Lydia

—O que você disse? – Ray Palmer perguntou um pouco confuso, suas sobrancelhas se ergueram quase se juntando, ele franziu os lábios e piscou algumas vezes. Lydia sorriu meio relutante, apesar do pequeno erro ainda estava calma, os últimos acontecimentos ainda rodavam em sua cabeça. Sabia exatamente como se livrar daquilo de uma maneira sutil, seu cérebro já havia inventado uma desculpa antes mesmo dele abrir a boca.

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—Eu disse, Lydia, sr. Palmer.

—Oh. – ele relaxou com a resposta. – Acho que ouve errado. Por favor não me chame de senhor, me sinto velho.

Ela riu baixando a cabeça.

—É um prazer conhece-lo e adoraria ouvir sobre como chegaram aqui, mas eu realmente tenho que ir. Tenho um trabalho de ciências para terminar.

E com essa desculpa ela caiu fora do córtex, apenas passando em outra sala para pegar a bolsa e o aparelho de comunicação. Lydia não sabia explicar como conseguiu sair do laboratório e ir parar na casa de Joe, ela apenas fez, mesmo com a cabeça confusa e cheia, a última conversa que teve Caitlin e Cisco do futuro parecia mais como uma lembrança distante depois da última revelação. As lendas estão no passado. Com ela!

Abriu a porta jogando as sapatilhas para o canto, o quarto que dividia com Camille era pequeno, apenas duas camas e um guarda-roupa, Íris tinha feito o melhor possível para fazer com que elas se sentissem em casa durante os últimos três meses. A West sabia que elas eram do futuro, mas assim como os outros não as pressionava para saber quem eram seus pais.

Se jogou em cima das roupas que cobriam sua cama, puxou o notebook, uma das únicas coisas que havia trazido do futuro. A página estava aberta em uma conta de banco, havia hackeado a conta da Palmer Tecnologia e estava usando o dinheiro para seu próprio bem, roupas, comida, entretenimento. Não era roubo, já que a empresa -ou pela menos boa parte dela- lhe pertencia. Os saques eram poucos, nada mais do que cem dólares por semana, as vezes duzentos, trezentos para o projeto de ciências e cento e cinquenta para a roupa do baile, mais cinquenta para o cabelereiro e oitenta para os sapatos. Ok ela devia parar.

Fechou a página, mas deixou outra aba aberta, pesquisou rapidamente sobre Sara Lance.

Havia poucas coisas sobre ela, filha de Quentin Lance, capitão do departamento de polícia de Star City, sobrevivente do naufrágio Queen's Gambit em 2007. Mordeu o lábio inferior quando uma foto dela apareceu na tela, Sara sempre teve um sorriso lindo e um senso de humor peculiar. Na verdade, Lydia amava coisas peculiares, até os onze anos conviveu com pessoas bem peculiares, conhecia pessoas que voavam e soltavam fogo pelas mãos, conhecia um cara que tinha pele de metal, uma moça que podia ser mais forte que um elefante ou um mamute, um sociopata que gostava de tacar fogo nas coisas e além do mais, seus próprios pais eram pessoas peculiares, eles estavam mortos...legalmente falando.

Seu celular vibrou, ela nem se deu o trabalho de olha-lo, sabia que era uma mensagem de Cory perguntando que horas ela iria para sua casa para terminar o projeto. Tomou um banho rápido, vestiu um vestido simples e atravessou a rua. Cory a recebeu como sempre, um selinho rápido, um sorriso sem graça. Ela sabia que aquele namoro já havia passado de data de validade, mas com Cory ela se sentia bem, embora fizesse a linha loira burra quando estava com ele e seus amigos. Eles começaram a falar sobre o trabalho e os planos para o jogo que aconteceria logo a noite, Cory jogava como atacante no time de futebol da escola, Lydia já tinha ido a todos os jogos com Camille e Meli, mesmo não gostando nem um pouco do jogo em si.

Ela realmente se sentia como uma daquelas garotinhas que fazia tudo pelo namorado e realmente se odiava por isso, se sua mãe a visse agora, provavelmente surtaria e a colocaria de castigo.

