eu já tinha que lidar com o ciúme doentio de Arlequina.

—Arlequina a perseguiu e expulsou de casa depois que você foi preso.

—Eu sei.

—E ela foi adotada.

—Eu sei.

—E vai ficar indiferente a isso?

—Ele cuidou bem dela, não cuidou? Não vou ficar puto com quem protegeu meu bebê.

Os olhos da menina piscaram algumas vezes antes de ela acordar. E sorriu ao ver que aqueles dois estava se encarando.

—Vocês dois falam muito alto....

Claro que a frase saiu extremamente baixa e falhada, mas fez os dois se acercarem da cama imediatamente, tapando a luz dela, o que era excelente para os olhos sensíveis.

—Bom dia, Gracinha...-O palhaço acariciou os cabelos coloridos com cuidado.-Está sentindo muita dor? Onde dói?

—Sede...

Batman foi mais rápido e enxeu o copo de água bem gelada, enquanto o palhaço se ocupou em ajudar a menina se sentar. O vilão pediu o copo e a ajudou a beber com delicadeza, fingindo não ver aquela coisa coruja que Batman parecia ter desenvolvido por sua menina.

Pai e filha conversaram por quase duas horas, Coringa deu o jantar a ela com esmero, até o medicamento fazer efeito e Daintness ficar sonolenta. Batman praticamente arrastou Joker para a sela, e o palhaço ficou muito tentado a distribuir um soco naquele queixo pronunciado do herói. Mas apenas tomou seus remédio e comeu o jantar que lhe foi servido. Ele prometeu à filha que se comportaria.

Quando voltou a enfermaria já não era mais o Cavaleiro das Trevas. Era Bruce, apenas Bruce. Um pai adotivo preocupado e enciumado de sua princesinha. E estava hilário com aquela bermuda de pijama com unicórnios estampados.

—Não sabia que ainda tinha senso de humor...

Se sentou ao lado dela na cama, e passou a acariciar os cabelos coloridos.

—Não tenho. Jason me deu e Alfred me disse que a faria rir.

—Alfie é o melhor...

—Sim, ele é. Mas nunca diga isso a ele, ou vai aumentar aquele ego britânico.

Ela riu e se acomodou ainda mais na cama. O herói voltou a acariciar os cabelos coloridos.

—Não fala assim do meu Alfie...

—Tudo bem, não falo assim do seu Alfie.-Ergueu as mãos em rendição.-Como se sente, filha?

—Dolorida... Mas estou feliz de ver o papai fora de Arkan...

—Foi por isso que nunca quis me dizer quem eram seus pais? Porque são Coringa e Arlequina.

A jovem abaixou o olhar e passou a torcer a borda da manhã entre os dedos, mordendo o lábio inferior.

—Você iria me amar se soubesse? Se soubesse que eu sou filha do seu arqui-inimigo... E que, mesmo com tudo o que o meu pai fez... Eu ainda o amo muito... E quero que ele seja livre... E que ele seja feliz...

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—Eu estaria surpreso, de forma bem desagradável, se você não amasse o seu pai.-Os olhos bicoloridos se voltar a para o Morcego de Gotham, confusos e marejados.-Não é da sua natureza, Daintness. Eu sempre soube que o seu amor pelo seu pai biológico era incondicional.

—Pelo meu pai adotivo também é.-O herói se encolheu um pouco, antes d e limpar as lagrimas que começaram a manchar o rosto da menina.-E pelos meus irmãos... E o Alfie...- Ela fechou os olhos e as lágrimas ficaram mais grossas.-Mas não existe nada mais simples que amar um herói, pai...

—Coringa é seu herói.-Bruce se deitou e aconchegou sua menina em seu peito.-Mesmo que eu tenha passado a vida inteira achando que ele fosse o vilão. Sempre achei que ele tivesse sequestrado e assassinado seu pai biológico.

—Homens das luzes coloridas...-Daintness se escondeu no peito amplo do herói.-Eram a polícia... E você...

—E me amou mesmo sabendo que fui eu quem arrancou seu pai de você...

—Você não me ama?-Ela deu de ombros.-Você tirou ele de mim, mas me deu outra família. Me manteve segura, me deu meus irmãos, o Alfie, me trouxe para viver na mansão... O meu pai fez muitas coisas erradas... Ele me amar não vai redimi-lo de suas sandices...

Não demorou muito para ela dormir, já totalmente sob efeito do analgésico. Bruce continuou ali, fazendo carinho nos cabelos coloridos. Damian foi ver a irmã, e Dick fez o mesmo assim que chegou da ronda. Bruce sabia que deveria ir pra cama, dormir. Teria que lidar com Coringa outra vez na manhã seguinte. Mas ele não queria deixar sua menininha.

—Não... Não vai... Mas o amor que ele sente por você pode superar a insanidade dele... E obriga-lo a mudar de papel. Como ele fez quando você nasceu... Porque todos se apaixonam por você, Daintness Wayne.