A feira de ciência acontecia semestralmente, valia a maior parte da nota e quem não fizesse nenhum projeto ficaria com zero e mesmo sabendo que logo voltaria para casa, principalmente agora que as lendas estavam aqui, ela queria fazer o projeto e provar a todos que nem toda loira é burra, mas a ideia de Cory de projeto vencedor era uma mistura química homogenia comestível. Lydia sabia que aquilo não ganharia nem o sexto lugar.

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Ela queria fazer algo maior, mas profissional, mas Cory provavelmente riria de sua cara se ela disse que entende de física. Ela já tinha algumas ideias na cabeça, era um projeto meio confuso e complicado, mas com o material certo e os cálculos corretos, possivelmente daria certo. Faltavam apenas dois dias para a feira e três para o casamento de Caitlin e Barry, Lydia não podia prever o futuro como Camille, mas sentia que algo estava mudando, algo iria acontecer em breve, muito em breve.

Sorriu para Cory antes de cruzar a rua e voltar para a casa de Joe, então quando estava na porta da frente seu cérebro se inundou pensamentos aleatórios, cálculos e imagens. Às vezes isso acontecia, seu cérebro começava a trabalha antes mesmo dela pensar em algo, Coisa de gênio, era o que seu pai dizia. Correu para a cozinha pegando a cafeteira e voltou para a sala, afastou a mesinha de centro e o sofá, correu para o quarto pegando a bolsa, o notebook e uma pequena maleta com ferramentas e fios que havia trago de 2033.

Virou a bolsa, derramando seu conteúdo sobre o tapete da sala, Íris a mataria depois. Canetas de várias cores, um pequeno caderno sem pauta com suas últimas ideias, perfumes e maquiagens, um lenço de seda, um par de óculos escuros, alguns parafusos das cadeiras da escola, uma chave de fenda, alguns chicletes e suas hastes retrateis.

Pegou o caderno e começou a folheá-lo, sempre tinhas alguma anotação útil como: Nunca coloque um microchip em um computador sem antes formata-lo ou nunca combine rosa com azul bebê. Achou algumas anotações com a letra de seu pai, pequenos lembretes para uma futura inventora. Começou a desmontar a cafeteira, deixando o visor e o pó de café de lado, rabiscou no caderno o que futuramente seria uma das suas melhores invenções.

Clicou no notebook abrindo uma página e buscou algum artigo sobre tratamentos alternativos para vítimas de acidente de carros que perderam a memória, e então sobre como a música ajuda nos tratamentos. Tinha que resumir tudo em poucas palavras, o que não seria tão difícil.

Respirou fundo, tinha poucos dias e poucas tentativas para conseguir aquilo, mas se tinha uma coisa que Lydia havia herdado da mãe, era a determinação. Porque Sara Lance era determinada, que de tão determinada a proteger a filha, acabou se esquecendo de ser uma boa mãe.

Star City

15 de agosto de 2030

Lydia encarava a casa a sua frente, Ray apertava o ombro da filha, enquanto Sara tocava a campainha. Ela se sentia uma intrusa ali, parada em frente à casa de Oliver pronta para entregar a seu pai a coisa mais valiosa que tinha. Sara nunca sonhou em ser mãe, nunca quis ter responsabilidade, porque que tentar salvar a história já era coisa demais, mas então veio Lydia, depois de uma noite de bebedeira irresponsável Ray, sua gravidez havia sido tranquila e o parto não foi tão ruim quanto ouvira que iria ser.

Lydia não era parecida com nenhum dos dois, embora tivesse o cabelo loiro como o seu, seus olhos eram castanho quase chocolate. Ela era esperta e decidida, nunca aceitava um não como resposta sem uma explicação plausível, não gostava de multidões ou de muita bagunça, embora ela mesma fizesse mais bagunça do que cem crianças juntas. Lydia não gostava de brinquedos normais, preferia legos ou qualquer brinquedo de montar, falava quatro línguas, incluindo a língua de sinais, era amante da arte porque sabia como interpretar os quadros e outras obras. Lydia amava física, química, biologia e história. Sabia de cor passagem de livros famosos e havia redigido para o computador a maioria das obras de Shakespeare. Ela era um gênio de verdade.

A porta se abriu e Felicity sorriu pra ela.

—Que bom que chegaram inteiros. – ela abraçou a nova senhora Queen. – Você deve ser Lydia, não é?

Sua filha assentiu com cabeça e então voltou o olhar para as engrenagens em sua mão, ela construiu algo que Sara provavelmente nunca saberia o que é. Ray sorriu pra Felicity e puxou Lydia pela mão e assim os três entraram na casa. Na sala de estar estavam Oliver, Thea, Donna Smoak e seu pai. Sara percebeu Lydia começou a ficar tensa, durante onze anos ela nunca havia encontrado nenhuma daquelas pessoas, eram estranhos para ela, e ela não gostava de estranhos.

Sara e Ray nunca havia levado Lydia para Star City para conhecer seus tios e avós, durantes anos era apenas eles e as lendas que formavam a pequena família que Lydia amava, agora ela estava ali cercada de pessoas desconhecidas. Sara sabia que não devia ter afastado sua filha de seu pai e de seus amigos, mas ela só queria o bem de Lydia, mas deixa-la longe dela não fazia bem para nenhuma das duas.

—Você tem certeza disso? – o capitão Lance perguntou, Sara observou Lydia sentado ao lado de Allison, ela já estava um pouco mais calma e descontraída.

—Sim, é só por um tempo. Tenho medo de que algo aconteça com Lyds. – revelou. – Ray concordou com isso e mesmo que me doa muito ter que me afastar dela, sei que estou fazendo a coisa certa.

—Isso se chama instinto materno, Sara. – Felicity lhe entregou uma taça com vinho do porto.

—Eu sei.

~***~

Sara deixou Ray se despedir de Lydia primeiro, a pequenina havia mudado a vida do cientista, Ray finalmente havia achado uma nova razão para viver. Ele amava Lydia e faria qualquer coisa para mantê-la a salvo.

—Você promete que vai voltar logo. – Lydia pediu, Sara sentiu seus olhos arderem.

—Claro. Nós voltamos logo, eu prometo minha lady. - Lydia sorriu ao ouvir o apelido. – Eu vou e volto, em dois tempos.

—Vou ficar te esperando. – sussurrou baixinho.

—Eu também. Você vai ver, daqui a pouco estamos aqui e te levaremos para Paris.

—Eu quero conhecer o Van Gogh. – disse Lydia com um sorriso de orelha a orelha.

—Claro, Van Gogh, Picasso, o que você quiser.

—Te amo, mamãe.

—Também te amo, minha lady.

Central City

Outubro 2016

A porta da frente se abriu, Lydia levantou a cabeça do protótipo encarando Wally.

—O que você está fazendo? – ele perguntou jogando a mochila no sofá.

—Projeto da feira de ciências.

—Essa não é cafeteira do papai?

Lydia deu de ombros.

—Eu compro outra.

—Você não acha que está gastando muito o dinheiro dos seus pais?

—Nope!

—Íris vai te matar.

—Eu sei. – limpou a mão no lenço. – Me ajuda com isso? – pediu. Em menos de cinco minutos a sala já estava limpa e organizada, Lydia levou o protótipo para o quarto o colocando do lado do transmissor.

Desceu a escada assim que Íris passou pela porta carregando as sacolas de compras do supermercado.

—Ei, soube do ataque com os lobos, você está bem? – a West perguntou.

—Sim, eu, Cami e Emma saímos de lá antes de qualquer coisa. – explicou indo ajuda-la.

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—Não foi exatamente o que eu ouvi dizer.

—Como assim?

Íris suspirou antes de se encostar na pia e encara-la.

—Três garotas, adolescentes para ser mais exata, lutaram contra dos lobos enormes no shopping de Central City. Tem alguma coisa a dizer sobre isso? - Lydia mordeu o lábio inferior, sabia muito bem que estava preste a ouvir um enorme sermão. – E nem adianta mentir para mim, sou um jornalista Lydia. Vocês enlouqueceram por acaso? Não podem se meter em confusão assim. Primeiro porque temos que devolver vocês inteiras para o futuro e depois, vocês vão acabar matando meu pai do coração. Nós nos preocupamos com você, Lydia, assim como nos preocupamos com Camille e Emma, sei que está sendo difícil e sei que vocês querem voltar para casa, mas tente manter a calma, daremos um jeito nas coisas.

—Deus, você fala igual a minha mãe.

—E isso é uma coisa boa? – Íris arqueou a sobrancelha.

—Não sei, faz tempo que eu não a vejo.

—Quanto tempo?

—Uns dois anos.

A West assobiou.

—Um bom tempo, vocês não mantem contato?

—Não, moro com meu avô e a namorada dele. – suspirou. – Eles me deixaram em Star City para a minha “proteção”. Eu tenha onze anos, pensei que eles voltariam logo. Ela prometeu.

—Às vezes os pais fazem coisas idiotas para proteger os seus filhos. Meu pai escondeu que minha estava viva durante anos.

—Mas ele sempre esteve ao seu lado, sempre cuidou de você e nunca te abandonou. Meus pais me largaram na mão de estranhos.

—Ele é seu avô.

—Durante onze anos e convive apenas com meus pais e meus tios, sabia que tinha um avô e outros parentes, mas nunca os vi na vida antes da minha chegada. – umedeceu o lábio inferior, Íris a ouvia atentamente, ela era uma boa ouvinte e Lydia realmente precisava desabafar. – Sei que meus pais sempre ligam para saber como estou, ouço vovó Donna conversar com eles. Tive duas feiras de ciências depois que comecei a estudar na mesma escola que Thomas, fiquei em primeiro lugar nas duas, meus professores falam que eu sou um gênio, sei tudo antes de todos. Aprende muito quando estava com meus pais. – ela riu. – Meu pais nunca souberam disso. Sabe, as vezes eu penso se realmente eles me amam.

— É claro que eles te amam. – Íris a puxo para um abraço. – Nunca duvide disso. Não conheço seus pais, mas sei que eles querem apenas o seu bem.

—Você vai para a feira sábado?

—Claro, não irei perder a chance de ver Lydia Martin ganhando o primeiro lugar ao lado do seu namorado.

Lydia gemeu, havia se esquecido de contar a Cory sobre seu projeto solo.

—Então, sobre isso...eu não irei mais fazer o projeto com Cory.

—Por que não?

—Acho que vou terminar com ele. – Íris arregalou os olhos surpresa. Lydia já vinha pensando nesta possibilidade a muito tempo, mas somente hoje havia tomado coragem para isso. – Não estamos mais na mesma sintonia. – explicou antes que a West pudesse a interromper. – Vai ser melhor pra nós.

—Você já contou isso pra ele?

—Pretendo fazer isso em breve.

Íris a encarou por alguns segundos antes de abrir um sorriso e balançar a cabeça.

—O que foi? – perguntou confusa.

—Nada, nada. Apenas vá logo falar com ele.

Lydia deu as costas a West e correu pra casa do outro lado da rua, levantou o punho para bater na porta, mas parou quando ouviu os gritos vindos de dentro.

—Holly por favor se acalme.

—Como você quer que eu me acalme, ele terminou comigo mamãe. – então ela ouviu o barulho de vidro quebrando. – E nem me deu uma explicação plausível.

—Holly...

Mais vidro sendo quebrado, Lydia baixou a mão.

—É tudo culpa daquela vadia! Aquela vaca fez de tudo para rouba-lo de mim e finalmente conseguiu. – Holly gritava enquanto, muito provavelmente, quebrava todos os objetos da casa. Lydia pensou seriamente em ir embora, porém desistiu assim que ouviu ela garantir em plenos pulmões: - Eu devia ter lhe dado mais dinheiro, ele prometeu que eu ficaria com Oliver para sempre. Eu dei 500 mil pela cabeça daquela vadia e tudo o que eu ganho é pé na bunda. Não devia ter confiado nele, mas ele me prometeu o futuro.

Lydia deu um passo para trás no mesmo momento em que Cory perguntava:

—Holly o que você fez?

—Dei dinheiro para Maguns matar Felicity, ele disse que iria terminar o serviço logo. – ela falou calmamente como quem conta alguma futilidade do dia a dia.

—Ai meu Deus! Você enlouqueceu por acaso? Você vai parar na cadeia!

—Só se ninguém souber, querida mamãe. E eu sei que nenhum dos dois vai me querer na cadeia.

—Você é realmente uma vadia psicopata. – Cory rosnou, segundos depois Lydia ouviu uma porta batendo.

—Olha aqui Holly, você vai ligar pra esse tal de Maguns e mandar ele cancelar tudo. – Sra. Thompson avisou. – Agora.

—Não sei se vão devolver o meu dinheiro.

—Foda-se o dinheiro Holly, são duas vidas que correm perigo, ou você se esqueceu que Felicity está grávida? Oliver morreria se alguma coisa acontecesse com o filho dele.

—E eu?

—Holly você é uma puta narcisista e sociopata, nunca deveríamos ter saído de Gotham.

Lydia se afastou da porta, seu pé acertou um vaso de planta que rolou os degraus da varanda se espatifando no chão.

—Ouviu isso? – Holly perguntou, passos foram dados em direção a porta. Lydia não ficou esperando para saber o final da história.

Correu em direção a casa de Joe, olhou para trás somente quando estava na porta. Os olhos de Holly estavam brilhando, ela parecia preste a avançar se a sua mãe não estivesse segurando-a pelo braço.

Lydia abriu a porta e correu para seu quarto, vasculhou a cama atrás do bendito celular, tentou ligar diversas para Emma, Camille e Tommy, mas todos os celulares davam desligados ou ocupados. Pegou o notebook e tratou logo de tentar harckear o celular de Felicity, graças as habilidades herdadas do pai e anos de pratica, Lydia a encontrou no centro da cidade.

Respirou fundo, agora só tinha que arranjar um jeito de salva-la. A cabeça de Íris apareceu na porta.

—Ei, tenho que ir no jornal, queria saber se você não quer ir comigo? Assim você se distrai um pouco, Holly veio me perguntar se você estava bem.

—Claro. – disse já fechando o notebook e pegando o casaco, Íris arqueou a sobrancelha. – Eu realmente tenho que fazer algo, agora.

—Vamos, então.

Durante todo o caminho até o jornal Lydia estava inquieta e Íris pareceu notar isso, ela vagava o olhar pelas pessoas na rua tentando achar o rosto familiar. O endereço em que Felicity estava era perto do prédio do jornal, podia ir correndo de lá, mas parecia que alguém estava decido em lhe ajudar, pois assim que Íris estacionou o carro a primeira pessoa que ela viu foi Felicity.

—Hey. – Caitlin se aproximou de Íris sorrindo. – Vai demorar muito aí?

—Só terei que resolver um problema com meu artigo e podemos ir. – ela disse e então se virou para Lydia e explicou. – Vamos a última prova do vestido hoje e finalmente vamos escolher os vestidos das madrinhas.

—Finalmente. – falou, torceu as mãos nervosa. – Posso ir com vocês?

—Você não falou que tinha que fazer algo? – Íris a questionou intrigada.

—Posso fazer depois e outra, eu amo comprar roupas e vocês vão precisar das minhas dicas. – tentou soar o mais natural possível, mas aqueles adoráveis homens de casacos pretos que as encaravam do outro lado da rua, não estavam ajudando muito.

—Claro. Suas dicas são indispensáveis. – disse Felicity rindo.

Não demorou muito para Íris terminar o que iria fazer no jornal, depois elas seguiram para a loja de vestidos, sem Emma para poder implicar, achar os vestidos das madrinhas foi extremamente fácil, o tom que Caitlin havia escolhido de rosa, quase pêssego, Íris havia achado um vestido curto com decote canoa, enquanto Felicity optara por um longo com detalhes de rosas no decote.

Lydia estava andando em meio as araras quando algo lhe chamou a atenção, o grupo de casaco preto havia entrado discretamente na loja e logo atrás deles uma garota loira com vestido preto que de tão justo seus peitos quase saltavam para fora. Lydia tentou desviar a atenção, mas algo na garota a atraia, não sexualmente, mas ela exibia uma certa familiaridade, os olhos azuis gélidos, o sorriso sádico e até o jeito como seu corpo se movia, em mistura de elegância e sensualidade.

—Acho que você devia para de babar. – uma das vendedoras sussurrou, Lydia deu um pulo, assustada. – Também estou bem fascinada, mas ela é nova demais para mim e um pouco velha para você.

—Não é isso, ela me é familiar. – murmurou, encarando a garota loira até ela desaparecer de seu campo de visão.

Mordeu o lábio inferior, seu sexto sentindo começou a apitar. Decidiu seguir a garota loira que havia dobrado no corredor dos provadores, ignorando os homens de preto parou alguns metros da garota.

A loira começou a empurrar todas as portas pelo corredor e cantarolar alegremente. Ela empurrou a última porta, porém está estava fechada, a garota se afastou e estendeu a mão em direção a maçaneta, em segundos uma leve rajada de gelo cobriu a maçaneta, a loira sorriu e virou-se de costa. Lydia se encostou na parede e virou o rosto assim que ela passou, sabia exatamente para onde a garota ia, por isso precisava agira rápido. Correu para a última porta e bateu.

—Felicity?

—Lids já estou terminando, você não vai acreditar, o vestido realmente entrou. – ela comentou alegre.

—Felicity. – repetiu tentando soar o mais calma possível. – Preciso que você fique calma. – colocou a mão sobre a maçaneta, podia sentir o gelo pinicar e sua pele começar a coçar. – Alguém te trancou aqui e tem uns homens lá fora que querem, muito provavelmente pelo dinheiro, te matar.

—Do que você está falando? – indagou Felicity.

—Olha, é uma longa história, só preciso que você se afaste.

Lydia deu dois passos para trás, olhou uma última vez para o fim do corredor, respirou fundo antes de chutar a porta com força. Felicity a encarou espantada.

—Precisava disso tudo?

—A porta estava trancada! – apontou para a maçaneta que ainda exibia o gelo ao redor. -Vamos sair daqui.

Felicity a seguiu, Lydia logo se deu conta que em seu plano havia uma pequena falha, para sair da loja elas teriam que passar pelos homens de preto. Íris e Caitlin estavam em conversando na sessão de sapatos, Felicity pareceu notar a agitação de Lydia, a segurou pela mão.

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—Você está bem?

—Não exatamente, tudo está muito estranho hoje, só preciso tirar você e bebê daqui em segurança aí eu vejo o que faço com toda essa merda.

—Você está agindo como uma mini adulta agora. – disse Felicity quando elas se aproximaram de Caitlin e Íris. – E isso está me assustando.

—Olha, tia. Durante onze anos eu fui criada dentro de uma nave cercada de adultos, minha convivência com pessoas da minha idade é tipo de 2%. Se quiser reclamar, reclame com meus pais. Eu adoraria ver com minha mãe se justificaria. Estou tentando te proteger, mulher, então não reclama, tem um louca com poderes de gelo e uma vadia psicopata com dinheiro atrás de você. Aqueles caras. – apontou para o grupo de homens de preto, que as observavam. – Eles querem te matar, por 500mil, o que eu acho muito pouco, mas eles estão dispostos a tudo por isso. Temos que sair daqui.

—Oh merda! – Caitlin grunhiu. – Pensei que isso tinha acabado.

—Eu também, mas dois ataques no mesmo dia já é sacanagem! Primeiro os lobos e agora o cosplay da Elsa.

—Cosplay da Elsa? – Íris perguntou.

—Ela tem poderes de gelo. E parecer ser meio vadia.

Lydia olhou por cima do ombro, os caras de preto pareceram notar a movimentação que acontecia entre elas. Seu cérebro começou a trabalhar, só havia uma saída e estava bloqueada pela cosplay da Elsa, não podia enfrentar aquela garota não estava nos seus planos. Definitivamente ela não tinha a menor ideia do que iria fazer.

Olhou para Caitlin que mexia fervorosamente no celular.

—O que você está fazendo?

—Chamando o Barry, se esses caras querem mesmo a Felicity não conseguiremos detê-los, isso é um trabalho para o Arqueiro verde e o Flash.

Lydia jogou a cabeça para o lado.

—É, até que faz sentido.

—Claro que faz. – disse Felicity. – Não somos heroínas, ainda por cima eu estou grávida, não quero me arriscar.

Ela suspirou, queria um pouco de ação para desestressar, sempre funcionava para ela bater em coisas imóveis, ou até mesmo moveis. Mas como não podia, vamos para sua segunda atividade preferida, flertar.

Se afastou de Felicity e caminhou até um garoto que parecia completamente perdido na loja, se aproximou com cuidado, apenas para ele tomar consentimento que ela estava ali, colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e fingiu estar analisando os vestidos na arara perto dele.

—O que você acha deste vestido? – perguntou casualmente apontando para o vermelho fatal.

—Acho que ficaria linda de vermelho, na verdade acho que você ficaria linda de qualquer jeito.

—Que galanteador. – murmurou sorrindo.

—Acredite, ele é mesmo. – disse o cosplay da Elsa, a garota sorriu maliciosamente, então piscou para o garoto. – Hey, Bob, que tal dar uma volta lá fora e deixar as garotas conversarem a sós.

—Meu nome não é Bob. – ele se defendeu.

—Que seja, cai fora.

O garoto bufou e saiu de perto, Lydia encarou a garoto incrédula.

—Quem é você e o que pensa que está fazendo?

—Tirando ele do seu pé. E prazer, me chamo Karma. – ela estendeu a mão com as unhas perfeitamente desenhadas.

—Oh merda! – claro que ela seria a Karma, Emma havia dito que a ex namorada de Bennet era uma vadia com coração de gelo, ela não estava exagerando.

—Lydia Lance, não é? – Lids assentiu. – Filha adotiva de Quentin Lance e Donna Smoak. Soube que seus pais estão de férias em Miami e a adorada filhinha deles está no passado, belo passeio.

—O que você quer Karma?

—Soube que você anda escutando coisas que não devia. – Lydia arqueou a sobrancelha.

—Como você sabe disso?

Karma não respondeu, se aproximou e puxou se braço, Lydia podia sentir a temperatura diminuir drasticamente.

—Você não vai falar nada pra ninguém. – ela avisou. – Ou...

—Ou o que? – indagou arqueando a sobrancelha, sentiu a pele do seu braço pinicar, olhou para baixo. Em queimaduras causadas pelo frio geralmente quando se está em contato direto com superfícies muito frias a congelamento das áreas afetadas, Lydia sentia seu braço pinicar e arder, segurou-se para não gritar. – Me solta.

—Fica longe de Holly ou isso pode ficar ainda pior. – Karma soltou se braço. – Esse é único aviso.

Lydia ficou parada enquanto observava Karma se afastar, apertou o braço e observou a vermelhidão em forma de mão.

Merda, como explicaria isso agora?

~***~

Rodou a chave fenda apertando mais o parafuso, a feira de ciência iria ser no dia seguinte e ela ainda não havia nem testado seu projeto. Suspirou sentindo uma estranha vontade de quebrar algo, o laboratório estava silencioso, Oliver, Felicity e Tommy havia voltado para Star City depois da confusão do dia anterior. Sara havia ido com eles para visitar o pai, Lydia havia sentido uma enorme vontade de ir junto, até que seria legal rever seu vô.

—Hey! – olhou sobre o ombro, Emma sorriu pra ela. – Bom dia.

—Bom dia, como foi a consulta com a psicóloga?

—Bem, bem, bem. – ela murmurou. – Quer dizer, foi uma merda, mas foi bem.

Lydia riu e voltou a atenção para seu projeto.

—O que houve?

—Lembrei de uma coisa que eu acho que não devia ter lembro. – disse Emma e logo se sentou ao seu lado.

—Como assim?

—Preciso falar com a minha mãe, você está com o transmissor aqui?

Levantou a cabeça encarando-a, Emma parecia nervosa, o que não era de seu feitio.

—Claro, tá na caixa. Mas o que você se lembrou?

—De quem me sequestrou.

Lydia arregalou os olhos, mas antes que pudesse perguntar qualquer coisa, Emma já tinha ligado o aparelho, a imagem de Caitlin Allen apareceu na tela do tablet.

—Emma, Lydia, o que houve? Aconteceu alguma coisa?

—Não mãe, é que... – Emma hesitou. – Eu preciso te perguntar uma coisa.

—Claro, querida. O que é?

—Mãe, quem é Holly Thompson e por que ela me sequestrou?